1. Spirit Fanfics >
  2. Faith >
  3. Meu segredo, minha vergonha, minha perda.

História Faith - Meu segredo, minha vergonha, minha perda.


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 28 - Meu segredo, minha vergonha, minha perda.


6 anos antes...

              Eu respirei fundo olhando, para Marceline minha melhor amiga e companheira de trabalho por assim de dizer.

Que trabalho! Pensei infeliz.

– Vamos tire logo essa roupa – ela me incentivou.

Fiz uma careta.

             Belo trabalho dançar nua em um bordel. Se é que podia se chamar aquilo de dançar, mas os homens não se importavam desde que vissem seios balançando diante de seus olhos. Fazia um ano e era por causa daquilo que não morria de fome, mas era degradante, ainda mais quando via os homens parecendo contar cada sarda que eu tinha no corpo. Nunca vendi meu corpo como prostituta, mas aquilo era quase a mesma coisa e eu não gostava daquilo.

– Vamos Ruiva o que há com você hoje?

              Marceline também era ruiva e era com ela que os homens iam afogar sua excitação depois de minha “luxuriosa” dança. Ela também não gostava daquilo, mas assumiu essa árdua tarefa para proteger minha "inocência" já que a dela estava “perdida”.

– Eu não queria uma vida assim – murmurei tomada de tristeza – Não seria bom se tivéssemos nossa própria casa, com um jardim bonito e crianças gordinhas?

– E maridos beberrões que estariam a toda hora reclamando que a comida não está boa o suficiente. – ela riu e deu um longo suspiro – Bom, não custa nada sonhar, mas precisamos manter os pés no chão essa é a nossa realidade.

– Não quero mais que seja – fiz uma careta passando a mão pelo peito – alguma coisa ruim está para acontecer.

Marceline me olhou preocupada.

– Você realmente me assusta quando diz essas coisas.

– Então vamos fugir, vamos voltar para Paris não quero mais ficar aqui – pedi.

– Tudo bem, mas amanhã agora já é noite e é perigoso.

– Então hoje será o gran finale?

– Sim – ela garantiu – Espero que dessa vez seja diferente lá.

– Eu também – sussurrei e finalmente tirei a roupa.

             Coloquei uma máscara sorridente. Por dentro eu me sentia nauseado e doente escondendo meu orgulho e o que restava da minha dignidade como pessoa enquanto dava voltas letas e provocativas pelas mesas recebendo aplausos e assovios. No entanto eu não me sentia bonita. Eu me sentia a mais horrível das mulheres. Eles queriam meu corpo e eu não importava com eles e talvez nunca acreditasse que alguém me acharia bonita ou diria que eu era sem ter a segunda intenção de possuir meu corpo.

– Eu quero você ruiva – um dos homens se aproximou se destacando pela sua altura dos demais.

– Venha – falei baixo pegando a enorme mão.

Meu estomago revirou eu sentia a mesma coisa sempre que tinha que fazer aquilo, o levei para o quarto mal iluminado.

– Deite-se – falei.

– Não eu a quero agora aqui em pé.

Ele me puxou para perto me colando em seu corpo. Eu havia cometido o primeiro erro, o deixei se aproximar demais, e meu instinto estava gritando como loco: PERIGO!

– Sente isso moça, estou ardendo por você.

– O senhor pode me soltar por favor – tentei empurra-lo, mas ele já estava agarrado com tanta força que não consegui me soltar.

Isso raramente acontecia, já que a maioria dos clientes estavam bêbados e não eram tão grandes como aquele.

– Por que está tentando resistir nunca fez em pé? – ele sussurrou cheio de malicia em meu ouvido.

– Não, saia! – eu empurrei com mais força, mas sem resultados.

– Ah – ele ofegou – Você é virgem!

Ele riu libidinosamente chupando meu pescoço.

Me apavorei e comecei a gritar.

– Sim grite mais isso vai ser mais divertido assim – ele me empurrou contra a parede erguendo minhas pernas me deixando completamente exposta.

– Se você não me soltar agora eu juro que vou arrancar as suas bolas! – rosnei.

Ele puxou uma faca apontando para meu pescoço.

– Antes ou depois de eu lhe cortar a garganta? – ele remexeu nas calças – vamos brincar um pouco o que acha...

              Ele foi interrompido quando Marceline o acertou na cabeça com uma bacia de lavar mãos. Ele me soltou imediatamente e virou para ela furioso a derrubando com um tapa.

Eu o chutei nas costelas, ele arqueou, mas não caiu então me deu um soco tão forte que cai no chão no mesmo instante desnorteada.

– Bando de putas traiçoeiras – o ouvi resmungar, então ouvi os gritos de Marceline – ah você não é virgem, mas a sua amiga...

– Seu...

A frase ficou suspensa no ar com um gorgolejo horrendo.

 Me ergui para vê-lo cortando o pescoço dela.

              Naquele instante não me lembrei que ele tinha uma faca na mão, eu pulei em cima dele com tanta irá que o derrubei no chão a faca rolou e ele me deu um tapa eu cai, mas peguei a faca e quando ele sentou em cima de mim cravei fundo em seu abdômen.

Mais sangue.

             Ele começou a tremer e eu o empurrei para que saísse de mim. Eu observei ajoelhada enquanto ele agonizava e exalava seu último suspiro. Eu poderia sentir prazer por sua morte? Minha amiga estava morta, e para todos os lados havia sangue quente e pegajoso.

Um grito de puro pavor escapou pela minha garganta e finalmente, as pessoas entraram no quarto para presenciar a macabra cena.

Eu desmaiei.

              O assassino pelo que fiquei sabendo depois era um maníaco de quem ninguém sentiria falta a dona do bordel entregou o corpo as autoridades que o descartou em uma vala qualquer. Para Marceline ofereceram um enterro simples e sem direito a um padre. A mim me ofereceram o direito de ir embora em paz.

E eu poderia estar em paz com essa lembrança? Nunca, jamais.

 

 

               Quando eu acordei era de manhã percebi que estava sozinha no meu quarto na casa da montanha. Isso significava que eu havia perdido uma noite inteira e não fazia a mínima ideia do que havia acontecido. Meu corpo tremeu ao me lembrar do corpo daquela mulher sem vida e com os olhos fixos no negror da morte. Como Marceline.

              Meus olhos se encheram de lágrimas e eu tive que segurar a ânsia que tinha de chorar aos berros. Eu tentava não me lembrar daquela noite, mas sempre rezava por Marceline apesar dela ser uma marca. Quando ela morreu deixei definitivamente minhas esperanças para trás sonhos, e por isso eu não tinha absolutamente nada quando cheguei ao Dês Agnes e saí de lá com tudo.

– Faith? – era minha mãe – Podemos entrar?

Eu me apressei em limpar as lagrimas.

– Podem – falei.

Ela entrou com meu pai e eu tentei sorrir, mas foi um sorriso triste.

– O que aconteceu? – perguntei.

– Uma história pesada demais antes do café da manhã – papai disse – mas e você? Desde sempre teve essa intolerância a sangue ou...

 Senti o sangue fugir do meu rosto ao lembrar se é que eu ainda tinha algum. Deixei minhas mãos tremulas por baixo das cobertas e fechei olhos, não queria que eles percebessem.

 – Sabem o tipo de coisa que é tão dolorosa que você não consegue dividir?

– Sabemos – mamãe sussurrou segurando minha mão por cima da coberta – mas pode nos dizer qualquer coisa sempre que quiser.

Eu abri os olhos vendo o quanto eles estavam preocupados comigo.

– Eu tinha uma amiga, falei baixo – e ela morreu exatamente como aquela mulher...

Eles se entreolharam.

– Tudo bem querida – mamãe me abraçou enquanto eu me segurava para não desabar – Não precisa dizer nada se ainda não estiver pronta.

Merci, porque eu realmente non quero agora.

Eles me deixaram para que eu estivesse só com a minha tristeza.

Mais tarde quando eu estava mais tranquila. Eles voltaram para explicar o que havia acontecido na noite anterior e as suspeitas com o Chinês. E também...

– Agora sua mãe sabe de tudo – ele falou.

– Tudo, tudo? – perguntei.

– Eu deveria saber que tinha dito a ela – mamãe olhou do meu pai para mim.

– Então você sabe do meu... William – murmurei com medo que ela não gostasse que eu dissesse meu irmão.

– Eu sei do seu irmão – ela disse – foi um choque, mas não amo menos o seu pai por isso.

– Que bom – respirei aliviada.

– Tenho uma surpresa pra você, aposto que vai ficar feliz com isso – papai disse pegando algo do bolso e colocando na minha mão.

Era um retrato de um garoto de cabelos castanhos e olhos azuis e puxados de gato como os meus.

Olhei para o meu pai e olhei para o pequeno quadro.

– William – murmurei emocionada – mon petit jollie um moço.

– É – meu pai disse dando palmadinhas em meus ombros.

– Pai – sussurrei – pode me dar uma foto da minha irmã?

Meu pai e minha mãe ficaram surpresos pelo pedido, mas felizes.

– Diga qual você quer, eu te darei – ele disse com um sorriso feliz no rosto.

– Quero uma que ela tenha a mesma idade de William nesse retrato – falei.

              Ele me entregou e eu olhei para os dois juntos, eles se pareciam mais entre sim do que se pareciam comigo eu dei um sorriso infeliz.

Eu, Brianna e William. Será que seriam mesmo impossível que pudéssemos estar todos juntos um dia?

 

– Estamos indo para a mansão Rosa – papai disse a mim no dia seguinte.

Eu assenti.

– Não vai sugerir vir conosco? – mamãe perguntou.

– Não eu, não estou me sentindo muito bem...

– O que você tem? – ela perguntou preocupada.

– Não é nada demais – dei de ombros – apenas não me sinto desposta.

– Realmente não é nada demais? – papai perguntou.

– Não se preocupem comigo – sorri – vou estar bem aqui, quanto a vocês sim deveriam ter cuidado e se encontrarem Ian o tragam logo de volta, morro de vontade de dar um abraço naquele magrelo.

– Claro – ele sorriu.

Eu o abracei forte e logo em seguida a minha mãe.

– Eu amo vocês, muito.

Eles se entreolharam.

– Marsali – papai chamou.

Ela estava sentada na cadeira de balanço do lado da minha cama e se levantou prontamente.

– Sim?

– Pode ficar de olho em Faith ela não me parece bem.

Revirei os olhos.

– Talvez eu não esteja com força total, mas não preciso que me olhem agora vão.

Eles ainda pareciam preocupados quando saíram e eu também estava.

Marsali eu fomos dar uma volta no jardim, ela insistiu dizendo que eu parecia mais sem cor que o normal. Contra mim, eu tinha a fraqueza que mesmo que eu quisesse esconder não podia. Me sentei no chão.

– Você não parece mesmo bem – Marsali se sentou ao meu lado – precisa de alguma coisa?

– Não Marsali eu estou bem, mas... – olhei para o céu que se fechava em nuvens – as vezes eu tenho pressentimentos sensações estranhas.

– Pode ser que herdou os poderes de sua mãe – ela sugeriu – nunca acreditei quando minha mãe dizia que ela era uma bruxa, mas as vezes...

– Ela non é uma bruxa – falei – e eu não herdei os poderes dela.

– Mas você tem poderes, você viu um fantasma e está adivinhado o futuro.

Ela ainda se lembrava da minha história, ótimo.

– Eu não acho nada disso...

Me interrompi quando vi a imagem perfeita de Ian em baixo de uma arvore próximo a nós.

– Marsali...

              Uma pesada chuva caiu sobre nós naquele instante, ela obviamente não viu o que eu vi ela me puxou para que entrássemos logo dentro de casa e quando eu olhei de novo ele não estava lá.

              Eu não sabia o que era aquilo, mas por um momento acreditei que La Dame Blanche tinha algo a ver com aquilo.

Como eu temia, eles não voltaram.

– Vá atrás deles – eu disse a Fergus que já se encaminhava para fazer isso.

– Não se preocupe Lady Faith eles devem estar bem, só não puderam mandar notícias – ele disse em Francês.

– Tome cuidado – Marsali lhe avisou e se despediu com um beijo.

E esperamos de novo enquanto uma chuva pesada caia do lado de fora.

Eu andei de um lado para o outro. Eles tinham encontrado Ian eu tinha certeza, mas o que estava acontecendo?

              Fergus voltou depois um tanto frustrado. Os havia encontrado e eles haviam encontrar Ian, mas meu pai não queria que ele fosse com eles porque achava que Marsali era nova demais para ser viúva.

– Ah mon Dieu – cai sentada. – os ajude por favor.

– Reze Faith deus ouvirá suas orações – Marsali disse confiante.

– E você acha que ele realmente irá me ouvir? – perguntei.

– Acredito, você tem essa coisa não sei, acredito que desde que chegou tem acontecido milagres.

Eu revirei os olhos.

– Que milagres?

– Milorde voltou a sorrir – Fergus disse – Talvez se não fosse por você Milady não teria voltado quando ela descobriu sobre Lady Laoghaire.

Non é bem assim – falei – se meu pai fosse ferido eu tenho certeza que ela voltaria por ele.

– Não fará mal rezar Faith – Marsali disse.

              Não faria, mas eu era mais do "Faça tua parte que eu lhe ajudarei". Eu não havia nascido para esperar e talvez por isso tivesse nascido fora da época. Por isso quando a primeira onda de fome veio naquele povoado e não havia como sair eu não esperei morrer de fome, vendi minha imagem, meu pudor, mas não minha honra. E como rezei naquela época por mim e Marceline eu rezaria agora.

Por minha mãe meu pai e Ian.

Os resultados de tanta oração foram demorados, mas finalmente quase um mês depois eles mandaram notícias.

– Onde eles estão? – perguntei ansiosa a Fergus.

– Estão com Ian Lady Faith e chegaram na América!

 


Notas Finais


Até a próxima o/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...