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História Faith - Eu te perdoo


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 23 - Eu te perdoo


– O que achou do rapaz? – Claire lhe perguntou.

– Não anda muito bem – disse preocupado – passou o tempo todo encolhido enquanto falava com ele, acredito que teve uma educação severa e provavelmente esteja fugindo do pai.

– Eu posso vê-lo, talvez lhe dar algum remédio para que se acalme – ela sugeriu.

– Agora não – murmurou olhando em volta da cabine.

 Tudo parecia tranquilo sem Marsali, sem Fergus nem nada que atrapalhasse.

– Tem planos para essa noite Sassenach?

– Nada além de dormir – ela disse erguendo uma sobrancelha – e você tem?

– Se tiver alguns minutos livres quem sabe – fechou o braço em sua cintura fazendo com que ela se sentasse em suas pernas.

– Alguns minutos – ela sussurrou.

– Alguns minutos – ele confirmou beijando seu pescoço – até que alguém bata na porta.

Como se fosse um encantamento os golpes urgentes foram ouvidos e ele gemeu infeliz, deveria ter ficado com a boca fechada.

– Senhor Fraser precisa vir aqui – Era nada mais nada menos que o próprio capitão Raines.

– É urgente? – perguntou frustrado.

Pergunta tola, se o próprio capitão estava ali para chama-lo era porque algo muito grave estava acontecendo.

– Sim – ele confirmou – E sua esposa também deve vir.

– Alguém se feriu? – Claire se apressou em abrir a porta.

– Não senhora, mas é difícil de explicar apenas me sigam por favor.

             Havia um pequeno tumulto no convés alguns homens estavam em ciclo ao redor de alguém enquanto outros esbravejavam.

– Isso não é brincadeira o que ela estava pensando?! – MacLeod berrou.

– Acalme-se, tenho certeza que não fez por mal – um francês rivalizou com ele.

Viu Marsali e Fergus próximos ao local e deduziu que fosse com eles. Ou talvez não estavam tranquilos demais apesar da excitação que via nos olhos dos dois, ainda assim não pode deixar de perguntar, afinal “Ela” ou era Claire que estava descartada por estar com ele ou era Marsali não havia outra.

– O que vocês aprontaram dessa vez? – perguntou aos dois.

– Ah não Milorde, nós não...

– Não devia perguntar a nós – Marsali disse ofendida – pergunte a Faith.

– Faith? – Claire e ele disseram ao mesmo tempo.

Os homens abriram espaço e no meio deles a figura lacrimejante de Faith surgiu.

Quase enfartou, na blusa e caças um pouco largas para seu tamanho estava Faith vestida como um rapazinho, mas não qualquer rapaz.

Ferrez.

– Faith!

Ela empalideceu com seu grito, e não foi a única.

Para sua esposa pareceu tarefa complicada de mais ter a filha tão perto sem toca-la. Claire abriu espaço entre os homens e foi abraçar a filha.

– Faith pelo amor de Deus o que faz aqui? Pensei que havíamos concordado que ficaria em Paris.

– Vocês concordaram eu não – ela disse tentando limpar as lagrimas.

– O que em nome de Deus está fazendo aqui?! – gritou ele.

– Eu – ela se levantou dispensando corajosamente os braços da mãe para enfrenta-lo – vim atrás de vocês.

– Assim é ótimo para que não diga que eu sou a rebelde – Marsali disse.

– Fique quieta por favor mon amour – Fergus mandou.

Mau os ouvia seu alvo era ruivo e tremia da cabeça aos pés.

Avançou nela segurando seu braço sacudindo-a como uma bonequinha de trapos.

– Será que não consegue se dar conta do risco que está correndo? Do risco que correu se metendo em um navio cheio de homens.

– Solte ela agora Jamie – Claire mandou.

Ele soltou, não queria perder a cabeça. Respirou fundo e a encarou.

– Aquela história sobre o...

– Não é verdade, eu só disse aquilo porque rasgaram a minha roupa e eu não queria ser desmascarada.

– Rasgaram a sua... – ele andou de um lado para outro passando a mãos pelos cabelos – Parece que não adiantou muita coisa já que foi desmascarada não é?

– Adiantou muito pois não fui pega, eu confessei – ela ergueu o queixo com dignidade – eu aposto que eu teria ficado a viagem inteira sem que me descobrissem, mas me revelei. Porque minha consciência estava me matando eu estava enganando esses bons homens que realmente foram gentis comigo.

Não a maioria, ele percebeu pelos olhares furiosos que alguns destinaram a ela.

– E sua consciência não se abalou por seu pai? – indagou.

– Claro que sim! – gritou – Pour l’amour  pai, porque nunca me contou?

Sentiu que cada milímetro de sua pele era tomada de cor.

– Melhor irmos para a cabine – Claire sugeriu pegando Faith pelo braço.

Com os três na cabine a tensão pareceu aumentar.

– Essas lágrimas, espero que sejam de arrependimento.

Non me arrependo de nada, eu fiz o que eu devia fazer.

– E o que eu devia fazer agora era arrancar as suas orelhas. Por que não me ouviu?!

– Eu já disse o senhor não me ouviu!

– Não entende que eu apenas quero te proteger menina? É tão difícil assim entender?

– É tão difícil entender que eu não vou ficar em nenhum lugar que vocês não estejam e se quer saber prefiro que brigue comigo agora, sei que vai me perdoar depois.

E a pequena trapaceira ainda tinha coragem de usar sua própria frase contra ele!

Saiu de lá antes que cumprisse a ameaça de arrancar as orelhas dela. Se parecia demais com a mãe aquela moça inconsequente.

 

Claire passou a mão pelos cabelos da filha que agora bem mais tranquila estava deitada em seu colo.

Havia explicado a ela que não era fácil para Jamie contar o que havia acontecido com Jonathan Randall e ela ficou quieta escutando. Depois de tudo Faith permaneceu calada refletindo tudo que havia ouvido.

– Faith... – Começou, mas mudou de ideia.

 Como iria perguntar o que queria sem parecer piegas e ciumenta.

Oui mamãe? – ela perguntou.

Se encheu de coragem e falou.

– Você não gosta muito de mim não é?

– O que? – ela se levantou estreitando os olhos estava escuro e sabia que ela não deveria estar e enxergando quase nada – Do que a senhora está falando.

– Não a estou acusando de nada – se apressou em dizer – não faz muito tempo que nos conhecemos e não tive tanto tempo para te conhecer como o seu pai...

– Eu ainda não estou entendendo por que está dizendo isso – ela parecia realmente confusa.

Claire se sentiu ridícula, mas precisava ser franca.

– Sei que gosta mais do seu pai, sempre está procurando por ele e buscando sua aprovação e querendo saber o que aconteceu na vida dele no passado. E você nunca me perguntou como foi minha vida em minha época nem quis saber mais sobre sua irmã.

– Ah – ela suspirou – isso.

             Ela não disse nada por algum tempo e Claire tomou isso como uma dolorosa confirmação. Faith havia sido muito doce e carinhosa com ela desde que haviam se conhecido, mas sua total falta de interesse por sua vida era desanimadora e isso não havia lhe passado despercebido.

– É verdade que eu conheço mais o meu pai do que a senhora, mas isso não significa que eu te ame menos – ela lhe disse – estou obedecendo meu pai contra a minha vontade desde que estava em Lallybroch. Ele me disse: Seja uma boa moça Faith fique aqui pois eu não posso oferecer o lar que você precisa. Eu fiquei, mas quando você chegou eu tive esperanças de que poderíamos ficar juntos de finalmente sermos a família que eu tanto queria e só por você, você mudou tudo quando chegou. E não foi para ruim, até mesmo antes não tem ideia do quanto sonhei que você estivesse de volta para que eu pudesse abraça-la – ela suspirou.

Claire viu uma lagrima escorrendo por sua bochecha e quando falou sua voz soou tremula.

 – Je t’aime maman. Como não amaria? Não pode duvidar disso.

O calor invadiu seu corpo novamente. Claire não se considerava uma pessoa sentimental, mas naquele instante sentiu vontade de abraçar a filha e cair em lagrimas, mas em vez disso respirou fundo e se manteve firme.

– Bem – sorriu aliviada – esclarecemos um ponto, esclareceremos outros. O futuro, minha vida lá e sua irmã?

– O futuro não me interessa muito pra falar a verdade – ela disse com simplicidade – apenas que está aqui, quanto a sua vida lá, sim há algumas coisas que me incomodam.

– O que? – perguntou ansiosa.

– Não gosto de pensar que seu marido monsieur Frank tinha a mesma cara do Black Jack Randall, me pergunto como a senhora aguentou dividir a cama com ele.

– Frank e Randall eram pessoas completamente diferentes em atitudes e eu conheci Frank antes dele, mas já tive pesadelos com os dois – admitiu.

– E há isso – ela segurou a mão da mãe contornando a aliança dourada com o dedo – não é muito agradável olhar para ela.

– Quer que eu tire – disse pronta para fazê-lo se ela confirmasse.

Non, non! É apenas complicado ciúme bobo, não vou critica-la também prefiro não saber muito disso – ela falou baixo – e quanto a Brianna. Mudo de assunto e não quero falar dela porque ela me decepcionou.

– Como a decepcionou? – perguntou sem entender.

– Eu sei que ela não é como eu, que não lhe faltou amor quando era criança ela certamente não achou que fosse necessário conhecer o pai se sangue dela, mas desde que meu pai me contou que a havia mandado embora gravida e ele dizia com carinho dessa criança que ele não conhecia, – ela destacou – eu queria conhece-la tanto quanto queria conhecer a senhora e quando disse que ela não precisava vir porque tinha uma vida lá e não ia se dar ao trabalho de conhecer um pai que havia arriscado tudo para deixa-la segura eu tive raiva e não vou negar que ainda tenho.

– Faith – sussurrou de coração partido – Brianna gosta de seu pai o considera um herói o respeita.

– Mas se negou a possibilidade de ama-lo de conhecê-lo. Havia tanta dificuldade que ela viesse junto com a senhora? Ela poderia voltar não poderia?

– Sim, mas...

– Não sofra mamãe – ela pediu – ela é minha irmã e não a odeio, estou com raiva pois mesmo sem conhece-la gosto dela e sei Cristian gostaria de ter uma tia.

Claire não podia fazer nada, mas finalmente havia entendido sua filha mais velha.

– Quando voltarmos, você poderia me ensinar como se usa as plantas – ela sugeriu – e repito, por favor não pense que eu não te amo, seria uma blasfêmia – a abraçou. – e sobre meu pai, ele é um homem grande e teimoso que é orgulhoso demais para admitir que precisa ser cuidado, ninguém lhe deu muito amor ou ternura nesses vinte anos, por isso ocupei esse papel. Ele não gosta, briga comigo as vezes, mas vai me perdoar eu sei que vai.

Claire sorriu.

– Ele vai.

 

             Meus cabelos estavam soltos livres de qualquer trança que os haviam enclausurado por tantos dias e balançavam vividamente com a brisa marítima, Era maravilhoso viver sem o peso de uma mentira e naquele momento eu estava tranquila. Minha mãe estava no porão cuidando de um tripulante doente enquanto eu esperava no convés eeu continuava recebendo olhares desaprovadores de alguns tripulantes, mas não me importava já estava acostumada com eles.

Até agora não tinha visto meu pai, mas imaginei que ele logo se conformaria.

– Como vai Mademoiselle? – Fergus se sentou ao meu lado e eu olhei para Marsali que estava mais afastada nos observando.

– Acho que vou bem e você?

– Bem – ele sorriu – vim dar os comprimentos por sua audácia, milorde definitivamente esqueceu de Marsali e eu depois do seu grande feito.

Sorri sem humor algum.

– Espero que não tenha se aproveitado disso.

– Claro que non, eu sou um homem de palavra.

– Claro, claro – sacudi a mão.

– Eu vim lhe pedir desculpas sobre aquele dia em seu quarto...

S’il vous plaît Fergus, s’il vous plaît – eu ri – vou ficar rica sempre que me pedir desculpas.

– Queria eu non ter motivos para fazê-lo, mas tenho.

– Porque me deixou tão nervosa que desmaiei? Callen já havia feito sua parte antes de você.

Callen que agora estava longe demais para me fazer conhece-lo, pensei um tanto decepcionada.... ah é, a culpa era minha!

– A questão é que milorde tem sido um pai para mim, e eu fui ingrato o suficiente para magoar seus sentimentos.

– Não magoou exatamente... – suspirei e olhei para Marsali de novo – É difícil falar disso com ela me olhando.

– Ela não ouve nada.

– Eu sei, mas obviamente não falaria na frente dela que gostei de beijar seu noivo.

– Eu também gostei – ele admitiu – mas não foi certo porque amo Marsali.

Eu ri de novo.

– Queria que alguém falasse assim de mim – dei de ombros.

Talvez Calllen... Freei meus pensamentos. Longe, muito longe me lembrei mais uma vez.

– Marsali nunca saberá disso não é?

– Na verdade ela sabe – ele falou.

Engoli em seco e quase dei um pulo, mas fiz de tudo para manter a frieza.

– Teve coragem de contar?

– Contei a ela e contei a Milorde, não poderia viver com isso se não contasse.

Mon Dieu – respirei fundo – você é corajoso.

– Para os dois parece ter ficado claro que eu fui culpado.

– A culpa é nossa não só sua – descordei.

– Isso não importa mais sabe, talvez você não possa me considerar um irmão como deveria ter sido desde o começo, eu acompanhei a barriga de Milady crescer e ficava ansioso para brincar com você quando nascesse.

– Uma pena – murmurei.

– Mas lady Faith eu gostaria muito que pudéssemos ser amigos.

Eu olhei bem para Fergus e não consegui evitar o sorriso.

– Claro mon cher – falei dando um soco em seu ombro.

Ele me deu umas palmadinhas camaradas em minhas costas e foi para Marsali.

             Desviei os olhos para o mar, já não me importava com o que eles faziam apesar de ter sido um choque quando descobri que eles estavam no navio, a vida seguia. Eu definitivamente não tinha muita sorte no que se referia aos assuntos do coração.

– Ali está ela – ouvi a voz de meu pai.

Me virei achando que finalmente ele havia me perdoado, mas quando olhei vi que ele estava com um homem. Hugh um dos tripulantes e um dos melhores camaradas de Ferrez, ele havia me defendido no dia anterior quando disseram que eu merecia uma surra pelo que fiz.

Bonjour – cumprimentei.

– Pensei muito em como iria puni-la por ter me desobedecido, e agora o senhor aqui me deu a ideia perfeita! – ele sequer se deu ao trabalho de responder ao meu comprimento.

Eu estava realente com problemas.

– Deu? – perguntei incrédula.

O brutamontes corou como um salmão.

– Diga a ela o que disse a mim senhor Hugh – papai o incentivou.

– Senhorita Faith – ele engoliu em seco – me daria a honra de se casar comigo?

Senti que meus joelhos faltavam e encontrei o olhar perverso de meu pai.

– Então para me castigar o senhor decidiu me dar um marido? – sibilei direcionando toda a minha raiva para meu pai e não ao homem que havia feito o pedido.

– Não, esse homem veio a mim pedir a sua mão e como não quero me meter nisso disse a qualquer um que quisesse fazê-lo se comunicasse diretamente com você.

Mordi os lábios.

Ele ainda estava com raiva. E agora eu também estava porque aquele parecia um castigo exemplar.

– Sinto muito – falei com toda a tranquilidade que pude juntar com meu “pretendente” – não posso me casar com o senhor e mais ninguém.

– Seu pai me contou que tem um filho adotivo e eu sinceramente não me importo.

A sinceridade dele me comoveu, mas...

– Não é isso, é outra coisa – encarei minhas botas criando coragem para dizer o que eu ia dizer na frente do meu pai.

– Faith o que você fez?

– Eu nada, foi o que fizeram a mim.

– O que fizeram a você? – dessa vez ele estava pálido e preocupado.

– Outro homem já me pediu em casamento.

– E você aceitou? – ele perguntou.

– Não, mas penso em aceitar – falei.

O pobre Hugh deixou os ombros caírem e eu dei um tapa em seu ombro.

– Encontrará logo uma boa mulher – sorri.

Ele saiu deixando meu pai e eu.

– Diga o nome – ele exigiu esquadriando o convés.

– Se eu fosse o senhor não perderia meu tempo procurando aqui por que ele está na Escócia, e eu não vou dizer quem é.

– Callen MacNab – disse certeiro – eu sabia que havia alguma coisa entre vocês.

– Não consigo esconder nada do senhor! – falei em francês – ou ele lhe disse? Lhe contou o que aconteceu?

– Não precisou contar apenas vi a maneira como ele olhava para você – ele respondeu em inglês – Mas é melhor que seja um homem conhecido de nossa terra, ele não tem muito dinheiro, mas é um rapaz trabalhador. Assim que voltarmos mandarei uma carta para que venha pedir sua mão a mim e não quero uma palavra a mais sobre isso.

Ele disse me calando antes que eu pudesse falar.

– Cristian vai gostar de ter um pai – ele apontou – e você – disse me puxando para um abraço apertado – está perdoada, não posso ficar bravo com você.

Não podia, mas ficaria assim que descobrisse que eu estava mentindo.

 

 

 


Notas Finais


Até a próxima o/


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