História Faith - Prólogo:

Junho de 1744

             Um grito forte ecoou nas paredes de pedra do Dês Agnes. Mais uma mãe havia acabado de perder seu bebê. Não era qualquer mãe, era Claire Elizabeth Beauchamp Fraser, uma das melhores benfeitoras do hospital.

Que deus a proteja do dor, a freira pensou colocando o bebe morto em cima dos lençóis. Sujos de sangue ao lado de outro bebê.

– Mandem que aquela mulher se cale – disse a mãe do outro bebê resmungou tentando tapar os ouvidos.

– Acabou de perder a filha pobre mulher o que queria que fizesse?

– Que calasse a boca e me deixa-se dormir – disse insensivelmente – foi um dia difícil para mim também.

Ela também havia perdido seu bebê, mas algo dizia a freira que ela havia feito de proposito por mais arriscado que fosse naquela altura da gestação.

Pobres crianças. Uma era filha de uma verdadeira dama e outra de uma mulher de rua qualquer que não se importava por ter acabado com a mais linda graça que deus dava a uma mulher.

A graça de gerar uma vida, a graça de ser mãe. Ainda assim não poderia julgá-la, afinal como ela cuidaria da criança se nascesse? Fez o sinal da cruz.

Que deus tivesse piedade dela.

Saiu para pegar uma mortalha para as crianças, mas quando voltou só havia uma.

– Onde está a outra bebê?

– Levaram – disse secamente.

– Era a sua?

– Foi o que disseram...

 A voz da moça finalmente fraquejou e ela começou a chorar baixinho como se quisesse esconder, porém seu esforço foi deixado de lado. Ela não tinha porque esconder nem reprimir sua dor, seja lá por quais motivos fossem.

Ainda era a dor de uma mãe.

Terminou de enrolar o outro bebê, o da senhora Fraser e a levou para ser enterrada.