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História Eye of hurricane - Back


Escrita por: anacarolinez

Notas do Autor


Oi oi gente, sentiram minha falta?! Eu sei que demorei mas é que realmente andei super ocupada com esse final de ano e não deu mesmo pra aparecer. Enfim, de qualquer forma aqui estamos com mias um capítulo e espero que vocês gostem.

Capítulo 14 - Back


Fanfic / Fanfiction Eye of hurricane - Back

Volto para a escola na quinta-feira e são várias as pessoas que me param e perguntam sobre minha virose, dizendo o quão felizes estão por eu estar melhor. É claro que não acredito em todas as supostas boas intenções, até porque não tenho a menor intimidade com nenhuma dessas pessoas e sei que só agem assim por minha popularidade. Acho que uma boa parte dessas garotas são fúteis o suficiente para, lá no fundo, me odiar por desprezar a tão sonhada "fama" no ensino médio. A verdade é que eu nunca dei atenção para esse tipo de coisa, mas desde o fundamental sou rodeada por pessoas que por algum motivo gostam de me agradar. Mantenho o pensamento de que isso se deve ao poder e a grande influência de meu pai, e talvez até a morte inesperada de minha mãe. Linden Grey era a dona da maior grife de roupas da Finlândia e com suas linhas de roupas incríveis conquistou facilmente o amor e admiração das mulheres. Eu, como filha da mulher da moda, acabei conseguindo esse afeto também. Lembro-me nitidamente da última vez em que meus pais estiveram no colégio para uma reunião, andando de mãos dadas pelo corredor como um perfeito casal de Holywood. Foi nítido que até mesmo a diretora Waz se sentiu intimidada com a presença daquela dupla. Sinto falta da parceria dos dois.

Mal saio de um grupinho na entrada e encontro Niall no início do corredor, encostado em um armário com os braços cruzados.

- Parece que alguém está sendo muito bem recebida. - diz, acenando com a cabeça em direção ao último grupinho de garotas que me parou.

- Não é, menino? Eu até consegui alguns chicletes. - mostro a caixinha e ele ri.

Se inclinando para frente ele sussurra:

- Agora imagina se você estivesse mesmo doente.

- Cale a boca! - por puro reflexo eu coloco minha mão direita sobre a boca do garoto para calá-lo. Niall ergue as mãos como quem se rende e estranhamente posso sentir seu sorriso em minha palma. Caio na risada ao me afastar.

Encontro Pia antes da primeira aula - e ela rouba meus chicletes, a propósito - mas o resto do pessoal só vejo na hora do intervalo. Eles ficam felizes ao me ver e apesar disso me deixar contente, me sinto mal por ter mentido sobre a gripe. Brian se santa conosco, mas faço questão de me sentar ao banco contrário ao dele e o mais distante possível.

São várias as vezes em que sinto seu olhar sobre mim mas não correspondo e nem lhe dirijo a palavra. Sorrio e converso normalmente, discutindo com Pia sobre como salada de pepino é trocentas vezes melhor que picles. Como alguém pode gostar daquilo? Mas por dentro me sinto angustiada e incomodada pela presença de Brian. A verdade é que eu gosto dele, e ficar perto depois do que aconteceu é extremamente difícil, duro de suportar. Pelo menos ninguém pergunta sobre nosso súbito afastamento ou qualquer coisa que envolva a nós dois, o que é realmente ótimo. O restante do dia corre normal e entediante.

 

No dia seguinte

 

Já se passou quinze minutos após o sinal da última aula e nada de Pia aparecer. Sei disso porque mesmo ouvindo músicas nos fones, não paro de checar as horas em meu celular. Não sei onde ela se enfiou mas preciso espera-la  porque irá dormir comigo essa noite. Há poucos carros no estacionamento e permaneço encostada no meu, até notar pelo canto do olho que alguém se aproxima. Tenho a impressão de que Brian falou comigo, mas como não tenho certeza prefiro não arriscar e continuo com os fones. Elevo meu olhar para os prédios ao longe e a música diminui quando um de meus fones é tirado.

- O que você quer? - pergunto impaciente, olhando para Brian com raiva.

- Podemos conversar? - sua expressão é de calma, mas eu me sinto o contrário disso.

- Agora você quer conversar? - jogo o celular no banco do motorista e cruzo os braços ao me virar para ele.

- Yar, olhe... sinto muito pelo que houve aquele dia. Eu estava fora de mim por causa do álcool e somado com a raiva e o ciúmes, eu enlouqueci. Fiz a primeira coisa que me veio à cabeça - ele balança a cabeça e suspira, soando frustrado - E sinto muito por isso, sinto muito ter feito você passar por aquilo.

- Você realmente sente muito Brian? Porque não foi o que pareceu, considerando que eu estava mal todos esses dias e você não se deu o trabalho de me enviar uma mensagem. Depois de tudo o que passamos você não acha que eu sou digna de no mínimo isso?

- Você é digna de muito mais que uma mensagem Yarla, e foi por isso que eu decidi esperar. Você estava morrendo de raiva de mim e sei que não me escutaria estando assim. Imaginei que agora estivesse mais calma e que pudéssemos resolver isso.

- Acredite, eu não estou nem um pouco mais calma. Mas quer saber de uma coisa Brian? Eu não sei se você está aqui porque quer reconciliar mas...

- Eu quero. - ele me interrompe, dando um passo a frente e ficando perto demais. Seu cheiro invade meu olfato e preciso lutar para não cair em tentação.

- Mas... - repito, forçando meu olhar mais duro para o garoto - Percebi que eu devia ter acabado com essa palhaçada no dia em que você me pediu aquele tempo. Eu teria poupado a mim mesma de muita mágoa e adiantado o inevitável: nosso término.

- O que? - suas sobrancelhas estão totalmente tortas e seus olhos quase desaparecem ao me olhar confuso.

- Acabou Brian, eu não posso mais prosseguir com isso. Pra mim já foi o suficiente!

- Não, você não pode fazer isso... E-eu amo você Yar e você também me ama. - ele pega minhas mãos nas suas mas eu as puxo de volta.

- É claro que eu amo você Brian, e sei que não vou deixar de amar tão cedo. Mas esse relacionamento tem me machucado e eu não quero mais isso. - a área entre meus olhos e o nariz começam a arder e minha respiração se descontrola. Tento me afastar para entrar no carro e fugir mas Brian segura meu braço e me puxa de volta.

- Yar, por favor me deixe...

- Ei cara, deixe ela em paz! - ergo meu olhar e vejo Niall com as chaves de seu carro na mão. Sua expressão é tão séria quanto sua voz.

- Fique na sua Horan, o assunto é entre nós dois! - Brian responde depois de dar uma olhada em Niall, sua raiva aumentando tanto que seus dedos pressionam meu braço com mais força.

- Brian, você está me machucando! - puxo meu braço e acabo dando uma cotovelada no carro que me faz gritar de dor.

- Eu disse pra deixá-la em paz. - em questões de segundos Niall está entre nós arrancando a mão de Brian de meu braço. Imediatamente ele revida e dá um empurrão em Niall:

- E eu disse pra você cuidar da droga da sua vida! - Brian aponta o dedo para Niall e por impulso me coloco entre os dois quando vejo o loiro erguer o braço.

- Niall, não! - seguro seu braço e me viro para Brian - Por favor, vá embora. Já falamos o que tinha pra ser dito.

- Então é isso? Vai acabar com a gente desse jeito? - os olhos escuros que sempre me olhavam com tanto amor e carinho agora transbordam de mágoa, mas não consigo deixar de pensar que ele me magoou primeiro, e justamente porque não terminou comigo da forma como estou fazendo agora.

- Não Brian, eu já te disse: quem acabou conosco foi você.

Minha vontade de chorar só aumenta ao vê-lo balançar a cabeça e se afastar. Recosto-me no carro e tampo o rosto com as mãos enquanto busco respirar fundo pra ser forte.

- Yarla, o que houve? - ouço a voz de Pia e o som de seus passos pesados se aproximando. Tiro as mãos de meu rosto e olho para a morena, que me encara séria.

- Terminei com o Brian. - digo baixinho, olhando para o chão.

- Mais uma briga?

- Não Pia, desta vez é pra valer. - murmuro séria e suspiro.

- Vai conseguir dirigir pra casa? Você está muito nervosa. – Niall interrompe nossa conversa.

- Eu posso dirigir. - Pia se manifesta, passando por nós e abrindo a porta do motorista.

- Obrigada por me defender. - agradeço baixinho, olhando direto nos olhos azuis que me encaram o tempo todo.

- Sem problemas. - ele se aproxima, parecendo pretender fazer alguma coisa, mas desiste no meio do processo. Abaixa as mãos antes erguidas e suspira - Se cuide Yarla.

Entro no carro depois que Niall se afasta e Pia tenta me distrair durante o caminho para casa, mas não tem muito sucesso.

Brian e eu terminamos e é difícil para mim digerir essa nova informação. Foi ótimo passar os últimos meses com ele e agora é estranho pensar que estou sozinha novamente. Eu tinha um relacionamento com amor e companheirismo e de repente tudo isso desmoronou.

- Chegamos. - Pia anuncia enquanto atravessa os portões de minha casa, tirando-me de meus pensamentos.

Deixamos o carro na garagem e entramos pelas portas do fundo. Como Pia não para de dizer que está faminta nós vamos direto para a cozinha e encontramos Jenny servindo Danen.

- Olá! - forço uma animação e também um sorriso.

- Yarla! - Danen sorri ao me ver, mas seu sorriso logo desaparece ao ver quem está logo atrás de mim - Ah não!

- Oi pra você, chatinho. - Pia se senta á mesa e cumprimenta Jenny.

- O que essa é chata está fazendo aqui? - o pequeno pergunta olhando para mim.

- Danen. - repreendo-o. Desde sempre há essa rincha entre Danen e Pia e eles vivem se cutucando.

A primeira vez que trouxe minha melhor amiga para essa casa, Danen tinha dois anos e ficou assustado com a aparência nada peculiar da garota. Pia não ajudava, se divertindo em fazer caretas para assustar ainda mais a criança. Com o tempo Danen foi percebendo que aquela estranheza fazia parte dela e resolveu que também implicaria com a garota para se vingar. E aqui estamos nós, anos depois com a implicância se mantendo intacta entre os dois.

- Não está na hora de você ir para o colégio? - Pia pergunta, apoiando os cotovelos na mesa enquanto Jenny nos serve.

- Bem que eu queria que estivesse, pra ficar longe de você. - meu irmão devolve e sou obrigada a rir.

- Ponto para o Danen. - aponto para o pequeno que ri, enquanto Pia revira os olhos.

- Há, há, há! Muito engraçado.

Depois que Jenny serve Pia, a garota finalmente cala a boca e vai comer. Eu finjo fazer o mesmo, mas só mecho a comida de um lado para o outro enquanto repasso a conversa com Brian em minha cabeça.

Já em meu quarto Pia joga sua bolsa em um canto qualquer e joga a si mesma em minha cama.

- Amo a minha cama, mas nada se compara a isso aqui. - a morena rola e afunda o rosto em meu travesseiro, os fios coloridos se espalhando por suas costas. Coloco minha mochila sobre uma poltrona e faço a mesma com a dela - que está duas vezes mais pesada - em seguida me jogando ao seu lado.

- Já te disse pra se mudar pra cá que eu te darei uma igual a essa. - ergo um dos pés e desfaço o laço do cadarço, em seguida fazendo o mesmo com o outro.

- E aguentar o chato do seu irmão? Obrigada, prefiro ficar com meu colchão simples e pequeno. - a morena se senta e começa a mexer nas gavetas de minha escrivaninha. - Se bem que Danen e eu daríamos para o seu pai todo o trabalho que vocês dois nunca deram.

- Ele provavelmente jogaria cada um de vocês em um internato em lados opostos do país, porque ninguém aguenta você e Danen juntos um dia, quem dirá a vida inteira. - fico de pé e coloco os sapatos em seu respectivo lugar no guarda-roupa.

- Desde quando você costura? - me viro e vejo a garota olhando para a caixinha de costura que Niall me deu. Uma prévia de pavor me atinge.

- Eu precisava dar uns pontos em uma blusa. - minto, voltando a mexer no guarda-roupa para que Pia não veja o "mentirosa" grande e brilhante piscando em minha testa.

- Desde quando você precisa ter algo costurado? Conhece a frase "é só comprar um novo"? Porque ela é sua.

Aqui estou eu, sendo traída pelas minhas próprias palavras idiotas. Pisco, pensando em uma resposta plausível mas nada me vem a cabeça e isso é um pretexto para que Pia que prossiga:

- Sem contar que tem um embrulho nisso, o que significa que alguém te deu. Quem seria estúpido suficiente pra dar uma caixinha de costura a alguém como você?

- Ele não é estúpido! - minha impulsividade também me trai e acabo olhando para a morena, meu olhar denunciando que revelei mais do que deveria.

- Ele? - sua sobrancelha se ergue e ela me olha com aquele típico olhar que cobra explicações.

Suspiro derrotada e volto para a cama, me preparando para revelar a verdade. Não é que eu não confie em Pia, o problema é que acho estranho o que tenho que contar. Enfim, estranho ou não, conto tudo para ela.

- Então Niall te deu isso porque você surtou ouvindo Stitches no carro dele? - pergunta ela quando termino o relato.

- Basicamente sim. - pego a caixinha das mãos da garota e coloco de volta no embrulho com cuidado. Ainda que o pequeno objeto seja simples, é significativo para mim. Demonstra um cuidado que Niall teve comigo quando estive mais quebrada.

- Retiro o que eu disse. Não foi estúpido, foi extremamente criativo. - o olhar escuro e sério sobe para meu rosto - E admito: foi um pouco fofo, mas você nunca me ouviu dizer isso.

Suas palavras me fazem rir.

- Pia... - começo, sem ter certeza de que conseguirei terminar.

- Hm?

- Eu o beijei. - assumo baixinho, como uma criança que admite para os pais ter aprontado.

- Você o que? - a garota parece mais enojada do que surpresa, o que não é incomum vindo de Pia. Minha melhor amiga tende a agir e ter reações inesperadas.

- Foi um selinho, e por impulso! Até já me desculpei por isso. - explico.

- Você não vomitou? - a expressão séria em seu rosto me faz revirar os olhos.

- Ah meu Deus, por que eu não tenho uma melhor amiga normal? - afundo meu rosto no travesseiro e suspiro profundamente.

 

Na hora do jantar estamos eu, Pia, Danem e meu pai na mesa comendo silenciosamente; e inesperadamente decido abortar um assunto complicado com o Mier.

- Pai... - espero até que o homem erga seus olhos inexpressíveis para mim - Você sempre me disse que seria eu quem o substituiria na empresa, que eu precisava estudar porque tenho uma empresa para cuidar. Lembro-me dessas suas palavras desde que me conheço por gente.

- Sim...? - seu olhar continua sobre mim, me deixando um pouco apreensiva.

Apoio os talheres na lateral do prato e lambo os lábios antes de fazer a pergunta final.

- E se eu... Se eu quisesse fazer outra coisa. Se decidisse que não quero trabalhar na empresa?

- Você seria uma total estúpida. - o homem ri sem o menor pingo de humor, suas palavras tão rápidas e duras como costumam ser. - Enquanto alguns trabalham a vida toda para construir um lugar como aquele, você esnobaria a oportunidade de comandá-la para estudar qualquer outra coisa? É ridículo Yarla.

Mesmo acostumada com as palavras duras do Sr.Mier, estaria mentindo se dissesse que sua resposta não me atinge. Mas o que eu esperava? Que ele sorrisse para mim e perguntasse se estou pensando estudar algo que não administração? Conheço meu pai o suficiente para saber que isso nunca iria acontecer, mas ainda assim fui inocente o suficiente para perguntar. Pia ergue seu olhar para mim quando todos voltamos a comer em silêncio, um clima pesado rondando o cômodo. Os olhos escuros perguntam aflitos o que diabos eu estava fazendo e apenas dou de ombros, baixando os olhos para o prato.

O resto do jantar é um verdadeiro saco, com talheres tilintando e porções de comida sendo engolidas, mas nenhuma palavra.

- O que foi aquilo? - pergunta Pia assim que fecha a porta de meu quarto atrás de si, logo após o jantar. Sento-me na beirada da cama e passo as mãos pelo rosto.

- Queria falar com meu pai sobre aquilo, mais profundamente, sabe? Não quero passar toda a minha vida trabalhando em algo que eu não goste Pia, eu não quero trabalhar na empresa. - desabafo entre um suspiro e outro.

- Bem, foi um bom começo. Você precisa amaciá-lo, colocar a ideia na cabeça dele. Hoje você plantou a sementinha, agora precisa regar. - a morena se inclina e dá um tapinha em meu ombro, que é por ela considerado um "ato de carinho". - Vou tomar um banho. 

Depois de mexer na mochila e deixar meias e uma escova de cabelo sobre a poltrona, Pia segue para o banheiro e demora demais no banho. Como já tomei minha ducha antes do jantar só coloco um pijama e faço meu ritual de cremes para a noite. Desligo o notebook que Pia deixou ligado e regulo o ar, aumentando a temperatura porque o quarto já está frio demais. Como jantamos com o papai essa noite, nenhum de nós comeu sobremesa, o que faz com que minha boca fique pedindo por algo doce.

- Porque a água do seu chuveiro é mais quente que a do meu? Achei que morássemos no mesmo país e tivéssemos os mesmos direitos. - a porta do banheiro é aberta e dela surge uma Pia com os cabelos úmidos e despenteados.

- O que acha de um pouco de doce pra sobremesa atrasada? - vou direto ao ponto, ignorando o comentário da garota.

- Acho ótimo! - responde prontamente, jogando seu bolo de roupas sujas sobre a mesma poltrona onde estão as meias e a escova que ela certamente deveria usar, mas claramente não pretende.

- Então vem comigo. - puxo-a pela mão e abro a porta bem devagar.

Saio para o corredor em passos lentos e silenciosos com Pia no meu encalço, sem deixar que seus passos sempre tão pesados e barulhentos façam um ruído sequer. Checo a luz debaixo da porta do escritório de meu pai e faço um sinal positivo para Pia, que dá meia volta e anda em direção as escadas. Seguimos juntas até a cozinha, onde acendo a luz e Pia prontamente começa a revirar os armários.

- Não tem doce nenhum aqui! - sussurra frustrada, indo revirar a segunda sequência de armários.

- Eu sou filha de Dexter Mier, não posso deixar as porcarias a vista. - comento, atraindo o olhar da morena ao ir até a última sequência de armários e tirando uma lata escrita "Açúcar", de trás de outras duas idênticas. Pego alguns bombons de amendoim e duas barras de chocolate ao leite, das quais entrego uma para Pia.

- Essa é a minha garota! - sorri e pisca para mim.

Como duas crianças escondendo uma arte nós subimos para o segundo andar com os chocolates escondidos pelas blusas e com uma garrafinha d'água na mão para disfarçar caso formos pegas. Quando fecho a porta atrás de nós somos tomadas de um alívio imediato. Pia se joga na cama com sua barra e eu abro um dos bombons, deixando os outros na blusa porque pretendo levar para Danen. Porém não é preciso, já que segundos depois ouço batidas na porta e Danen entra sem sequer esperar que eu permita.

- Papai disse que preciso cortar o cabelo para o casamento. Você me leva ou peço à Jenny?

- Eu levo. - digo de boca cheia, causando uma expressão de nojo no rosto do garoto. - Mas precisamos ir cedo.

Antes que ele peça, tiro os bombons da blusa e o entrego.

- Você já sabe, não deixe o papai ver ou vamos ouvir um sermão de duas horas. - enquanto aviso ele já está colocando os doces nos bolsos de forma disfarçada.

- Eu estou dormindo. Pessoas dormindo não come bombons. - o garoto segue para a porta e se vira apenas para desejar boa noite antes de sair.

Acompanhada por nossos chocolates, Pia e eu ficamos conversando no escuro até o sono se tornar impossível de combater e caímos no sono.

O sábado é totalmente corrido. Logo no começo da manhã preciso aguentar Pia e Danen discutindo no quarto enquanto deixo a garota em casa. Em seguida levo Danen para cortar o cabelo e vendo os fios loiros do garoto indo para o chão, tenho uma ideia maluca. Olho para meu reflexo no espelho e passo as mãos pelos cabelos.

- Alguém está afim de fazer uma mudança? - Paul pergunta me olhando através do espelho.

- Por que você não corta Yar? - Danen pergunta exatamente o que estou pensando.

- Não sei se tenho coragem. - faço careta, me virando para olhar os dois.

- Não dói nada, prometo. - diz meu irmão, pulando da cadeira assim que Paul puxa o protetor de seus ombros.

- Por que você não se senta e damos uma olhada? - Paul usa o pé para subir o nível da cadeira e indica que eu me sente. Mesmo receosa eu o faço, e depois de deixar outro funcionário do salão cuidar da lavagem e secagem do cabelo de Danen, Paul me mostra alguns cortes e pinturas em algumas revistas. Sabe aquela história de que com o fim de um relacionamento as mulheres tendem a mudar a aparência? Seja para recuperar a autoestima ou apenas para se sentir renovada, essa afirmação é verdadeira. Depois de pensar bastante, acabo decidindo não pintar, mas fazer um corte novo.

- Tudo bem, vá em frente antes que eu desista. - fecho os olhos e respiro fundo, sentindo os dedos ágeis de Paul começando seu trabalho.

- Vai ficar um arraso, prometo.

E essa promessa me deixa consideravelmente mais calma. Em todos esses anos frequentando esse mesmo salão, Paul nunca me decepcionou e não acho que vá acontecer justo agora. Como o cabelo de Danen é pequeno e consequentemente o processo de arrumá-lo é mais rápido, ele arranja uma cadeira e segura minha mão na intenção de me acalmar, o que é extremamente fofo. O pequeno conversa comigo e eu aperto sua mão sentindo o medo me dominar ao ver as mechas loiras atingir o chão.

O processo todo parece levar uma eternidade, e Danen acaba rindo de meu desespero e ansiedade.

- Tudo bem, está pronta flor? - Paul faz a pergunta de um milhão de dólares, olhando para mim com um sorriso orgulhoso no rosto. Balanço a cabeça exasperada e a expressão de Danen é animada. Paul me gira na cadeira e dou de cara com a nova eu.

- Ah meu Deus, ficou incrível! - quase grito, passando as mãos por meus cabelos que agora se estendem apenas até os ombros. - Eu adorei Paul, obrigada!

Fico de pé e o abraço.

- Sério, obrigada. - não posso evitar o sorriso que toma meu rosto.

- O prazer é todo meu, minha flor. Fico feliz que tenha gostado.

- Você está linda. - diz Danen, se esticando para passar a mão em meu cabelo quando já estamos indo para o carro.

- Você gostou?

- Adorei. Brian vai morrer quando te ver. - comenta ele me fazendo rir.

Entramos no carro e dirijo para o shopping, onde alguns dias atrás encomendei o terno de Danen. Pegamos a encomenda e conhecendo bem o meu irmão, levo-o até a praça de alimentação antes de irmos em busca do meu vestido.

Com minha indecisão e a curiosidade de Danen de visitar os setores infantis de todas as lojas pelas quais passamos, demoramos a tarde inteira pra atingir nossa meta. Compro um vestido rosa clarinho e justo, com manga comprida em rendas e uma cauda solta de pano leve. Para completar compro um par de saltos branco e brincos grandes.

Pago tudo e depois de muita insistência por parte de Danen, acabo comprando um kit de mini carrinhos variados para o garoto. Ao chegarmos em casa, o Sr.Mier está de pé na sala com o telefone no ouvido. Ao nos ver, abaixa o aparelho e com a voz rígida ordena:

- Vocês tem exatamente uma hora e meia. Nem um minuto a mais. - e coloca o aparelho de volta no ouvido, ignorando tanto a Danen quanto a mim. Ele sequer repara em meu novo cabelo.

Não digo nada, apenas puxo Danen pela mão e o levo até o quarto.

- Como você já percebeu nosso pai não está muito contente, então vou guardar seu brinquedo e quando estiver pronto pode dar uma olhada. - abro a porta do armário azul e coloco a sacola da loja de brinquedos lá no alto, onde ele não alcança - Tome banho direito, mas não fique enrolando Dan, preciso cuidar de você e ainda me arrumar.

- Já estou indo para o banho, ir para essa droga de casamento já é ruim o suficiente. Não preciso de mais um sermão do papai. - diz meu irmão, puxando os sapatos dos pés e indo para o banheiro.

Às vezes ele é tão esperto e compreensível que me pergunto se tem mesmo apenas oito anos.

Sigo para meu quarto e deixo as sacolas sobre a cama para ir tomar banho. Os minutos seguintes são uma bagunça onde ajudo Danen a se arrumar enquanto arrumo a mim mesma. Como consigo fazer isso e em tão pouco tempo é um mistério.

Passo minha loção pós-banho e o creme de pele com cheiro de morango. Coloco as peças íntimas, um roupão e me perfumo. Corro para o quarto de Danen e o ajudo a colocar o terno sem amassar, calçar os sapatos e ajeitar o cabelo recém-cortado. Corro de volta para o meu quarto e me visto, faço uma maquiagem simples com destaque nos olhos e me troco. A última coisa que faço é arrumar o cabelo, que seco e penteio, deixando solto naturalmente.

Quando Danen e eu ficamos prontos, nosso pai está no fim do corredor gritando que só temos mais cinco minutos. Pego minha bolsa de mão e desço as escadas com Danen.

- Olha só pra vocês, estão lindos! - Jenny comenta ao nos ver, escorada no corrimão da escada com um terno escuro sobre os braços. Os olhos sempre atenciosos e atentos alcançam meus cabelos e ela sorri abertamente. - O seu cabelo, você... Oh Yarla, ficou magnífico.

- O que ficou magnífico? - os passos pesados alcançam as escadas e o homem fortemente perfumado passa entre meu irmão e eu.

- Só estava comentando com a senhorita o quão bonito ficou seu novo corte.

Desvio o olhar para a porta quando sinto os olhos castanhos pairando sobre mim.

- É, não ficou ruim. - o homem balança a cabeça, o que me obriga a olhá-lo. Jenny o ajuda a vestir o terno que estava sobre seus braços e o entrega uma caixa enorme que pega no sofá. - Precisamos ir. Obrigada Jenny.

- Tchau Jen. - Danen se despede desanimado e Jenny se abaixa para receber um beijo na bochecha.

- Comporte-se. - pede ela, tanto para Danen quanto para mim. Assinto com a cabeça e meu irmão e eu seguimos logo atrás de nosso pai até o carro.i gente


Notas Finais


Não se esqueçam de deixar um comentário dizendo o que acharam do capítulo ok migos? Nos vemos em breve, e dessa vez é breve mesmo kkk
Beeeeeijos.


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