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História Ex-Girlfriend Club - 14. Mudança


Escrita por: hyein e Lullaby

Notas do Autor


ooooooooin
Alés está de viagem de autocarro, so Mónicas postam capítulos. Divirtam-se a ler as desgraças da pobre Na Yoon, que é bem capaz de ser o espírito animal de metade das pessoas que lêem a fic.

Capítulo 14 - 14. Mudança


- Fui despedida. - Disse em voz alta mais uma vez Na Yoon enquanto encarava o tecto do escritório.

Tinha o pijama vestido, o cabelo atado com uma mola e uma garafa de Soju na mão. Além do emprego tinha perdido também o apartamento.

- Nota mental, nunca mais escolher um determinado emprego só porque nos dão casa com ele. - Limpou as lágrimas, arrastando a maquilhagem toda para as bochechas e lábios. Estava uma lástima e não o suficientemente bêbada para não se importar. - Todo o mundo a ter um conto de fadas, romances lindos, cenas tiradas de livros e eu aqui a viver miseravelmente num pijama velho, soju barato e sem comida. - Deu um pontapé na mesa arrependendo-se imediatamente. - Boa, agora também me doem partes do corpo! - Levantou-se irritada consigo mesma e com a sua falta de senso comum. Pegou na carteira e vasculhou em busca de uma nota perdida. Encontrou. Era o suficiente para comprar noodles e mais duas garrafas de Soju.

O seu aspecto asqueroso atraiu a atenção das pessoas na loja de conveniência. O empregado da noite não tinha certeza se a devia mandar embora ou atender, mas quando ela começou a pegar em comida e a usar o celular para fazer contas percebeu imediatamente que devia ser alguém com um dia muito mau.

Na pegou em três pacotes de noodles instantâneos com sabor a kimchi, duas garrafas de soju barato e um remédio para a inevitável ressaca de amanhã.

- São 5.000W.

- Hã? Ahjussi! Supostamente são 3.000W!

- Ahjussi? Menina, eu tenho a sua idade.

- Desculpe, estou um pouco bêbada. Mas isso não quer dizer nada. Eu não tenho dinheiro para isso! - Começou a chorar. - Sabe o que é ser enganada!? Lá porque estou bebada não quer dizer que se pode aproveitar de mim. Eu também sou humana! - Continuou a chorar e a gritar. - Ahjussi, eu perdi o meu emprego, o homem que eu amo não existe e não tenho onde viver. - Caiu no chão de joelhos. - Como é que pode enganar-me e fazer-me pagar mais do que era suposto! Ahjussi, você é um homem mau. - Bateu com os punhos no chão de azuelejo beje. - Muito mau! Não gosto mais de você.

- Eu pago as coisas. - Na Yoon voltou-se para encarar o seu salvador.

- Como está, Na Yoon-ssi? - Era o irmão perdido ou achado de Soo Jung e Iseul . O que fazia ele ali? - Obrigada. - Disse quando o empregado lhe entregou o saco das compras. - Vamos? - Estendeu o braço na sua direcção. Na aceitou a ajuda, apertando a sua mão na dele. Com um único impulso foi içada da posição fetal. Um pouco tonta com a rapidez abanou a cabeça de um lado para o outro. O jovem apressou-se a segurá-la pelos ombros. - Pedimos desculpa pelo transtorno.

- Pedimos? - Yoon piscou infinitamente os olhos.

- Pedimos... - arrastou-a para o exterior.

 

***

 

Era muito cedo quando Woo apareceu no escritório. Não conseguia dormir em casa, tinha pesadelos com nada em específico e precisava de distrair-se com alguma coisa.

Provavelmente alguma das suas colegas estaria por lá, e não é que tinha razão? Na Yoon estava deitada no chão, coberta com jornais, e uma garrafa de remédio para a ressaca aberta e vazia.

- O que vi eu em ti?  - Suspirou cansado, enquanto observava a figura lastimosa de Na.

- Nem eu sei o que viram os meus pais em mim para me pagar um curso superior. - Reclamou.

- Estás acordada?

- Não. Falo durante o sono! - Bufou voltando-se para o outro lado. Os jornais cairam para um dos lados. Woo tossiu envergonhado, Yoon estava praticamente nua. Olhou para outro lado.

- Mentira, a não ser que seja um novo hábito. - Tentou parecer normal. Que noitada teria tido ela para estar nestas figuras.

- Yah. As pessoas mudam, sabes? Não ficamos todos parados no tempo como vocês os três.

- Vejo que estás de ótimo humor, Na. Anda, vou pagar-te o pequeno-almoço.

- Panquecas? Quero provar a América!

- O que tu quiseres...

Foi só quando se levantou que reparou que estava semi-nua. De soutien e uma camisa atada à volta da sua cintura. Gritou envergonhada. E depois berrou para que Woo saisse dali a não ser que quisesse casar com ela. Nem precisou de terminar a frase para ele sair.

 

Depois de esperar aqueles trinta minutos o embaraço pareceu menor. Tinha-se maquilhado com o que tinha no escritório, usava uma roupa mais feminina que o normal e até tinha colocado saltos. Parecia a sua versão mais feliz.

- Tudo isso para ir comer panquecas.

- Não. Apenas vou sair com um homem muito bem parecido. Não me iria sentir bem em estar completamente desleixada e envergonhar-te.

- Nunca serias capaz de me envergonhar. - Era mentira, pelo menos era o que ela pensava. Toda ela era um embaraço constante de tão desajeitada e descordenada que era. E o seu desconforto intensificava-se ainda mais quando frequentava sítios chiques, como aquele restaurante para onde ia. Rodeada de mulheres que pareciam saidas dos livros de fantasia e ficção, cada uma mais bonita e elegante que a outra.

- Que cavalheiro da tua parte. Vamos, oppa? - Sorriu agarrando-lhe o braço. Decidiu que sim, iria aproveitar aquele momento para ser feliz e agir como se tivesse novamente dezasseis anos e fosse sair com o namorado. Woo sorriu num misto aliviado e surpreso. Era bom ver Na de volta ao bom humor, principalmente depois deste ultimo mês meio atribulado com tantas coisas ruins a acontecer no grupo.

 

O pequeno restaurante estava praticamente vazio. Ninguém iria comer pequenos-almoços americanos num dia de semana às dez da manhã. Claramente só dois idiotas sem nada o que fazer. A senhora que os atendeu, apesar de os julgar com intensidade, estava grata por poder trabalhar nem que fosse para pessoas sem nada que fazer. Iluminou-se no seu pensamento que talvez fosse filhos de chaebols e que, por isso, não estavam a trabalhar.

- Aquela ahjumma parecia um pouco estranhada. - Na pegou no cardápio e vasculhou-o, encantada com todas as opções que dispunham. - Oppa, achas que podemos pedir três pratos diferentes e irmos partilhando. Adoro nutella, mas esta opção de frutas parece deliciosa também!

- E com sorvete? Achas que podemos pedir com sorvete também? - Inquiriu com um sorriso.

Na gelou e atirou o cardapio para cima da mesa. Tremia loucamente e levantou-se indo para o banheiro.

- Mas, o que raio se passou? - Ponderou se devia ir atrás dela ou esperar que ela voltasse. Talvez ainda estivesse indisposta depois daquela bebedeira forte. Decidiu então ir ver dela. Se estivesse a vomitar ou assim tinha que a levar para o hospital. - Está tudo bem? - Perguntou. Olhou para os lados, não vendo a dona entrou.

Yoon estava a chorar olhando-se ao espelho. Os olhos grandes estavam vermelhos e corria-lhe ralho pelo nariz a pingar para um guardanapo que ela tinha a meio caminho da sua cara. O que é que se tinha passado para ela ficar assim? Woo suspirou, nunca tinha visto uma mulher tão feia a chorar. Pensou em Min Jin, que mesmo exausta e de olhos vermelhos e grandes olheiras ainda tinha uma grande beleza. Na Yoon parecia um exagero daquelas comédias e desenhos animados.

- Na Yoon... o que é que se passa?

- Eu não como gelado. - Gritou desatando noutro pranto cada vez menos contido. Woo encheu-se com arrepios enquanto a cacofonia que aquele ser pequeno produzia lhe enchia os ouvidos e maltratava a sua alma.

- Okay, então não pedimos com gelado. Gostas de mirtilhos e framboesas, parece-me uma ótima opção também. - Queria acalmá-la, mas não tinha certeza de como. - Por favor, vamos Na, já irá passar. Pedimos outra coisa. - Abraçou-a. Ou tentou o melhor que pode, não queria arruinar a sua camisa e tinha a sensação que ela o ia morder a qualquer momento.

- Foi o meu primeiro amor! - Gritou desprendendo-se do abraço. - Foi o meu primeiro amor. - Correu e fechou-se num dos cubículos. - Eu estou bem! - Gritou, ainda a chorar. - Só mais um pouco e já irei sair daqui. Desculpa-me, é ainda do álcool.

 

Como prometido ela voltou a aparecer. Tinha retocado a maquilhagem e veio com um sorriso tímido para a mesa. As panquecas chegaram em simultâneo e os três pratos foram distribuidos pela mesa. Woo serviu-a primeiro antes de pegar um pouco para si. Agradeceram à empregada, que foi embora sem perguntar se era necessário algo mais.

 

- Vais explicar-me o que é que se passou ali dentro? - Não olhou para Yoon e ela fez exactamente o mesmo, enquanto procurava as palavras certas dentro dela. Deram uma garfada e depois a segunda e nunca mais se ouvia uma resposta.

- Foste o meu primeiro amor. - Comentou novamente. - Woo foste o primeiro homem por quem nutri sentimentos na minha vida e o primeiro a partir-me o coração. - Sorria tristemente. - E saber de ti depois destes anos todos com um aviso apenas de que me ias incluir num projecto idiota magoou-me imenso. Especialmente como as coisas terminaram entre nós.

Ele queria brincar naquele momento e perguntar onde estava a Na Yoon verdadeira e quem a tinha trocado por alguém boa em palavras e séria. Mas sabia que não era a altura ideal e tinha também a leve sensação de que iria receber mais um daqueles sermões bem merecidos. Como já tinha recebido desde o maldito dias que Soo Jung chegou confirmando o projecto.

- Continua. - Pediu educadamente.

- Eu amei-te imenso no curto período de tempo em que estivemos juntos e o importante é que primeiros amores não se esquecem. Tenho a certeza que não fui a tua primeira namorada e nem que amaste mais, mas isso não significa que não compreendas ou que não necessites de compreender o que eu sinto agora e o que eu senti na altura. - Aclarou a voz. - Para dizer a verdade, eu só voltei a comer gelado este ano. Desde o dia em que terminamos até ao presente nunca tinha tocado mais num sabor que seja.

- Por que?

- Porque me trocaste por uma menina que os vendia. Não te lembras? No meu último ano de escola? Quando fomos todos juntos em grupo passar uns dias a Jeju. - Conteve o choro. Estava a correr tão bem. Era a primeira vez que se sentia confiante o suficiente para falar o seu coração fora e contar tudo o que tinha para lhe dizer. - Deves achar-me patética por ficar agarrada a coisas do passado...

- Não de todo. Se o que compreendi melhor estes últimos meses é que o passado estava mais presente em mim e nas minhas acções do que eu achava. Vocês, cada dia dão me provas disso. Mas Na Yoon. Eu nunca te troquei. Tu é que terminaste comigo assim do nada e foste embora. Tivemos que pagar o resto da tua estadia e tudo.

- Eu vi-te aos beijos com a menina do ice cream.

- Ela beijou-me e eu fui embora. Nem lhe paguei os gelados e ainda fiz questão de falar com o patrão dela. - Suspirou. - O patrão era também o pai.

 Estes anos todos a criar um mal entendido gigante e a criar novelas na sua cabeça. Repreendeu-se mentalmente, devia começar a escrever ficção e parar de tentar vivê-la.

- Sou tão idiota, e ela ainda confirmou que era verdade, que me tinhas largado. Sou tão idiota. Fui tão idiota e agora sou por ainda estar traumatizada com coisas insignificantes.

- Yoon-ah. Os nossos medos são nossos e não precisam de ser explicados para mais ninguém. Os teu traumas são teus e de mais ninguém. Há pessoas que podem ter uma vida de merda, pior que a tua. Mas os teus traumas não se tornam insiginficantes só porque alguém tem um passado horrível.

- Contradizes-te agora. Ainda esta semana reclamaste comigo por me queixar. - Sorriu.

- Desculpa.

- Não faz mal.

- Desculpa-me por hoje e pelo passado. Por não ter mostrado realmente como gostava de ti e por ter passado imenso tempo a achar que um homem não deve revelar-se tanto. - Tocou-lhe na mão.

 

Despediram-se à entrada do restaurante. Na queria ir procurar um novo sitio para viver. Não sabia bem como e onde começar, mas que não queria ajuda de ninguém. Woo voltou-se na direcção do escritório com as chaves do carro na mão.

- Tens certeza que não queres pelo menos uma boleia até algures?

- Tenho sim. - Sorriu. - Até logo, oppa!

 

***

 

Eram quatro e quarenta de uma terça feira. Iseul abriu a porta do seu apartamento em Los Angeles para descobrir roupas femininas espalhadas pelo chão, que não eram suas.

 - Fui despedida. - Disse em voz alta mais uma vez Na Yoon enquanto encarava o tecto do escritório.

 

Tinha o pijama vestido, o cabelo atado com uma mola e uma garafa de Soju na mão. Além do emprego tinha perdido também o apartamento.

- Nota mental, nunca mais escolher um determinado emprego só porque nos dão casa com ele. - Limpou as lágrimas, arrastando a maquilhagem toda para as bochechas e lábios. Estava uma lástima e não o suficientemente bebada para não se importar. - Todo o mundo a ter um conto de fadas, romances lindos, cenas tiradas de livros e eu aqui a viver miseravelmente num pijama velho, soju barato e sem comida. - Deu um pontapé na mesa arrependendo-se imediatamente. - Boa, agora também me doem partes do corpo! - Levantou-se irritada consigo mesma e com a sua falta de senso comum. Pegou na carteira e vasculhou em busca de uma nota perdida. Encontrou. Era o suficiente para comprar noodles e mais duas garrafas de Soju.

O seu aspecto asqueroso atraiu a atenção das pessoas na loja de convinência. O empregado da noite não tinha certeza se a devia mandar embora ou atender, mas quando ela começou a pegar em comida e a usar o celular para fazer contas percebeu imediatamente que devia ser alguém com um dia muito mau.

Na pegou em três pacotes de noodlles instantâneos com sabor a kimchi, duas garrafas de soju barato e um remédio para a inevitável ressaca de amanhã.

- São 5.000W.

- Hã? Ahjussi! Supostamente são 3.000W!

- Ahjussi? Menina, eu tenho a sua idade.

- Desculpe, estou um pouco bêbada. Mas isso não quer dizer nada. Eu não tenho dinheiro para isso! - Começou a chorar. - Sabe o que é ser enganada!? Lá porque estou bebada não quer dizer que se pode aproveitar de mim. Eu também sou humana! - Continuou a chorar e a gritar. - Ahjussi, eu perdi o meu emprego, o homem que eu amo não existe e não tenho onde viver. - Caiu no chão de joelhos. - Como é que pode enganar-me e fazer-me pagar mais do que era suposto! Ahjussi, você é um homem mau. - Bateu com os punhos no chão de azuelejo beje. - Muito mau! Não gosto mais de você.

- Eu pago as coisas. - Na Yoon voltou-se para encarar o seu salvador.

- Como está, Na Yoon-ssi? - Era o irmão perdido ou achado de Soo Jung e Iseul . O que fazia ele ali? - Obrigada. - Disse quando o empregado lhe entregou o saco das compras. - Vamos? - Estendeu o braço na sua direcção. Na aceitou a ajuda, apertando a sua mão na dele. Com um único impulso foi içada da posição fetal. Um pouco tonta com a rapidez abanou a cabeça de um lado para o outro. O jovem apressou-se a segurá-la pelos ombros. - Pedimos desculpa pelo transtorno.

- Pedimos? - Yoon piscou infinitamente os olhos.

- Pedimos... - arrastou-a para o exterior.

 

***

 

Era muito cedo quando Woo apareceu no escritório. Não conseguia dormir em casa, tinha pesadelos com nada em específico e precisava de distrair-se com alguma coisa.

Provavelmente alguma das suas colegas estaria por lá, e não é que tinha razão? Na Yoon estava deitada no chão, coberta com jornais, e uma garafa de remédio para a ressaca aberta e vazia.

- O que vi eu em ti?  - Suspirou cansadado enquanto observava a figura lastimosa de Na.

- Nem eu sei o que viram os meus pais em mim para me pagar um curso superior. - Reclamou.

- Estás acordada?

- Não. Falo durante o sono! - Bufou voltando-se para o outro lado. Os jornais cairam para um dos lados. Woo tossiu envergonhado, Yoon estava praticamente nua. Olhou para outro lado.

- Mentira, a não ser que seja um novo hábito. - Tentou parecer normal. Que noitada teria tido ela para estar nestas figuras.

- Yah. As pessoas mudam, sabes? Não ficamos todos parados no tempo como vocês os três.

- Vejo que estás de ótimo humor, Na. Anda, vou pagar-te o pequeno-almoço.

- Panquecas? Quero provar a américa!

- O que tu quiseres...

Foi só quando se levantou que reparou que estava semi-nua. De soutien e uma camisa atada à volta da sua cintura. Gritou envergonhada. E depois berrou para que Woo saisse dali a não ser que quissesse casar com ela. Nem precisou de terminar a frase para ele sair.

 

Depois de esperar aqueles trinta minutos o embaraço pareceu menor. Tinha-se maquilhado com o que tinha no escritório, usava uma roupa mais feminina que o normal e até tinha colocado saltos. Parecia a sua versão mais feliz.

- Tudo isso para ir comer panquecas.

- Não. Apenas vou sair com um homem muito bem parecido. Não me iria sentir bem em estar completamente desleixada e envergonhar-te.

- Nunca serias capaz de me envergonhar. - Era mentira, pelo menos era o que ela pensava. Toda ela era um embaraço constante de tão desajeitada e descordenada que era. E o seu desconforto intensificava-se ainda mais quando frequentava sítios chiques, como aquele restaurante para onde ia. Rodeada de mulheres que pareciam saidas dos livros de fantasia e ficção, cada uma mais bonita e elegante que a outra.

- Que cavalheiro da tua parte. Vamos, oppa? - Sorriu agarrando-lhe o braço. Decidiu que sim, iria aproveitar aquele momento para ser feliz e agir como se tivesse novamente dezasseis anos e fosse sair com o namorado. Woo sorriu num misto aliviado e surpreso. Era bom ver Na de volta ao bom humor, principalmente depois deste ultimo mês meio atribulado com tantas coisas ruins a acontecer no grupo.

 

O pequeno restaurante estava praticamente vazio. Ninguém iria comer pequenos-almoços americanos num dia de semana às dez da manhã. Claramente só dois idiotas sem nada o que fazer. A senhora que os atendeu, apesar de os julgar com intensidade, estava grata por poder trabalhar nem que fosse para pessoas sem nada que fazer. Iluminou-se no seu pensamento que talvez fosse filhos de chaebols e que, por isso, não estavam a trabalhar.

- Aquela ahjumma parecia um pouco estranhada. - Na pegou no cardapio e vasculhou-o, encantada com todas as opções que dispunham. - Oppa, achas que podemos pedir três pratos diferentes e irmos partilhando. Adoro nutella, mas esta opção de frutas parece deliciosa também!

- E com sorvete? Achas que podemos pedir com sorvete também? - Inquiriu com um sorriso.

Na gelou e atirou o cardapio para cima da mesa. Tremia loucamente e levantou-se indo para o banheiro.

- Mas, o que raio se passou? - Ponderou se devia ir atrás dela ou esperar que ela voltasse. Talvez ainda estivesse indisposta depois daquela bebedeira forte. Decidiu então ir ver dela. Se estivesse a vomitar ou assim tinha que a levar para o hospital. - Está tudo bem? - Perguntou. Olhou para os lados, não vendo a dona entrou.

Yoon estava a chorar olhando-se ao espelho. Os olhos grandes estavam vermelhos e corria-lhe ralho pelo nariz a pingar para um guardanapo que ela tinha a meio caminho da sua cara. O que é que se tinha passado para ela ficar assim? Woo suspirou, nunca tinha visto uma mulher tão feia a chorar. Pensou em Min Jin, que mesmo exausta e de olhos vermelhos e grandes olheiras ainda tinha uma grande beleza. Na Yoon parecia um exagero daquelas comédias e desenhos animados.

- Na Yoon... o que é que se passa?

- Eu não como gelado. - Gritou desatando noutro pranto cada vez menos contido. Woo encheu-se com arrepios enquanto a cacofonia que aquele ser pequeno produzia lhe enchia os ouvidos e maltratava a sua alma.

- Okay, então não pedimos com gelado. Gostas de mirtilhos e framboesas, parece-me uma ótima opção também. - Queria acalmá-la, mas não tinha certeza de como. - Por favor, vamos Na, já irá passar. Pedimos outra coisa. - Abraçou-a. Ou tentou o melhor que pode, não queria arruinar a sua camisa e tinha a sensação que ela o ia morder a qualquer momento.

- Foi o meu primeiro amor! - Gritou deprendendo-se do abraço. - Foi o meu primeiro amor. - Correu e fechou-se num dos cubiculos. - Eu estou bem! - Gritou, ainda a chorar. - Só mais um pouco e já irei sair daqui. Desculpa-me, é ainda do alcool.

 

Como prometido ela voltou a aparecer. Tinha retocado a maquilhagem e veio com um sorriso timido para a mesa. As panquecas chegaram em simultâneo e os três pratos foram distribuidos pela mesa. Woo serviu-a primeiro antes de pegar um pouco para si. Agradeceram à empregada, que foi embora sem perguntar se era necessário algo mais.

 

- Vais explicar-me o que é que se passou ali dentro? - Não olhou para Yoon e ela fez exactamente o mesmo, enquanto procurava as palavras certas dentro dela. Deram uma garfada e depois a segunda e nunca mais se ouvia uma resposta.

- Foste o meu primeiro amor. - Comentou novamente. - Woo foste o primeiro homem porquem nutri sentimentos na minha vida e o primeiro a partir-me o coração. - Sorria tristemente. - E saber de ti depois destes anos todos com um aviso apenas de que me ias incluir num projecto idiota magou-me imenso. Especialmente como as coisas terminaram entre nós.

Ele queria brincar naquele momento e perguntar onde estava a Na Yoon verdadeira e quem a tinha trocado por alguém boa em palavras e séria. Mas sabia que não era a altura ideal e tinha também a leve sensação de que iria receber mais um daqueles sermões bem merecidos. Como já tinha recebido desde o maldito dias que Soo Jung chegou confirmando o projecto.

- Continua. - Pediu educadamente.

- Eu amei-te imenso no curto periodo de tempo em que estivemos juntos e o importante é que primeiros amores não se esquecem. Tenho a certeza que não fui a tua primeira namorada e nem que amaste mais, mas isso não significa que não compreendas ou que não necessites de compreender o que eu sinto agora e o que eu senti na altura. - Aclarou a voz. - Para dizer a verdade, eu só voltei a comer gelado este ano. Desde o dia em que terminos até ao presente nunca tinha tocado mais num sabor que seja.

- Por que?

- Porque me trocaste por uma menina que os vendia. Não te lembras? No meu último ano de escola? Quando fomos todos juntos em grupo passar uns dias a Jeju. - Conteve o choro. Estava a correr tão bem. Era a primeira vez que se sentia confiante o suficiente para falar o seu coração fora e contar tudo o que tinha para lhe dizer. - Deves achar-me patética por ficar agarrada a coisas do passado...

- Não de todo. Se o que compreendi melhor estes ultimos meses é que o passado estava mais presente em mim e nas minhas acções do que eu achava. Vocês, cada dia dão me provas disso. Mas Na Yoon. Eu nunca te troquei. Tu é que terminaste comigo assim do nada e foste embora. Tivemos que pagar o resto da tua estadia e tudo.

- Eu vi-te aos beijos com a menina do ice cream.

- Ela beijou-me e eu fui embora. Nem lhe paguei os gelados e ainda fiz questão de falar com o patrão dela. - Suspirou. - O patrão era também o pai.

 Estes anos todos a criar um mal entendido gigante e a criar novelas na sua cabeça. Repreendeu-se mentalmente, devia começar a escrever ficção e parar de tentar vivê-la.

- Sou tão idiota, e ela ainda confirmou que era verdade, que me tinhas largado. Sou tão idiota. Fui tão idiota e agora sou por ainda estar traumatizada com coisas insignificantes.

- Yoon-ah. Os nossos medos são nossos e não precisam de ser explicados para mais ninguém. Os teu traumas são teus e de mais ninguém. Há pessoas que podem ter uma vida de merda, pior que a tua. Mas os teus traumas não se tornam insiginficantes só porque alguém tem um passado horrível.

- Contradizes-te agora. Ainda esta semana reclamaste comigo por me queixar. - Sorriu.

- Desculpa.

- Não faz mal.

- Desculpa-me por hoje e pelo passado. Por não ter mostrado realmente como gostava de ti e por ter passado imenso tempo a achar que um homem não deve revelar-se tanto. - Tocou-lhe na mão.

 

Despediram-se à entrada do restaurante. Na queria ir procurar um novo sitio para viver. Não sabia bem como e onde começar, mas que não queria ajuda de ninguém. Woo voltou-se na direcção do escritório com as chaves do carro na mão.

- Tens certeza que não queres pelo menos uma boleia até algures?

- Tenho sim. - Sorriu. - Até logo, oppa!

 

***

 

Eram quatro e quarenta de uma terça feira. Iseul abriu a porta do seu apartamento em Los Angeles para descobrir roupas femininas espalhadas pelo chão, que não eram suas.

 


Notas Finais


Obrigada por terem lido :)


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