História Eyes On Fire - Um novo recomeço

Maldita noite em que eu decidi fugir para Seattle, afinal, onde eu estava com a cabeça? Eu já deveria saber que assim que eu pusesse os pés para fora do aeroporto um temporal cairia na cidade. Estava tudo correndo muito bem desde que saí de Nova York para ser verdade, é claro que o destino queria brincar comigo um pouquinho. Incrível como os cidadãos dessa cidade são mal-educados porque eu juro que contei no dedo a quantidade de carros que passaram direto por mim jogando possas d’água por todo meu corpo, e no total foram 7.

Tudo o que eu queria era sair daquela chuva que caia sem pudor sobre mim. Estava ficando exaustivo caminhar no estado em que eu me encontrava. As minhas roupas já estavam completamente molhadas e minha mala cada vez mais pesada. Comecei a pensar se tomei uma decisão certa ao fugir de casa, meus pais a àquela altura já deveriam estar se descabelando de preocupação, mas eu insistia em afastar esse pensamento. Eu desejava nunca mais vê-los na minha frente.

Já era tarde da noite quando eu resolvi me proteger da chuva em um ponto de ônibus, peguei o papelzinho no bolso do meu jeans com o endereço de um apartamento escrito e imaginei se Monica se lembraria de mim ou se me trataria como uma completa estranha. Já se fazia um bom tempo que não nos víamos e eu sabia que a nossa amizade não era a mesma de três anos atrás, mas eu não tinha outra escolha. Monica era minha única esperança.

Estava tão absorta em meus pensamentos que não percebi que um táxi se aproximava de onde eu estava. O motorista estacionou e uma mulher saiu do banco traseiro, apressada para fugir da chuva. Não perdi tempo e logo fiz sinal para o motorista não seguir viagem

O homem na direção me olhou espantado enquanto eu fechava a porta do carro e lhe entregava o papelzinho com o endereço do meu destino. Rezei mentalmente para que ele soubesse onde ficava esse bairro e quando o carro deu partida, relaxei, me recostando no banco.

-Vejo que a senhorita não é da cidade – o homem me olha pelo espelho retrovisor – De onde vem?

- Eu venho de Nova York – respondo, olhando os pingos da chuva no vidro da janela. O motorista solta um risinho.

- E o que traz uma menina de Noa York a Seattle?

Sorrio com a pergunta observando os carros passarem e respondo:

-Uma velha amiga.

O táxi parou em uma rua não muito deserta com muitos prédios residenciais e estabelecimentos fechados. Já era 11:00 da noite e ninguém em sã consciência se arriscaria a enfrentar aquele temporal para comprar um cafezinho que fosse.

- Quanto lhe devo? –  pergunto, já esperando a quantia horrenda que sairia do meu bolso pela viagem demorada. Nunca pensei que o apartamento de Monica fosse tão distante do aeroporto.

- Não será necessário, moça. – ele responde, sorrindo amigável.

- Não se preocupe senhor, eu posso lhe pagar a quantia que for, é só me dizer quanto... – Falo, pegando várias notas de dinheiro na mala.

Vejo o homem arregalar os olhos quando vê a grande quantidade de dinheiro em minhas mãos.

- Não posso aceitar, mas agradeço mesmo assim. –  ele ri, constrangido.

Eu abro um grande sorriso, o primeiro desde que eu cheguei na cidade e guardo o dinheiro novamente.

- Desculpe perguntar, mas qual é o seu nome?

- Eddie. –  responde.

- Muito obrigada, Eddie. Obrigada mesmo! –  aperto sua mão com gentileza.

Observo o carro virar a esquina e me dirijo a entrada do edifício de 6 andares para me proteger da chuva que já se tornava uma garoa. Pego o papelzinho com o endereço escrito e começo a subir as escadas puxando a mala com dificuldade até o quarto andar. Chegando lá, caminho pelo corredor até que encontro o apartamento 303.

Um medo me toma de repente e fico encarando a porta sem ter coragem de tocar a campainha. Será que eu fiz a coisa certa fugindo daquela maneira? Como ela me receberia?

Todas essas questões ficaram rondando a minha mente por um tempo até que por um impulso, eu toco a campainha.

Escuto uma movimentação atrás da porta por um tempo até que finalmente ela se abre.

A mulher que eu vejo na minha frente não se parece em nada com a garota que conheci a três anos atrás. Suas madeixas curtas deram lugar a cabelos longos e negros e seu corpo curvilíneo era de dar inveja a qualquer um.

Monica me encara boquiaberta por um tempo, depois me olha de cima a baixo e faz uma careta. Provavelmente por causa das minhas roupas molhadas e meu estado deplorável.

- Mackenzie – ela me olha chocada – O que está fazendo aqui?