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História Faith - O fantasma que vi certa vez


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 15 - O fantasma que vi certa vez


03 de Fevereiro de 1765

Mo sweet Faith.

              Meu humor está terrível, hoje tive que arrancar o Chinês dos pés de uma prostituta pela segunda vez esse mês e fui acometido por uma terrível dor de cabeça. Desconfio que hajam homens espionando a tipografia e por enquanto acho que não os visitarei tão cedo.

             Fiquei pensando se lhe contaria isso mesmo porque sei que vai ler esta carta para você é seu primo, mesmo assim vou dizer. Tenho sonhado com sua mãe com muito mais frequência do que de costume, ela sorri, diz algumas coisas que não compreendo e continua longe. Apenas queria contar isso para a única pessoa no mundo que me entende.

 

08 de Fevereiro de 1765

Querido pai.

            Sim, eu o compreendo, quando sonho com ela só posso ouvir sua voz distante e seus olhos, ela está ali, mas não está.

Tia Jenny diz que eu não preciso me esforçar muito para imaginar como ela era, que bastava que eu me olhasse no espelho, mas simplesmente não consigo vê-la. É quase como sinto quando o sol se põe.

Quase cega.

P.s.: Pelo amor de Deus velho, cuide de sua saúde. Tia Jenny disse que o senhor não gosta de lavanda, mas valeriana deve servir para acalmar a dor de cabeça e seus nervos.

Com amor Faith.

 

08 de Fevereiro de 1765

Querido irmão,

Acho que Faith não te diz nas cartas e Ian não me conta de maneira nenhuma o que escreve e o que lê para ela, diz que os dois tem um contrato de confidencialidade, mas ela adoece com muita frequência, não é nada para se preocupar. Com a mesma velocidade que adoece se cura, eu apenas achei estranho. É algo por ela ter nascido prematura demais?

Bom, eu me preocupei. Fora isso está tudo bem, como sempre tem sido você sabe e antes que me esqueça eu não sei o que você diz nas suas cartas com a sua filha, mas por favor procure não incentivar a Ian entrar no trabalho que você faz.

Com Carinho Jenny

 

12 de Fevereiro de 1765

Querida irmã,

Faith certa vez me contou que sempre foi uma criança doente, acho que deva incentiva-la a se alimentar melhor, Claire dizia que se você come bem tem uma boa saúde.

Quanto ao jovem Ian, não exagere. Escrevo para Faith com pequenas situações do meu dia a dia, ele é um garoto curioso e é normal que se interesse no que eu faço como os irmãos antes dele, mas isso não significa que eu o atrairei para mim.

Mande lembranças a Ian. 

 

   15 de julho de 1765

Querido pai,

Em Lallybroch houve um suto de catapora, acho que tia Jenny deve ter lhe disto, meu querido Ian ficou doente, mas agora já está bem. Tão bem que me ensinou uma palavra em gaélico. Ele não vai transcreve-la aqui, foi uma brincadeira de mal gosto que me fez passar vergonha até tia Jenny descobrir e esfolar seu traseiro, de modo que já o perdoei.

 Eu já havia pegado catapora uma vez e por isso não peguei, mas foi agoniante ver as crianças se coçando.

Cristian também pegou e o pobrezinho chegou a ficar violento. Gritava e berrava sobre suas coceiras exigindo se coçar enquanto eu dizia que não podia, ele e seu amigo Angus tiveram péssimas experiências nesses dias, mas como disse graças a Deus está tudo bem.

           

12 de Agosto de 1765

Querido pai,

Semana que vem haverá um casamento, Em Lallybroch. Uma MacNab e um Murray, são nossos primos certo? O senhor não virá? É primeira vez que vou a um casamento e sinceramente estou animada, vi como estão ficando os preparativos e tenho certeza que ficarão lindos.  

 

 

             Foi um atípico dia ensolarado para o clima escocês era como se a natureza quisesse colaborar com a felicidade dos noivos. Além disso a festa de casamento de Sam e Cait estava muito animada assim como eles, totalmente alegres e apaixonados. Havia bebida, música, muita comida e crianças.

            Eu não sabia de onde haviam brotado tantas crianças, porque eu não via tantas em ocasiões normais e agora pareciam uma pequena horda de pestinhas vorazmente incontroláveis. Eu gritava “Josephine não faça isso!”, “Angus largue isso ou irá se machucar!”, “Cristian au nom de Dieu sossegue!”

               Por mais que eu tentasse controla-lo naquele instante parecia impossível, depois que se misturou ao outros pestinhas o diabo parecia ter entrado em seu corpo e depois de eu te-lo deixado tão lindo e arrumado parecendo um pequeno lorde! Fui obrigada a desistir se não quisesse estragar também o lindo vestido que meu pai havia me dado de presente no dia do meu último aniversário.

            Eu não ia a muitas festas obviamente, mas ele havia dito que uma mocinha devia ter mais de uma opção para se vestir. Uma preocupação boba, porém que mostrava o quanto ele era atento ao meu bem estar mesmo que não estivesse presente o tempo todo.

– O que estava fazendo? – Ian perguntou de boca cheia se sentando ao meu lado – está suada como um porco.

– É mesmo mon cher? – perguntei irônica me abanando com um leque.

– Mas ainda está bonita pelo menos.

Com essa tive que sorrir.

De Fato Tia Jenny e Maggie tentaram me arrumar como podiam e o resultado não era tão mal como no dia do meu aniversário, mas apesar disso tudo ninguém até agora havia me chamado para dançar diferentemente de Marsali minha irmã adotiva e Janet minha prima mais nova.

Por que eu ainda tinha esperanças?

– Ian você merece um prêmio – eu sorri – conseguiu levantar meu ânimo em menos de dois segundos. Tenho certeza que quando se casar sua esposa será uma mulher de sorte.

Ele ficou vermelho.

– Não quero me casar – descordou.

– Talvez não agora, mas um dia pode ser que queira.

– Está começando a falar como a minha mãe, acho que está sensível pelas cartas que seu pai tem mandado.

– Não estou sensível.

– “Ah papai, estou tão emocionada pelo casamento de Sam e Cait, ah papai é a primeira vez que eu assisto um casamento – ele citou imitando meu sotaque o menino infeliz.

– Escute aqui... 

Não terminei a frase pois no mesmo instante Fergus se materializou na multidão, eu não via seu rosto com detalhes, como eu não iria perceber sua forma ou sua maneira de caminhar tão descaradamente sedutora.

 Engoli em seco, colando meus olhos em Ian.

– Você quer me salvar de humilhação?

– Que humilhação?

– Posso explicar depois? Me tire para dançar.

– Faith eu não sei dançar eu vou pisar no seu pé – ele disse apavorado.

– Finja cherry, apenas finja.

E o pobre Ian tentou, eu tinha que dar esse desconto para ele. Enquanto tentava fingir que não vi Fergus olhei furtivamente para ele que estava dançando com nada mais nada menos que Marsali sob o olhar funesto de Laoghaire.

– Sabe de uma coisa Ian, – falei parando de pular como uma idiota pois também não sabia dançar, nada decente pelo menos, pensei infeliz.

 Me obrigar a dançar ali era uma provação

Merci.

Saí correndo e quase atropelei uma menina que corria de outro menino.

Só parei quando estava em frente ao moinho. Os sons da festa chegavam abafadas de lá e era melhor que ninguém me escutasse chorar.

              Fergus era louco! Como ele podia namorar uma menina de quatorze anos? Porque era ela a namorada não poderia ser outra. Há um ano atrás ela só tinha treze! Maldito fosse o depravado!

Meu pai não deveria saber daquilo, e eu que não iria dizer.

Mordi os lábios, queria que meu pai tivesse vindo, pelo menos eu não iria deixar o pobre Ian sem jeito.

              O que mais magoava era meu orgulho, pois aparentemente ninguém se interessava por mim, Cristian afastava todos os pretendentes. Eu não me arrependia de tê-lo adotado, mas queria um dia quem sabe, receber uma proposta um pedido de namoro qualquer coisa que ao menos levantasse minha autoestima.

– Maldição!

O grito me assustou, seguido por um som de algo solido caindo no chão, logo em seguida vi um homem caído.

Apressei-me a limpar as lagrimas.

– Ei, você está bem? – perguntei.

Ele gemeu.

– Vou ficar daqui a uma semana.

Ele se virou para ficar de barriga para cima.

Era alto de corpo esguio seu rosto denunciava uma juventude quase adolescente, mas deveria ter mais ou menos a idade do jovem Jamie. Tinha cabelos loiros levemente ondulados e olhos azuis, o rosto sujo e a aparência denunciava que ele havia passado da conta com a bebida.

– Você é a Filha do Jamie Fraser não é? – ele perguntou se sentando vacilante.

– Faith Fraser – confirmei – E você quem é?

Eu tinha a impressão que já o tinha visto em algum lugar.

– Da última vez que soube, era Callen MacNab agora não sei. Parece que estou um pouco fora de mim.

Eu ri.

– Me parece que é muito – apontei – Não deveria ter bebido tanto.

– Eu precisava – ele garantiu solenemente – Sam não deve estar em uma situação muito melhor que a minha.

– Espero que não esteja certo ou – dei de ombros – como ele teria noite de núpcias?

– Ele vai dar um jeito – disse bem humorado.

 Callen olhou bem para mim e começou a murmurar palavras estranhas em gaélico.

Eu não sabia se era porque eu realmente não as conhecia ou seu estado de embebedamento não me permitia entender. 

Algo parecido com sab leir, estreitei os olhos.

– Se está me xingando eu nunca irei saber – apontei.

– Xingando você? – ele disse aquela palavra de novo – nunca.

Eu definitivamente já o tinha visto.

Então abri a boca me lembrando!

– Por que estava usando kilt aquele dia? – ele era o rapaz no do outro lado do rio – É proibido.

– Do que está falando? – ele perguntou curioso.

– No dia em que cheguei a Lallybroch eu vi um rapaz do outro lado do riacho, exatamente ali – apontei para o lugar – ele era loiro, assim como você e estava usando Kilt.

 – Deus do céu você é bonita – ele mudou completamente de assunto me desconcertando.

 O desculpei por sua embriagues, mas não deveria.

– Está me ouvindo bem, monsieur? – falei estalando os dedos perto de suas orelhas.

– Monsieur? – ele sorriu olhando para os meus lábios – usar kilt é proibido há dezenove anos, porque eu faria isso?

– Esperava que pudesse me dizer.

– Eu definitivamente já usei um kilt – ele admitiu descaradamente sua voz devia ser bonita quando ele não estava bêbado – Já pensei até a me juntar as forças de Simon Lovat, bom não é um desejo que eu nutra ainda, – ele se distraiu na própria conversa então voltou a sorrir para mim – porém não me lembro de tê-la visto quando chegou em Lallybroch. Mas a vi muitas vezes depois disso.

– E por que eu nunca te vi?

– Por que eu adoro brincar de esconde esconde saaab leir – ele levantou o dedo indicador tocando a ponta do meu nariz.

– O que é isso que está dizendo? – perguntei curiosa me aproximando dele – sab leir?

Ele disse oh meu Deus em gaélico então ele olhou para os meus lábios. 

– Eu posso te beijar?

– Claro que non! – me levantei não me agradando em nada com sua ideia.

Ele se levantou cambaleante.

– Por que não? – ele deu um passo na minha direção e eu arregalei os olhos.

– Mal acabo de conhece-lo e já me pede para beija-lo não acha que é muito atrevimento? E depois não era disso que estávamos falando.

– Acho que é apenas um beijo – ele disse me abraçando.

Tentei empurra-lo, mas não consegui. O estranho era que eu não senti uma ameaça clara naquele abraço, pelo menos até o momento seguinte.

– Se não estivesse bêbado não iria sugerir isso!

– Talvez faltasse coragem, mas agora não – assim que ele me beijou e eu senti o gosto de uísque em sua boca e soltei um braço o socando imediatamente.

Ele cambaleou e o infeliz ainda caiu em cima de mim e da mesma maneira que eu sentia cada musculo do seu corpo moldado ao meu ele também deveria sentir.

Par Dieu!

 Minha sorte era que ele não era muito musculoso ou provavelmente teria me macucado pois esmagada eu já estava entre o chão e ele.

– Por que fez isso – ele gemeu.

– Porque Non é não e se não entende é Nay! – gritei nervosa – Agora saia de cima de mim!

Ele arregalou os olhos como se tivesse se dado conta do que estava fazendo, mas não teve tempo de demonstrar pois minha prima Kitty o acertou na cabeça com um pedaço de pau.

Maggie e Janet me ajudaram a levantar.

– Você está bem? – a mais nova me perguntou preocupada.

– Estou, eu...

– Miserável – ela chutou com força as costelas de Callen.

– Me perdoe, eu não queria força-la a nada, queria que ela gostasse.

Senti cada centímetro da minha pele ser tingido de vermelho.

– Quem gosta de beijar um bêbado pelo amor de Deus? – Maggie disse rispidamente.

– Acho que o Tio Jamie que salvou a vida do seu pai inúmeras vezes vai ficar muito satisfeito em saber que tentou agarrar a filha dele – Kitty disse friamente – Não é a toa que chamavam seu pai de louco, afinal você também é!

Callen se sentou ereto com seus olhos girando zonzos sob cada uma de nós.

– Eu mereço sofrer as consequências dos meus atos.

– Por favor não contem nada ao meu pai – eu pedi.

As irmãs me olharam incrédulas.

– Olhe seu estado, ele merece um castigo! – Maggie disse.

– Ele teve! Até agora levou um bom soco, uma paulada e um chute nas costelas. Não precisamos colocar mais gente nisso.

– Então podemos bater mais nele? – Janet perguntou animada com a ideia.

– Não seria ruim – Kitty disse ameaçadora.

– Não acho que seja necessário – falei – basta que ele saiba que da próxima vez que ele fizer isso não vou hesitar em dizer para o meu pai e eu tenho certeza que ele não vai ser tão bonzinho quanto as minhas primas.

Ele abriu a boca lutando para dizer alguma coisa, mas mudou de ideia e saiu com os ombros arriados.

Desabei.

O que meu pai iria pensar de mim se soubesse disso?

Provavelmente que eu era uma incapaz e nesse passo ele logo teria que escolher um marido para mim porque eu obviamente...

– A culpa não foi sua – Kitty me consolou.

– Eu sou tão tonta, tonta – chorei com a cabeça apoiada em meus joelhos.

Afinal, que garota em sã consciência e juízo se deixa distrair pela conversa de um bêbado, sem contar o perigo!

 Mas ele parecia tão inofensivo pensei infeliz.

– Callen é mais – Maggie garantiu.

Eu olhei para elas.

– Por que vieram? Não que eu não esteja feliz por terem vindo, mas...

– Ian disse que tinha algo errado, e não queria se meter com medo que fosse assuntos de mulher sabe – Maggie contou – então ele pediu que víssemos atrás de você.

– Ah Mon Cher Ian – murmurei.

             Quando voltei para festa já estava calma e as garotas haviam me ajudado a me recompor de novo de modo que nem tio Ian e tia Jenny desconfiaram. Aquele era nosso segredo e podia parecer bobo, mas me sentia mais da família ainda por isso.


Notas Finais


Até a próxima o/


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