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História Explosão de Sons - 03. perdoe-me por todo o mal


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


Oi, estrelinhas~!

Voltamos com mais um capítulo da vida do Baekhyun e parece que a vida dele não anda muito bem, né? Esse capítulo, assim como o outro, está recheado de momentos meio melancólicos, então peguem seus lencinhos e não me batam no final, porque tudo vai dar certo (um dia). Por enquanto, espero que vocês gostem desse capítulo também! <3

Pra compensar, temos um pouco de SooXing por aqui! O que estão achando deles?

Músicas temas de hoje, em ordem de sequência:
Bloodstream - Ed Sheeran;
Six Degrees of Separation - The Script
Light - Sleeping at last (obrigada, Fane~ <3)

Eu estive pensando em fazer uma playlist no Spotify com as músicas, o que vocês acham? Me contem lá embaixo! Boa leitura <3

Capítulo 3 - 03. perdoe-me por todo o mal


EXPLOSÃO DE SONS

Capítulo 3 - Perdoe-me por todo o mal

 

Demorou algum tempo para que Sehun voltasse a procurá-lo.

 

Baekhyun agradeceu silenciosamente ao garoto por não fazê-lo; ainda estava assustado e culpando-se demais para conseguir encarar Sehun normalmente como antes. A ideia de tê-lo deixado a mercê de seu pai o atemorizava, as possibilidades do que poderia ter acontecido depois que saiu não saíam de sua mente, uma pior que a outra.

 

Sehun estaria bem? O que mais seu pai teria feito consigo, se já tinha batido no próprio filho? O que Sehun pensaria de si ao ter fugido de forma tão covarde depois de prometer que aguentariam tudo juntos? Baekhyun tinha sincero medo das respostas para todas as suas indagações, por isso sentia-se no mínimo reconfortado por não tê-las.

 

Chanyeol e Kyungsoo demoraram dois dias para perceber que algo de errado tinha acontecido, quando Baekhyun não foi à escola na segunda-feira. Encontraram o amigo preso em seu quarto, ouvindo Bubble wrap no repeat de seu celular, o clássico sinal de que Baekhyun não estava bem. Ouviram toda a história trocando olhares preocupados entre si, enquanto Baekhyun ainda se controlava para não cair no choro ao perceber o quanto foi insensível com o garoto por quem estava apaixonado.

 

Nem mesmo Kyungsoo foi capaz de brigar consigo, em vista da tristeza explícita em seu olhar. Chanyeol o manteve seguro em um abraço, sentindo o corpo de Baekhyun chacoalhar de leve pelos soluços que não estava mais tentando segurar. Sentia-se de coração partido pelo garoto que outrora parecia tão feliz e agora não via mais uma centelha de felicidade ao horizonte.

 

Baekhyun se sentiu agradecido pelos amigos não terem mencionado Sehun em nenhum momento da conversa que tiveram. Não queria saber que o garoto estava mal por sua causa ou que não apareceu no colégio, o que só o preocuparia mais. Sentia-se egoísta por ainda desejar que Sehun viesse falar consigo quando ambos estivessem preparados para isso, mas sabia que não tinha o direito de esperar por nada.

 

Ele tinha abandonado Sehun no momento em que o mais novo mais precisava de si e não poderia seguir adiante com isso em mente.

 

Doía quase fisicamente pensar em deixar Sehun após todo o trabalho feito para que conseguissem ficar juntos, mas por que Baekhyun o mereceria se não conseguiu manter-se ao seu lado no momento mais importante? Seus sentimentos por Sehun eram realmente tão grandes quanto imaginava? Caso fossem, ele não deveria ter permanecido com o garoto que gostava ao invés de ter fugido?

 

Baekhyun se sentia confuso demais para conseguir as respostas necessárias, mas ele sabia que todas culminariam em um único ponto. Ele não merecia Oh Sehun e ele não conseguiria levar aquele relacionamento adiante sentindo a culpa voltar a assolá-lo todas as vezes em que encarasse Sehun e as lembranças de vê-lo caído voltassem à sua mente.

 

Quando reencontrou Sehun, já fazia uma semana desde a última vez que tinham se visto.

 

Estavam no horário de intervalo entre as aulas e Baekhyun se despediu dos amigos dizendo que iria pegar um lugar bom para comerem. Voltara ao colégio na quarta-feira, quando não pôde mais dizer à sua mãe que não se sentia bem para ir à escola sendo que, na verdade, só não queria encarar Sehun. Para sua surpresa, Sehun também não estava indo às aulas, deixando-o preocupado com seu sumiço. Não queria vê-lo, mas não vê-lo realmente era ainda mais desesperador.

 

Na sexta-feira, Sehun estava em seu lugar de origem, com um capuz cobrindo seu rosto e os fones conectados aos ouvidos, demonstrando que não queria conversar com ninguém. O coração de Baekhyun se apertou ao vê-lo tão recluso novamente e ao perceber que o olhar de Sehun não se ergueu mesmo ao ouvir sua voz. Ou Sehun estava muito magoado consigo ou ainda estava assustado demais, assim como Baekhyun.

 

O Byun sentia vontade de ir até o namorado (ainda poderia chamar Sehun assim?) e consolá-lo, dizer-lhe que tudo ficaria bem e que poderiam passar por aquilo juntos também, mas nem mesmo Baekhyun acreditava nisso.

 

Quando Sehun o chamou para conversar, pouco depois de ter deixado os amigos para trás, Baekhyun sentiu que aquele era o ponto final para a história de ambos. Não tinham mais escapatórias para escolher ou qualquer outro caminho para tomar. Talvez Sehun também estivesse ciente desse fato, e perceber que Sehun também desistira de ambos o machucava, mesmo que tivesse desistido primeiro.

 

Sehun marcou consigo no mesmo banco que costumavam ficar nos horários livres, mais afastado do restante de seus colegas e onde poderiam conversar sem se preocupar se alguém acabaria ouvindo a conversa dos dois. Sehun o deixou em seguida, sem dizer nem mais uma palavra que pudesse ajudar Baekhyun a decifrar o mistério que o formava. Estava com medo da conversa que teriam, mas já estava cansado de protelar também.

 

Esperava que Sehun terminasse consigo primeiro. Doeria ouvir da boca dele as palavras que estava evitando há dias, mas provavelmente doeria mais ser aquele a falá-las. Os acontecimentos da semana anterior passavam em sua mente como se estivessem em looping, estava desatento e mais distraído que o normal e Bloodstream estava repetindo mais em seu celular do que seria considerado normal, mas Baekhyun não queria ser aquele que colocaria um ponto final em tudo.

 

Quando encontrou Sehun, dez minutos depois que combinaram, toda a coragem que havia reunido durante a semana sem vê-lo pareceu se esvair em um piscar de olhos. Sehun não o estava vendo, mas Baekhyun queria guardar aquela memória para o futuro como a última vez que o viu tão sereno ainda pertencendo a si. Seus fones estavam costumeiramente em seus ouvidos, havia uma HQ aberta ao seu lado, provavelmente estava lendo-a enquanto o esperava e perdeu a paciência depois, e Oh Sehun nunca esteve tão belo e tão melancólico ao mesmo tempo.

 

Baekhyun se odiou mais uma vez por ter feito que seu garoto se sentisse daquela forma.

 

“Oi, Sehun”, o cumprimentou, sentando-se ao seu lado. Sehun se assustou com sua chegada, retirando os fones e pausando a música que estava ouvindo. Baekhyun ainda pôde reconhecer Good Riddance tocando e isso apenas dificultou as coisas.

 

Teria sido capaz de fazer com que Sehun tivesse o dia de sua vida ao seu lado?

 

“Oi, Baek.” Sehun retornou o sorriso dado, mas de uma forma mais triste. “Faz um tempo que a gente não se fala, né?”

 

Baekhyun se recordou das mensagens que ignorou, das chamadas que não atendeu e da forma como ignorou qualquer tentativa de contato que Sehun tenha feito. Não poderia culpá-lo por ter desistido depois de um tempo; Baekhyun não estava facilitando seu contato, assustado da forma como estava. Juntava o medo e a culpa em seu interior e isso o fez com que se isolasse de todos, gradativamente.

 

“Eu estive… Distante.” Baekhyun confessou, em um fio de voz. “Me desculpe por isso.”

 

“Está tudo bem.” Sehun respondeu. “Acho que ambos precisávamos desse tempo para… pensar.”

 

O silêncio que se recaiu entre os dois era o pior de todos que Baekhyun já enfrentara e o ruivo detestava silêncios. Porém, não era capaz de quebrar aquele imposto por Sehun; não se sentia capaz de dar o primeiro passo para aquela conversa em nenhum sentido, porque tudo que vinha à sua mente é que deveria aceitar aquilo que Sehun tinha a lhe oferecer, sem contestações. Merecia o que quer que Sehun estivesse pensando de si agora.

 

Se Baekhyun ainda não pôde deixar de se chamar de covarde, por que não o garoto que abandonou?

 

“Eu queria que me desculpasse, Baek.” Sehun pediu, olhando-o fixamente. Seus olhos pareciam tão sinceros que era incômodo olhar e notar a necessidade ali. “Eu… Eu devia ter te protegido melhor em casa, do meu pai…”

 

Baekhyun não podia acreditar no que estava ouvindo. Sehun só estava piorando tudo. “Eu o deixei caído no chão. Você estava sangrando, Sehun”, Baekhyun respondeu. “Não… Não tenho que desculpá-lo…”

 

“Eu sabia como meu pai era e, mesmo assim, concordei com você quando quis conhecê-lo”, Sehun disse, “mas eu pensei que a reação dele não ia ser tão ruim.”

 

“Seu pai é um monstro”, Baekhyun deixou escapar sem querer, arrependendo-se em seguida pela surpresa no rosto de Sehun. Talvez não tivesse um bom relacionamento com o pai, mas isso não significava que poderia ofendê-lo. “Eu estava tão assustado, tão sem ter para onde correr, eu… Eu nunca passei por isso antes.”

 

“Eu queria que não passasse nunca, Baek, me desculpe”, Sehun pediu, abaixando seu olhar.

 

Baekhyun percebeu, naquele momento, que Oh Sehun não o chamara para conversar para terminar consigo. Seu recluso e tímido Sehun estava se desculpando por aquilo que não tinha feito, sendo a maior vítima da situação, abandonado por ambos os lados. Baekhyun não pôde evitar sentir-se ainda pior; não merecia Sehun, não merecia sequer seus pedidos de desculpas. Sehun deveria estar terminando consigo por ser um estúpido covarde, mas estava tentando consertá-lo.

 

Baekhyun não achava que ainda tinha conserto.

 

Como poderia dizer isso olhando-o tão desolado à sua frente? Como poderia esmagar as pequenas centelhas de esperança naqueles olhos que antes eram tão opacos e agora sorriam para si? Porém, Baekhyun também sabia que não poderia continuar daquela forma, alimentar Sehun com os sentimentos que agora se dividiam dentro de si. Sua mente estava tão bagunçada entre suas opções que não poderia trazer Sehun para dentro desse furacão.

 

Foi nesse momento que percebeu que seria ele a dar as últimas palavras, exatamente como não desejava, mas como era preciso.

 

“Sehun… Eu não tenho que desculpá-lo por nada. Por favor, pare de pedir desculpas”, Baekhyun começou, tomando coragem ao expirar o ar que estava guardando. “Mas eu não acho que possamos continuar…”

 

Era como se Baekhyun pudesse sentir a dor que passou pelos olhos de Sehun. “Mas… Baek, isso não muda nada entre nós dois, eu ainda sou apaixonado por você e-”

 

“Isso muda tudo, Sehun. Eu não consigo mais encará-lo sem pensar no tremendo covarde que eu fui”, Baekhyun disse, “e não posso conviver com a ideia de que a qualquer momento nós dois podemos ser atacados pelo seu pai. Se nós não estivermos juntos, não daremos margem ao perigo de que ele nos pegue. Isso… Isso não é o comum para mim e ainda estou assustado demais para continuar. Eu não consigo continuar.”

 

“Eu o protegerei”, Sehun prometeu. “Só não termine comigo. Não por isso.”

 

“Me desculpe, Sehun”, Baekhyun pediu, com um sorriso triste. “Eu… Eu não posso. De verdade.”

 

Sehun ainda parecia disposto a falar alguma coisa e, por um momento, Baekhyun desejou que seu futuro ex-namorado lutasse por aquele relacionamento. Desejou que Sehun fosse mais forte do que estava sendo, que lutasse por ambos quando Baekhyun não via sentido para isso. Se o mais novo o mostrasse que podiam fazer aquilo juntos, talvez eles tivessem salvação e talvez nem tudo estivesse arruinado.

 

Talvez não precisassem reconhecer os pedaços de seu próprio coração naquele momento, onde ambos corações colidiram e seus pedaços se mesclavam.

 

Mas Sehun não fez nada disso.

 

“Baekhyun…”, chamou. “Eu não vou tentar dissuadi-lo quando você aparentemente já veio para cá com essa decisão em mente. Eu realmente queria que as coisas entre nós dessem certo, mas… Acho que não é assim que você também encara, não é?”

 

“Eu não queria machucá-lo, Sehunnie, eu juro…”, Baekhyun sussurrou, pegando as mãos de Sehun entre as suas mais uma vez, mas daquela vez parecia diferente. Tinha um sabor amargo de despedida. “Mas eu não posso… Não posso encará-lo e me lembrar de como me senti naquele dia, eu o faria infeliz cada dia mais. Isso não é justo com você e não é justo comigo.”

 

Sehun manteve seu olhar nas mãos unidas, um sorriso triste desenhando-se em seus lábios. “Tudo bem, Baek.” Não, não estava. “Então… Nós acabamos aqui?”

 

“Eu sinto muito…”, Baekhyun repetiu, levantando-se. Suas mãos pareciam não querer se desgrudar, mas Baekhyun precisava ir embora. Precisava ir antes que se arrependesse e seu arrependimento apenas faria com que os dois ficassem ainda mais tristes, no futuro.

 

Sehun não o respondeu e não o olhou mais. Baekhyun ainda se manteve o encarando por alguns instantes, tempo suficiente para gravar aquela situação, antes de virar as costas e caminhar de volta para sua sala de aula. Pensaria mais tarde em quais desculpas dar para seus amigos por ter sumido durante todo o intervalo, mas, naquele momento, Byun Baekhyun precisava de paz.

 

As últimas palavras vindas de Sehun naquela manhã foram de uma música que havia apresentado a ele.

 

“No, no, don’t leave me lonely now, if loved me how’d you never learn…”

 

Baekhyun talvez nunca aprenderia.


 

Cinco meses após o término com Sehun, Baekhyun ainda se sentia culpado ao olhá-lo e ver que seu ex-namorado se tornou ainda mais recluso do que era anteriormente. Aos poucos, as pessoas pararam de procurá-lo como faziam antes, mesmo que fosse apenas para falar sobre seus próprios problemas e não se importar se o garoto estava bem para ouvi-los. Com o fim de relacionamento tornando-se implícito em seu afastamento, compraram o lado de Baekhyun imediatamente, sem sequer ouvir o lado de Sehun.

 

Às vezes, Baekhyun ainda o observava, tentando achar uma forma de consertar seus erros. A consciência chegou a si poucas semanas depois do término, quando percebeu que poderia ter consertado Sehun de uma forma muito melhor do que terminando consigo, o que ocasionou ainda mais rachaduras no mais novo. Se antes se culpava por tê-lo deixado sozinho com seu pai quando mais precisava de si, o que diabos havia feito daquela vez?

 

Baekhyun não tinha espaço para se lamentar, afinal de contas. Precisava arcar com as consequências dos seus erros, perceber que Sehun escapou por seus dedos por causa do seu medo exacerbado do momento, mas que se aliviou de sua mente conforme o tempo passava. Talvez Sehun nunca mais o perdoasse por tê-lo deixado mais uma vez, mas Baekhyun precisava se certificar de que ele ficaria bem.

 

Se Sehun estivesse bem mais uma vez, ele poderia seguir em frente também.

 

Lord forgive me for the things I’ve done”, Baekhyun cantarolou olhando-o enquanto Sehun ignorava as pessoas ao redor, “I was never meant to hurt no one, I saw scars upon a broken hearted lover…

 

. . .

 

Embora meses tenham se passado, Chanyeol ainda estava preocupado com Baekhyun.

 

Manteve-se ao seu lado desde o momento em que o melhor amigo chegou cabisbaixo, quando ele e Kyungsoo forçaram Baekhyun a contar porque estava tão triste. O término com Sehun saiu de forma tão triste de seus lábios que se arrependeram mais tarde por não terem contido sua preocupação por mais algum tempo; Baekhyun parecia realmente triste e distante pelo restante da manhã.

 

Sehun esteve da mesma forma, mas o mais preocupante era que o garoto se manteve dessa forma. Chanyeol sabia que ele era naturalmente tímido e calado com a maioria das pessoas, mas, daquela vez, Sehun parecia ter encolhido dentro de si mesmo de uma forma que dificilmente alguém o alcançaria novamente. Chanyeol se perguntou até que ponto um coração partido pode levar alguém.

 

Seu coração partido colava-se aos poucos a cada sorriso dado por Baekhyun, mesmo que para outra pessoa, mas agora Baekhyun já não sorria como antes e Chanyeol não sabia o que fazer.

 

Kyungsoo também parecia perdido. Diferente dos demais dilemas que enfrentavam juntos, agora não era apenas um dos lados que precisava de ajuda. Preocupava-se com Baekhyun e a forma como o garoto parecia estar em um estado permanente de melancolia, embora soasse alegre e animado para todos que não o conheciam muito bem; e com Chanyeol, que parecia cada vez mais diminuir sua tristeza para que Baekhyun ficasse bem.

 

Seus dois melhores amigos agindo de forma estúpida graças a paixão por outras pessoas. Kyungsoo agradecia aos céus por não ser mais um apaixonadinho no trio.

 

Por esse motivo, Kyungsoo precisava escolher a qual dos amigos ajudaria primeiro e escolheu Chanyeol. Baekhyun estava de coração partido há meses, mas estava, aos poucos, voltando a ser o mesmo Baekhyun de antes, com assolos de tristeza apenas quando passava muito tempo olhando para Sehun. Chanyeol guardava aquele sentimento há muito mais tempo e Kyungsoo precisava saber se ainda estavam dentro do limite do saudável ou se era tempo de fazê-lo seguir em frente também.

 

Quando foi a vez de Baekhyun de comprar o lanche dos amigos, Kyungsoo lhe disse que ficariam na sala de aula o esperando porque tinha algumas coisas a conversar com Chanyeol. Baekhyun não discordou nem perguntou se poderia ajudar; aprendeu que, com a forma como se tornou tão próximo de Sehun, havia perdido um pouco seu lugar ao lado de Chanyeol para Kyungsoo e naturalmente havia algumas coisas que o maior segredava ao Do e não a si.

 

Não poderia culpá-lo. Deixou de culpar as pessoas há alguns meses e agora guardava toda a culpa para si.

 

Quando ficaram sozinhos, Chanyeol percebeu o caminho que aquela conversa teria e não estava satisfeito com aquilo. Reconhecia que seu amigo estava preocupado consigo, mas Chanyeol estava bem. Tinha idade suficiente para saber até onde poderia ir sem se machucar e só queria o bem estar de Baekhyun. Vê-lo triste também o deixava triste, Kyungsoo não entenderia isso?

 

Pelo olhar que recebeu do Do, não. Kyungsoo era racional demais para entender até que ponto sacrifícios podem ser feitos e até onde alguns sentimentos podem levar outras pessoas. Chanyeol não esperava menos do mais novo; Kyungsoo era aquele que conseguia trazer razão aos seus momentos de coragem insana e não sabiam o que fariam se o Do também sucumbisse a paixão em algum momento de sua vida.

 

Por um momento, recordando-se de alguns momentos, Chanyeol pensou se Kyungsoo já não teria sucumbido.

 

“Chan”, Kyungsoo o chamou. “Você sabe por que eu te mantive aqui, né?”

 

“E você sabe que Baekhyun não vai demorar a voltar, não é?”, Chanyeol devolveu.

 

“Por isso vamos ser bastante breves”, Kyungsoo ditou, sentando-se de frente ao amigo. Chanyeol não estava o olhando, mas sabia que fazia isso todas as vezes em que se sentia intimidado. “Sabe que não pode continuar fazendo isso, certo?”

 

“Eu sei o que eu estou fazendo”, Chanyeol retorquiu. “Não precisa se preocupar comigo.”

 

“Como se fosse fácil só falar!”, Kyungsoo exclamou. “Foi para mim que você reclamou todas as vezes sobre como estava se sentindo triste por Baekhyun estar longe, foi para mim que você reclamou sobre como se sentia mal por não ser a pessoa que o Baekhyun gostava, foi-”

 

“Já deu para entender, Kyungsoo, você quer que eu pare de encher teu saco com isso”, Chanyeol disse, passando a olhá-lo, “então eu vou parar. Não se preocupe mais-”

 

“Eu quero que você pense em si mesmo, Chanyeol!”, Kyungsoo o interrompeu. “Quero que você pare e pense se o que você está fazendo não é só para que o Baekhyun fique feliz e depois você volte a ficar olhando-o de longe, triste.”

 

Chanyeol percebeu o que Kyungsoo queria dizer, finalmente. Sabia que o amigo tinha razão para se preocupar, tendo em vista que o Park havia negligenciado seus próprios sentimentos para que Baekhyun ficasse com Sehun e estivesse feliz, e foi com Kyungsoo que Chanyeol percebeu que não conseguia ficar feliz por Baekhyun. Kyungsoo estava certo sobre todas as vezes em que falavam sobre estar triste porque Baekhyun estava distante demais ou sobre todas as vezes em que reclamava por não ter tido coragem suficiente.

 

Ver Baekhyun feliz era realmente o suficiente para Chanyeol? Queria que Baekhyun ficasse bem, que voltasse a ser o mesmo garoto espalhafatoso que sempre fora, sem a sombra de tristeza em seu olhar que poucas pessoas percebiam. Queria que seu coração estivesse livre de qualquer resquício de Sehun ali dentro para que, quem sabe dessa forma, pudesse ter sua própria chance de lutar.

 

Park Chanyeol precisava tentar, ao menos uma vez, para que pudesse desistir de Baekhyun sem o gosto agridoce da derrota pela luta nunca feita. Precisava dar vazão a tudo que sentia dentro de si, mas de forma que não assustasse Baekhyun mais do que o garoto já estava assustado. Ainda sentia-se explodir em supernovas dentro de si quando Baekhyun era a única estrela sobre a qual orbitava.

 

Chanyeol sorriu para o amigo, que continuou sem entender nada do que estava acontecendo. Kyungsoo nunca entendia a mente de Chanyeol, por mais que se esforçasse para tentar; as formas como o Park encarava a vida sempre foram utópicas e sonhadoras demais para si, tão acostumado a visão realista de todas as coisas. Se estivesse no lugar de Chanyeol, provavelmente já teria desistido de Baekhyun quando percebeu não ter espaço em seu coração.

 

Porém, isso significaria que seus sentimentos não seriam tão fortes quanto os de Chanyeol?

 

“Eu fico muito feliz que por baixo desse coração de pedra você se preocupe comigo, Soo, mas eu estou bem. Sei exatamente até onde devo ir”, Chanyeol garantiu. “Eu não quero nada em troca do Baekhyun agora, sabe? Ele ainda está triste por conta do Sehun, ele ainda se preocupa demais com Sehun para olhar para o lado, mas…”

 

Kyungsoo aguardou que o amigo voltasse a falar, paciente. Disposto a ouvir o outro lado e não assumir suas preocupações sem se importar com direito de escolha do amigo. “Quem sabe ele note um dia, não é? E quando ele notar, eu estarei lá.”

 

Kyungsoo pensou que, se amar era tão ruim e tão demorado quanto acontecia com Chanyeol, ele definitivamente não queria experimentar daquele sentimento. Entretanto, seu melhor amigo estava sorrindo para si, todas suas esperanças depositadas naquele olhar confiante de quem já esperou por tanto tempo que mais algumas semanas ou alguns meses não seriam nada. Os sentimentos de Chanyeol já haviam passado por muitas coisas para que ele desistisse agora, tão perto do final do arco íris.

 

Kyungsoo finalmente percebeu; não poderia dissuadir seu amigo, Chanyeol já estava certo do que faria e de como enfrentaria aquilo. Se fora capaz de permanecer ao lado de Baekhyun escondendo seus sentimentos ao vê-lo falar apaixonado por outra pessoa, por que não poderia aguentá-lo melancólico por essa pessoa? Corações partidos sempre se fixam. Todas as músicas um dia terminam, por mais longas que possam ser, e sempre terá uma próxima na lista de reprodução.

 

Park Chanyeol queria ser a última música da playlist de Baekhyun.

 

O Park se levantou, surpreendendo ao amigo com a animação em seus gestos e com o sorriso alegre em seu rosto. Nada abalava Park Chanyeol por muito tempo e essa era uma das características que Kyungsoo mais admirava em seu amigo; seu mundo poderia estar desmoronando, mas Chanyeol sempre encontraria um novo motivo para estar sorrindo para todos ao seu redor.

 

“Eu vou atrás do Baek agora, ele já deveria ter voltado”, Chanyeol disse, “então fique aqui!”

 

Kyungsoo não fez menção de respondê-lo porque Chanyeol já estava correndo para longe. Poderia ser o maior entre os três, mas Chanyeol sempre seria como uma criança animada com as coisas e pessoas que amava. Kyungsoo invejava um pouco este lado do amigo; sentia que as coisas poderiam ser bem mais divertidas para si se não fosse tão pé atrás com absolutamente qualquer coisa que não envolvesse aqueles dois.

 

Não muito tempo depois que Chanyeol passou por aquela porta, Kyungsoo a ouviu abrir mais uma vez. Era muito cedo para que fossem seus amigos voltando, já que Chanyeol sequer teria tido tempo de chegar ao refeitório. Virou-se para saber quem era o visitante, surpreendendo-se ao encontrar Zhang Yixing ali parado, com um sorriso sacana nos lábios bem desenhados.

 

Yixing não estudava na mesma sala que os três amigos e por isso Kyungsoo estranhou sua presença ali. Normalmente o chinês estava no centro do refeitório rindo de tudo que falam para si, exibindo sua simpatia e carisma até para aqueles que não os desejavam, por mais que fosse impossível não desejar a presença de Yixing. O garoto conseguia fazer com que todas as pessoas orbitassem ao seu redor, sempre ávidas por um pouquinho de sua atenção e, mesmo assim, Yixing nunca deixou que nada disse subisse à sua cabeça.

 

Por esse mesmo motivo, Kyungsoo sempre se sentia desconfortável próximo a Yixing. O chinês fazia com que todas as formas que aprendeu a lidar com as pessoas falhassem consigo, porque Yixing nunca deixava de sorrir para si mesmo quando tentava afastá-lo com respostas ácidas.

 

“Sabe de uma coisa, Soo?”, Yixing o perguntou, aproximando-se da mesa onde o menor estava sentado. Kyungsoo não pôde deixar de notar o apelido. “Eu sempre achei que Chanyeol e Baekhyun ficariam juntos, mas parece que eu estava errado.”

 

“O que te fazia pensar isso?”, Kyungsoo perguntou quando o garoto se sentou no mesmo lugar onde Chanyeol esteve outrora.

 

“Todo mundo acha que eu estou ocupado demais prestando atenção em mim mesmo para notar as coisas ao meu redor, e eu confesso que às vezes eu me perco um pouco nas situações”, Yixing disse, sua covinha aparecendo conforme ria, “mas eu consigo notar muito bem algumas coisas.”

 

“Você também sabe que Chanyeol gosta do Baekhyun, não é?”

 

“Acho que só Baekhyun não percebeu até agora”, Yixing confirmou. “Por isso sempre achei que eles ficariam juntos. Ninguém ama alguém por tanto tempo se isso não for dar resultado no final.”

 

Kyungsoo o mirou, sem saber o que devia responder. O que diabos Zhang Yixing queria com aquilo e o que estava fazendo ali? Yixing deu de ombros, apoiando-se seus braços em seus joelhos e ficando mais próximo de Kyungsoo, que percebeu cada movimento da aproximação, mas não fez nada para se afastar. Sentia-se curioso a respeito de Yixing, ao mesmo tempo em que tudo dentro de si o dizia para fugir.

 

Uma parte de si o dizia que Yixing poderia ter algum tipo de interesse em si, porque nunca o vira importunar tanto outras pessoas como o fazia consigo, mas uma outra parte, mais racional e com maior peso dentro de si, o dizia para parar de fantasiar. Não era ninguém além da voz da consciência de Baekhyun e Chanyeol. Yixing nunca o conheceria não fosse seus melhores amigos.

 

“Eu acho que ainda vamos ver aqueles dois juntos, se quer saber a minha opinião”, Yixing o segredou. “Eles formam um casal bonito. Baekhyun não vai demorar a notar isso, cedo ou tarde a presença de Chanyeol vai curar todas as feridas que o término com Sehun deixou nele.”

 

“Você é muito mais sensível do que faz parecer”, Kyungsoo brincou. “Não é você o responsável por muitas feridas nos corações desse colégio?”

 

Yixing riu e sua risada era um dos sons mais bonitos que Kyungsoo já ouviu. “Eu sou uma alma livre, Kyungsoo”, explicou. “Não encontrei a minha âncora ainda.”

 

“Você espera ainda encontrá-la ou vai navegar sozinho daqui pra frente?”, Kyungsoo o perguntou, em um insight de coragem. Não sabia muito bem porque a resposta o importava tanto.

 

Yixing se aproximou um pouco mais e Kyungsoo inclinou seu corpo em resposta, como se esperasse que o sorriso que o chinês mantinha quase de forma permanente em seus lábios fosse se transformar em um novo segredo. Yixing manteve os olhos fixos na imagem do garoto à sua frente, antes de abaixar a voz e contar-lhe:

 

“Eu acho que nós também formaríamos um belo casal, Soo”, sussurrou, “mas eu não o vejo como uma âncora.”

 

Kyungsoo afastou-se com o choque sentido por aquela resposta. Se Yixing não o via como uma âncora, Kyungsoo estava certo quando falou sobre o garoto para os amigos, meses atrás após a derradeira festa. Yixing era livre demais para se prender a alguém tão pé no chão quanto Kyungsoo era, pelo visto. Não deveria ter esperado nada diferente vindo do mais velho.

 

“Eu não o vejo como uma âncora porque você, entre todas as pessoas que eu conheci, poderia navegar comigo ao invés de manter-me preso”, Yixing continuou. “Eu não encho o seu saco só porque você é bonitinho, Kyungsoo.”

 

Yixing se levantou e, da mesma forma que Chanyeol, deixou a sala com um aceno e um sorriso bonito, deixando para trás um Kyungsoo muito confuso. Estava certo de que Yixing costumava importunar-lhe várias vezes, fazendo piada sempre que se encontravam pelo refeitório ou deixando-o irritado por pequenos detalhes. Yixing estava sempre sorrindo para si todas as vezes em que se encontravam, mas não estava ele sorrindo para todos a qualquer momento?

 

Kyungsoo resolveu que deixaria de pensar naquilo. Já tinha problemas demais para enfrentar com um Chanyeol esperançoso demais para seu próprio bem e um Baekhyun ainda de coração partido. Zhang Yixing e seu próprio coração acelerado podiam esperar.

 

. . .

 

Houve um momento em que as coisas mudaram de repente.

 

Baekhyun não soube precisar exatamente o que ocasionou a mudança, mas sabia que ela estava acontecendo quando aquele aluno novo chegou. Ninguém sabia nada sobre o rapaz, nenhum burburinho a respeito de sua chegada; foi como se o garoto tivesse, de repente, aparecido entre os demais estudantes. Ele poderia ser só mais um aluno novo que se encaixaria em alguma sala, por mais que estivessem em uma época estranha para se ter um novo aluno transferido, não fosse um único fato.

 

O garoto novo estava conversando com Sehun.

 

Baekhyun não estaria achando isso ruim, de maneira alguma, não fosse o fato de que Sehun estava sendo mais responsivo ao garoto novo do que jamais esteve sendo com os demais colegas. Mesmo quando uma ou outra pessoa tentavam falar consigo, Sehun as respondia de forma monossilábica, fazendo-as se afastarem de si por consequência. Talvez o término com Baekhyun ainda fosse recente demais para o garoto ou sua confiança em outras pessoas estava abalada demais.

 

O Byun se culpava por isso. Culpava-se por ter ocasionado tanto mal a Sehun e pelo garoto ter se fechado mais uma vez, agora não só para si, mas para todos ao seu redor. Seu objetivo era fazer com que Sehun florescesse e se deixasse perceber que havia muitas coisas ao seu redor que estava perdendo sendo tão recluso e por algum tempo conseguiu seu objetivo, mas o próprio Baekhyun conseguiu destruir seus progressos.

 

Seis meses se completaram após o término e Baekhyun estava novamente com os fones de ouvido conectados, sua playlist criada recentemente tocando em looping. Seus amigos estavam atrasados, então Baekhyun não via a necessidade de ir para a sala tão cedo; poderia continuar ali, observando o desenrolar daquela cena onde o aluno novo fazia com que Sehun o respondesse como se o mais novo não estivesse fechado para o mundo há meses.

 

The Script soava em seus ouvidos, cantando a música mais oportuna para o momento. Depois de seis meses após o término e seis meses em que Sehun não era mais o mesmo garoto por quem se apaixonou e a culpa era exclusivamente sua, Baekhyun ainda estava passando pelos seis estágios da separação.

 

First, you think the worst is a broken heart”, cantarolou, “what’s gonna kill you is the second part…

 

Baekhyun imaginava que corações partidos demoravam a se remontar mais uma vez, a consertar cada fresta causada pelas rachaduras, mas não imaginava que levaria tanto tempo assim. Sentia-se feliz na maior parte dos seus dias, em grande parte por causa dos amigos que estavam sempre tentando animá-lo, mas havia alguns momentos onde seu celular o traía e trazia suas músicas com Sehun à tona novamente, revivendo cada memória e trazendo novamente a melancolia que tentava afastar de si.

 

Seu coração estava remontado novamente, mas as rachaduras que restaram sempre doíam quando abertas mais uma vez.

 

And the third is when your world splits down the middle”, continuou, os olhos fixos nos dois garotos conversando, “and fourth, you’re gonna think that you fixed yourself…

 

Baekhyun sabia que não podia seguir em frente por ainda se manter preso à imagem de Sehun. Sentia-se egoísta e injusto demais se seguisse com sua vida como se o garoto não tivesse passado por ela e, principalmente, se ignorasse o impacto que teve na vida do mais novo. Se nunca tivesse passado por ela, se tivesse ignorado os amigos e ignorado os apelos de seu próprio coração, Sehun não teria mudado tanto e, quem sabe, o aluno novo poderia ser aquilo que ele precisava, meses atrás.

 

Todas as vezes em que Baekhyun pensava ter se consertado, bastava olhar para o lado e saber que ainda tinha muito trabalho a ser feito até que tudo estivesse, realmente, como era antes. Ou o mais próximo disso que conseguisse.

 

Fifth, you see them out with someone else”, Baekhyun continuou a cantarolar, um sorriso irônico para si mesmo ao perceber a verdade que havia naquela música, “and the sixth is when you admit that you may have messed up a little..

 

Baekhyun sabia que não tinha mais nenhum direito sobre Sehun, não podia mais sentir-se enciumado por todos que se aproximavam do garoto da mesma forma que havia feito, mas não conseguia se controlar. Sehun se manteve tão afastado de todas as pessoas que era muito estranho que o novo aluno não tenha se sentido intimidado também e se afastado. Seja quem fosse aquele garoto, conseguiu fazer com que um pouquinho do antigo Sehun voltasse à superfície e isso já era um progresso que Baekhyun não esperava em tão pouco tempo.

 

Perceber todos os erros que cometeu em tão pouco tempo o fazia se sentir ainda mais pra baixo, mas agora havia um pouco de esperança em seu olhar também. Não desejava o mal de Sehun, nunca o faria; se aquele garoto novo fosse a chave para que Sehun voltasse à superfície novamente do mar de frieza em que mergulhou, Baekhyun estaria feliz em poder ajudá-lo, muito embora soubesse que bastava se aproximar que Sehun se fechava ainda mais.

 

“O sinal já vai bater”, Baekhyun ouviu ao seu lado, assustando-se.

 

Diferente do usual, apenas Chanyeol estava ao seu lado naquela manhã. Olhou confuso para os lados, esperando ver Kyungsoo, mas não havia sinal do mais novo entre os três. Chanyeol, percebendo a confusão do amigo, apoiou o braço nos ombros de Baekhyun, descansando da sua breve corrida, antes de explicar.

 

“Kyungsoo mandou mensagem dizendo que não estava muito bem e não vem hoje”, explicou. “Você está tão vidrado naquilo ali que nem deve ter visto seu celular, não é?”

 

Exatamente como dito por Chanyeol, havia uma nova mensagem em seu aplicativo de mensagens vinda do grupo que tinha com os amigos. A mensagem de Kyungsoo foi seguida de diversos emojis tristes vindos de Chanyeol, o que o fez rir um pouco. O Park era sempre aquele que sentia mais falta quando os amigos não estavam completos e Baekhyun desconfiava que fora por sua causa que Kyungsoo brigou consigo quando se afastou dos amigos.

 

Apoiou-se no ombro de Chanyeol, percebendo como o garoto parecia olhá-lo de forma preocupada. Não era pra menos; sabia o quanto tinha preocupado seus amigos e o quanto Chanyeol, principalmente, se dispôs a ouvi-lo reclamar sobre seus lamentos e suas tristezas, sempre com um sorriso compreensivo e bons conselhos para ajudá-lo. Baekhyun sabia que Chanyeol se preocupava consigo ainda hoje, quando estava muito melhor do que no início.

 

Baekhyun definitivamente não merecia a amizade de Chanyeol, sendo tão relapso em perceber as coisas como era, mas o agradecia por estar ao seu lado em todos os momentos, mesmo quando dizia não querer ver ninguém.

 

“Quer matar aula hoje?”, Baekhyun perguntou. “Kyungsoo não está aqui para dizer que isso é errado.”

 

“Mas ele vai descobrir quando não tivermos a matéria para passar para ele”, Chanyeol respondeu.

 

“Onde está seu espírito aventureiro, Chan?”, Baekhyun perguntou com um sorriso traquinas. “Uma única vez não vai manchar nosso histórico tanto assim.”

 

Chanyeol concordou depois de um tempo porque não havia nada que o sorriso de Baekhyun não o convencesse. Quando o sinal tocou, ao invés de acompanhar seus colegas em direção à sala de aula, tomaram o caminho contrário em direção aos jardins nos fundos do colégio. Poucas pessoas costumavam ir para lá e Baekhyun usava o local como um templo onde podia respirar em paz e sem se preocupar com nada sempre que estava triste.

 

Agora, aquele também era um lugar de Chanyeol.

 

É claro que Chanyeol sabia do jardins nos fundos da escola, mas nunca tinha acompanhado Baekhyun até lá. Apesar de serem um trio inseparável, tinha ciência dos momentos em que precisavam ficar sozinhos e respeitavam quando não buscavam ajuda uns nos outros e precisavam de um tempo para si mesmos. Poucas vezes via Baekhyun se esgueirando até o jardim como se não estivesse sendo visto, e agora estava o acompanhando até seu lugar especial.

 

Não tinha nada de muito especial no lugar, pra sermos sinceros. As poucas plantas do lugar eram cuidadas pelo zelador da escola, que poucas vezes por semana passava por ali para podá-las. Apesar de não ser bonito, o local transmitia paz e calmaria necessários para a mente de Baekhyun naquele momento. A companhia de Chanyeol apenas melhoraria seu estado de espírito. Não havia nada que Chanyeol não melhorasse.

 

“Você acha que eles já se conheciam?”, Baekhyun perguntou depois de um momento que haviam chegado. Estavam sentados em meio às plantas, escondidos, a cabeça de Baekhyun apoiada no ombro do mais novo e Chanyeol apoiando a cabeça de volta.

 

Chanyeol parou um pouco para analisar. Não havia visto a cena toda, já que só os notou quando percebeu o olhar fixo de Baekhyun nos dois. Sehun realmente parecia mais solto e confortável com o novo aluno, mas isso não queria dizer nada. Talvez por ser um novo aluno e não saber nada a respeito, Sehun tenha se sentido mais à vontade para conversar do que com todas as pessoas que já o dispensaram olhares de pena.

 

“Não sei”, respondeu por fim. “Acho que não faz muita diferença, né?”

 

“Fazia tempo que eu não o via dar mais que duas palavras com alguém”, Baekhyun insistiu.

 

“Ainda se sente enciumado?”, Chanyeol perguntou, tentado a virar o rosto para olhá-lo, mas Baekhyun manteve seu olhar fixo nas flores que os escondiam.

 

“Não, na verdade… Eu não sei.” Baekhyun confessou. “Não é como eu me sentia no começo, sabe? Eu não acho que meus sentimentos por ele sejam os mesmos, embora também não acredite que tenham sumido. Eu só… Queria ser eu no lugar do novo aluno. Queria ser eu a consertá-lo.”

 

Chanyeol suspirou. “Às vezes a gente não consegue remendar aquilo que quebramos, Baek”, disse. “Mas talvez outras pessoas consigam. Se o novo aluno consertar Sehun, talvez a sua culpa também alivie.”

 

Baekhyun se manteve em silêncio por algum tempo e Chanyeol respeitou o momento. Não estava ali para forçá-lo a fazer o que queria que ele fizesse; Baekhyun precisava decidir por si mesmo o que estava sentindo, saber se seus sentimentos por Sehun diminuíram conforme o tempo passou ou se apenas estavam adormecidos pelo fato de estarem separados. A chegada do novo aluno parecia determinante para que o garoto finalmente descobrisse.

 

“É tudo tão confuso”, Baekhyun resmungou. “Eu não acho que vá me sentir menos culpado se eu deixar o trabalho sujo para outra pessoa quando fui eu que errei.”

 

“Você estava assustado, Baek, não tem como se culpar para sempre por ter tomado a decisão que parecia mais certa para você”, Chanyeol disse, um de seus braços passando pelas costas do garoto e o trazendo para mais perto em um abraço.

 

Baekhyun aconchegou-se naquele abraço, sentindo o calor do sol chegando até sua pele em uma temperatura agradável. “E como eu posso continuar dessa forma sendo que eu só piorei tudo para ele?”

 

“Deixe que o tempo faça o trabalho dele”, Chanyeol recomendou. “Talvez o novo aluno seja alguém que veio para ajudar também. Se ele conseguir fazer com que Sehun volte a se tornar um pouco mais receptivo, quem sabe você também possa se reaproximar.”

 

Baekhyun concordou porque a ideia fazia sentido. Não devia - tampouco tinha o direito - se sentir enciumado pela presença de outra pessoa na vida de Sehun porque as coisas poderiam mudar a qualquer momento, e quem sabe ele pudesse arrancar um ou dois sorrisos vindos de Sehun novamente, um dia. Mesmo que nada nunca fosse como fora no começo quando se conheceram, seria suficiente saber que não era mais exclusivamente uma memória ruim para o garoto.

 

“Baek?”, Chanyeol o chamou depois de um tempo. “Se você se reaproximar do Sehun… Acha que vocês voltariam?”

 

“Por que pergunta isso agora?”

 

Chanyeol não podia dizer que era para preparar seu coração novamente. “É só uma curiosidade.”

 

“Eu acho que não”, Baekhyun respondeu. “Nós machucamos um ao outro de uma forma que não temos como voltar sem nos recordar dessas feridas. Eu não conseguiria encará-lo de novo depois de tudo isso. Acho que nós só precisamos de um ponto final mais… pacífico. Para que nós dois sigamos em paz.”

 

Chanyeol sorriu, mesmo que Baekhyun não o visse por abafar seu sorriso em meio aos cabelos ruivos do amigo. Baekhyun parecia estar, aos poucos, superando seu término com Sehun, aprendendo com seus erros e tentando consertá-los, por mais que não visse bons caminhos à sua frente no momento. O garoto precisava apenas desprender-se da culpa que ainda o perseguia e tudo poderia terminar bem para ele também.

 

Chanyeol estava disposto a ajudá-lo com isso.

 

“Obrigado, Chan”, Baekhyun sussurrou. “Não sei o que faria sem você por aqui.”

 

Naquele momento, enquanto ainda estavam em um meio abraço acolhidos pelas flores que os rodeavam e iluminados pelo sol tímido da manhã, Chanyeol percebeu que faria qualquer coisa por aquele garoto. Não importava quantas playlists precisassem criar ou quantas vezes precisassem matar aula, ele ajudaria Baekhyun a reencontrar seu caminho.

 

“Eu vou estar sempre aqui pra você.”

 

Baekhyun sabia que sempre poderia contar com o abraço de Chanyeol no final dos dias para aliviar seus temores e alegrar seu dia. Não havia nada que Park Chanyeol não conseguisse animar, afinal de contas. Mesmo que ainda estivesse curioso a respeito do novo aluno e qual seria sua relação com Sehun, resolveu que poderia deixar isso para trás. Naquele momento, aproveitar aquele abraço era tudo que importava.


Notas Finais


E por hoje ficamos aqui~! Espero que tenham gostado desse capítulo. O Baekhyun está aos poucos aprendendo com os erros dele, com a culpa que ele ainda está sentindo e, a partir de agora, as coisas começam a se encaminhar pro seu final. Vocês viram só quem é que apareceu? Finalmente, senhor Jongin!

A partir do próximo capítulo os acontecimentos estarão intrinsecamente ligados a Explosão de Cores, então, caso queiram, correr ler que ainda dá tempo! <3

Me digam aí embaixo o que acharam desse capítulo, suas opiniões sobre as ações do Baekhyun e tudo mais que estão achando, ou podem me achar no twitter que é o @iambyuntiful. Caso queiram fazer meu dia mais felizinho, aceito recadinhos aqui: www.iambyuntiful.sarahah.com

Beijinhos e até o próximo! <3


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