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História Eye of hurricane - Time


Escrita por: anacarolinez

Notas do Autor


Oi meninas, tudo bom? Estejam preparadas pra um pulo no tempo no capítulo de hoje viu? E espero que vocês curtam. Boa leitura!!

Capítulo 28 - Time


Fanfic / Fanfiction Eye of hurricane - Time

Yarla Mier Pov's

Com um estrondo a chuva começa a cair lá fora, obrigando -me a me abandonar as escadas e me abrigar na varanda de entrada. As gotas caem volumosas e pesadas, curvando as folhas das árvores e inundando o chão. O cheiro delicioso de terra molhada se apossa de meu olfato e fecho os olhos, por um segundo me sentindo calma.

- Ei Yar, Tia Kate disse para você esperar lá dentro. - eu me viro e vejo meu irmão pendurado na maçaneta da porta, a blusa suja de tinta e giz de cera.

- Diga a ela que estou bem. - respondo simples, voltando meu olhar para as copas das árvores que agora balançam com o peso da chuva. Então o som de carro na estrada que agora conheço bem chama minha atenção, e vejo o Sedan branco se aproximar e parar próximo a casa. Estou pronta para me levantar e buscar um guarda-chuva mas antes que eu o faça Harry salta do carro com o capuz na cabeça e corre até mim.

- Você está louco? Eu já ia pegar um guarda-chuva para você. - digo ao vê-lo tirar o casaco agora molhado. Harry sorri revelando as lindas covinhas e abre gentilmente seus braços para mim. Recebo com gratidão seu abraço e o beijo que ele deposita em minha testa.

- Você está bem? - sussurra olhando para mim. Assinto com a cabeça.

- Apenas um pouco nervosa. - confesso mordendo o canto de meu lábio.

- Tem certeza de que quer fazer isso? - os olhos verdes me observam com uma preocupação que me faz sentir amada. - Está mesmo pronta?

- Sim, quero fazer isso Harry. Preciso fazer.

- Certo, tudo bem. - ele molha os lábios e apoia as mãos em meus ombros - Podemos esperar a chuva dar uma diminuída? Estamos adiantados.

- Claro, por mim tudo bem. - balanço a cabeça. - Você quer entrar? Beber... Comer alguma coisa?

- Tem cerveja? - pergunta animado.

- Você e suas bebidas hein Styles. - reviro os olhos para repreende-lo. - Mas não vou deixar você beber e sair por aí dirigindo.

- Ei, eu sei a hora de parar. - ele me segue para dentro da casa onde é super bem recebido e mimado por Tia Kate e Danen. Harry me visitou tanto nos últimos meses que acabou se tornando de casa. Tia Kate se encantou pelo garoto e sempre morre de rir com as histórias que ele conta.

- Seja cuidadosa Yarla. - Tia Kate diz pela milésima vez quando a chuva passa e Harry e eu seguimos para o carro. Passamos o caminho todo com uma conversa leve e descontraída, com Harry me contando das novidades do colégio e de suas histórias de festas.

Nos últimos meses Harry apenas provou ser mesmo o meu melhor amigo, ligando para mim toda semana e estando ao meu lado sempre que possível.

E isso tem sido incrível da parte dele, porque desde que acordei naquele hospital as coisas não tem sido nada fáceis.

Quando simplesmente abri os olhos depois de três meses em coma, quem estava em meu quarto era Harry. Me lembro que a primeira coisa que vi foi a cabeleira cacheada, já que ele estava de cabeça baixa chorando agarrado a minha mão. Minha garganta estava tão seca e dolorida que não consegui chamar seu nome, apenas depois de um leve aperto em sua mão foi que Harry ergueu a cabeça bruscamente e seus olhos verdes inundados me viram acordado. Me lembro perfeitamente da expressão de espanto seguida de felicidade no rosto do garoto, que beijou minha mão e minha testa umas quinhentas vezes levando em conta que um abraço não era muito adequado na minha situação. Harry saiu gritando por sua mãe que esperava na porta e também por uma enfermeira, que assim que me viu acordada saiu voando em busca de um médico. A sra.Styles também ficou sorrindo e me apertando de leve, nitidamente feliz com meu despertar, enquanto Harry chorava feito um bebê. Até aquele momento eu não tinha ideia de que havia ficado desacordada por tanto tempo, até o médico que me examinou explicar tudo o que tinha acontecido. Então me lembrei de Niall, de Jason, James e de minha tentativa de suicídio. Só minutos depois me toquei que eu havia falhado em minha missão e que todos os meus planos poderiam ter ido por água abaixo depois de tanto tempo.

Pia apareceu assim que Harry ligou para ela dando a notícia, e ela me xingou e até beliscou meu braço, mas chorava tanto que eu mal conseguia entender o que a morena dizia. Mais tarde, depois de injetarem soro em minha veia e me deixarem beber água, Pia e Harry me explicaram tudo o que ocorreu.

Parece que meu pai recebeu um telefonema do hospital dizendo que eu havia sido internada depois de uma tentativa de suicídio, então meu pai voou para cá para me ver e ver como eu estava. Mas parece que ninguém além dos Mier sabia do meu sequestro, por isso foi complicado para Harry, Pia e os outros entenderem o motivo do meu sumiço, já que meu pai nem se deu o trabalho de inventar alguma desculpa quando tudo ocorreu.

- Nós simplesmente não sabíamos o que pensar quando soubemos e o seu pai não dizia nada, então achamos que você e Niall pudessem ter tido alguma briga, de modo que ele foi embora daqui e você tentou... Você fez isso.

Harry explicou com a voz embargada e rouca, fazendo minha culpa se expandir.

Foi naquele momento que me lembrei que para que aquilo tudo acontecesse, Niall também precisou sumir do fundo dos Styles e da escola, porque se meu pai colocasse as mãos nele, ele simplesmente já era.

- Afinal de contas, por que é que você tentou se matar sua biscate? - Pia perguntou, a voz ainda falha pelo choro. Seu polegar e indicador subiram para meu braço para me dar outro beliscão, mas Harry a afastou antes.

- Pia, ainda não é hora disso.

 

Eu queria contar a verdade para Harry e para Pia, precisava contar-lhes a verdade, mas aquele momento não era oportuno, já que minha cabeça ainda estava uma bagunça e eu me sentia bem fraca. Harry estava certo, ainda não era hora. Antes de abrir a boca eu precisava entender algumas coisas.

- E o meu pai, onde está? - medo e receio tomaram conta de mim, principalmente quando vi Pia engolir em seco e Harry desviar o olhar, claramente desconfortáveis. Demorou até que um deles abrisse a boca.

- Yarla, escute... Acho que é muita coisa pra processar em tão pouco tempo então por que você não...

- Ele está morto? - perguntei sem rodeios, prendendo a respiração e apertando o lençol da cama. Para minha felicidade Harry franziu o cenho e balançou a cabeça.

- O que? Não! Ele... Ele meio que... Como é que eu posso dizer isso? - o moreno olhou apavorado para a Pia, que pela primeira vez na vida também parecia apavorada.

- Como me dizer que ele... Que ele matou duas mulheres? E que uma dessas mulheres era a minha mãe? - as palavras fizeram meus olhos lacrimejar, meus dois melhores amigos me olhando assustados - É, eu já sei.

E essa foi a deixa para, em um clima extremamente tenso, Harry e Pia me explicarem em sussurros que meu pai tinha sido preso depois de várias provas de sua culpa terem sido entregues anonimamente a polícia. Ele ainda não havia sido julgado, mas estava em prisão preventiva. Enquanto eles falavam, minha mente berrava perguntando por Danen, até que meu irmão foi citado na conversa.

- A justiça buscou pelos seus avós para ficar com Danen e cuidar de você já que sua mãe não está mais aqui, então eles entraram em contato e vocês dois estão na responsabilidade da sua avó materna. Uma tal de...

- Celine. - Pia completou.

- Isso, Celine. Ela vem te ver uma vez no mês, devido a sua situação médica e algo assim. Mas suas tias, Kate e Paola, uma garota chamada ....... E o seu tio Lincon vem sempre. Eles trazem o Danen para ver você toda semana.

A essa altura eu já estava chorando. Aqueles que por muito tempo abandonamos, no momento em que mais precisamos nos estenderam a mão.

- E ele está bem? Danen está bem? - sussurrei, a voz pesada e arrastada. Harry sorriu com os olhos molhados e balançou a cabeça, mas foi Pia que respondeu, deixando um sorriso lhe escapar também.

- Ele está bem, está perfeito fisicamente. Estão cuidando dele, mimando ele até demais. - ela ri e revira os olhos - Mas ele obviamente está preocupado com você e abalado com tudo que aconteceu, teve muita dificuldade pra comer ou dormir no começo, mas já melhorou nisso. O problema é que ele não tem falado muito, mas isso também vai melhorar assim que ele te ver bem.

Ela sorri afetuosa e sorrio de volta.

- Quando vou poder vê-lo? - perguntei, já ansiosa.

- Vou ligar para a Kate, eles devem estar aqui pela manhã.

E assim a dupla continuou me atualizando sobre tudo, contando as novidades da escola e como as pessoas reagiram ao que aconteceu comigo. Sobre como Leslie e Louis constantemente iam me visitar, e da vez em que Brian também apareceu. Parece que o garoto está se relacionando com uma outra garota, mas isso não o impediu de vir me ver. Eles me contam também que a maioria das pessoas relacionaram minha tentativa de suicídio ao estranho e inesperado sumiço de Niall. Desde o acontecido comigo, ninguém mais o viu ou teve notícias dele. Durante o jantar, porém, quando a dupla finalmente fecha a boca, fui atingida por uma lembrança que fez a colher despencar de minha mão. Depois de tomar os remédios, mas antes de apagar, eu vi Niall. Minhas pálpebras estavam quase fechando totalmente, minha cabeça pendia e meu corpo estava mole, mas eu tinha e tenho a certeza de ter visto Niall abrir a porta e vir até mim com os olhos arregalados.

Tive a impressão de ouvir Harry me perguntar algo, mas estava ocupada demais ligando os pontos em minha cabeça para prestar atenção nele. Tinha essa lembrança confusa de que ele me pegou no colo e enfiou um dedo na minha garganta, me obrigando a vomitar. Depois disso não me lembrava de mais nada.

Ao terminar o jantar Pia e Harry se acomodaram junto a mim e entre sussurros e lágrimas contei a eles toda a verdade. É claro que demorou para que eles processassem tudo e realmente acreditassem, mas eles acreditaram, e assim como eu, ficaram chocados com tanta confusão. Precisei fazê-los prometer não repetir a história original para ninguém.

Quando finalmente consegui dormir naquela noite, eu me sentia muito mais leve por ter compartilhado o peso que carregava.

A manhã seguinte foi de longe um dos momentos mais felizes de minha vida. Lembro-me nitidamente de ter acordado sentindo uma movimentação no quarto, e quando abri os olhos, flagrei Danen amarrando um par de balões em formato de coração nos pés de minha cama com a ajuda de uma Pia amarrotada. Ao ver meus olhos abertos ele arfou e soltou os balões, um deles ainda não amarrados escapando para o teto branco.

Flashback on

- Oi. - murmurei sorrindo, mas as lágrimas já corriam por meu rosto. Danen se aproxima sorrindo, mas parece mais uma careta porque ele claramente luta contra o choro.

- Sentiu minha falta? - estico minha mão para o pequeno, implorando silenciosamente que ele se aproxime. O garoto balança a cabeça e se aproxima, colocando sua mão quente na minha. Me esforço para me sentar, me sentindo dolorida e frágil, mas abro meus braços para que consiga realmente abraçar meu irmão depois de tanto tempo longe. Quando nossos corpos se encaixam começamos a soluçar um contra o outro. Eu o aperto, aperto seus bracinhos, sua barriga e suas pernas. Bagunço seus cabelos e seguro seu rosto em minhas mão, reparando cada detalhe dele, checando se ele está bem.

- Relaxe Yarla, ele está inteiro. - Pia ri nos observando.

- Ah meu Deus, estou tão feliz de ver você! - eu o aperto mais uma vez, sentindo-me imensamente feliz por tê-lo em meus braços.

- Eu fiquei tão assustado. Pensei que você fosse... Pensei que fosse morrer. - ele diz com dificuldade entre os soluços, seu rosto banhado de lágrimas que partem e ao mesmo tempo aquecem meu coração - Tive tanto medo de te perder Yar...

- Ah meu amor, não vai se livrar de mim assim tão fácil. - murmuro o abraçando com força. - Nunca vou abandonar você.

A culpa me corrói assim que a última sentença sai por meus lábios, porque no fundo, sei que antes desse momento, eu tentei o abandonar.

Flashback off

 

- Você teve alguma... Alguma notícia dele? - pergunto para Harry com a voz incerta, trazendo meus pensamentos para o presente.

Harry me olha com aquele olhar  preocupado, agora tão comum. Sinceramente parece desapontado quando responde:

- Não Yarla, nada.

- Certo. - murmuro, também me sentindo desapontada. Essa ponta de esperança de que ele dê alguma notícia parece nunca me abandonar.

Um bom tempo depois Harry estaciona e caminhamos para dentro do presídio. Ao passarmos pelo grande portão de entrada ele passa um dos braços por meu ombro e fico grata por isso. Um guarda checa nossos documentos e nos deixa entrar, já lá dentro preciso passar por uma serie de eventos e assinar alguns papéis, além de ser revistada.  Como Harry veio apenas me acompanhar, ele me espera na entrada, entretanto me abraça forte e sussurra em meu ouvido:

- Seja cuidadosa Yarla.

Me afasto balançando a cabeça e deixo que um guarda alto de olhos bem pretos me leve até a sala de visitas, atravessando um longo corredor movimentado por outros guardas.

- Aqui Senhorita. - o homem abre uma porta e indica uma das cadeiras que acompanham uma simples mesa. O homem me explica as regras, o que posso e não posso fazer e como devo pedir ajuda se algo der errado e me deixa sozinha. Dando uma olhada na sala onde estou percebo que há apenas a cadeira que estou sentada, a mesa e a outra cadeira no cômodo. A porta se abre de repente e meu coração dá um salto ao ver meu pai entrar, usando um horrível macacão laranja, as mãos juntas presas por uma algema. O guarda gordo que entra com ele o deixa na cadeira, mas não tira as algemas.

- O que está fazendo aqui Yarla? - a voz de meu pai soa rouca quando os guardas nos deixam a sós. Obrigo-me a erguer os olhos e olhar para ele. Noto instantaneamente que os fios loiros agora estão salpicados com alguns prateados, seus olhos rodeados por olheiras e suas linhas faciais denunciam cansaço.

- Eu vim ver você. - respondo baixinho - Saber como você... Como tem sido.

- Bem, isso aqui não é nenhum paraíso. - meu pai solta um sorriso triste que parte meu coração ao meio, porque independente de qualquer coisa eu o amo. - Mas nada que eu não mereça.

Sua conclusão me dá coragem para fazer a pergunta seguinte, aquela que cuja resposta apenas será uma confirmação.

- Eu queria ter vindo antes, mas não... Não consegui. Simplesmente não deu. - me sinto na obrigação de explicar - E a pergunta que vem me matando é...

Tenho dificuldades em falar e por um segundo desejo que Harry tivesse entrado para me ajudar.

- Vá em frente Yarla, é a sua chance. Estou disposto a lhe dizer tudo o que quiser saber. - ele diz, parecendo sincero, o que me surpreende e muito.

 

- Eu quero saber se tudo aquilo, tudo o que eles disseram é verdade... V-você... Realmente foi o responsável pela morte... - as palavras travam e não consigo dizer aquilo em voz alta. Balanço a cabeça e mudo de tática. - Você quer me dar a sua versão pai?

Sondando-me com os olhos por alguns minutos ele infelizmente balança a cabeça.

- Provavelmente tudo o que disseram é verdade. - responde baixinho, engolindo com força - Quando eu sobe do caso das duas eu... Eu perdi a cabeça. Amava sua mãe mais que tudo nesse mundo e saber o que ela tinha feito, perceber que tinha a perdido foi como... Foi como perder tudo o que importava.

Com o olhar fixado na mesa ele parece perdido em suas próprias palavras e pensamentos. Nunca vi meu pai longe de suas roupas sociais e sua maleta, seu cabelo alinhado e sua barba feita. Nunca vi meu pai desmascarado daquela expressão de seriedade e desinteresse; por isso, quando os olhos escuros do homem a minha frente ficam marejados, fica claro que nunca o conheci de verdade. Nunca soube quem é o homem que me trouxe a vida. E isso me parte ao meio.

- Me arrependo amargamente daquela noite, daquela maldita noite e das minhas atitudes egoístas. E apesar de todo esse tempo que demorou para que todos soubessem a verdade, eu estive preso desde que o sangue daquelas duas mulheres se derramaram em minhas mãos. Nunca tive uma noite de sono sem que elas viessem me assombrar; nunca houve um dia sequer em que a culpa não massacrava meu peito e minha cabeça.

Em um suspiro de choque eu sussurro para ele, observando-o com os olhos pingando.

- Então você... Você m-matou a minha mãe?

Quando minhas palavras soam ele leva as mãos aos cabelos e sorri, um sorriso triste e melancólico, mas lágrimas escorrem para sua bochecha.

- Sim, eu a matei...

- E também matou a Lisa, a mãe do Niall? - minhas palavras saem trêmulas, engasgadas.

- Sim. - confessa, deixando a testa apoiada em uma das mãos.

Recosto-me na cadeira e tento inspirar, mas o ar que entra causa uma queimação em meu peito. A dor de ouvir meu próprio pai admitindo ter matado tanto a minha mãe como a mãe de outra pessoa é inexplicável. Algo parecido com dois homens bem fortes socando minha barriga e minhas costas com barras de ferro.

- Eu nunca... - um soluço me interrompe - Eu nunca vou perdoar você.

- Eu sei. - o homem balança a cabeça me encarando - Não espero seu perdão, sei que não o mereço. Mas gostaria que soubesse que se eu pudesse voltar no tempo, eu faria tudo diferente.

- Você... Você destruiu a minha vida, do Danen... Do Niall. De todos nós! - digo, lágrimas de tristeza e raiva escorrendo por meu rosto.

- Eu sei. - murmura entredentes - E também estraguei a minha vida Yarla! Você tem todo o direito de não querer olhar na minha cara nunca mais, mas preciso que você e Danen saibam que não fui mal com vocês de propósito... Sei que sempre fui duro, rude e peguei muito no pé de vocês dois, pude perceber isso depois desses meses aqui, mas não foi de propósito. Eu estava tentando dar uma boa educação a vocês mas... Eu nunca soube lidar com a responsabilidade de criar vocês dois sozinhos, eu nunca soube como fazer isso sozinho. E todas as vezes que eu olhava para vocês, com esses olhos verdes e o sorriso idêntico ao da Alina eu não... Eu não conseguia lidar com a culpa do que fiz e precisava me afastar.

- Danen e eu não precisamos do seu afeto, não depois de toda dor que nos causou. - me inclino sobre a mesa e o encaro, porque quero que ele veja a raiva que transborda de meus olhos. E ele vê, porque abaixa a cabeça e esfrega o rosto com uma das mãos.

- Quando eu pensei que tinha perdido o Danen, quando achei ter perdido você... Foi só aí que eu percebi que eu ainda me importava com alguma coisa, e essa coisa sãos os meus filhos. Porque apesar de nunca ter demonstrado isso Yarla, você e Danen são tudo o que eu tenho, e eu amo vocês.

A sentença causa um choque em mim, mas apesar de sempre ter desejado ouvir essas palavras vindo de meu pai, nesse momento elas apenas me deixam tristes.

- Pode ficar brava comigo e me odiar para sempre Yarla, mas fiquei preocupado todos esses meses em que você esteve inconsciente. Quase morri quando vi você... Naquela cama. - meu pai balança a cabeça parecendo inconformado - Por que você fez aquilo? Danen, eu, aqueles seus amigos estranhos... Como nós ficaríamos sem você?

- Eu só... Eu estava pensando no que era melhor pro Danen e... E pra você. - baixo a voz ao explicar, tentando soar consciente e não uma mentirosa suicida - Achei que se eu aparecesse morta eles perderiam sua moeda de troca e aí você e Danen poderíam... seguir suas vidas.

- Acha mesmo que Danen poderia seguir a vida sem você?

- Só fiz o que achei melhor naquele momento, parecia uma boa ideia. E eu estava cansada...

- Bem, não foi uma boa ideia, eu teria dado um jeito. - aquele tom autoritário de sempre paira em sua voz, mas some na sentença seguinte. E sinceramente não sei se gosto ou não disso. - Eu jamais me perdoaria se te acontecesse algo.

- Niall, você sabia quem era ele? - murmuro, tentando fugir de suas confissões sentimentais que agora me sufocam.

- O que? Não, eu não tinha a menor ideia de que ele poderia ser filho da Lisa - Sinto muito por isso, imagino o quanto deve ter sido difícil pra você.

E o grande Dexter Mier fica me olhando com seu mais novo olhar de pena e compaixão, que não devo e nem quero aceitar. Forço a mim mesma a secar as bochechas e me inclino para ele, tragando uma boa lufada de ar antes de soltar a maior bomba que envolve minha visita.

- Quero que você retire a queixa.

Os olhos dele se entortam.

- O que?

- A queixa contra o Niall, eu quero que você a retire. - repito determinada.

- Perdeu o juízo Yarla? Acha que sou louco pra fazer isso? - a expressão dele é uma verdadeira bagunça.

- Preste atenção: eu só estou aqui hoje, viva e bem por causa dele. É claro que ele foi um mentiroso, um covarde e um babaca completo; eu tenho plena noção disso. Mas...

- Mas nada Yarla! Esse cara causou tudo isso, foi ele quem fez toda essa merda. Não vou tirar queixa nenhuma! - ele ergue a voz, o tom duro e frio. Esse é o meu pai! Esse sim é o homem que me criou.

- Não, quem causou tudo isso foi você! - grito com raiva, mas logo abaixo o tom de voz ao ver o guarda da porta dar uma olhada em nós - Eu tenho uma dívida com ele pai, todos nós temos. Ele poderia ter feito qualquer coisa comigo, tanto antes de eu tomar aqueles comprimidos quanto depois, mas tudo o que ele fez em meio a essa bagunça foi me proteger e tentar me ajudar. Quero apenas retribuir, deixar que ele por fim siga sua vida. Assim como Danen e eu, Niall também é apenas uma vítima dessa tragédia. É o mínimo que você pode fazer depois de tudo pelo que nos fez passar.

Meu pai ri sem o menor pingo de humor.

- Não acredito que está mesmo me pedindo isso Yarla, mesmo depois de tudo pelo que você passou.

- Eu estou. - digo determinada - Acho que devemos fazer isso.

- Gostou mesmo dele não é? - o olhar que Dexter me lança causa um incômodo em meu estômago.

- Isso não vem ao caso. - balanço a cabeça - Isso não tem nada a ver com o que Niall e eu tivemos, apenas com o que eu acho. James e Jason foram uns monstros, mas Niall não. Você vai tirar a queixa?

O homem fecha os olhos, pensa um pouco e suspira. Erguendo os olhos de volta para mim diz:

- Vou... - diz carrancudo - Mas saiba que faço isso totalmente contra a minha vontade.

Dou de ombros, querendo demonstrar que não dou a mínima para o que ele acha.

- Yarla, preciso que você escute. Nós não temos muito tempo. - meu pai se inclina sobre a mesa, a voz quase um sussurro, então também me inclino para ouvi-lo - Quando eu for a julgamento, serei considerado culpado. Isso ainda levará um tempo, e até lá você já terá seus dezoito anos. Vou pegar muitos anos de cadeia, e você vai ser a única família que Danen ainda terá.

- Não, ele ainda terá a tia Kate, a tia...

- Você sabe do que estou falando Yarla. - me interrompe bruscamente. - Tenho certeza que você vai querer lutar pela guarda dele, mas não será uma luta fácil. Quero que você fique com o meu advogado, é o melhor do país e com certeza irá te ajudar.

- E por que eu aceitaria o seu advogado?

- Porque você quer ficar com Danen, e ele é a sua melhor chance de conseguir isso.

(...)

- Ei, como foi? - Harry fica de pé e vem em minha direção assim que apareço. Vou direto para seus braços, escondendo minhas emoções em sua camiseta.

- Apenas me tire daqui. - murmuro para ele, me sentindo zonza e enjoada.

- Tudo bem, vamos embora. - Harry sussurra de volta e comigo debaixo de seus braços voltamos para o carro.

- Você tá' legal? - o moreno sussurra quando me acomodo no banco do carona. Respirando fundo eu ergo o rosto e encontro o par de órbitas verdes me encarando.

- Sim, eu só... - suspiro derrotada - Foi tudo bem intenso.

- É, eu posso imaginar. - dessa vez é Harry quem suspira - Mas você conseguiu conversar com ele?

Fecho meus olhos com força, sentindo uma nova avalanche se aproximar. Elas se tornaram comuns nos últimos meses.

- Eu mal consigo olhar pra ele Harry, é tão difícil! - admito triste, as palavras de meu pai pairando em meu cérebro e me deixando tonta. - Tudo isso... Tudo parece um grande pesadelo.

E estou chorando novamente; lágrimas mornas e pesadas escorrendo por minhas bochechas.

- Ei Mier, não chore. Não sei agir quando vocês mulheres choram. - o garota cruza os braços e me olha meio perdido, o que me arranca uma pequena risada - Sei que a barra tem sido difícil de aguentar, nem posso imaginar sua dor, tristeza e a confusão em sua cabeça. Infelizmente é tarde demais para que eu possa ajudar mas saiba que eu sinto muito, por tudo isso. Você não merece nada disso Yar, mas vai precisar ser forte por você e por Danen. E quando você não estiver segurando tão firme, eu estarei aqui para ajudar vocês. Todos nós Styles estaremos.

Quando Harry libera um sorrisinho de lábios puxados e as covinhas surgem um soluço me escapa. Dessa vez, porém, é de emoção por ter apenas o melhor amigo mais atencioso do universo.

- Vocês sempre estão Harry, vocês sempre estão.

 


Notas Finais


É com uma dorzinha no coração que anuncio o muito próximo fim da nossa querida Eye of hurricane :((
Estejam prontas crianças, um beijo carinhoso!


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