Capitulo 1- O Apartamento de um velho.
Prim, prim, prim.
Mas o que? Isso é um despertador?
Prim, prim.
Não, eu não tenho um despertador com esse barulho. Eu nem mesmo tenho um despertador! Então só pode ser o meu celular. Eu abro os olhos e sento na cama d’água azul. É uma cama de casal bonita, o forro azul a torna elegante, mas o melhor mesmo é que é muito confortável. Pense na cama de ar, só que menos barulhenta e mais, como posso dizer, “mexível”. Afinal, estamos falando de uma coisa de borracha cheia de água, não tem como não mexer! E parando pra pensar, eu dormi em cima de um dos meus piores inimigos.
Prim, prim. Meu celular está na cabeceira da cama.
Mas que merda! Quem estaria me ligando a essa hora? Afinal, que horas são? Eu pego o meu celular pra atender a ligação e aproveitar pra ver as horas. O Matt está me ligando a essa hora? Pra que? É melhor atender, esse garoto as vezes fica meio bravo comigo (o porquê eu não sei), mas é legal.
-Marcos, cadê você e porque não me atendeu antes? -Ele já atende gritando, meu Deus, pra quê isso?
-Caraca, obrigado por gritar no meu logo cedo, senhor Fazendinha Feliz. Porque está tão ofegante, por acaso está subindo uma colina? -Ele realmente estava respirando pesado.
-Não enche!
Você não entendeu a piada pois não conhece o nome dele. É Mattew FarmHills. Se você pesquisar isso no Google Tradutor (o sobrenome), verá que é Fazenda na Colina. Ou algo do tipo. Isso porque ele é um canadense, e sua família mora ao lado de uma colina, e eles vivem da agropecuária e tals. Resumindo, uma fazenda.
-Eu tô fugindo de uns caras aqui.
-E porquê? Pelo que eu me lembro, sou eu quem arranja problemas.
-É que eles estavam batendo em uma garota.
-Quantos anos?
-Uns 16.
-Loira? Olhos azuis?
-Bem, sim. - ele falou meio triste.
O Matt é do tipo “Herói”. Não tão de diferente do resto do grupo, porém, ele tem seus próprios “salvamentos”. São os indefesos e garotas. Principalmente se ela lembrar a namorada dele. Eu o conheci pouco tempo depois de virmos pra cá, e como aqui tem povo de todo o mundo, sempre tem uma garota ou um velho sofrendo, por isso ele sempre se mete em problemas.
-Mas você parece estar em problemas, por que?
-Bem, alguns deles tem habilidades de velocidade.
-São quantos ao todo?
-10.
-E quantos tem habilidades?
-10.
-Err, no meu dicionário, “alguns”, é diferente de “todos”. E quem são eles?
-A “Trupe da Velocidade”.
Eles são uns merdas. Basicamente uns caras com a velocidade de uma lambreta e que se acham demais. Na verdade, só tem um cara na qual devemos nos preocupar, e ele é o autonomeado “Hermes”, sabe, aquele deus grego da velocidade.
-Merda. Se fosse eu, eles já estariam fritos.
-De fato. Mas isso não importa, eu vim te buscar, se arruma aí. Mas primeiro, onde você está?
-Acha que eu fico parado conversando com você enquanto olho pela janela? Ah! Olha, tô te vendo daqui de cima. Cara tu tá encrencado.
-Diga algo que eu não saiba!
O Matt tem a Sub-Habilidade “Acrobata”, é basicamente poder subir em uma árvore de jabuticaba sem problemas. O que o torna rápido. Isso sem contar com a outra Sub-Habilidade “Super Agilidade”, o que o torna ainda mais rápido. Porém, mesmo com ele subindo as casas em velocidade máxima, os 10 caras atrás dele estão o seguindo sem problemas. Mas são apenas peixes pequenos, afinal, o líder deles o Hermes não está lá. Se não, eu não estaria falando com o Matt agora.
-Beleza, eu vou te ajudar. Deixa só eu me arrumar. Te encontro aí embaixo em 15 minutos.
-o que? Tá, deixa, só se arrume logo.
Eu desligo e olho pra cama desarrumada. Se minha mãe estivesse aqui, ela com certeza reclamaria sobre esse quarto bagunçado, porém, minha mãe não está aqui, e esse quarto não é meu. Por isso eu jogo gasolina no quarto todinho, não antes de pegar toda a coleção do Star Wars e 5 caixas de chicletes. Aquele cara roubou muita gente, nada mais justo do que eu roubar ele. Eu estava com a roupa de ontem (eu não ia tomar banho na casa de um mafioso), então eu apenas calcei minhas meias, coloquei meu tênis de cano longo preto, vesti minha jaqueta preta que está um pouco curta pra mim (e tem quem diga que é feminina e que eu fico gay com ela, mas é tudo intriga da oposição), peguei o meu fone de ouvido verde e conectei no meu celular. Olhei no espelho e vi que meus cabelos negros estavam bagunçados pra caramba. Mas não vou nem procurar um pente ou um gel aqui pois duvido que tenha. Vou para o banheiro, e noto que tem apenas escovas de dente e duas dentaduras reservas. Jogo gasolina nela inteira. Vou para os quartos e faço o mesmo, na sala eu preciso de outro galão, afinal, eram 4 quartos. Jogo até na foto do dono dessa casa dom sua família.
-Humf! E pensar que um professor de física iria virar um mafioso com habilidades nesse mundo. Garota, obrigado por me dar essa missão!
Desde de cheguei a esse mundo, eu precisava de dinheiro, afinal, esse mundo não é diferente do que já estamos acostumados. Nele, é o dinheiro que o faz rodar, mesmo sendo tão diferente. Todos necessitam de trabalho, então, o meio que eu e meus amigos achamos de ganhar dinheiro foi criando uma espécie de “Agência”, nomeada de “Agência”, onde nós fazemos quase todo tipo de serviço, sendo que a maioria é pra caçar alguém que fez mal a alguém ou caçar alguém, coisas desse tipo. O meu trabalho dessa vez era pegar um cartão de crédito de um velho mafioso. O contratante era uma garota, eu não pedi muitas informações, mas era basicamente vingança, pois o velho fez algo a essa garota, digamos que ela foi abusada.
Nesse mundo, a maioria das pessoas aqui não presta, pois, aqui não tem lei, não temos governo, não temos policiais. Apenas humanos e monstros, ambos com poderes, um enfrentando o outros, isso quando o humano não enfrenta outro humano. Idiotas confrontando idiotas por questões idiotas, não muito diferente do mundo real, o mundo anterior a esse. Um mundo na qual eu acho que não poderemos voltar.
Não sei porque a garota veio até mim. Talvez porque não existe muitas outras “agências” com pessoas com poderes, afinal, aqui, não são todos que tem poderes, eu diria que é menos da metade. E olha que isso é muito, pois aqui, temos mais ou menos 1930 pessoas, sem contar com os que morreram (o que era muito) e o que nasceram (não foram muitos não). Temos mais ou menos 193 países no mundo antigo, e vieram cerca de 10 de cada país, então tínhamos 1930.
Mas primeiro, o que é esse “Mundo” que eu tanto falo? Ninguém sabe, uns dizem que é uma realidade alternativa, outros dizem que é uma espécie de jogo, um Matrix da vida real. Os mais religiosos dizem que é o Inferno, eu não me preocuparia muito com isso, pois, no mundo anterior, já tinham pessoas que diziam isso. Tem loucos que dizem que é apenas um sonho. Eu sinceramente acredito que estejamos todos mortos, ou que iremos morrer em um momento não muito breve. Como diz a Lana Del Rey, “We are Born To Die”.
Clic, clic.
Isso foi um som de uma fechadura? Ferrou! Eu vou correndo para a cozinha enquanto ligo para o Matt.
-Cara, ferrou, era pra eu sair daqui antes deles chegarem, mas parece que dormi demais, são que horas?
-Como assim? Você está aqui a serviço? Pensei que estava visitando alguém. Porque está aí? Sabe muito bem o que decidimos, que não iriamos sair sozinhos pra qualquer tipo de serviço. E são 11:30 da manhã.
-Cala a boca loirinho. Era um trabalho que precisava de alguém que entrasse sem ser notado. Os únicos que poderiam fazer isso, seria eu ou você. Nem o lanterninha, muito menos o cara que cria golens de argila.
-Mesmo assim, isso não explica...
-Isso não importa. O que importa é que o velho chegou, então talvez eu precise de sua ajuda. Espere, e a Trupe da Velocidade?
-Já acabei com 7, falta só os mais fracos.
-Ok, então eu vou descer e é melhor você estar preparado.
Bum, de repente entra um cara que poderia muito bem ser trocado por um gorila num zoológico, e ninguém não ia notar nem a diferença. É um cara de uns 2 metros de altura super bombado, negro e com uma cara de mau.
-Olá Sr. King Kong, o dia está belo hoje né? -Ele não gostou muito da piada.
Ele rugiu e desceu um punho do tamanho da minha cara. Eu desvio me jogando para trás, deslizando minha calça jeans azul no chão. Eu levanto e ergo as mãos ao alto em sinal de arrego.
-Desculpe, desculpe, eu só entrei no apartamento errado, o meu é o 401 e não o 301. -Eu dou um sorriso forçado pra ver se ele para com aquela posição de lutador de boxe. – Por acaso veio alguém com você ou algo do tipo?
-Humf.
-Nossa, que resposta incrível. Isso foi um sim ou um não?
Agora ele não fez nada.
-Olha senhor, se quiser saber se estou errado, é só me revistar. -Neste momento outro monstro em forma de pessoa entrou no apartamento. Com uma diferença de ser branco e com uma expressão de surpresa, logo substituída pela mesma do cara na qual está na minha frente. -Ou não.
Com minhas habilidades elétricas, eu fecho a porta de metal na cara do branquelo que quase entrou neste apertamento. O negro olha pra trás e logo vira pra mim.
-Preocupa não cara, logo você se encontra com o White ali. Aqui é um lugar pequeno, não cabe muita gente não. Principalmente se formos brincar. -Eu dou um sorriso que pode ser considerado como maldoso.
Eu estalo os dedos da mão direita, e uma faca super afiada e pontuda cai do teto. Eu tinha grudado ela com energia estática, o mesmo que eu fiz com a porta de metal, ou seja, só pode ser desgrudado quando eu quiser.
Eu pego a faca com a mesma mão do estalo, e dou uma facada na barriga do Pé Grande na minha frente. Eu gostaria de dizer que ele caiu na hora e que eu venci a luta. Mas infelizmente, foi quase o contrário. A facada não fez efeito algum. Esse cara deve ter poderes, não é possível alguém normal sobreviver a isso.
-Ops, desculpa aí tiozão.
Depois dele rufar de ódio, ele soca o ar com mão esquerda. Teria me socado se eu não tivesse agachado. Com a faca em minhas mãos eu corto do joelho esquerdo dele e soco o seu maxilar. Sem perder o movimento, eu chuto a parte sensível dele e de todo homem.
-Iae cara, quer desistir?
A porta explode. Seria normal se fosse com um explosivo, mas tudo indica que foi com um punho. O Abominável Homem das Neves (por causa da cor dele) entra, um pouco maior e com uma expressão de raiva no rosto. Só pra constar, aquele cara acabou de arremessar uma porta de metal ultra resistentes (talvez até a tiros) com um único soco.
-Cara, mas que porrada. Bem, parece que a festa ficou um pouco mais animada. – Eu pego o celular e grito – Ok Google, mandar mensagem pra “Matt Grayson” – Depois deles me olharem com olhos confusos e eu explicar que o nome é porque tem um personagem na DC Comics que tem as mesmas habilidades que o Matt, minha internet funciona e a mulher do Google pergunta o que eu quero enviar – Desculpe cara, mas parece que vamos nos ver na área de lazer do prédio. É que o clima está ficando bem quente aqui. Enviar.
Depois disso eu viro em direção a janela que estava atrás de mim. Enquanto eu corro, eu estalo os dedos criando uma faísca. A faísca entra em contato com toda a gasolina que está nesse apartamento. Enquanto o fogo se alastra por todos os cômodos e chega até o galão de gasolina que eu deixei na cozinha, eu pulo pela janela do 3° andar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.