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História Faith - Cartas para papai


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura pessoas que não dão as caras kkkkkkkkkkk
*3*

Capítulo 12 - Cartas para papai


Passei meus dias amuada ainda tentando me adaptar a Lallybroch, não era da mesma maneira que era com meu pai, pelo menos ele era só um, e ali a maioria sempre parecia estar ocupada com alguma coisa.

No primeiro dia fiquei conversando com Janet antes de dormir.

– Seu filho é muito lindinho – ela disse – bom não seu, filho porque você disse que o adotou, mas...

– Sim Janet – eu sorri no escuro – ele é lindo, mon petit homme.

– O que é isso que você disse? – ela perguntou curiosa.

Mon petit homme quer dizer “Meu homenzinho”, o chamo assim desde que ele me salvou em Paris – expliquei.

 – Temos parentes na França, mas nunca me ensinaram francês.

– Gostaria de aprender? – perguntei.

– Não sei – ela riu.

Ela parou de falar e por um instante achei que ela estivesse dormindo, mas não.

– Quantos anos você tem, disse que era quase a idade de Maggie, mas não disse quanto.

– 19,  e você?

– Farei quatorze logo – disse, então falou mais baixo – Faith, você já beijou alguém?

Senti meu rosto e minhas orelhas esquentando.

– Não – murmurei.

– Ah – ela perecia decepcionada e seria até engraçado se não fosse constrangedor.  

Eu bocejei ruidosamente.

– Você está cansada não é, vou deixar que durma.

Beijar, alguém. Suspirei infeliz.

Já haviam tentado me beijar, mas aquele não era o tipo de lembrança que eu gostasse de lembrar, pensei com um arrepio.

Já passou, disse a mim mesma. Agora eu estou segura finalmente.

Eu não dormi logo, estava pensando se meu pai chegaria bem em Edimburgo e no rapaz no moinho. Será que se eu o visse de novo o reconheceria? De uma coisa eu tinha certeza eu lhe daria uma bronca por ser tão imprudente.

              E assim foi minha primeira noite em Lallybroch. Janet não fez mais perguntas constrangedoras, mas imaginei que ela falasse livremente com as irmãs desses assuntos e talvez fosse bom que ela sentisse confiança em mim para perguntar qualquer coisa, mas eu não era a pessoa certa para falar sobre os assuntos do coração.

Os dias se passaram e eu fui ficando cada vez mais taciturna sempre que o dia acabava e eu não recebia notícias do meu pai.

– Você está triste porque o Tio Jamie ainda não mandou uma carta? – Ian me perguntou, aparentando pena pela minha expressão.

Era fim de tarde e eu estava sentada nos degraus da porta principal olhando para o pátio perdida até o menino me chamar a atenção é claro.

– Um pouco, mas ele deve estar ocupado não é.

Ele fez um bico.

– Se quiser eu te ajudo a escrever uma carta para ele.

– Você faria isso por mim mon cher? Eu ia pedir a Janet, mas ela já está tão cansada...

– Eu posso – ele sorriu – minha mãe sempre diz que eu deveria fazer algo útil, e isso é.

Merci Ian.

Nós fomos até o quarto dele onde ele pegou um papel e uma pena.

– O que quer dizer?

– Hum, vejamos..., ah querido pai, Lallybroch é um lugar....

– Mais devagar por favor – ele pediu.

Oui, oui. Pardon.

– Você fala como Fergus – ele riu.

– Por que eu sou francesa como ele – o lembrei.

– Ah, é verdade.

Eu ri.

– Diga a ele...

 

20 de setembro de 1763

Querido pai,

Eu realmente gosto de Lallybroch, gosto dos meus primos e principalmente de Ian que está me ajudando a escrever esta carta. E Janet com quem estou dividindo o quarto.  Mas tenho percebido que algumas pessoas me olham torto. Não sei se é porque acham que eu sou uma bastarda sua ou Cristian é um bastardo meu, mas não gosto disso.

 No entanto nada disso realmente me incomoda mais do que não receber notícias. Sinto sua falta.

Estou esperando, Faith.

 

             Jamie franziu a testa ao ler a carta da filha, havia imaginado que as pessoas não acreditariam nela, mas se divertiu em ver os garranchos do sobrinho. Eram legíveis o suficiente para que ele pudesse entender, mas também tinham alguns erros gramaticais grotescos. Sem dúvida o jovem Ian precisava melhorar nos estudos, porém apreciou suas boas intenções para com Faith.

  

25 de setembro de 1763

Mo sweet Faith,

Fico feliz que esteja gostando de sua terra, e fico triste por estar se sentindo hostilizada, talvez não seja o que pensa e as pessoas ainda estejam desconfiadas por que não a conhecem, mas sei que você conseguirá conquistar todos.

Sei que deveria ter mandado notícias antes, mas não achei que você ficaria muito animada em saber das únicas novidades que tenho. As loucuras em que Fergus andou se metendo.

Também sinto sua falta.

P.s.: Ian melhore suas letras pelo amor de Deus, e obrigada por ajudar minha garota.

 

    Ian havia feito uma careta ao ver o pôs escrito, mas sorriu ao ler o agradecimento eu é claro reiterei meus agradecimentos.   

 

1 de outubro de 1763

Querido pai,

Não hostilizada, acho que hostilizada é uma palavra muito forte, mas percebo que falam e cochicham. Eu não me importo com o que pensam de mim, sei como ignorar até que quanto seja necessário.

Não se preocupe com isso em algum momento eles terão que se acostumar. Eu não me importo com o que pensam de mim, sei como ignorar até que quanto seja necessário.  

Sobre Fergus, ele não me interessa, como não me interessa uma bosta de cachorro, desculpe a palavra, Mas gostaria de saber o que você estava fazendo com ele e acredito que Ian também queira saber.

Faith.

 

            Cristian, Ian, Josephine, Angus, Abigail e mais outro par de priminhos que eu ainda custava a decorar quem eram os pais me ouviam com atenção e era engraçado vê-los chamando o jovem Ian de Tio sendo tão novo, os pequenos estavam curiosos sobre a minha viagem e eu fui contando a eles ocultando as partes mais pesadas para não perturbar seus jovens corações.

 – Então, quando Cristian e eu entramos sorrateiramente no navio achamos que já tínhamos ganhado a guerra.

– E não? – Ian perguntou curioso.

Non – Cristian disse – ela começou a vomitar e nós fomos descobertos.

Oui Cristian, mas deixe que eu conte – pisquei para ele.

Eu adorava contar histórias e as crianças eram uma grata plateia ouvindo com atenção e curiosidade.

– Foi então que me deparei com o vil capitão do navio – dramatizei – ele era mais ou menos dessa altura – Ergui meu braço bem acima da cabeça, olhos tão negros quanto a noite e lhe faltava uma mão e em seu lugar ele usava um gancho, – fiz um gancho com meu dedo indicador – sabem quem é?

– Fergus! – eles gritaram todos juntos.

– Realmente – sorri – mas nem pensem que essa foi minha salvação, mas me digam meninos o nome Fergus é bem escocês e ele é francês...

– O tio Jamie o mudou na França ainda – Ian explicou – o nome dele de batismo é... hum, ah! É Claudel.

Claudel? Eu ri um pouco guardando bem aquele nome para provoca-lo quando eu pudesse.

– Continuando.....    

 

7 de outubro de 1763

Mo sweet Faith,

Fergus tem um dom incrível para se meter em problemas como qualquer membro de sangue de nossa família tem, ele esteve por um tris de ser apanhado pelos redcolts, depois de finalmente desembarcar aquela mercadoria, você sabe.

O infeliz tem muita sorte, pois os oficiais eram fracos para bebidas e ele os distraiu com duas garrafas de uísque. Os encontrei em um pub perto das docas desacordados com o Francês contando vantagem.

 

             Continuamos trocando cartas sobre o que nos acontecia assuntos corriqueiros, coisas importantes ou nem tanto.

 

17 de novembro de 1763

Querido pai,

O que vou te contar me mata de vergonha, mas é necessário. Tia Jenny estava me ensinando a cozinhar na melhor das intenções, eu havia pedido a ela, A questão é que ela teve que se ausentar com Janet e eu fiquei sozinha com Cristian na cozinha....

 

– Isso deve ser gostoso não é Cristian – falei sentindo o cheiro forte do pozinho no frasco.

– Tem um cheiro muito bom – ele concordou – se você colocar na sopa ficará gostoso non?

– A tia Jenny não disse nada sobre isso, mas não deve fazer mal – eu sorri.

 

.... Eu me empolguei demais com o tempero, e quando tia Jenny voltou a comida já estava “pronta”. Resultado todos ficaram com uma tremenda dor de barriga e a tia disse que nunca mais me deixara sozinha na cozinha antes que eu aprenda a cozinhar ou ela teme pela saúde de todos na casa. Mas não se preocupe quando o senhor vier espero já saber cozinhar bem o suficiente para não mata-lo.

Com amor, Faith.

 

17 novembro de 1763

Querido irmão,

Não escrevo para fazer queixas de sua filha de maneira nenhuma, ela é uma moça esforçada, tem ajudado em casa, tanto a mim quanto suas primas, olha as crianças lhes conta histórias.

Mas quero lhe contar algo e não é sobre a comida que ela estragou com excesso de tempero acho que isso ela deve ter contado nesta carta que enviou.

Há dois dias eu estava indo para cozinha quando a vi olhando para um pedaço de bolo na mesa como um gato olha para um pássaro que está caçando. Faith olhou para os dois lados desconfiadamente e surrupiou o bolo.

Eu não disse nada continuei observando enquanto ela saia sorrateiramente pela porta dos fundos, e quando ela estava na metade do caminho, parou de repente. Voltou e colocou o bolo no lugar.

Eu não disse nada a ela, não permiti que me visse, aumentaria seu constrangimento. Creio que ainda custe a ela se acostumar que não precisa mais roubar para comer. Com tempo sei que se acostumará.

Estamos todos bem, com amor Jenny.

Jamie sentiu seu coração se apertar quando leu a carta da irmã, ele sabia que seria difícil a Faith se adaptar, mas como Jenny havia dito ela iria conseguir.

 

22 de novembro de 1763

Mo sweet Faith,

Aprecio seus esforços em querer cozinhar para mim, mas não tenha pressa. Quando puder fazer algo tragável, me avise para que eu também me encha de coragem para prova-lo.

Os negócios andam tranquilos por aqui, sem problemas, com a justiça. Sem problemas nos portos. Talvez seja um milagre de fim de ano. Aliás estarei aí no natal, se tudo continuar como está pode ter certeza, nos veremos logo.

 

               Eu consegui aprender a cozinhar algo antes do natal, mas mesmo assim tia Jenny me disse que era muito cedo para me aventurar na cozinha. Ela e minhas primas se ocuparam do banquete, enquanto eu apenas ajudava na limpeza. Eu não estava reclamando, mas ela poderia ter colocado mais fé em mim.

             Infelizmente, meu pai não conseguiu chegar para o natal, problemas nas docas, como ele havia me explicado depois. Mas Laoghaire foi com as filhas. Eu a cumprimentei e as meninas mais educadamente possível elas fizeram os mesmo, mas tive a impressão que a sorcière como Cristian costumava chama-la, havia ordenado que suas filhas não falassem mais que o necessário comigo então tratei de ignora-la o resto da noite.

 

01 de Janeiro de 1764

Querido pai.

Sinto muito não ter podido vir, todos sentimos sua falta, e acredite se quiser madame Laoghaire se comportou bem, ou seja ficou absolutamente calada.

Gostaria de lhe contar sobre algo que me aconteceu e que me arrepia os pelos da nuca até agora.

Eu estava ajudando a tia Jenny a levar lenha para casa, e tinha prendido bem meu cabelo para que não me atrapalhasse, quando de repente alguém gritou “Claire!”. Imagine o susto que eu levei, por um instante cheguei a pensar que ela estava ali, mas não. A senhora havia me confundido com a minha mãe. Só naquele instante percebi que o senhor não estava mentindo quando disse que eu me pareço com ela. Isso não é assustador?

 

06 de janeiro de 1764

Mo sweet Faith,

Foi o que eu lhe disse, você é como se fosse uma versão ruiva de sua mãe. Imagino que seja difícil para qualquer um olhar para você e não se lembrar de Claire.

Penso que tanto sonhei com a volta dela que ela acabou voltando, mas de uma maneira diferente e agradeço a Deus todos os dias por isso.

Fergus disse algo sobre você ter alguma coisa dos defeitos de Claire, teimosia e orgulho. Mas não o leve a mal, e bom ele tem razão.

 

 

11 de Janeiro de 1764

Querido pai,

 Eu não sei de onde Fergus tirou tamanha barbaridade. Tenho certeza que minha mãe só era insistente naquilo que acreditava e se eu sou como ela me sinto muito feliz. Sobre ele não posso dizer se ele tem alguma qualidade neste monte de defeitos que me saltam aos olhos.

Mas passando a assuntos mais agradáveis... Ontem foi o aniversário de Cristian, acredita que o danadinho não tinha dito nada, foi sorte consegui arrancar a informação dele a tempo de podermos fazer algo especial para ele. Afinal não é todo dia que um rapazinho completa 6 anos.

 Tio Ian continua encarregado de ensina-lo a ler, mas continua tendo dificuldades com o inglês. Creio que ele só precisa colocar um pouco mais de empenho nisso e prestar atenção no que lhe dizem. E por falar nisso perguntei a tia Jenny quando era o seu aniversário e fique avisado que se não estiver aqui irei atrás do senhor.

 

17 de janeiro de 1764

Mo sweet Faith,

Fergus manda dizer que você tem uma ideia muito equivocada sobre ele. Me arrependo de ter mencionado o comentário dele, vocês não podem brigar como dois cães raivosos por apenas simples menções da realidade.

Mas aprendi minha lição, não quero acabar testemunhando uma grande troca de insultos entre vocês dois de novo de modo que peço a você o mesmo que pedi a ele, se contenham.

Dê meus parabéns a Cristian e diga que se esforce mais, até Ian melhorou seus garranchos nos últimos meses, nada é tão difícil assim.

Espero poder mandar presentes logo.

E por favor não seja exagerada, não precisa se debater até aqui por causa do meu aniversário de qualquer maneira ainda falta muito...    

 

Três meses se passaram rapidamente, e ele não parecia que viria para logo.

– Eu posso ir tante Jenny? Por favor – implorei para ela.

– Seu pai, não lhe disse para ficar? – ela perguntou com uma sobrancelha erguida.

Oui ele disse, e eu obedeci, tenho feito o possível aqui e a senhora até me ensinou a cozinhar! Eu fiz uma prato especialmente para ele não pode deixar que se perca – choraminguei.

Ela revirou os olhos.

 – Tudo bem, pode ir, mas Michael vai com você!

– Eu posso ir também? – Ian perguntou esperançoso – Eu gostaria de ver o trabalho de tio Jamie.

– Não é a tipografia que você quer ver não é menino? – ela perguntou severamente – acha que me engana? Você não vai.

Eu ri quando vi Ian saindo bufando de raiva.

 

 

– Você ajuda meu pai nisso não ajuda – perguntei olhando de esguelha para Michael que como seus irmãos ostentava cabelos e olhos castanhos num modesto bonito rosto.

– Sim, ajudo – ele sorriu – mamãe e papai não sabem exatamente apesar de desconfiar, mas o que se pode fazer não é muito fácil ganhar dinheiro como as coisas estão. Fergus, O Jovem Jamie, eu. Ian está completamente curioso com isso e não duvido que um dia entre para o negócio.

– Eu gostaria de ajudar meu pai com isso...

– Esqueça prima – ele me interrompeu – ela nunca iria permitir e se eu fosse você nem sugeriria.

Eu poderia ajudar ele sim, meu pai só precisava querer. Mas agora dane-se o negócio! Havia preparado algo muito melhor para ele.

 

1 de maio de 1764

 

          Jamie deixou sua impressora para rever as cartas que havia trocado com a filha, se divertia com os pequenos e as vezes grandes trechos de fatos que ela lhe mandava com a ajuda de Ian.

Sorriu, quem diria que Ian se moveria para fazer alguma coisa, mas ele estava acabando por se aproveitar do espaço das cartas de Faith para perguntar sobre seu trabalho.

 Pobre de seus pais, pensou.

Uma lufada de vento entrou pela janela e viu Claire parada ali, com a mesma roupa que estava quando a deixou partir.

Hoje era seu aniversário e ela vinha lhe sorrir radiante como costumava ser. Ele devolveu o sorriso, mas este murchou no mesmo instante que ela se evaporou no ar como se nunca estivesse estado ali.

Nunca esteve e nunca estaria.   

Naquela manhã havia recebido uma carta de Jenny de Laoghaire e de Marsali a mais velha de suas filhas adotivas todas mandando cumprimentos por seu aniversário, mas faltava alguém muito especial.

– Em que posso ajudar senhora? – ouviu Geordie perguntar.

– Estou procurando por um homem de 43 anos, um metro e noventa e cabelos ruivos conhece?

Ele sorriu ao ouvir a voz de Faith e desceu para vê-la com Michael na tipografia.

– Achou que eu não viria não, mas eu estou aqui.

 Ela lhe sorriu esplendidamente fazendo o calor irradiar em seu pobre coração frio. Seu rosto bonito era cheio de entusiasmo e alegria que o contagiou também.

– Feliz aniversário papai.


Notas Finais


Até a próxima o/


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