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História Faith - Minha mãe voa


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 25 - Minha mãe voa


              Eu vinha sendo atormentada por terríveis pesadelos à noite, e Cristian era separado de mim na maior parte deles. Devia ser minha consciência, eu não parava de pensar nele e por vezes me escondi pelos cantos para chorar e ficava me perguntado porque não havia ficado com ele. Aquela viagem era muito desgastante, eu já havia ficado doente algumas vezes principalmente depois que sequestraram minha mãe, mas não morri continuava lá para que a saudade me matasse aos poucos.

             Aportamos em outra ilha para comprar alguns mantimentos e carregar o Artêmis com titica de morcego, ou pelo menos foi isso que entendi. Eu estava louca para sair, mas meu pai me barrou com olhar.

Quel est le problème? – perguntei agarrada ao braço de minha mãe, eu já estava mais que pronta para correr para a liberdade.

– Vestida assim você não vai sair, sua mãe vai tratar de lhe arranjar uma roupa decente não aguento mais vê-la dessa maneira.

Mamãe e eu nos entreolhamos.

– Mas a roupa é bem confortável e se eu me passasse por homem ninguém iria...

– Não! – foi curto e grosso – e ai de você se não me obedecer. Aposto que seu futuro marido não gostaria.

– Ele não está aqui – murmurei e ele ouviu.

– Faith...

– Vou lhe trazer mais de um vestido querida – mamãe interrompeu a bronca que ele me daria – fique aqui ele tem razão.

              Ela me lançou uma olhar cumplice e eu suspirei. Com a ajuda dela havia feito uma carta para Callen para que ele soubesse o que estava acontecendo pois eu tinha certeza que meu pai enviaria uma para ele, pois também enviaria satisfações sobre Marsali e o trato e eu rezava para que a minha chegasse primeiro. Eu queria ir com a minha mãe para ter paz no meu coração e nem isso eu poderia fazer.

              Eu tinha certeza que não era pela roupa que meu pai havia proibido minha saída do Artêmis, ele não queria me dar tempo para me meter em alguma confusão, mas eu não tinha grandes planos além de um inocente envio de carta para um rapaz que ele acreditava que seria meu noivo, mas não era. O que de mal tinha aquilo?

           Também não gostava de estar presa ainda mais quando havia lugares a serem explorados, no entanto tive que ficar observando os homens carregando a carga de guano para o navio, nenhum tinha tempo para falar comigo então me tranquei na cabine ouvindo os ruídos do trabalho deles. Felizmente eu havia recuperado a simpatia da tripulação, não como antes, mas eles não me ignoravam como fizeram no começo e graças a lê bon Dieu, ou Callen, nenhum voltou me pediu mais em casamento.  

             Me deitei na cama com as pernas para cima, eu também havia mandado uma carta para Cristian para que ele estivesse preparado para qualquer surpresa. Seria terrível se ele realmente acreditasse que eu iria me casar com Callen sem dar o mínimo de valor a sua opinião. Se eu me casa-se, com Callen ou seja lá quem fosse, Cristian participaria da minha escolha e teria direito de voto.

O que mon petit homme estaria fazendo agora?

             Depois de um longo tempo na cabine me cansei e fiquei dando voltas no convés o movimento dos marujos havia diminuído e de lá eu vi o senhor Innes e Brodie no porto. O navio estava vigiado e eu também, revirei os olhos. Me sentei em um vão entre o mastro e o convés parecia um bom esconderijo e eu podia ver todas as nuvens no céu. Ali, pensando na Escócia e nos que ficaram lá, peguei no sono.

 

Eu não sabia o quanto havia dormido até ouvir a gritaria superficialmente.

– Ninguém vai sair daqui até encontrarem minha filha!

Me remexi confusa, meu pai estava louco? Eu não havia ido a lugar nenhum. Ele devia estar falando de Marsali isso sim.

– Faith – Marsali me cutucou – Faith acorde.

Então não era dela que ele estava falando.

– Eu não fiz nada Marsali diga a papai que não fiz.

– Parece que não fez, mas ele vai te matar mesmo assim.

Abri os olhos finalmente e olhei para ela.

– O que eu fiz?

– Venha eu te ajudo.

Ela me deu a mão e eu sai de onde estava.

– Ela está ali – mamãe foi a primeira a me ver.

E meu pai logo em seguida com a expressão aliviada e logo furiosa.

– Você vai terminar por me deixar grisalho antes do tempo!

– Eu non fui a lugar nenhum estive aqui o tempo todo, fiquei entediada.

– Então achou um buraco e se enfiou?!

 Eu ri com a colocação dele, todos riram.

– Oh papai.

Ele fez uma careta enquanto parecia tentar não ri.  

– Venha Faith, vamos trocar essa roupa? – mamãe me chamou.

Foi quando percebi um rosto diferente, ele era negro alto e não tinha um braço como o senhor Innes.

– Quem é? – perguntei.

– Ah, um escravo... meu escravo.

Olhei chocada para ela, nunca teria imaginado que ela fosse capaz.

– Jesus H. Roosevelt cristo! Não menina não é nada disso.

Quando chegamos na cabine ela me contou tudo que havia acontecido, para compra-lo e eu entendi.

– Acho realmente que meu pai nos teme andando juntas por ai – brinquei e suspirei – A senhora é uma boa pessoa.

– Não sou – ela de ombros – apenas tento agir da maneira correta.

– É mais que o suficiente para mim – falei então sussurrei – enviou as cartas?

– Claro que sim, agora reze para que cheguem primeiro.

– Obrigada por ter me ajudado com as cartas – eu disse com fervor.

Ela sorriu, mas logo me encarou seriamente.

 – Se estivéssemos no futuro eu poderia leva-la a um médico para que ele visse qual é o seu problema.

– Ele poderia fazer com que eu enxergasse bem? – perguntei fascinada.

– Se não pudesse ao menos poderia ajudar a aliviar o problema.

– Como?

– Talvez – ela disse arrumando as dobras de meu vestido – lhe fariam um cirurgia nos olhos ou lhe dariam óculos. 

– Uma cirurgia nos olhos? – me arrepiei – Definitivamente non como aguentaria a dor?

– Há algo chamado anestesia, bloqueia os estímulos nervosos e você não sente dor.

– Bloqueia o que?

– Eu gostaria de poder te mostrar – ela disse – tiraria umas bonitas fotos suas, te levaria a um parque de diversões, Cristian também gostaria disso – ela mais parecia estar pensando auto – e a levaria a meu restaurante preferido em Boston.

              Eu sorri, ela se perdeu falando do que poderíamos fazer juntas sem se lembrar que eu não sabia o que era aquelas coisas que ela dizia.

– Poderíamos ir com Brianna – sugeri.

O sorriso dela se alargou.

– Engraçado como cada um de nós pronuncia o nome Brianna.

– Brianna – repeti.

– Birrrianna você diz – ela imitou meu sotaque – e seu pai Brrranna.

– Bri-an-na – falei separadamente para pronunciar como ela.

– Não se esforce, gosto do seu sotaque tanto quanto gosto do sotaque de seu pai.

– James Alexander Malcolm Mackenzie Fraser – o imitei.

Ela riu.

– Aposto que Brianna a levaria para lugares mais interessantes do que eu, lugares apropriados para jovens como vocês.

              Ela tentou me explicar, que haviam lugares onde os jovens do século XX iam para dançar, mas aquilo não me interessou muito eu tinha dois pés direitos e nenhuma vontade de dividir pouco espaço com muitas pessoas com corpos quentes e suados, eu não via emoção naquilo, mas eu gostaria de ver uma televisão, um rádio pareciam ser fascinantes.

           Quando fomos para o convés vi cada olhar masculino se voltar para mim, nenhum deles estava acostumado, a ver Faith e sim Ferrez. Eu corei instantaneamente, não era para tanto, era um simples vestido de algodão não havia nada demais ou provocante nele.

 Mon Dieu ele teriam que se acostumar!

– Está muito bonita – papai aprovou – Mas agora mesmo, vai tirar esse vestido e colocar suas calças.

– Como? – perguntei confusa.

– Não a olhavam assim quando estava vestida como um rapaz – ele apontou.

– Jamie pelo amor de Deus isso é ridículo! – mamãe disse indignada.

– Ela pode se vestir como uma lady quando chegarmos a Jamaica – sentenciou ele não dando espaço para discussão.

             Revirei os olhos e de novo me coloquei a trabalho de trocar de roupa, pelo menos os trajes masculinos eram fáceis de colocar e foi melhor tê-las colocado principalmente quando os piratas nos atacaram.

             Papai mandou que ficássemos no porão perto do guano, mas eu estava pronta para nos defender se fosse preciso.

– Eu poderia ser útil lá em cima – murmurei.

– Nem pense nisso – mamãe falou.

– Eu não vou, porque lá tem homens o suficiente e eu devo proteger vocês – apontei.

– Não consigo imagina-la trocando socos com um homem – ela disse.

– Briguei com mulheres apenas em três ocasiões na minha vida – ri baixinho o som foi afogado pela gritaria lá de cima – Uma vez uma prostituta achou que eu estava roubando o ponto dela só porque dormi lá.

– O que aconteceu? – Marsali perguntou.

– Ela tentou me bater e isso seria um problema porque ela era o dobro do meu tamanhos e em largura, então a derrubei e sai correndo.

– Muito esperto da sua parte – mamãe disse com as voz trêmula – e as outras?

– A segunda vez foi por comida e até levei uma mordida na mão – era difícil não sorrir me lembrando da expressão da outra garota quando me mordeu, Marceline – infelizmente ou felizmente mulheres não são grandes ameaças, já que não sabem em sua maioria empregar a força que tem. Então eu sempre tive essa vantagem, mas contra homens é diferente, a maioria são mais autos e mais fortes que você. E como se derrota um homem?

– Na cama – Marsali sugeriu.

– Uma boa ideia se for seu marido – falei.

– Usando a força deles contra eles – mamãe tentou.

– Sim, mas principalmente homens não pensam muito quando entram em uma briga, e por mais espertos que possam ser sempre acabam convencidos que sua força é o suficiente, mas nós mulheres somos mais astutas. E é o mais esperto que sobrevive não o mais forte.

              Ninguém disse mais nada, e Marsali começou a rezar, minha mãe estava tão quieta e concentrada que imaginei que ela estivesse rezando também, eu no entanto estava relativamente tranquila. Até ouvir os canhões. Não que eu tenha me desesperado, mas Marsali sim.

– Eles irão nos afundar nós vamos morrer afogadas! – ela saiu correndo.

– Não Marsali é perigoso! – ela gritou, mas a garota já havia ido

– Eu vou atrás dela você fica aqui – pedi a mamãe.

– O que você vai ver nessa escuridão? E desde quando você me dá ordens menina? – ela disse rispidamente – Vamos.

Não pude fazer nada além de concordar, fomos atrás de Marsali.

Eu não via absolutamente nada, mas ouvia muito bem. Ouvimos os gritos de Marsali e perto da luz por sorte.

              Aquilo era uma prova do que eu havia dito. Como derrubar um homem com o dobro do meu tamanho e com muito mais força? Ele olhou para mim e achou que eu fosse um rapaz, sua linguagem corporal representou cautela, mas não medo de uma ameaça.

– Solte-a agora seu bastardo! – engrossei a voz reforçando os gritos de minha mãe ao meu lado.

Isso chamou a atenção dele o suficiente para que Marsali pudesse correr.

E o infeliz se voltou contra mim.

– Nem se atreva filho da puta – avisei indo para cima dele.

– Faith! – mamãe gritou.

– Saia daqui, eu vou dar um jeito nele! – eu disse pendurada nos ombros do pirata, meu plano era derruba-lo, mas ainda não sabia como exatamente.

– Uma merda que eu vou sair!

– Sua mãe – o homem gritou tentando se livrar de mim.

– Não é da sua conta!

Ele me bateu contra a parede e tive medo de ter quebrado uma costela, mas o grito que ouvi não era o meu era dele por minha mãe ter cravado uma de suas faquinhas nele.

Saltei para o chão e o empurrei com toda a força contra a parede.

Ele caiu com um baque estrondoso.

– Você está bem? – ela me perguntou.

– Vou ficar, precisamos encontrar Marsali!

Quando nos colocamos a fazer isso o homem segurou meu pé.

– Solte! – minha mãe chutou-lhe a cabeça e tivemos que correr escada a cima, lá pelo menos minha visão era melhor, mas não boa o suficiente. Mal coloquei o pé para fora e um homem me atacou.

– Course maman – gritei em francês e não precisei falar duas vezes. Pois também a perseguiram.

             Eu estava mole, fazia tempo que eu não precisava brigar com ninguém e agora enquanto trocava socos com mais de um homem no convés me sentia pesada, não era ágil o suficiente.

           Olhei em volta preocupada em saber onde estavam mamãe e Marsali foi quando a vi pendurada em uma corda e um pirata atrás dela, sabia que era ela pois Marsali não era tão alta e não estava usando branco. Não tive tempo de fazer nada pois logo em seguida alçou voo direto ao convés para o meu horror completo.

         Corri desesperada na direção dela derrubando um idiota que se pôs no meu caminho. Me ajoelhei ao lado dela, eu não conseguia ver direito, mas logo senti o indiscutível cheiro de sangue.

Senti que ia desmaiar o mundo estava dando voltas, mas não podia fraquejar enquanto ela estava tão mal.

– Mamãe me responda – pedi dando tapinhas em seu rosto.

Ela não respondeu, eu me curvei sentindo seu coração. Graças a deus ele batia, mas porque ela não me respondia?

Passei as mãos tremulas pelo meu cabelo.

– Papai! – gritei – Fergus! Socorro!

Ninguém apareceu e a confusão se seguiu.

– Marsali! – gritei.

Ela apareceu de repente e se plantou ao meu lado.

– Há muito sangue – chorei – não sei de onde vem.

– Em inglês por favor? – ela pediu e eu repeti a frase.

– É o braço, parece um corte feio, mas eu não sei o que fazer – ela disse assustada.

– Papai! – usei todas as forças dos meus pulmões.

O chinês apareceu, Fergus apareceu e ele só foi aparecer desesperado e cambaleante depois que os piratas haviam sido expulsos.

– O que... O que ela foi fazer! – ele estava furioso e apreensivo o ao mesmo tempo.

– Você viu? – perguntei num fio de voz – Porque não veio antes?!

– Estava tentando – respirou cansado e seus olhos pareceram me analisar.

– Você está bem.

– Acho que sim, mas mamãe...

Marsali havia colocado uma capa em cima dela, mas seu braço continuava aberto e precisava ser costurado.

Eu cambaleia tonta e Fergus me segurou.

– Você está bem Lady Faith? – perguntou.

– Não estou – mas minha voz saiu arrastada e eu desmaiei.

 

Claire havia acordado, acreditando que seu voo não saiu tão mal assim, pelo menos foram apenas trinta pontos sem anestesia e vendo a filha inerte no chão.

– O que aconteceu com ela? – perguntou preocupada.

– Nada, ela vai ficar bem – Jamie havia lhe dito.

– O olho dela está do tamanho de uma maçã – apontou – é logico que ela não está bem, preciso vê-la ela pode ter tido uma contusão ou...

– Fique quieta onde está – ele avisou – Nossa filha briga muito bem, acaso não viu? Porém não havia como sair ilesa de luta como aquela, mas não foi isso que a derrubou.

– O que foi? Me diga pelo amor de Deus!

– Passa mal quando vê sangue – revelou ele – viu você naquele estado, aguentou muito até, mas como não podia fazer nada desabou, acredito que foi melhor assim. Ah sinto muito Sassenach, ela nunca será uma medica como você – ele brincou por fim para aliviar a situação.

Ela ignorou essa parte.

– Então ela estava preocupada comigo também...

– Quem não estava, com a quantidade de sangue que perdeu!

– Sim, sim, você já disse isso. É que eu sempre a vejo preocupada por você, já disse isso a ela é um ciúme bobo eu sei...

– Ela te ama, amou antes de conhece-la.

– Eu sei, ela me disse – sorriu com lagrimas nos olhos – Eu sempre imaginei como você se sentia tendo vivido a vida inteira longe de Brianna e eu me sinto assim com Faith tentando achar o caminho para o coração dela.

– Você já encontrou – disse lhe dando um beijo.

– Jamie pode me fazer um favor?

– Todos que não tenham a ver com pular da corda do mastro.

– Acho que é mais fácil do que isso.

– O que é?

– Me leve até ela.

 


Notas Finais


Até a próxima o/


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