Jamie estava tão feliz que tinha vontade de blasfemar.
Deus finalmente se lembrou que eu existo! Tinha vontade de gritar.
Faith era uma menina doce e compreensiva e um pouco de compreensão era tudo que precisava no momento.
Na verdade tudo parecia um sonho. Ela não reclamou sobre Laoghaire, não o julgou por William, apesar de ter feito várias críticas a caráter de Geneva, e acreditou quando lhe contou sobre Claire, mas nem tudo era perfeito.
Fergus apareceu no armazém depois do meio dia louco de preocupação e quando viu Faith seus pelos se crisparam como um cachorro pronto para briga, Faith fez a mesma coisa, mas ela parecia uma gatinho.
O pequeno Cristian o olhou ansioso com medo que sua mãe se metesse em outra briga.
– Esta megera lhe fez alguma coisa milorde? Desde ontem deveria ter aparecido na tipografia pensei que estivesse morto e jogado em alguma vala – disparou o francês.
– Devo admitir que ela quase me matou – disse olhando carinhosamente para a filha.
– O senhor bateu nela – ele perguntou ao ver o rosto inchado da moça.
– Como pode acreditar que eu faria isso?
– Há sinais de luta – ele disse confuso.
– Fergus, ela não te lembra ninguém?
Ele estreitou os olhos na direção dela, que segurou sua mão. O homem arregalou os olhos.
– Milorde, eu não pensei que tivesse tido filhos fora do casamento.
Jamie bufou com impaciência.
– Não foi fora do casamento, esta é Faith ela não morreu está aqui viva.
Ele olhou chocado.
– Mas...
– Viva – repetiu – Minha filha está viva.
Ele beijou o topo da cabeça da menina
– E este rapazinho é meu primeiro neto – disse a Cristian que corou como um tomate.
– Se conforme Fergus terá que dividir o pai comigo – ela lançou uma provocação mais que nunca acentuado deu forte sotaque francês.
– Tem os olhos de Milady – ele murmurou impressionado – mas milady era mais bonita.
Os dois se encararam como se fossem capazes de matar um ao outro apenas com o olhar e Jamie sentiu que deveria intervir.
– Fergus não seja infantil, quero que os dois façam as pazes.
– Posso fazer isso se ela pedir desculpas – ele disse cruzando os braços.
– Porque eu deveria?
– Ora por que...
– Posso reembolsar seu dinheiro – disse a Fergus.
– Nunca exigiria tal coisa do senhor! – o francês negou veemente.
– E eu nunca aceitaria que o senhor pagasse por um erro que eu cometi – Faith falou – eu posso trabalhar e pagar a ele, é justo.
– Não me deve nada – Fergus disse de repente muito sorridente fazendo a moça olha-lo com desconfiança.
– Por que essa mudança tão repentina?
– Porque se admitiu seu erro eu a perdoo, só não faça mais isso sim lady Faith.
– Eu não admiti nada e se não tirar este sorrisinho da cara eu vou....
– Que tal tentarmos outra coisa – ele disse a interrompendo tendo a estranha certeza de que se não o fizesse eles ficariam o dia inteiro ali – Vocês nunca se viram, essa é a primeira vez.
Os dois trocaram olhares ferrenhos, mas logo Faith o olhou e depois voltou os olhos para Fergus suspirando.
– Prazer Faith Fraser – ela estendeu a mão para ele a mão esquerda e ele achou uma provocação.
– Com que mão quer que eu a cumprimente Mademoiselle? Com o gancho?
– Oh eu, é que eu sou canhota – falou envergonhada.
Jamie sorriu.
– Eu também sabia? – disse a ela.
– Não sabia.
Depois disso os dois se aquietaram, mas também não conversaram entre si, mas Jamie tinha certeza que em um momento ou outro aquela animosidade desapareceria e eles se tratariam como irmãos... Era o que queria, mas não foi o que aconteceu.
Claire soltou as mãos de Faith para que ela seguisse passos vacilantes na direção de Jamie.
Sua cabeça era rodeada por uma coroa de cachos ruivos e ela agarrava o ar tropeçando no terreno tortuoso na direção dele.
– Venha Faith – ele a incentivou abrindo os braços, ela lhe deu um sorriso de quatro dentes, as bochechinhas coradas acentuando as claras sardas no rostinho pálido.
Ela tropeçou caindo de joelhos no chão e ele fez um gesto para levanta-la, mas Claire o deteve com o olhar.
Ela vai conseguir, era o que seus olhos diziam.
Os olhos âmbar de Faith diziam que ela estava chorando pela queda, mas estava decidida a cumprir sua tarefa, uma mocinha corajosa.
Então ela o alcançou apertando suas mãos com as suas pequenas e rechonchudas.
– Muito bem a nighean – disse a pegando nos braços e lhe dando um beijo na bochecha, a fazendo rir auto.
Olhou para Claire que estava a apenas alguns passos dele com um sorriso no rosto. Ela desceu as mãos até o ventre num gesto claro. E ele sorriu.
Mais um bebê.
– Está vendo isso Faith, sua mãe vai te dar um irmãozinho ou uma irmãzinha – disse a filha e quando ergueu os olhos para Claire ela não estava mais lá.
– Sassenach? – chamou.
Resolveu caminhar pelo bosque com a filha nos braços a procura de sua esposa. Afinal ela não poderia ter ido tão longe, mas não a via em lugar algum.
– Claire! – gritou começando a ficar preocupado.
Não foi Claire quem surgiu dentre as arvores com seu chamado e sim vários redcolts que apontaram suas baionetas para ele que numa reação reflexa tentou proteger Faith com o próprio corpo, mas então um deles foi até ele.
– Solte-a – ordenou o soldado – Ou o fuzilaremos com ela.
Sentiu o sangue gelar com a necessidade de proteger a filha e a urgência daquela promessa de fuzilamento. O soldado não esperou sua resposta e arrancou Faith dos seus braços.
– Não! – Gritou.
Faith chorava nos braços do desconhecido.
– Devolva minha filha – rosnou.
– Devolverei – uma voz fria como a do próprio diabo falou atrás dele.
Black Jack Randall apareceu saído do inferno o olhando cheio de desejo.
– Se você se entregar a mim.....
Jamie acordou suado e ofegante.
Olhou em volta para a tipografia escura.
Faith? Ela havia sido um sonho? Como aquele havia sido um pesadelo?
Mas por que outro motivo estaria dormindo ao lado da prensa?
Se levantou apressado e subiu as escadas até o quarto, seus ombros caíram e chorou silenciosamente ao ver seu pequeno milagre abraçada a Cristian, os dois em um sono profundo.
– Deus obrigado – murmurou baixo.
Quando Faith não estava discutindo com Fergus ela era um doce, havia decidido em mudar-se definitivamente para a tipografia ignorando seus avisos de que não tinha espaço nem tão pouco privacidade, mas onde mais poderia deixa-la? Ela não queria sair de perto dele e ele tão pouco já que ainda estavam se conhecendo. A menina insistia em cuidar dele. Lhe perguntava se estava comendo direito se se sentia bem, que tomasse cuidado ao atravessar a rua e ao passar por becos escuros a noite. Ele retribuía da maneira que podia. Não sabia se era um bom pai, tinha apenas experiência como tio e padrasto e não achava que o que sabia valeria para uma mulher crescida, porque Faith era uma mulher. Só faltava se casar e o lembrava tanto Claire.
Ela ficava feliz em limpar e arrumar sua bagunça enquanto cantarolava feliz pelos cantos como uma passarinho feliz e tentava ensinar o pouco de inglês que sabia a Cristian e enquanto ele mesmo se ocupava de ensinar inglês aos dois. Faith se sentava despreocupadamente no balcão da tipografia quando Geordie não estava passando os panfletos para ele, enquanto ele lhe contava mais sobre sua vida. Ela precisava saber quem era seu pai e se em algum momento se decepcionou ou se chateou soube esconder muito bem. Lhe contou sobre Lallybroch e outras histórias de sua mãe e seu pai.
– Sabe de uma coisa – ela disse olhando para o teto e sacudindo os pés como uma criança no balcão.
Cristian tinha os olhos grudados em um panfleto que ele lhe deu para que começasse a aprender a ler ou tentasse pelo menos.
– Eu cheguei a imaginar que o senhor fosse bem diferente.
– Diferente como? – perguntou tirando os olhos da prensa para olhar para ela.
Ela riu.
– O senhor vai rir, mas imaginei que já estivesse gordo e careca.
Ele riu.
– E na verdade o senhor continua bem bonito – ela disse parecendo realmente fascinada – Não mudou nada esses anos?
– Um Nariz quebrado, mais algumas cicatrizes e rugas. Não posso dizer com certeza, acho que precisaria de uma opinião externa – limpou as mão em pedaço de pano – e você que diz que parecia uma coruja desnutrida, me pergunto se isso é mesmo verdade ou suas vistas estão mais ruins do que eu pensava.
– É verdade eu juro – ela disse levantando a mão – raquítica, doente, com esse cabelo cheio e esses olhos amarelos.
Ela suspirou.
– O senhor acha mesmo que eu sou bonita?
Olhou bem para ela, com seu vestido gasto, meia trança que não conseguia prender todos os rebeldes cachos e os brilhantes olhos cor de âmbar.
– Sim é, seu rosto se parece muito com de sua mãe. Olhar para você é quase como ver uma Claire de cabelos ruivos e alguns centímetros menor.
– Ela era mais alta que eu?
– Que eu me lembre sim – falou.
E mais uma vez começou outra rodada de perguntas.
– O senhor me disse que eu me pareço com ela quando estou nervosa, e se não estou me pareço com quem?
Ela sorriu mostrando a fileira de dentes os da frente eram um pouco maiores que os outros, ele retribuiu o sorriso.
– Assim do jeito que está você se parece com a Faith.
– Mon Dieu – Cristian choramingou – qual é a diferença de Wait para whatch?
– Wait, você espera. Whatch você assiste a maneira que se escreve é diferente – Jamie lhe explicou.
– Eu odeio inglês – ele murmurou voltando os olhos infeliz ao panfleto.
– Esperem um pouco.
Jamie foi até um armário e pegou da gaveta algumas peças quebradas das letras das prensa, não estavam danificadas o suficiente para que as letras se fizessem ilegíveis, mas não poderia mais usa-las.
– Você disse que não consegue enxergar as letras, mas acho que essas vai poder ver essas.
As soltou em cima do balcão e as colocou em ordem alfabética.
Faith olhou curiosa para elas, mas nada mais. Não as identificava.
– Isso é um A – apontou para primeira letra Cristian saiu do seu panfleto e foi observá-lo – e este é um B, um C de Cristian – sorriu para o menino que devolveu o sorriso de covinhas.
– Como escrevo meu nome? – ele perguntou.
– C, R, I, S, T, I, A, N – disse juntando as letras – aqui está, Cristian.
– E o meu nome papai? – Faith perguntou com um sorriso digno de uma menininha de 6 anos que começava a aprender a ler.
Ela não parecia ter mesmo 19 anos, era pequena e franzina se a olhasse na rua lhe daria uns quinze anos.
– F, A, I, T, H – juntou as letras – Faith.
– Eu gosto do meu nome – ela sorriu alisando as letras com os dedos e olhou para ele – faça o seu e o da mamãe juntos.
Ele sorriu, ela havia gostado da brincadeira.
– J, A, M, I, E, agora de sua mãe, C, L, A, I, R, E – suspirou – Jamie e Claire.
– Quer tentar Cristian – Faith deu as letras para ele e ele se sentou de novo no chão tentando as combinações.
– Quando eu nasci, o senhor se lembra? – ela mudou de assunto.
Como poderia esquecer, foi um dos dias que ele queria apagar da memória, mas ela não precisava saber disso.
– Você nasceu numa tarde do dia 18 de junho, mas deveria ter nascido em setembro ou no começo de outubro e setembro é justamente o mês em que estamos.
– Não foi uma data muito feliz não é – ela disse baixinho percebendo seu estado de espirito.
– Não foi, mas será a partir de agora.
Logo se formou um mexerico sobre quem era a moça que estava com ele na tipografia disse que era sua filha, mas três dias depois recebeu uma carta de Jenny perguntando que Diabos estava acontecendo.
E soube que era hora de apresentar Faith para o resto da Família.
– Acha que vão gostar de mim? – ela lhe perguntou em pânico na garupa do cavalo.
– Eu te fiz essa mesma pergunta mamãe – Cristian lembrou – e se o vovô Jamie gostou de mim os outros vão gostar de você.
Ele riu, não havia muita diferença entre os dois até pareciam ser mesmo mãe e filho e olhar para os dois o fez lembrar de como era com Fergus.
Mas isto também o preocupava.
Fergus havia lhe dito que a moça ruiva estava fugindo de um marido violento, mas quando soube que essa moça ruiva era sua filha logo quis saber quem era o infeliz que a havia feito sofrer. Este homem não existia, Faith e Cristian não tinham o mesmo sangue, mas quem os acreditaria vendo os dois juntos, a mesma pele pálida, sardas no rosto e os olhos apertados dos Frasers que não eram tão evidentes no menino por ele ter ainda olhos grandes de bebê, mas que quando crescesse seriam mais evidentes. A única solução seria separar os dois, para que a reputação de Faith não sofresse tanto, mas Jamie nunca iria lhe sugerir isto e era obvio que ela jamais aceitaria.
– Todos vão gostar de vocês – destacou apesar de estar preocupado – mas antes de irmos....
Passou no cartório e pegou os papeis que havia mandado fazer um dia depois de encontrar a filha.
– São certidões de nascimento – explicou – Esta é do senhor Cristian Pierre Noir Fraser. Leu com um sorriso.
– Viu só mon petit homme agora você é um Fraser! – Faith disse eufórica.
– E este é o seu – lhe o papel a ela – Mademoiselle Faith Claire Beauchamp Fraser.
Disse cada nome pausadamente e ela o encarou com uma genuína surpresa refletida em seus olhos.
– Eu achei que Faith Fraser era muito curto e pensei que sua mãe merecia estar presente em seu nome – tossiu – gostou?
Se apavorou quando os olhos dela se encheram de lagrimas, mas logo ela sorriu e o abraçou.
– Ah papai, eu gostei muito.
Seguiram a viajem falando sobre a paisagem Faith a adorava e dizia que nuca tinha visto nada tão bonito na França, mas ela era uma escocesa legitima mesmo que não tivesse nascido em sua terra. Quando escureceu e eles tiveram que parar ele lhe apontou para o céu.
– Consegue ver as estrelas Faith? – perguntou.
– Alguns borrões – ela disse dando de ombros afagando a cabeça adormecida de Cristian em seu colo.
– Uma vez sua mãe me disse que elas são como o sol, mas estão muito longe e por isso são tão pequenas.
– E como ela sabia disso?
– No tempo dela há equipamentos chamados telescópios, usam para ver as estrelas e outros planetas.
– Parece incrível – ela disse.
– Também me pareceu – sorriu – queria um desses para ver longe no tempo para pelo menos saber se ela está bem e feliz.
– O senhor está feliz papai?
Aquela era uma pergunta difícil, e por muito tempo acreditou que nunca poderia respondê-la se não fosse com uma negativa, mas agora poderia simplifica-la.
– Estou feliz que esteja comigo.
– Mas não se sente completo – apontou – e eu duvido que ela se sinta.
As terras de Broch Tuarach eram lindas, mas eu estava apavorada com a perspectiva de conhecer minha nova família e de conhecer minha madrasta.
Eu não sabia o que esperar. Minha imaginação sequer se aproximou da realidade.
Os gritos se multiplicaram assim que meu pai ajudou a mim e Cristian a descer do cavalo.
Uma morena de olhos azuis tentava conter uma senhora loira que parecia inconformada.
– Laoghaire e Jenny – ele apontou para loira e morena respectivamente.
– Quer dizer que depois de tanto tempo você me aparece aqui assim?!
Minha madrasta pôs se a nossa frente berrando e gesticulando muito, mal permitindo que meu pai falasse. Ela apontou para mim e para Cristian cuspindo em nossos pés e minha tinha Jenny arregalou os olhos. Mais maldiçoes em gaélico foram ouvidas e Cristian se espremeu contra mim com medo.
Alguns rostos apareceram das janelas, olhando por trás das paredes e saindo de só Deus sabia onde.
Uma família numerosa, pensei.
– Não é nada disso do que vocês duas estão pensando – ele disse e olhou para o homem para na soleira da porta que assistia tudo com uma expressão sofrível para as mulheres em baixo. Ele tinha uma perna de pau e obviamente era o tio Ian enquanto eu olhava para ele ouvi um estalo e arregalei os olhos ao perceber que meu pai havia acabado de levar um tapa.
Cobri a boca com minhas mãos.
Como ela tinha coragem de agredi-lo e como havia o alcançado sendo tão mais baixa? Então ele a calou com um olhar penetrante, E falou cada palavra em inglês explicando quem eu era.
– Está moça que estão vendo não é minha amante e nem o menino é meu filho, mas ela sim é minha filha Faith.
Houve um minuto de silencio enquanto todos os olhos se voltaram para mim.
– Meu Deus – tia Jenny murmurou.
Laoghaire olhou para mim finalmente e engasgou parecendo ver um fantasma. E olhou para meu pai gritando em gaélico e eu entendi uma palavra “Sassenach”.
– Venha prima, melhor sair daqui papai disse que não deve ficar no fogo cruzado – um garotinho falou me cutucando.
Olhei para o tio Ian que agora sim me olhava parecendo bem mais receptivo então voltei meus olhos ao menino.
– Você quem é?
Ele era da minha altura, devia ter uns onze ou doze anos e seus belos olhos castanhos avisavam: Sou travesso.
– Ian – ele sorriu – Ian Murray.
Meu primo me levou para dentro, mas antes de entrar cumprimentei meu tio que disse para mim e Cristian: “Fique à vontade pequena Faith e você também rapazinho.”
Cristian ainda não entendia bem o Idioma, mas aceitou as palavras do tio Ian com um sorriso.
Já em casa Ian me apresentou os seus irmãos que estavam ali, Jamie, Maggie e Janet os outros não estavam.
Eu tinha vontade de sair para fora e defender meu pai que era cavalheiro demais para bater naquela mulher insuportável. Eu ao contrário dele a bateria com todo o prazer.
– Madame Laoghaire é sempre assim? – perguntei.
– Só quando está de mal humor – o jovem Jamie disse.
Mas parecia ter lá suas dúvidas.
Ele olhou bem para mim.
– Você parece mesmo com a Tia Claire.
– Você conheceu minha mãe?
– Eu era muito pequeno, mas tem uma lembrança que me marcou muito. Foi na primeira colheita de batatas, fizemos fogueiras nos campos e lá mesmo as batatas foram preparadas.
– Também me lembro disso – Maggie disse – apenas dos cheiros acho.
– Ela só tinha dois anos na época – ele explicou – naquele dia o tio Jamie encheu minha roupa de grama e a tia Claire as tirou de mim, ela cheirava tempero sabe, esteve ajudando a preparar a comida e ela riu quando eu disse isso a ela. É o que eu me lembro.
Respirei fundo.
Será que ela ainda estava viva aquela criatura mística e inalcançável?
Ouvimos o som de algo sendo quebrado, do lado de fora.
– O vovô Jamie está bem? – Cristian perguntou preocupado numa mistura de inglês e francês.
– Não se preocupe ele vai ficar – o Jovem Jamie disse.
Os únicos irmãos que faltavam era Michael e Kitty.
– Aposto que a Tia Laoghaire vai arranhar o Tio Jamie – Ian disse rindo.
Sua irmã Maggie lhe lançou um olhar severo.
– Se eu fosse você ficaria calado, se mamãe te escuta vai levar uma surra tão grande que não vai poder sentar por três dias – Janet recomendou.
– Eu não deveria ter vindo – falei.
Não queria meter meu pai em problemas.
– Não faça essa cara prima não a nada de que se envergonhar, mesmo que você fosse uma bastarda a receberíamos de braços abertos.
– É? E meu pai?
– Nossa mãe não o deixaria viver – Ian riu.
Os irmãos mais velhos silenciaram o garoto com o olhar.
– Eu estou com fome – Cristian disse em voz alta.
– Mon Dieu menino onde estão seus modos?
– Quando eu estiver com a barriga cheia eu procuro.
Eu poderia tê-lo repreendido se eu não tivesse achado tanta graça e havia sido uma longa viajem.
– Vem comigo primo lhe darei comida – Ian o levou.
– Ele vai comer mais do que oferecer – a irmã mais velha disse.
– Acham que essa discussão vai longe? – perguntei mudando de assunto.
E como se fosse para me responder um vaso atravessou a janela e acertou minha cabeça.
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