Mesmo que Kyungsoo estivesse tão furioso, não teria feito um estrago tão grande quanto o Mestre fez em Sarab.
Sarab estava moribundo, mais da metade de seu sangue havia sido drenado das formas mais lentas possíveis enquanto o Mestre abusava de seu corpo. Ácidos e ferramentas mais hediondas que existiram na face terrestre foram utilizadas quase ao mesmo instante.
- Você deseja pedir misericórdia por sua vida? Oh, Sarab… Você ainda tem forças para isso? Tente! Acho que estou sentindo algo parecido com… Hã… Misericórdia. - disse com um leve tom de ironia enquanto terminava de se vestir; Sarab apenas respirava lentamente - O que foi? Não consegue nem suplicar por sua vida? Será que isso - e retirou do bolso a língua de Sarab que havia cortado enquanto o violentava - lhe impede? Acho que não… Há tantas formas de pedir misericórdia… Você deve estar querendo que eu lhe mate, não? Para acabar com a dor… Tudo bem.
O Mestre foi até um interfone na parede e o clicou. No minuto seguinte, três empregados entraram na sala.
- Mantenham-no vivo, voltarei depois para terminar o trabalho… Tenho algo mais importante para fazer.
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Minseok olhou para cima, além do gelo que cobria tanto Junmyeon quanto a si. Esperava o sol aparecer, mas parecia que o mesmo estava ocupado no momento para lhes ajudar.
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- Por que você tanto chora, Sehun?
- Se não fosse por nós, você não estaria assim, Sikxy.
- Você não percebeu que se não fosse por vocês eu não estaria aqui também?
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- Podemos tentar sair pelos fundos… Deve haver uma forma de sair daqui. - disse Zitao.
- Sempre há. - disse o menino mais velho.
- Ok. - e Zitao olhou para os lados, verificando se havia alguém - Tudo bem. Podemos ir.
- Você tem alguma ideia por onde ir, Taozi? - perguntou o menino mais novo.
- Não se preocupe, os ventos irão me guiar.
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- Você não consegue se lembrar de mim? - perguntou Jongdae.
- Não faço a menor ideia de quem seja você. - respondeu Kyungsoo.
- E o seu coração? Ele se lembra de mim?
Todavia, Kyungsoo não conseguia escutá-lo pois estava batendo rapidamente.
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Baekhyun e Yixing aproximaram-se dos outros quatro. Todos sentiam que a luz havia chegado para lhes apreciar.
- Hyungs… - murmurou Jongin com um sorriso fraco em seus lábios - Têm como curar Chanyeol?
- Nós podemos melhorar a saúde dele, mas ele só ficará completo se estiver junto de Yifan de novo. - respondeu Baekhyun.
Yixing ajoelhou-se ao lado de Chanyeol e tocou-o no rosto, cobrindo-lhe os olhos; a mão livre tocava-o no peito na altura do coração. O filho do fogo suspirou de alívio e levantou com a ajuda de Baekhyun aparentando estar muito melhor.
Em seguida, Yixing foi até Jongin e tocou-lhe a cabeça e o peito, logo este estava de pé, sorrindo.
Baekhyun e Yixing olharam para Kyungsoo.
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Minseok viu o sol sorrir e fechou os olhos, sentindo o seu gelo começando a chorar. Mesmo que Junmyeon estivesse fraco, este poderia realizar a sua parte.
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- Kyungsoo, o que você sente? O que você pensa?
- Não sei… é tudo tão vazio.
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- Sikxy, eu não compreendo.
- Seus arrependimentos fizeram com que eu retornasse.
- Não realmente, você está nesta forma…
- Mas o seu amor me reconheceu mesmo assim. Você não compreende, Sehun, de que estou aqui e mais forte?
- Como se você é apenas uma criança?
- As crianças são o futuro, Sehun, você, mais do que ninguém, já deveria saber.
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Após ver que não havia ninguém por perto, Zitao fez sinal para que os meninos viessem de encontro a si. Num piscar de olhos estavam fora da mansão.
Zitao olhou para o céu e fechou os olhos para sentir o vento, exatamente do jeito que Sehun havia lhe dito.
“O vento sempre ajuda quem o escuta; pois ele tem muito a dizer.”
Zitao abriu os olhos e sorriu, fazendo sinal para os meninos dobrarem a direita, contornando a mansão.
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- Quer ser curado? - perguntou Jongdae.
- Eu não sei…
- Não pense. Como achará algo num lugar que está vazio?
- E o que faço, então?
- Você quer voltar para mim?
E Kyungsoo assentiu timidamente.
- Entrelaçam as mãos. - pediu Baekhyun - Jongin e Chanyeol, fiquem atrás de cada um para amparar, não sabemos o quão mudado ele foi. - e ambos assentiram, tomando suas posições - Está pronto, Yixing.
Yixing ficou ao lado de Kyungsoo e Jongdae de frente para suas mãos entrelaçadas, Baekhyun fez o mesmo na outra extremidade; Yixing e Baekhyun puseram a mão na cabeça de Kyungsoo e Jongdae.
- Nesse momento vocês se tornarão um só. Você precisa ser forte, Jongdae.
- Suportarei qualquer coisa para ter a minha metade de volta.
- Faremos de tudo para curar e iluminar vocês. - acrescentou Yixing - Fechem os olhos, por favor.
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- Mesmo assim… Ele vai lhe…
- Não se preocupe com o meu irmão, Sehun. Há certas coisas que ele não entende.
- Como o quê?
- Você tem certeza que não sabe a resposta disso?
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Kyungsoo e Jongdae gritaram, ecoando suas dores no silêncio da avenida. Kyungsoo queimava-se com a luz em sua mente que sempre fora escura; Jongdae, por ver o mal que sua metade havia cometido e presenciado.
- Você precisa achar o começo de tudo, Jongdae. - disse Baekhyun.
Os nós dos dedos de Jongdae estavam brancos de tanta dor que sentia; a mente de Kyungsoo era um jardim enflorado de maldade. Jongdae conseguiu encontrar o prelúdio.
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“As amarras estavam arroxeando sua pele imaculada e cortando a circulação. Mexia-se abruptamente de modo a se libertar, entretanto, era inútil.
Fechou os olhos e tentou se concentrar; nada.
“O que está acontecendo? Por que não consigo usá-lo?” – pensou Kyungsoo apavorado.
- Você não vai conseguir se soltar, melhor desistir.
E um arrepio passou pelo seu corpo, pois o temia, apesar de fazer de tudo para não transparecer.
- Por que está fazendo isso? Já não está satisfeito de ter me feito sofrer?! – exclamou.
- Você acha que eu lhe fiz sofrer? Oh, por favor, não seja tolo. – disse seco.
Aproximou-se de si, pegando uma espécie de coroa metálica com fios pendurados, pondo em sua cabeça.
- O que você vai fazer comigo? – e Kyungsoo se martirizou por sua voz ter falhado no final.
- Um favor.
- Não quero nada de você!
- E quem disse que você tem escolha? – e foi para trás de um painel cheio de botões.
- Por que eu? Por que não outro?
- Você é aquele que pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Você é o que preciso.
Os dedos longos e frios pressionaram o botão, o qual ativou o mecanismo, produzindo e passando energia elétrica em alta potência pelos cabos finos em direção à coroa que passava para o outro, eletrocutando-o por completo.
Um grito agudo de dor preencheu o local juntamente com uma risada maníaca e vazia.
- Não se aflige, logo estará vazio.”
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Era um lugar escuro e vazio, possuindo um frio pegajoso. Jongdae passou a correr ao ouvir os gritos. Em um canto, encolhido e chorando, estava Kyungsoo com um envelope.
- Estou aqui com você. - disse Jongdae ajoelhando-se em frente a ele - Estou aqui para lhe resgatar.
- E-eu guardei… - murmurou Kyungsoo, alcançando o envelope a Jongdae.
- Vamos abrir juntos.
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Quem guarda sempre tem.
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