1. Spirit Fanfics >
  2. Exzon Fall >
  3. It's rainning man, halleluya.

História Exzon Fall - It's rainning man, halleluya.


Escrita por: sweetheart_devi

Capítulo 1 - It's rainning man, halleluya.


- Mana, por que você não dá em cima do James?

- Sei lá, só não gosto do estilo dele.

- Se você continuar desse jeito vai acabar morando sozinha numa casa cheia de gatos.

- Vai pra merda, Jessie!

- Mas é serio. Tu tem que aproveitar melhor esses peitos enormes.

- Cara a boca, droga. Nem são tão grandes assim.

- Não. Imagina. Teu busto é três vezes a curvatura da terra.

- Vai pra merda, Jessie!

- Vai esperar o macho cair do céu? É?

Fomos interrompidas por uma pancada forte no capô do carro. Courtney deu um grito tão alto que, com o susto, eu acabei perdendo o controle da direção. Por sorte consegui desacelerar a tempo. Assim que recuperei a estabilidade do carro, Courtney desceu, enquanto eu ainda tentava tirar a chave da ignição.

- Que porra foi essa... ei! Tá indo para onde?

- Jessie, vem cá ver isso!

- Já vou. A chave inventou de emperrar aqui. Não quer sair!

- Vem logo! Rápido!

Aborrecida, deixei a chave ali mesmo e desci do carro. Assim que pousei na rua fria, todas as minhas dúvidas se esclareceram com a visão de um homem só de cueca, cabelos brancos e olhos vermelhos; alto, com cada músculo do abdômen me provocando um arrepio diferente; estirado em cima do meu carro.

- Gente, isso só pode ser um sonho.

- Ele tá só de cueca! Temos que vestir ele com alguma coisa.

- Ora mais. Ele tá bonito é assim.

- Jessie, está fazendo um frio horrível. Pega alguma coisa do teu ex-namorado para cobrirmos ele antes que pegue uma hipotermia!

- Deixa de ser chata, menina!

- Vai logo!

Fui até o porta-malas e peguei uma blusa que estava ali desde uma de minhas últimas aventuras. Esconder com a blusa aquele corpo parecia algo errado a se fazer, mas, infelizmente, Courtney tinha razão. Colocamos o rapaz no banco de trás do carro e voltamos para os dianteiros para seguir com a viagem.

- Será que pega? – torci para que a sinaleira acendesse quando empurrei a chave.

- Olha isso aqui em cima! Não sei nem como é que ele não se desmanchou na queda – ela apontou para o amassado no capô.

Pegou! Mas antes de sair, virei-me para ver como o rapaz estava. Havíamos deitado ele nos bancos de trás, mas ele era tão alto que teve que ficar com as pernas encolhidas para que coubesse no espaço.A viagem demorou cinco minutos. Desci apressada do carro e já fui de encontroàquela perfeição. Logo depois, Courtney desceu também e nós ficamos ali, por um tempo, pensando no que iríamos fazer com aquele homem.

- Isso tá errado! Não era para a gente ter trazido ele até aqui. O que é que a gente vai fazer com ele?

- Ainda pergunta, Courtney? Um gato desses em nossas mãos e tu me pergunta o que vamos fazer? – respondi com um sorriso no rosto.

- Não me inclua nisso! E vamos levar logo ele para dentro antes que alguém nos veja e ache que estamos sequestrando-o.

Puxamos o rapaz e o levamos deitado até a porta. Eu o segurava pelos braços, enquanto Courtney carregava suas pernas. Ao chegar na porta, puxei seus braços para cima, encaixando a minha cabeça em seu pescoço e segurando-o pelos ombros com o braço direito. Isso tudo para deixar meu braço esquerdo livre para destrancar a porta. Repousamos-lhe sobre o sofá e nos sentamos em duas cadeiras que havia ali perto. Já bem cansadas, nós nos entreolhamos para decidir o que faríamos agora, enquanto o rapaz começava a dar sinas de vida.

- Tem alguma ideia do que fazer?

- Eu não. E você?

- Eu? Foi você que decidiu trazer um estranho que misteriosamente caiu em cima de nós para dentro de casa. Para que fizemos isso?

- Nós não íamos deixa-lo lá no meio da rua, né, Courtney?

- Eh... Ehwaz nauthiz dagaz ehwaz raido!

Ele gritou tão alto que, com o susto, eu quase cai para trás. Courtney deve ter se assustado também, mas não prestei muita atenção. Só queria entender que ruído era aquele que ele havia gritado.

- Mas que porra é essa?

Meio atordoado, ele girou e caiu no chão. Levantou a mão esquerda e, com suas unhas, arranhou símbolos no assoalho.

.

- Mas o que? Ele tá escrevendo em Elder Futhark!

- Elder o que? – perguntei.

- É uma escrita anglo-saxônica, um negócio muito antigo mesmo.

Ao nos ouvir falando, ele cerrou os olhos e abriu e fechou a boca três vezes, como se tentasse falar, mas a sua voz não saia.

- Onde eu estou? Que lugar é esse? – ele finalmente disse algo plausível.

- Você está no vigésimo distrito de New Britannia, na quinta orbital – Courtney disse assustada.

O rapaz se levantou do chão cambaleando. Caminhou na direção da minha irmã e a segurou pelos ombros. Por um momento eu até tive medo de que ele fizesse algo, mas, felizmente, só fez uma pergunta:

- Em que planeta... eu estou?

- O que? Como assim?

O homem largou-a e começou a caminhar pela sala, segurando-se em tudo ao seu redor. Eu me levantei da cadeira e fui até a minha irmã, o observando. Aos tropeços, ele foi até a janela e a abriu, deixando o vento frio entrar na sala. Após isso ele estendeu o braço para fora, relaxando o rosto em um misto de surpresa e alegria, como se tivesse tido uma epifania.

- Neve... fria... então funcionou!

- O que funcionou? – Courtney perguntou aflita.

- Mas... Ender... Ender...

Desesperado, ele pôs as mãos na cabeça e foi até a porta. Mesmo sem entender absolutamente nada, nós o seguimos até o jardim. Como fomos nós, ou eu, que o trouxemos, tudo que ele fizesse seria de nossa, ou minha, responsabilidade.

Ele caminhava pelo jardim... o jardim da minha irmã! A sua sorte era que estava nevando e todas as plantas estavam cobertas pela neve. Do contrário, eu já imaginava o chilique que Courtney daria ao ver as suas adoradas plantas sendo pisoteadas.

Seus passos se tornaram mais espaçados, transformando-se em uma corrida. Ele chegou até a rua e, então, o que já estava sem sentido ficou ainda pior. Uma das cenas que mais me chocou na vida aconteceu naquele momento. Ele deu um pulo, que parecia simples, mas foi tão forte que o indivíduo literalmente voou para longe.

Ele estava voando! E não parava! 

Mais uma vez eu fiquei sem entender nada do que estava acontecendo. Um estranho seminu caiu no nosso caro, gritou nomes estranhos na nossa casa e tinha acabado de dar um super pulo na nossa frente! Mesmo em um mundo como o meu, eu ainda não estava acostumada a ver coisas como aquela.

- Vamos, Jessie!

- Vamos para onde, menina?

- Vamos atrás dele, ora!

- Por quê? Viu o que ele fez? Isso pode dar um grande problema.

- Foi sua ideia trazer ele pra cá. Agora vamos!

Mesmo relutando, eu fui junto com ela, até porque eu era a motorista. Courtney sempre foi a parte racional da família e, naquela vez, somente naquela vez, ela estava correta.

Como os repulsores do carro estavam com problemas, eu não consegui seguilo por muito tempo, perdendo-o de vista rapidamente. Ainda assim eu continuei seguindo na direção para onde ele tinha se jogado. Paramos no centro comercial, encontrando um grande estrago na praça. Descemos do carro rapidamente e corremos até uma banca que estava completamente destruída, encontrando o rapaz nos destroços. A nossa sorte é que já era muito tarde e não havia mais ninguém nas ruas. Ninguém que pudesse ter visto um cara voando e atingindo uma barraca.

- Er... Moço, você tá bem?

- Mas é claro que ele não tá, né Jessie!

- E quer que eu diga o que? “Senhor, como você voa sem asas”?

O homem levantou a cabeça e olhou para nós duas. O seu cabelo branco estava completamente desengonçado e seus olhos estavam vermelhos até além da pupila. Com um rosto tristonho e desolado, ele foi ficando sério, olhando para nós duas.

- Er... Jessie e Courtney... não é?

Confirmamos e ele começou a se levantar. Meu deus... aquele corpo... mesmo coberto pela blusa, seu peitoral ainda deformava a roupa.

- Sim, somos nós.

- Vocês poderiam me ajudar?

- Ajudar exatamente no que?

- Antes de qualquer coisa – interrompi – vamos voltar pra casa. Eu não gosto de ouvir histórias no meio da rua e de noite. Com esforço conseguimos ajuda-lo a se levantar. Eu não sabia como ele havia pulado tudo aquilo, muito menos como sobreviveu à queda. Nem se passava pela minha cabeça de onde ele tinha vindo para cair em cima do nosso carro mais cedo, mas alguma coisa dentro de mim me dizia que eu deveria ajuda-lo, como se fosse um instinto. E também tinha aquele peitoral dele... e aqueles braços... Entramos no carro e eu o guiei de volta. Mesmo acordado, o rapaz estava meio zonzo e mal conseguia ficar de olhos abertos. Qualquer que tenha sido a sua aventura, com certeza foi muito intensa para ficar daquele jeito.

De algum modo, conseguimos levá-lo para dentro de casa, mesmo que aos tropeços. Courtney foi deixá-lo no sofá enquanto eu preparava alguma coisa para ele comer. Eu tinha certeza que uma boa refeição o faria melhorar

Quando coloquei o prato na mesa, o simples aroma o despertou. Era óbvio que estava morrendo de fome, até porque ele comia como se não tivesse uma refeição descente à dias. Ele devorava a macarronada ignorando tudo o que era conduta e educação. Logo que terminou a sua batalha com o prato de comida, ele começou a contar a sua história.

- A história que vou contar pode ser um pouco estranha, mas, sobre todos os fatos, eu vim de muito longe.

- No começo eu pensei que tu tinha caído de outro distrito, sei lá. Mas ai pensei que tu não sobrevivesse à queda... bom, pensei assim até uns minutos atrás – Courtney comentou.

- Distrito? O que é isso?

Minha irmã e eu nos entreolhamos. A pancada no carro deve ter sido muito forte ou a sua aventura foi verdadeiramente muito louca.

- Distrito é onde tu tá agora. Essas ilhas gigantes de terra, sabe? Tudo girando em volta da torre...

- Traduzindo... pedaços de terra flutuando em volta da gigantesca torre polimérica – Courtney tentou simplificar meu comentário.

- Ele não sabe nem o que é distrito. Tu quer que ele entenda esse tal “polimérica”...

- Polímeros são simples aglomerados de moléculas iguais... todo mundo sabe disso.

- Não, Courtney! Não é todo mundo que sabe.

Enquanto estávamos discutindo, o rapaz sorria, rindo da briga. Depois de alguns segundos o seu sorriso estranhamente desapareceu, ficando com os lábios retos e indiferentes.

- Ah é, ia me esquecendo. Qual seu nome mesmo?

- Meu nome? Eu me chamo Donner. Donner Sens.

De onde ele era para ter um nome daqueles? Donner? Sens? Nem o nome nem o sobrenome pertenciam a nenhuma região que eu pudesse me lembrar. Mas lá estava ele, com seu nome estranho e difícil de pronunciar, na nossa frente. Um estranho sob os nossos cuidados.

- Podemos te chamar só de Don? – minha irmã perguntou.

- Claro, se eu puder te chamar de Court – ele respondeu rindo. E que sorriso lindo.

Eu tinha que parar com isso.

- Ei Don! – cortei a nomeação de abreviações – você disse que queria a nossa ajuda. O que aconteceu?

- Isso. Vocês poderiam me dizer onde eu posso encontrar registros científicos e históricos daqui?

- É o que?

- Se está falando de livros, a Courtney tem um monte naquela estante – apontei para a coleção de livros eletrônicos.

- Vocês poderiam me empresta-los por uma noite? Prometo que devolvo assim que amanhecer.

- Uma noite? – franzi as sobrancelhas.

- Vem aqui um minutinho, mana – minha irmã me puxou pelo braço, levando-me dali para o seu quarto. Deixamos o rapaz sozinho na sala, mas ainda na nossa vista.

- O que foi?

- Ora o que? Temos que mandá-lo ir embora logo. Isso tá muito estranho. 

- Courtney, não podemos simplesmente chutar o cara para fora. Ele tá desorientado, precisamos mantê-lo aqui até que...

- E se ele for um criminoso foragido ou algo do tipo? Não podemos deixa-lo aqui dentro de casa. Ele pode fazer qualquer coisa conosco.

- Ai é só tu pedir ajuda ao teu justiceiro.

- Jessie! O assunto é sério!

- Courtney, olha aqui. Sejam quais forem os riscos, não podemos deixar uma pessoa debilitada à deriva por ai. Não seria isso que a mamãe faria. Até que enfim eu entendi o que era aquele espírito solidário aflorando em mim. A mamãe traria até um mendigo para dentro de casa caso tivesse compaixão dele. Será que eu estava me tornando igual a ela?

- Ok, seja o que for, tu é a responsável!

- Exato!

Finalmente a discussão terminou e nós duas voltamos para a sala. Sentamos de novo nas cadeiras e reiniciamos a reunião com o novo inquilino.

- Então, Don, que tal você ficar por aqui conosco por um tempo? Pelo menos até você se recuperar.

- Eu agradeceria muito, mas se a minha presença for incômoda é melhor eu ...

- Nada de incômodo! – bati na mesa para impor minha palavra – você pode ficar e ler os livros da Courtney por quanto tempo quiser.

- Jessie! – Courtney tentou me impedir.

- Cala a boca, Courtney! – apontei para a garota. Eu me sentia cada vez mais igual à mamãe. Eu era a mais velha da casa, Courtney ainda era uma criança e eu fazia quase tudo lá. Mesmo assim, senti que, ali, era capaz da minha irmã arrancar o meu dedo à dentadas, se estivéssemos sozinhas.

- Eh... obrigado. Eu farei qualquer coisa para compensar a estadia.

- Por enquanto, apenas conte como você caiu em cima do meu carro - não consegui segurar uma risada.

- Ai que está. Eu não me lembro.

- Não se lembra de nada?

- Bom, ai vem a história estranha que eu falei antes – o rapaz parou, esticou as costas na cadeira, respirou fundo e começou a falar – eu e meu irmão estávamos tentando fugir, mas quando chegamos na nave, eu simplesmente apaguei. Eu tentava ser compreensível ou pelo menos entender ao máximo o que ele dizia, mas depois de ouvir “nave”, acredito que a minha cara expressou perfeitamente o que eu pensava: “O que?”

- Fugir? – Courtney se adiantou.

- Sim – ele respirou fundo mais uma vez e continuou – na minha vida inteira eu morei junto com meu irmão em um quartel militar. Estávamos sempre rodeados de soldados. Crescemos com eles e eles nos ensinaram tudo o que sabíamos.

Recebemos treinamento militar durante toda a nossa infância. Um dia descobrimos que existia um lugar mais calmo, mais pacífico e decidimos fugir de lá. Um tempo depois, em uma noite, levaram o meu irmão do nosso quarto e fizeram algum experimento com ele, trazendo-o mais tarde com a cabeça e o tórax enfaixados.

- Então vocês eram cobaias de testes militares? – eu estava começando a entender alguma coisa.

- Isso tá sendo muita coisa pra eu engolir.

- Deixa ele falar!

- Aproveitamos uma distração e saímos pelo portão. Fomos escondidos até uma nave, então eu subi primeiro e estendi o braço para puxar meu irmão. Foi ai que um dos guardas apareceu atrás dele e o agarrou. Ender disse então para eu deixar ele e fugir.

- E ai? O que aconteceu?

- O que aconteceu depois dele te mandar fugir?

O rapaz permaneceu parado, sem falar mais nada. Começamos a nos preocupar, é claro. Ele parecia muito abalado, mas não demonstrava medo ou tristeza, de modo algum.

- É ai onde está o problema. Depois do que meu irmão me disse, eu não me lembro de mais nada... só de ter acordado no sofá de vocês – ele parou novamente, mas agora parecia surpreso, como se acabasse de ter uma epifania.

- Então você passou por tudo isso e não se lembra de absolutamente nada?

Mais silêncio. Ele meditava sozinho enquanto nós duas ficávamos que nem duas idiotas esperando alguma resposta.

- Vamos fazer assim – eu tinha que fazer algo para cortar aquele clima. Não estava entendendo nada mesmo – todos estamos cansados e é muita informação para ser relembrada e absorvida de uma só vez, então vamos todos dormir que faz bem para a saúde e descansa a cabeça.

- Não sei se consigo ir dormir com tudo isso.

- Consegue sim, é só se deitar. A propósito, Donner, não temos nenhuma cama extra nem quarto para você. Vai ter que dormir no sofá mesmo, viu?

- Sem problema.

Assim foi feito. Fui para o meu quarto, enquanto Courtney tentava engolir tudo aquilo se trancando no seu. Sinceramente, eu já tinha desistido.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...