História Expresso Galáctico - Murphy

Lei de Murphy.

Um conceito que existe há pelo menos dois séculos. Trata-se da sensação de que o Universo "quer" que dê tudo errado, uma visão de mundo que pode ser interpretada tanto como negativismo puro e simples quanto como um alerta para sempre se tomar todas as precauções possíveis em TUDO.

E foi exatamente o que eu não havia tomado pois se eu não estivesse debatido as ofensas de Lauren Jauregui, bom, eu não estaria nesse exato momento encarando um quadro branco, sentada em uma cadeira totalmente rabiscada e caindo aos pedaços, sozinha com a mesma que estava na mesma posição que eu enquanto aguardávamos a professora ter um tempo para nos alcançar.

Então, lembrando do episódio de ontem e hoje, cheguei a conclusão de que eu fazia parte da primeira lei de Murphy.

1 - O que tiver que dar errado, dará.

Respirei fundo me irritando com o vai e vem de sua perna que parecia totalmente inquieta, desde que entrei nessa escola tive apenas um mês de paz até que Lauren Jauregui esbarrou nas minhas notas sobre ciências, o que gerou uma pequena zoação que parecia ter sido passada de amigo para amigo já que todos pareciam ter intimidade para me chamar de riquinha e nerd, bom, deveria ter me sentido aliviada quando eles finalmente deram uma pausa nos apelidos até que a garota começou a implicar com minha interação com a professora Rose e então desencadeamos uma rotina terrível de ofensas para tudo e com tudo mas nunca havia chego ao ponto de Lauren me ofender como hoje e era isso que estava me irritando cruelmente.

Fechei os olhos passando as mãos no rosto quando a garota começou a batucar a mesa com seus dedos.

- Você pode por favor parar? - Pedi encarando o quadro fixamente.

- Desculpe, o que? - Perguntou com sua voz rouca carregada de ironia.

- Eu perguntei se você pode parar de chacoalhar sua maldita perna e bater suas malditas unhas na mesa.- Respondi fechando os olhos e os abrindo em direção a ela, Jauregui me olhava como sempre, debochadamente.

- O que te mordeu hoje?, a Miss porcelana está ácida.- Ironizou.

- Estou cansada.- Falei apoiando o rosto em minhas mãos.- Cansada o suficiente para não querer rebater nenhuma de suamerdas.

- O que houve?

Foi nesse exato momento que levantei meus olhos novamente e a encarei surpresa, teria sido impressão minha ou sua voz saiu doce e em um tom completamente diferente ao que eu estava acostumada?

Antes d'eu poder perguntar o por que do interesse, Rose atraiu minha atenção entrando na sala e indo em direção a mesa onde pegou uma caneta e escreveu a seguinte palavra no meio do quadro.

PUTA.

- No dicionário temos essas seguintes descrições para a palavra, garota-de-programa. Mulher que vende o próprio corpo para prática de sexo, gostaria de curiosamente saber se alguma das duas aqui fazem isso? - Perguntou nos olhando alternamente.

- Não.- Fui a primeira a responder pensando em não deixar Rose mais chateada do que deveria estar.

- Não e falo apenas por mim.- Bufei, idiota.

- Puta falsa Santa.- Repetiu as palavras de Lauren olhando para ela mas logo depois seus olhos castanhos se arrasaram em mim.- se ninguém faz nada do que foi descrito, não temos nenhuma única puta, eu sei que vocês vivem se estranhando pelos corredores Senhorita Cabello e Jauregui mas a partir do momento em que isso toma proporções maiores e invade minha sala posso fazer da rebeldia de vocês o que eu quiser, que fique claro; vocês não estão em direito de escolha.- Falou olhando para nós duas, respirei fundo prevendo o castigo.- Eu não sabia realmente o que fazer com vocês duas mas uma pessoa em algum momento da minha vida uma vez me disse que para se dizer que odeia é preciso primeiro conhecer, então aleatoriamente escolhi um tema que particularmente adoro e bom, até o final do mês quero que me apresentem um trabalho completo sobre a via láctea.

Arregalei os olhos pronta para questionar quando a voz rouca me cortou.- Individual?

Não resisti a irritação e antes que Rose respondesse fiz o papel.

- Se fosse individual eu não estaria com essa cara de viverei o inferno.- Murmurei entre-dentes.

- Você é uma das minhas melhores alunas Mila, não me decepcione.- Falou me olhando atentamente.

- Professora, eu tenho treino todas as terças.- Lauren declarou como se aquilo fosse uma desculpa.

- Bom, então não resolvam isso na terça, de resto vocês possuem longos dias, não quero um trabalho sobre a borda, não quero um trabalho contendo apenas o básico, quero que descubram, pesquisem, quero que conheçam cada planeta e todo o resto, irei ler tudo que estiver escrito e depois avaliar às duas porque além de tudo quero que se respeitem.- Falou como se estivesse explicando sua matéria, falou como se fosse ser fácil.- E você ama esse assunto Mila não será difícil nem para você nem para a senhorita Jauregui que esconde sua paixão pelo mesmo assunto.

- Eu sempre a respeitei, ela que sempre passou de todos os limites.- Falei esgotada ignorando a última parte do que ela havia dito já que definitivamente deveria ser blefe, meus dias já eram frustrantes para eu compartilhar isso com Lauren Jauregui, Dinah iria rir da minha cara.

Olhei para a cara de Lauren que parecia estar absorvendo o que para ela provavelmente deveria ser terrível passar algum tempo com Camila Cabello já que todos os dias pela manhã me espantava de qualquer lugar que ela estivesse junto com seus amigos.

- Descubra o por que.- Rose falou se virando e apagando os rabiscos que ela havia feito.

- Por que você está quieta?, será que dá para me ajudar? - Perguntei com raiva de seu silêncio.

- Oh Camilinha, se isso te incomoda eu irei amar cada segundo desse passeio pelo universo.- Respondeu me jogando um olhar daqueles que pareciam te engolir de tanta ironia.

Deus, eu odeio ironias.

- E será exatamente isso, um passeio pelo universo, pensem nisso como um trem parando em vários destinos meninas ou melhor pensem nisso como um Expresso já que chega mais rápido em sua estação, melhor ainda, pensem nisso como um Expresso Galáctico.- Rose declarou sorrindo e me fazendo arregalar os olhos, onde ela via graça nisso?