Baekhyun’s POV
- Da onde você surgiu? –Pergunto sendo completamente descarado.
- Sou da sua turma. –Ele suspira. – Eu estava doente e não vim durante todo esse tempo para não prejudicar mais ninguém.
- Você entrou numa briga por mim... Por que, Chanyeol?
- Porque você estava indefeso, seu cachorro estava sendo chutado de todos os lados e não conseguia fugir e você estava sangrando no chão. Ainda está sangrando, aliás.
- Você poderia me ajudar? –Pergunto sem graça.
- Claro. –Ele responde e uma movimentação começa no espaço em que estávamos. – Vai arder, está bem? –Afirmo.
- Já estou acostumado. –Sorrio triste e ele suspira.
- Não deveria estar. –Ele encosta o algodão em minha bochecha.
- Ai!
- Eu avisei. –Ele solta uma leve risada e se apoia em minha perna. O que eu não esperava era que fosse doer como o inferno.
- AAAAAAAAAH! SAI! SAI! –Ele sai rapidamente e eu começo a lacrimejar pela dor.
- Eu acho que você quebrou a perna. –Minha surpresa era tão óbvia que veio junto com meu choro.
- Tá doendo muito, Chanyeol!
- Calma, Baek... Logo sua mãe chega e estará tudo bem.
- Filho? –Sinto minha mãe pegar em meu rosto e choro ainda mais.
- Mãe... Mãe, minha perna... –Soluço.
- Ele deve estar com a perna quebrada Sra. Byun... Ele gritou quando eu encostei...
- E você, quem é? –Minha mãe pergunta desconfiada.
- Park Chanyeol, prazer! Eu ajudei Baekhyun e o cachorro a fugir. O trouxe pra cá imediatamente.
- Lucky... Onde está o Lucky? –Pergunto segurando a mão de minha mãe que a aperta.
- Filho... O Lucky está em uma situação complicada... Os veterinários estão cuidando dele e logo teremos notícias.
- Ele vai morrer? –Pergunto já começando a chorar novamente.
- Não, não vai, meu amor. Ele e você ficarão em ótimo estado.
- Sra. Byun!
- Não me venha com essa, diretora! Você quebrou sua palavra! Olha o estado do meu filho! O cachorro dele está em cirurgia por culpa do mesmo babaquinha que a senhora insiste em manter num lugar como esse, onde a promessa é inclusão! Meu filho está apanhando sempre que aparece por aqui e a senhora não faz nada sobre isso! Sabe o que vai finalmente fazer você mexer essa sua bunda gorda? O processo que eu vou colocar nas suas costas!
- Creio que possamos conversar sobre isso...
- Não! Nós não podemos. Ou aquele palerma paga pelo o que fez com meu filho ou quem paga é a instituição. E esteja ciente de que eu vou pedir indenização pela perna quebrada de Baekhyun e pelo tratamento do Lucky.
- A senhora está se equivocando.
- Me equivocando? Eu sou advogada, minha senhora! Conheço as leis como conheço minha própria casa! Eu estou no meu direito e a senhora está sendo ignorante com meu filho que precisa de cuidados especiais.
- Conversaremos mais tarde, senhora Byun.
- Com certeza iremos. Com o processo em minhas mãos. –Minha mãe ameaça e a diretora sai batendo os pés com firmeza.
- Mãe... Podemos ir ao hospital agora?
- Claro, meu amor. –Ela passa meu braço em volta de seu pescoço, mas Chanyeol impede.
- Eu levo ele.
- Não precisa.
- Mãe... –Encosto nela. –Precisa sim.
- Está bem... Então precisa. –Ela suspira e então Chanyeol me guia em seus braços. – Pode colocá-lo aqui atrás.
- Quer sentar ou deitar, Baek?
- Pode me pôr sentado... Eu não sei se consigo esticar a perna.
- Tudo bem. Aqui vai. –Ele então me põe sentado e arruma a coberta que sempre ficava no banco sobre mim.
- Muito obrigado, Chanyeol. De verdade. Eu nunca tive alguém como você na minha vida...
- Bem, agora tem. –Pude sentir ele sorrir e então sorrio de volta. – Vá se cuidar, está bem? Você está cheio de sangue.
- Eu vou. –Afirmo e hesito em colocar a mão no rosto do garoto que me ajudou.
- Muito obrigada, Chanyeol. –Minha mãe diz.
- Não foi nada, senhora Byun.
- Muito obrigado. –Agradeço de novo e ele sorri mais uma vez.
- Não precisa ficar agradecendo. Apenas vão logo. –Então ele fecha a porta com cuidado e minha mãe dá a partida.
- Gostei dele. Pode continuar com ele.
- Mãe! Ele apenas me ajudou!
- E é desse tipo de pessoa que você precisa. É uma pena você não ver a bondade no olhar dele... Chanyeol vai ser um bom amigo, meu amor.
- Mas e se ele não quiser ser meu amigo?
- Isso teremos que ver com o tempo... Mas ele me parece uma boa pessoa, ele vai querer ser seu amigo sim.
- Isso é intuição de mãe?
- Isso é intuição de mãe. –Ela ri e eu acabo sorrindo. – Seja amigo dele, meu amor.
- Eu serei. Espero que ele seja o meu também.
[...]
E essa é a parte onde eu vou para a escola com a perna quebrada e sem ajuda de ninguém. Eu estava com aquela botinha ruim de andar. O médico disse que era necessária, mas que eu não poderia ficar sozinho. Claro que eu tentei convencer minha mãe a me tirar da escola, mas não deu certo.
- Mãe... Eu não vou conseguir. –Digo triste.
- Claro que vai! Você é forte e sempre conseguiu tudo, filhote.
- Baekhyun! –Viro a cabeça para a direção que me chamaram e então logo sinto Chanyeol por perto.
- Bom dia, Chanyeol.
- Bom dia, senhora Byun. –Sinto-o sorrir e acabo sorrindo junto. –Você não me parece muito melhor...
- Eu não estou... Mas eu preciso vir.
- Eu poderia te passar a matéria depois.
- Mãe! Vamos embora! –Ela ri alto.
- Você vai acostumar ele mal, Chanyeol.
- Desculpe. –Ele ri sem graça.
- Pode levá-lo até a sala para mim?
- Pode deixar que ele ficará seguro comigo. –Sorrio sem graça e então sinto-o pegar em minha mão e trazer até seu braço.
- Tchau, filhote! –Ela me dá um selar no nariz e logo em seguida um beijinho de esquimó.
- Tchau, mãe! –Sorrio e então ouço os saltos dela se distanciarem.
- Vocês são fofos. –Chanyeol comenta e eu rio segurando firme em seu braço para poder pegar a muleta com o outro. – Não precisa disso. –Ele pega a muleta e minha mochila de minhas costas. –Segure em mim com suas duas mãos e coloque a botinha no chão.
- Eu tenho medo. –Confesso.
- Vai por mim, vai ser melhor assim. –Afirmo e então seguro firme na área onde ficava o cotovelo dele.
- Você é alto, Chanyeol? Parece bem alto. –Digo dando o primeiro passo.
- Tenho 1,85 de altura.
- O que significa isso? –Pergunto confuso e ele ri.
- Que eu sou bem alto, Baek. –Sinto meu rosto queimar e abaixo a cabeça. –Eu disse algo errado?
- Bem... É que... – Engulo em seco e sinto o peso do olhar dele em mim. – Ninguém nunca me deu um apelido antes.
- Nunca? – Nego.
- A não ser minha mãe, claro. –Ele ri e logo chegamos na sala de aula.
- Seu lugar, Baek. –Ele me senta e coloca minha mochila ao meu lado.
- Obrigado, Chanyeol. –Sorrio.
- Seu sorriso é lindo. Deveria sorrir mais vezes. – Sinto meu rosto esquentar de novo e ele ri. –Você é fofo.
- Estou com vergonha.
- E isso é fofo. –Ele afirma.
- Tudo bem então... –Sorrio fraco.
- Como está o Lucky?
- Se recuperando em casa... Ele também quebrou uma perna.
- Coitado! Por isso estava gritando tanto!
- Eu não gosto nem de lembrar. Os gritos dele foram agoniantes para mim... Eu só queria poder salvá-lo...
- Sua mãe nunca te levou para aulas de autodefesa?
- Não... Eu não saia de casa.
- Por que não?
- Porque as pessoas me faziam mal, mesmo sem me conhecer...
- Mas você tem o Lucky...
- Ele nunca foi obstáculo. Não vê pela situação de semana passada? As pessoas tiravam a atenção dele e me deixavam perdido em qualquer lugar. Eu ia a um parque perto de minha casa e sempre tinha que ligar para minha mãe me buscar, pois eu não conseguia achar o caminho de volta.
- Sério? Eles enganavam o Lucky só para te prejudicar? –Afirmo. – Que crueldade.
- Bem... Está tudo bem agora. –Sorrio de lado. – Ao menos eu tenho meu celular e eu posso ligar para minha mãe...
- Eu posso te ajudar também.
- Por que você é tão bom comigo, Chanyeol? –Pergunto com curiosidade.
- Porque eu já estive em seu lugar, Baek. Eu já fui alvo de muita chacota na escola.
- Mas por quê? Você não é cego, não é surdo e nem mudo... O que eles faziam com você? –Pergunto com certo medo.
- Por isso aqui. –Ele pega minhas mãos e leva em sua direção.
Senti suas orelhas e usei minha curiosidade para desenhá-las com meus dedos. Eram aveludadas e gostosas de mexer. Sorri e continuei mexendo nelas.
- Se divertindo? –Levo um pequeno susto e então tiro minhas mãos rapidamente.
- Desculpe... Elas são realmente gostosas de tocar. –Sinto meu rosto queimar novamente e ele ri.
- Gostosas? Apenas isso? –Afirmo. –Elas são grandes, Baek. Desproporcionais a minha cabeça e sempre tiraram sarro de mim. Me apelidaram de dumbo e até hoje algumas pessoas me chamam assim.
- Isso é crueldade! A culpa não é sua!
- Assim como a culpa também não é sua, concorda? –Fico envergonhado e afirmo. –Por isso estou aqui para te ajudar.
- Bem... Obrigado. –Sorrio e ele dá um leve aperto em minha mão.
- Não tem de quê.
[...]
- Chanyeol...
- Sim?
- Pra onde está me levando?
- Pra cantina, você não come? –Nego.
- Nunca fui à cantina. As pessoas nunca me ajudam a chegar em algum lugar e Lucky não sabe vir.
- Bem, eu vou ensiná-lo então. –Sorrio largo. – Vamos ficar com meus amigos, tudo bem?
- Mas e se eles não gostarem de mim? –Pergunto desconfortável.
- Ninguém precisa gostar de você, Baek. O que importa é o respeito. –Fico admirado e acabo afirmando. –Gente, Baekhyun, Baekhyun, gente. Tratem ele bem, eu vou buscar comida.
- Oi pra você também, Chanyeol. –O garoto bufa e eu me encolho ao não sentir mais a presença do mais alto.
- Não sejam mal educados! Prazer, Baekhyun, sou Kyungsoo.
- Hm... É um prazer. –Sorrio e então todos eles riem, me fazendo ficar envergonhado.
- Desculpe, Baekhyun. Eu esqueci que era cego e estava estendendo minha mão, por isso eles riram.
- Ah... Está tudo bem... Eu peço desculpas também.
- Mas não precisa, não é sua culpa. –O garoto de antes falou. – Sou Minseok, é um prazer.
- Igualmente. –Respondo e então os outros começam a dizer seus nomes... Eram mais dois garotos: Jongin e Sehun, ambos mais novos.
- Voltei. –Chanyeol ocupa o lugar ao meu lado e então coloca algo em minha mão. –Para você, coma.
- O que é? –Pergunto curioso, cheirando.
- Apenas coma, você vai gostar.
- Tem certeza? –Ele solta um resmungo em afirmação e então eu mordo. Era gostoso, um pão assado com queijo quentinho.
- E então?
- Gostoso. –Sorrio de lado. –Obrigado.
- Se continuar me agradecendo assim, vamos passar o dia todo só ouvindo você dizer obrigado.
- Ele está sendo educado, Chanyeol! –Minseok o repreende.
- Mas com tantas coisas que eu faço, ele realmente vai passar o dia agradecendo.
- Não liga para o hyung... Ele é meio bruto às vezes.
- Pode deixar. –Sorrio.
[...]
Ligação ON
- Mãe?
- Baek... Filho, será que você consegue ir para casa sozinho?
- Eu não sei... Acho que não, mãe... Por quê?
- Lucky precisa de mim... Ligaram-me do hospital e me querem lá agora.
- Sério? Será que aconteceu alguma coisa?
- Eu não sei filhote. Tente ir pra casa, está bem? Se não conseguir eu vou até você ou peço um táxi, não sei.
- Tudo bem, mãe. Eu vou tentar. –Suspiro.
- Eu te amo, está bem?
- Eu também te amo. Até logo.
- Até, filhote.
Ligação OFF
- O que houve, Baek?
- Eu tenho que ir pra casa sozinho...
- Sua mãe não vem? –Nego.
- Lucky precisa dela, então ela não poderá vir hoje.
- Eu te acompanho. Sabe onde mora? –Nego.
- Está na minha agenda.
- Posso pegar? –Afirmo e então ele retira a mochila de minhas mãos. – É perto de minha casa, Baek! Podemos realmente ir juntos!
- Sério?
- Seríssimo. Vamos, vou te acompanhar até sua casa. –Ele põe meu braço no seu e logo estávamos andando. –Como está sendo pisar no chão?
- Um pouco incômodo, mas tudo bem. Dá pra suportar.
- Então tudo bem. –Ele continua me guiando e eu me segurava cada vez mais forte nele tanto por medo quanto por dor em minha perna.
O que mais me chamou a atenção era que o quanto mais eu subia com minha mão, mais alto ele parecia. Aquilo atiçava minha curiosidade, pois eu não podia ver sua altura e não tinha noção alguma de espaço.
- Chanyeol...
- Sim?
- Posso sentir sua altura? –Ele para de andar e eu fico com medo de ter pedido algo feio.
- Claro. –Ele pega meus pulsos e coloca em seus ombros. – Pode ir subindo por conta própria, Baek.
- Está bem. –Digo nervoso e vou descobrindo o maior com minhas mãos, até o topo da cabeça, onde eu quase não alcancei. Foi preciso me por na ponta do pé para alcançar. – Você é realmente bem alto. –Ele ri e então faz carinho em meu cabelo.
- Sim, eu sou. –Ele diz ainda rindo. – Agora vamos, já estamos quase chegando. –Afirmo e então ele volta a me guiar.
- Chan, pega a minha bengala na mochila?
- Claro. –Ele começa a mexer no zíper da bolsa e então meu celular toca.
Ligação ON
- Mãe?
- Filho, onde você está? –Ela pergunta preocupada.
- Quase em casa. Chanyeol está comigo.
- Deixa eu falar com ele.
- Chanyeol, minha mãe quer falar com você. –Estendo o celular e logo o sinto pegar.
- Sra. Byun? Sim... Estamos em frente a sua casa. Ficar com ele? Posso sim. Claro, tudo bem. Posso mesmo? Tudo bem então. Não há de que. Até logo.
Ligação OFF
- O que houve?
- Ela me pediu para ficar com você até que ela chegue. Vamos pedir uma pizza e faremos alguma coisa para passar o tempo.
- Tudo bem. –Sorrio.
- Sua chave está aqui? –Afirmo.
- No bolsinho de fora. No menor.
Logo ele já fazia barulho com a chave e abria as portas para nós. Fui ao meu quarto e coloquei minha mochila encostada em minha cama, como sempre, logo voltando para a sala onde pude sentir a aura dele.
- Onde você está? –Pergunto. – AAAAH! –Sinto suas mãos em minha cintura e grito alto pelo susto.
- Desculpe, não quis te assustar assim. –Ele ri alto e eu me encosto na parede respirando fundo. –Desculpa, Baek.
- Tá... Tudo bem. –Suspiro e vou andando até o sofá, onde me sento. – Estou com fome.
- Vou pedir a pizza.
- Mamãe te disse onde está o dinheiro?
- Sim senhor. Vou usar seu telefone.
- À vontade. –Sorrio e espero por ele sentado sem fazer barulho.
- O que você faz quando está sozinho em casa?
- Depende... Tem um programa que minha mãe me contou que é um desenho e eu gosto de ouvir... Mas ele só passa final de tarde. Eu leio, escuto música e saio no jardim pra brincar com Lucky.
- E agora, quer fazer o que?
- Eu não tenho preferência. Quer escolher?
- Bem... Eu notei que você tem um violão... Posso tocar?
- Minha mãe chegou. –Tensiono e sinto o clima ficar pesado. – Aconteceu alguma coisa.
- O que? Como sabe? –Ouço a porta ser destrancada e logo os passos de minha mãe.
- Mãe? O que houve?
- Filho... O Lucky... Ele... Não resistiu.
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