História EXODUS - Segredo.

Eu fiquei lá chorando, sem saber como parar, até que Tao acordou.

Ele me viu sentada no chão, chorando e veio correndo.

- Lia? Tá tudo bem? O quê aconteceu? -Ele perguntou enquanto se sentava ao meu lado e me abraçava.

Eu não consegui nem responder, então ficamos assim por um longo tempo até eu me acalmar. Mesmo depois de calma, não quis contar nada ao Tao. Isso é um assunto privado demais para que eu saía o espalhando por aí.

Ele entendeu e nem fez mais perguntas, apenas me ajudou a levantar.

- Vou voltar para o quarto. Aquelas criaturas devem estar no 7° sono então não vão me atentar. Te vejo depois. -Tao disse, me deu um beijo na testa e saiu do quarto. Eu não podia ir lá em baixo, não queria ir em um quarto atentar ninguém... então eu voltei pra cama.

Me deitei completamente espaçosa naquela cama de casal gigante e fiquei lá, olhando para o nada, pensando em como fazer o Lay me contar tudo que está acontecendo. Alguns minutos depois, só escutei a porta do quarto ser aberta e fechada novamente.

Lay cuidadosamente deitou ao meu lado, me abraçou e fingiu que nada havia acontecido enquanto eu fingia ainda estar dormindo. Minutos se passaram até que ele começou a morder minha orelha e beijar meu pescoço, se matando por atenção, querendo que eu "acordasse" logo.

- Quê que é, Lay? -Perguntei me virando pra ele.

- Acordou de mau-humor?

- Não! Mas com você me alisando, beijando e mordendo enquanto eu quero dormir é foda.

- Olha o palavreado chulo, você é uma mocinha!

- Tô nem aí, me deixa dormir.

Me virei novamente e fechei os olhos. Sei que tô sendo um monstro, mas não sei o que fazer em relação à isso, eu fico perdida e acabo sendo ignorante.
Quando achei que Lay ia me deixar "dormir", senti mais um beijo em meu pescoço.

- Lia?

- O quê é?

- Eu quero atenção.

Respirei fundo e me virei para ele. Ficamos uns segundos nos entreolhando sérios até eu ser surpreendida com um beijo. Mal vi o que aconteceu, só sei que em menos de 1 minuto Lay estava sobre mim e a blusa dele já se encontrava do outro lado do quarto.

- Você tem andado muito malvada comigo... agora eu vou ser mau com você. -Ele disse baixinho no meu ouvido e mordi o lábio inferior.

Lay retirou minha blusa, também a atirando em um canto aleatório do quarto e prendeu meus braços sobre a cabeça.

- Acho que você não entendeu que quando não te tirei de cima de mim aquele dia eu estava me entregando completamente à você. Eu sou todo seu, Lia. Meu corpo, meu coração, meu tempo, meu dinheiro... tudo isso pertence exclusivamente à você. Eu estou completamente apaixonado, enfeitiçado por você... então, não me trate assim. -Ele mandou e começou a beijar meu pescoço enquanto tudo o que eu podia fazer era tentar controlar meus gemidos.

- L-Lay...

- O quê?

- Eu te amo.

Ele me encarou e sorriu, logo depois me dando um demorado selar de lábios.

- Eu também te amo.

~Lia off

~Xiumin on

Eu estava encostado no balcão da cozinha, bebendo um chá e pensando na vida quando o Amon desceu as escadas correndo com uma metralhadora em mãos. Dei um pulo e arregalei os olhos com o susto.

Não que eu já não estivesse acostumado com armas, mas sempre é um choque vê-las.

- O quê está acontecendo, Amon? -Perguntei assustado, largando a xícara na pia.

- Tem um carro se aproximando, Minseok.

- ... Merda!

Reclamei e levei as mãos à parte inferior do balcão, onde havia uma pistola carregada, grudada alí com fitas. A puxei e corri para a janela, onde eu podia ter uma visão melhor da estrada. Um land rover discovery preto se aproximava e mirei justamente no assento do motorista, apenas esperando as ordens do Amon para atirar.

Amon se posicionou na janela ao meu lado e também mirava no carro.

- Não atire ainda.

Eu não sabia o que esperar. Se um carro que não conhecemos invade a propriedade do Amon significa que fomos descobertos e será questão de horas até estarmos, na melhor das hipóteses, presos. Na pior, aquele carro equivale à nosso atestado de óbito.

Esperamos pacientemente até que o carro parou e dele saiu... uma mulher?

- Puta merda! Preferia que fosse a policia. -Amon reclamou enquanto jogava a metralhadora em cima do sofá com o maior desdém.

Eu não estava entendendo nada, então estreitei os olhos para tentar ver melhor e reconheci a mulher. É a ex-esposa do Amon, a mãe da Lia e do Shu.

- Amon... o quê ela faz aqui? A Yoriko não estava na Alemanha?

- Estava, provavelmente ela descobriu que a Lia veio morar comigo. Merda! Quanto mais eu rezo mais assombração me aparece.

Catei as armas e subi para vestir uma camisa, não posso receber uma mulher despido desse jeito, é muita inconveniência. Mesmo não indo muito com a cara da Yoriko, meus pais me ensinaram a respeitar as pessoas.

Guardei as armas em baixo do meu colchão. Chen e Luhan ainda dormiam como anjos, quer dizer...  Luhan nem tanto, já que ele berra o tempo todo enquanto dorme. Vesti minha blusa, escovei o cabelo e saí do quarto antes que Luhan desse mais um de seus gritos e me matasse do coração. 

A Yoriko e o Amon já estavam trancados no escritório e eu - que raramente sou - curioso, me encostei de leve na porta para ouvir. Não gosto de ser fofoqueiro, mas quando se trata da Lia... bom... eu tenho interesse em saber.

De início, eu apenas escutava as vozes conversando muito baixo, então não entendi - porém - depois de alguns segundos ambos começaram a brigar muito alto.

- VOCÊ PROMETEU, AMON! EU FUI EMBORA COM A PROMESSA DE QUE VOCÊ JAMAIS ENVOLVERIA A LIA NEM O SHU NISSO!

- EU TÔ TENTANDO CONSERTAR A DROGA DA MINHA VIDA, YORIKO! PASSEI ANOS LONGE DOS MEUS FILHOS SENDO QUE EU PODIA MUITO BEM PROTEGÊ-LOS.

- "CONSERTAR A SUA VIDA" "LONGE DOS FILHOS"? POR ACASO VOCÊ JÁ AQUILO CONTOU À TODOS  SEUS FILHOS?

A briga se silenciou e eu continuei curioso na porta, quase entrando dentro do escritório. Eu já estava com o ouvido colado na porta de tanta curiosidade. Como assim "todos seus filhos"? E o que seria "aquilo"?

- Você sabe que eu não posso, Yoriko. Se eu contar, eles vão ter raiva de mim. O único jeito de ficar perto deles foi omitir isso.

- Ótimo, continue mentindo para eles. Faça o que quiser da sua vida, Amon. Agora... se eu souber que aconteceu algo aos MEUS filhos, você vai se arrepender e vou voltar aqui só pra pegar as coisas da Lia e levá-la comigo.

- Você acha mesmo que ela vai querer ir com você? Você a abandonou.

- Não, eu não abandonei... você que nos abandonou, começando essa palhaçada toda de EXODUS.

- Quem fez as malas e embarcou no primeiro avião foi você! Tinhamos a vida perfeita, Yoriko.

- Você que me fez arrumar as malas e embarcar no avião e... vida perfeita? Quem? Eu, você, Lia, Shu e seus dois filhos renegados?

- Eu não os reneguei, sua... Eu sempre cuidei deles, sempre os ajudei... mesmo que indiretamente.

- Já vi que você se tornou um ser não dialogável, não irei insistir. Já foi avisado, se algo acontecer com minha filha...

Percebi que a conversa havia se encerrado alí, então saí o mais rápido o possível da porta e quando a mesma foi aberta apenas passei pelo corredor como quem não queria nada.

- Olá, Minseok. -Yoriko me cumprimentou.

- Olá, como está?

- Estou bem, obrigada. E você?

- Ótimo. -Respondi educadamente e ela se foi. Resolvi dar uma olhada no escritório e o Amon estava sentado de cabeça baixa na mesa. Da porta eu escutava seus soluços.

- Senhor? -O chamei enquanto entrava de mansinho. Encostei a porta e me sentei na cadeira de frente para ele. Amon ergueu a cabeça e vi que ele realmente estava chorando. É tão estranho vê-lo assim, sempre tivemos o Amon como uma pessoa fria e calculista, mas não... ao vê-lo chorar, percebo que é tão humano quanto eu.

- Xiumin... - me assustei só de ouvi-lo me chamar assim. O Amon nunca chama ninguém por nenhum apelido, então é muito estranho - eu sou um monstro.

- Por quê, senhor? -Me atrevi a perguntar e o mesmo ficou pensativo por um tempo, acho que estava avaliando se deveria ou não me contar.

- Eu... preciso te contar uma história! Tudo começou assim que vim do Japão para a Coreia...

Eu ouvia atentamente, curioso para saber o que estava acontecendo.

(...)

- ... então, foi isso. -Ele terminou de me contar e fiquei alguns minutos o encarando, com a mente à mil. Eu não conseguia processar, não conseguia aceitar.

Meu estômago embrulhou e minhas mãos tremiam.

Nojo! Tudo o que eu sinto é nojo.

Não aguentei, saí correndo para o primeiro banheiro que vi pela frente, me ajoelhei em frente ao sanitário e vomitei.

Eu pensei que era um problema qualquer, mas porra... isso é doentio! Mesmo que eles não saibam!

Respirei fundo e me encostei na parede. Fiquei lá, com as mãos tapando o rosto e tentando entender. Se não entender, ao menos aceitar que não foi intencional.

- Hyung? Algum problema? -Suho apareceu na porta do banheiro, me dando o maior susto e fazendo meu estômago embrulhar novamente.

- Sai daqui... SAI DAQUI. -Gritei desesperado e ele arregalou os olhos antes de sair apressado.

Eu sei que não deveria ter gritado com ele, mas não pude me controlar.

Como eu vou viver sabendo disso?