História Namorada de Luxo (GaaIno) - Dois

          Foram três batidas na porta, o suficiente, para alarmar Gaara e Ino. Os dois trocaram olhares após espiarem a porta e suas mentes começaram a fervilhar em pensamentos, enquanto o ruivo quem começava uma contraresposta. 

– Shh… - Gaara murmurou bem baixinho, para que só a loira ouvisse e fazendo ao mesmo tempo ela se assustar, abriu a camisa social branca que estava usando, num brusco arrebento, fazendo os botões voarem. Ino arregalou os olhos, estava incrédula vendo o ruivo ficar tão selvagem e abruptamente despido, sem vergonha alguma. 

– Os saltos… - Ele sussurrou para a mesma, mas quando a Yamanaka demorou a reagir, devido à paralisia por conta da surpresa, o mesmo se aproximou rápido, vendo a mesma se afastar, ainda sentada sobre a cama. - Tira os saltos… - Ele repetiu baixo e entre dentes e Ino acatou devagar, começando aos poucos a raciocinar. As batidas na porta se repetiram, dessa vez mais pesadas, parecendo de uma pessoa com impaciência, mas Gaara ainda não tinha uma resposta. Tirando os próprios sapatos, ele bagunçou seu cabelo vermelho e avançou novamente sobre Ino sentada na cama, quase deitando por cima dela, porque no susto, ela se inclinou bastante para trás e ele esticou uma das mãos, para lhe segurar. 

– O batom… - Gaara comentou, quando estava com a mão a centímetros da boca dela, prestes a lhe tocar, quase como se pedisse permissão. E tocando os lábios de Ino com o polegar, ele esfregou a região, evitando olhar diretamente nos olhos da loira, para não sentir vergonha no meio da situação, depois levando o mesmo polegar à sua própria boca, esfregou em seus lábios, borrando-os de propósito, para parecer que ambos estavam se beijando. 

          Mais uma vez bateram na porta, e Ino pode ouvir uma voz feminina chamar do outro lado, mas Gaara já tinha saído de cima dela e marchado até a porta, que ele abriu sem ser delicado. 

– Ei! Oh… - Ino pode ouvir claramente a reclamação feminina. - Q-que história é essa de trazer sua namorada para morar aqui em casa?! 

– Sério que você nos interrompeu para nada… - Gaara pareceu responder entediado e a mulher resmungou coisas ininteligíveis por um momento, antes de ser cortada. - Vou apresentar Ino no jantar daqui a pouco, então trate de se conformar e aceitá-la… 

– Não sei o que está tramando, mas se está realmente apaixonado por uma vigarista que só quer usufruir da sua grana, eu não vou deixar! Mamãe sofreu muito para não nos desamparar, você não vai pôr tudo a perder! 

– Ino não é nenhuma vigarista. - Gaara defendeu e a loira, que estava dentro do quarto e escutava tudo calada, sentindo um arrepio tomar os pelos de sua nuca. 

– Humpf! Isso é o que vamos descobrir… - A outra mulher respondeu e devia ter ido embora, já que Gaara bateu a porta e encostou a testa na madeira da mesma, suspirando alto, para qualquer um escutar. 

– Devo temer pela minha integridade física? - Ino soou brincalhona, mas usando o momento para se recompor do acontecido de momentos atrás, ainda sentindo a pressão do polegar de Gaara sobre a sua boca, como se o dedo dele ainda estivesse lá. E isso, porque ela nem queria sequer pensar na visão que teve de seu rosto sério a centímetros do seu colo, tão perto que pareceu sexy sob o seu olhar. Ela engoliu em seco, percebendo que o ruivo trancou novamente a porta, mas tirou totalmente a camisa. 

– Temari é meio explosiva, mas não vai te machucar… me  desculpa por isso… - Gaara comentou e como segurava sua camisa entre os dedos, analisando o tecido, não dava para saber se ele pediu desculpas pela irmã, ou por ter se despido na frente de Ino. 

– Tá… - A Yamanaka fez pouco caso, apreciando a visão privilegiada que tinha do tanquinho do ruivo sem camisa. Afinal, era de se esperar que desconfiassem dela, que brotou do nada.  

- Mas isso me lembrou duas coisas… 

– O que? - Gaara perguntou, encarando a loira distraidamente.  

– Desde quando estamos namorando? - Ino perguntou o óbvio. 

– Hm… - Ele entendeu a pergunta e ficou brevemente pensativo: - … há uns três anos? - Gaara deu de ombros. 

– E eu nunca fui apresentada à sua família, por quê??? - Ela fez um questionamento válido, já que alguém certamente iria perguntar. 

– Queríamos manter nosso relacionamento em segredo… - Ele respondeu com propriedade, mas Ino era boa em encontrar falhas em qualquer mentira, por isso continuou, também inquisitora: 

– Por quê? 

– Porque não sabíamos se iria dar certo? - Ele hesitou na resposta, pela primeira vez, demonstrando incerteza e Ino até achou fofo, pois não parecia um comportamento típico do ruivo. 

– Isso é uma pergunta ou uma certeza? - Ela checou as próprias unhas, fingindo desinteresse. 

– … a… você está certa… e como nos conhecemos? - Gaara parecia bem inocente às vezes. Só parecia... 

– Você pode inventar essa parte… - Ino suspirou, não muito motivada a inventar uma mentira profunda por conta própria. 

Se a família era dele, ele que mentisse para os outros, seria mais fácil para a Yamanaka seguir apenas o fluxo. 

– Te conheci numa viagem… quando visitei Londres para uma reunião… no hotel… - O ruivo pensou mais um pouco nas partes. Ele vivia trabalhando, quase não saía de casa, deveria ter considerado esse erro de percurso antes de ter inventado uma namorada, mas agora não podia mais dar errado. 

– Hilton L. Bankside… - Ino completou o nome do hotel pelo homem de pé diante de si e por isso, pode apreciar uma linda expressão surpresa por parte dele. 

– Esse mesmo! Conhece? 

– Estive lá há três anos… vai ser fácil lembrar. - As palavras da loira fizeram algo se acender dentro de Gaara. Era uma coincidência muito grande que os dois estivessem no mesmo hotel na mesma época e não tivessem se conhecido antes, mesmo assim, mostrou que nada estava perdido. Ele ficou parcialmente sem palavras, imaginando tal época. Como seria se tivessem se esbarrado antes. Como seria a relação dos dois? Seriam amigos? Ainda desconhecidos? Sentiriam sequer qualquer coisa um pelo outro além de indiferença? 

– E sobre os beijos? - Ino o arrancou de seus devaneios. 

– O que tem? - Ele ficou confuso, pois não estava pensando naquilo. 

– Devemos nos beijar de verdade na frente da sua família, não acha? Fazer isso… - Ino apontou de seus lábios para os dele, relembrando o que Gaara fez com seu batom minutos antes. - Não vai enganar ninguém… 

– É verdade… - Gaara concordou e puxou o ar se concentrando no que realmente importava. - …você se importa? 

– Um beijo é algo simples… - Ela deu de ombros. Beijar Gaara não seria nenhum sacrifício, ele era um gato e ela ainda receberia dinheiro para isso! Ele podia até beijar mal… ("Mas por favor, beije bem!" - Ino pensou antes de continuar a falar:) - Mas quero uma recompensa… toda vez que algum parente seu fizer algo contra minha integridade.  

– Certo… - Gaara concordou e os dois conversaram mais algumas amenidades antes do ruivo anunciar que iria se arrumar novamente para o jantar e mostrar para Ino onde ela poderia fazer o mesmo. Não foi preciso muito tempo de observação para ter uma forte impressão de Gaara por parte de Ino. Ela diria que ele era todo certinho, provavelmente nunca tocou uma mulher de verdade na vida e só estava interessado nos problemas de sua família. Era o típico cara rico e chato com uma vida monótona, mas se tinha uma coisa que a Yamanaka não gostava era de monotonia. Se fosse fingir, seria a melhor encenação de sua vida: A namorada de aluguel digna de um Oscar! 

Enquanto tomava banho e se aprontava para o "jantar em família", ela começou a montar alguns planos, meio exagerados, mas bem realistas para pôr em prática. Se contasse para Gaara talvez ele não concordasse, por isso seria tudo uma aposta e que ele não a rejeitasse quando fizesse suas loucuras na frente de seus parentes. Ela faria ele não se arrepender de ter encontrado ela.