1. Spirit Fanfics >
  2. Faith >
  3. O Conde de Ellesmere

História Faith - O Conde de Ellesmere


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 33 - O Conde de Ellesmere


Caro senhor MacNab

O inverno chegou e com ele minha esperança de não morrer assada neste lugar, me sinto vivendo no mais natural estado do ser humano, no meio do nada junto a natureza. Quando meu pai estava me ensinado a nadar ainda no verão não teve coragem de se queixar por eu estar com calças nos joelhos, ele havia prometido que não se queixaria, mas eu pude ver sua expressão de sofrimento. Como se alguém além dele minha mãe ou Ian fossem me ver assim. Não há muitas visitas humanas aqui, a não ser de alguns índios que deram ao meu pai o apelido de matador de urso, acho que te contei o que ele fez um pouco antes de sairmos de River Run. Imagino que Cristian vai adorar esta história. E vou dizer para que saiba, estive ajudando meu pai e meu primos a construírem nossa casa, mas ele já me avisou que assim que o Senhor Innes chegar com os trabalhadores no próximo verão me dispensara sem nenhuma consideração. Não sei porque ele se incomoda tanto por eu ajudar.

Também tenho escutado meu pai perguntando sobre minha irmã, isso eu não te disse. Eu tenho uma irmã, mais nova que eu e ela não vive aqui. Me magoa que ela não tenha vindo para nos ver, por isso prefiro não falar muito dela. Mas meu pai, bom ele não pode evitar é a filha dele e ela a ama.

Eu acho que você, se ainda quiser é claro, pode vir depois que o inverno terminar, também disse isso a Cristian e espero que estejam dispostos. Teremos uma longa conversa senhor MacNab.

Faith,

Eu realmente não sabia que tinha uma irmã, mas espero que ela reconsidere, seja lá quais motivos a fez não querer visita-los.

Se eu disse-se que não gosto da ideia de que você anda com uma calça nos joelhos, me mataria? Não que eu queira te controlar, mas estou sendo sincero uma mulher definitivamente não deveria usar calças. De qualquer maneira, sei que está bem protegida com seu pai. Sigo fazendo progressos com Cristian, ao menos assim espero, as vezes é difícil saber o que ele pensa, são raras as vezes que se abre comigo. Mas sim, sinto que estamos avançando.

 

Sr MacNab.

Obrigada pela sua sinceridade, mas também não é sempre que eu uso calças, só quando acho necessário. Menos ainda por cima do joelho já disse, estava aprendendo a nadar. Acho que está fazendo progressos sim com Cristian, ele o mencionou umas duas vezes em cartas que me enviou e sim isso é muito.

 Não sabe o que tem acontecido nesses últimos meses, no inverno meu pai torceu a coluna e minha mãe foi atrás dele temendo que tivesse sido comido por um urso. Ficamos preocupados quando percebemos que nenhum deles voltava, mas graças a Deus os encontramos no dia seguinte. Algum tempo depois minha mãe teve um acidente e acabou se perdendo e voltou com um crânio com o qual ela parece ter uma profunda obsessão já que foi seu companheiro nesses dias que esteve perdida. Os homens que meu pai precisava para "colonizar" a terra chegaram e Fergus também trazendo Marsali e o bebê Germaine, ele é a coisinha mais linda desse mundo!

Meu pai fez uma viagem para Cross Creek para conseguir dinheiro e foi apostando para multiplicar a quantia. O que ele não sabia era que fui junto. Foi emocionante! Não sei como você encara isso, se acha que faço e digo essas coisas para assusta-lo. Estou muito longe de ser uma moça convencional por isso sou sincera, como você mesmo disse, para que saiba exatamente quem sou eu e se estiver disposto me aceite da maneira que sou. Abaixo coloco meu relato narrado por mim e tão bem escrito por meu primo Ian que ficou admirado (ela disse com inveja, mas ele editou para admirado) com meus feitos...

             Eu não disse para minha mãe onde eu ia, não disse nada para meu pai, mas era obvio que assim que desse por minha falta ela saberia onde eu estava e ele continuaria inocentemente acreditando que eu estava em casa com mamãe.

Foi fácil me misturar aos homens que foram com ele para Cross Creek. Mais fácil e sem remorso algum foi roubar uma pequena parte da quantidade de dinheiro que ele levava consigo.

O vi xingando, mas ele não acreditava que ninguém do seu confiável bando o houvesse roubado. Fiquei com pena da expressão culpada dele por ter “perdido” o dinheiro.

– Eu vou entrar sozinho – ele falou não quero que os nossos possíveis apostadores se assustem.

Depois que ele entrou esperei um pouco. E fui atrás.

Mas esbarrei em uma solida figura na minha frente.

– Aposto que o tio Jamie vai adorar saber disso – Ian falou tirando meu chapéu.

– Eu já non acho, arrisco em dizer que ele vai ficar muito bravo e não precisa saber disso.

– Mas ele vai saber!

– Claro porque eu vou dizer a ele, mas você primo vai ficar calado.

– Ele vai me matar. – ele se queixou.

– Se me pegarem eu não te conheço – peguei meu chapéu de volta e entrei na taberna.

O lugar não era muito bem iluminado e tinha um forte cheiro de bebida, vomito e homem. Meu pai estava sentado em uma mesa próximo ao balcão já fazendo negociações com os apostadores. Ele não perdia tempo. Em outra mesa havia outros também apostando me juntei a esse grupo, melhor que ele não me visse ainda.

– Tem dinheiro para apostar garoto? – perguntaram a mim rindo.

– Só um pouco. – falei.

Só um pouco. – me imitaram – Engrosse essa voz rapaz parece uma menina.

Eu fiz uma careta estava fazendo meu melhor, mas talvez tivesse perdido a pratica.

– Uma menina não joga como eu. – falei provocando.

Um barbudo ergueu as sobrancelhas.

– Eu não confio muito em um homem que não tem pelos no rosto, será que tem no saco?

Os outros riram e eu fiquei vermelha.

– Os senhores vão jogar ou vão falar de paus como se fossem putas?

Eu pensei que havia ido longe demais, mas a mesa explodiu em gargalhadas.

E começaram a separar as cartas, me permiti uma breve espiada por cima do ombro para ver meu pai concentrado em suas apostas, tudo bem. Pensei comigo mesma. Ele vai ficar bem e eu também.

Eu comecei ganhando, mas em algum momento alguém trapaceou eu tinha certeza. Eu não poderia ter perdido daquela maneira, então apontei o que eu não tinha para recuperar o que eu havia perdido, e perdi mais uma vez.

Eu estava pronta para reclamar da trapaça quando outro grito se ergueu por mim.

– Trapaceiro!

Todos olharam para trás e eu fiquei pálida quando vi um homem com uma faca na direção do meu pai.

De repente todos pareciam mais interessados na briga do que o dinheiro em cima da mesa e minha alma ladina não resistiu.

Lembrei a mim mesma da promessa de viver uma vida honesta quando encontrasse meu pai, mas aquilo não era roubo o barbudo roubou descaradamente na frente de todos e agora eu roubaria na frente deles. Apertei todo em um lenço largo e joguei dentro das minhas calças e voltei os olhos para a briga. O homem era quase do tamanho de papai e aparentava ser tão forte quarto – ele golpeou com faca e ela cortou o ar três centímetros do rosto dele. Mais gritos foram ouvidos até alguém gritar do meu lado.

– Onde está o dinheiro que estava em cima da mesa?!

A confusão foi generalizada e logo não havia um homem no recinto que não estivesse trocando socos um com o outro.  Meu chapéu caiu no meio da confusão enquanto eu tentava sair me esquivando do pesados corpos que eram arremessados de um lado para o outro. E quando uma mão me segurou pelo ombro eu já me virei com o punho cerrado, mas ele defendeu bem me encarando com os olhos azuis brilhando de fúria.

– Vamos sair daqui agora. – sua voz soou baixa e controlada.

Senti cada parte do meu corpo tremer.

              Quando saímos os homens já pareciam prontos para entrar. Ian ficou branco quando me viu. E eu fiz sinal para que ele tirasse aquela cara de paspalho se não quisesse se entregar, mas ele não fez isso.

– Quem é o rapaz? – um dos homens perguntou.

– Que rapaz? Está é Faith, minha filha!

– Deus ela fez de novo – ouvi alguém dizer.

– Eu tenho o direito de me defender? – perguntei.

– O direito de se defender? – ele perguntou em francês porque não queria que pelo menos a maioria entendesse a bronca que ele ia me dar – Tem ideia do que fez? Não responda eu sei que tem! Mas sua mãe, pobre Claire não deve saber onde você está.

Eu tinha a impressão que já tinha ouvido aquilo em algum lugar, ah sim. Quando Ian fugiu para Edimburgo.

– Deve imaginar – murmurei.

– Lhe disse para não dizer nada. – ele sibilou – Você por acaso acha que eu não sou capaz de limpar o meu traseiro sem sua ajuda? Por que adora se meter em situações como essa?

Eu trinquei os dentes também furiosa.

– O senhor leva Ian para todos os lugares e...

– Fique calada menina pelo amor de Deus, ou preferi levar uma surra no meio de todos aqui.

– Faria isso? – sibilei.

– Não, mas se tivesse sete anos menos fique sabendo que seu traseiro estaria correndo sério risco de ser esfolado.

Eu fiz uma careta, se ele quisesse que eu ficasse quieta agora tudo bem.

– Onde está o dinheiro que você pegou? – ele perguntou.

Eu não respondi enfiei a mão dentro das calças e ele arregalou os olhos.

– O que está fazendo?

– Pegando o maldito dinheiro! – joguei o embrulho para ele em meio a olhares masculinos chocados.

– Não foi isso tudo que você pegou.

– Claro que non. – falei mais baixo com um sorriso no rosto – Eu ganhei, tão bem quanto o senhor, mas isso não importa não é já que eu sou uma mulher e deveria ficar em casa.

Ele balançou a cabeça negativamente.

– Eu não sei se tenho mais idade para aguentar uma jovem Claire. – respirou fundo – conversaremos em casa.

Quando chegamos em casa minha mãe estava esperando e tive que encarar outros olhos furiosos.

– Agora finalmente consigo entender o que Jenny passou com seu primo! Pelo amor de Deus você não é mais uma adolescente é uma adulta. Não pode sumir sem dar notícias! Eu estava torcendo para que estivesse com seu pai e se não estivesse? O que eu poderia fazer – ela me sacudiu pelos ombros.

– Se eu fosse eu um homem...

– Não Faith, não se trata disso e você sabe muito bem. Mesmo se fosse homem ainda seria meu filho e isso não me impediria de me preocupar com você.

– Então vai adorar ouvir o que ela tem a dizer. – meu pai falou – Vams conte a ela Faith.

             Naquele momento eu hesitei, mas me enchi de coragem contando tudo que havia feito. Achei que ela fosse ter um ataque, mas ela se manteve firme e olhou para meu pai trocando um olhar cumplice.

Nada de bom poderia vir daquilo.

            Era noite e havia uma pequena multidão nos observando. Os homens do meu pai, e minha família.

Engoli em seco segurando a tocha e olhei para meu pai.

          Ele me incentivou com um olhar divertido de quem estava se entretendo perversamente com a situação. Fiz uma careta e voltei meu olhar a pequena pilha de roupas masculinas, as minhas. Então desci a tocha e fogo as lambeu em pouco tempo logo as transformando em cinzas....

 

Foi isso que aconteceu caro senhor MacNab, meu pai teve um desgosto pior do que no dia em que disse que não gostava de mingau de aveia e ele ainda não sabe, mas já consegui outras roupas. Não pense que eu sou irresponsável pois ao contrário dos homens eu uso a cabeça e se Cristian estivesse comigo eu provavelmente não teria feito isso, mas isso meus pais não me deixaram explicar. Então apenas fui obrigada a ajudar silenciosamente minha mãe com as ervas dela.

Tem algo para me contar?

 

Faith

Talvez não possa ir agora, surgiu um pequeno imprevisto, mas não quero de maneira alguma que encare isso como uma desistência, continuou tão certo disso quando estive desde o primeiro dia. E também espero que não se importe com que vou dizer, mas seu pai tem toda a razão. Não é porque sabe o que está fazendo que deixa de ser perigoso, eu sei que você quer ajuda-lo, mas não poderia encontrar uma forma menos arriscada de fazer isso?

Sobre o motivo do meu imprevisto. Sabe que sou comerciante, estou sempre vendendo animais e outras coisas que encontro pelo caminho, e por isso ando muito em Edimburgo. Estava lá tomando algumas lições de Francês, com uma senhora muito gentil que se disponibilizou a me ajudar. Infelizmente tive alguns problemas com os filhos dela, e é bem isso eu preferia lhe explicar quando estiver com os olhos nos seus. Acho que não consigo ter seu mesmo nível de sinceridade pelas cartas que você, apesar de estar tentando. E sinto que não posso ficar horas debruçado sobre um papel quando o que eu mais queria era lhe falar, pode ser que isso demore um pouco mais. Porém se sinto que me falta palavras escrevendo me faltaram muito mais falando e desejo encontrar outra maneira de lhe demonstrar tudo que sinto por você.

 

– É obvio que ele tem uma amante – Ian sentenciou.

Encarei o chão furiosamente. Ele havia escrito tudo sem dizer nada a quem ele achava que aquela história de “Boa senhora lhe ensinando amavelmente francês” iria enganar? E eu sabia que Cristian não sabia de nada disso, ou ele não teria me mandado cartas até bem elogiosas a respeito do Sr. MacNab.

– Tecnicamente, non somos mais que correspondentes. – falei tentando manter a calma apesar do ciúme irracional que me consumia.

– E ele tecnicamente falou que mal espera a hora de poder lhe agarrar – Ian disse me fazendo corar.

Non diga essas coisas!

– É o que está aqui. – ele bateu na carta – Se um homem não pode se expressar com uma mulher por meio de palavras é com outra coisa – ele riu – tio Jamie iria adorar saber disso.

– Isso se você não tivesse me prometido confidencialidade non é?

– É eu prometi, mas seria engraçado, me lembro da última vez...

Eu saí correndo atrás dele com toda a intenção de mata-lo.

– Pelo amor de Deus você não quer fazer isso – ele gritou rindo.

– Farei! Espere até eu alcançar você Ian Murray.

Ele correu para dentro de casa e estacou na porta repentinamente eu esbarrei nele e parei um pouco confusa pelo baque. Olhei de por trás do corpo do me primo e percebi porque ele havia parado.

Tínhamos visitas.

Eles estavam em pé e olharam para nós no mesmo instante, a primeira figura eu conhecia e foi um choque vê-lo.

– Srta. Faith – lorde John cumprimentou-me.

 Então eu o vi ao lado da minha mãe.

Era do tamanho dela, cabelos castanhos acobreados e olhos de gato azuis como os do meu pai. Eu não consegui tirar os olhos dele e ele me olhou com estranhamento.

– Jesus Cristo.

– Se machucou Faith eu sinto muito – Ian disse olhando para trás quando me percebeu tão parada.

Minha mãe se apressou vindo até mim.

– Acho que você a lembrou do filho dela – disse olhando para William – Nosso neto Cristian – ela tentou driblar a situação.

– Sim – murmurei – por um segundo o olhei e vi alguém que eu conhecia.

– Ian – papai chamou – leve os dois para fora por favor.

William veio até nos.

– Precisa de ajuda? – ele perguntou cortês com toda a educação de um nobre bem nascido.

Eu respirei fundo.

– Agradeceria milorde – tanto Ian quando ele me levaram para fora e eu me acalmei um pouco.

Era meu irmão e só deus sabia a vontade que eu tinha de abraça-lo.

Mon Dieu – murmurei e me soltei deles – eu estou bem – garanti e olhei para William – eu devia ter me apresentado melhor eu me chamo Faith Fraser.

Fiz uma reverencia.

– William, Nono conde de Ellesmere. – ele também fez uma leve reverencia.

– Ian Murray – Meu primo disse entediado – Eu não sei porque você teve essa coisa, ele não se parece muito com Cristian.....

Eu dei uma cotovelada nele.

– Cristian deve ter 3 anos a menos que o senhor – eu disse a ele.

– Você parece jovem demais para ter um filho dessa idade – ele apontou.

– É uma longa história mon cher. – tapei a boca assim que percebi a maneira informal como eu o havia tratado.

Mas ele não disse nada.

Parecia tão entediado quanto Ian. Nos olhamos os três sem absolutamente nada o que dizer um para o outro.

– Como é ser um conde Milorde? – perguntei.

Ian me encarou incrédulo.

– Hum tem suas vantagens. – ele deu de ombros.

Senti meu rosto arder eu estava bancando a ridícula com meu irmão mais novo.

– Vocês tem um banheiro? – o garoto perguntou com uma ponta de esperança na voz.

– Temos, mas há uma cobra lá dentro – Ian disse – melhor fazer no mato.

– E porque mantiveram essa cobra lá dentro? – ele perguntou como se fossemos loucos.

– Não queríamos gastar munição – Falei – uma cobra é pequena demais, bom ela não é exatamente pequena, mas...

– Aposto que eu posso acerta-la – os olhos dele brilharam com o desafio – eu só preciso pegar a pistola do meu pai, podem mostra-la para mim?

– Eu acho...

– Por aqui. – Ian o levou totalmente animado com a ideia.

Por isso eu não gostava de ser adulta, crianças raramente escutam os mais velhos eu é que o diga.

Fui atrás deles.

– Eu não consigo vê-la – William disse.

Ian tirou a tampa do buraco para que eles pudessem enxergar melhor.

– Está lá – falou e saiu.

– Will... Milorde...

– Faith. – Ian me puxou para o canto – Por que está agindo de maneira tão estranha? Perguntou a ele de maneira tão animada sobre como era ser um conde, você não dá a mínima para essas coisas.

– Eu sei, mas non diga nada eu... Te explicarei depois – falei, mas sem intenção nenhuma de explicar.

William voltou confiante com a arma na mão e eu estremeci.

– Escute, milorde tem certeza que sabe manusear isso?

Ele me olhou parecendo ofendido.

– Eu sei atirar desde que tinha oito anos – ele disse muito seguro, mas parecia estar exagerando na verdade.

Achei melhor não contraria-lo, ela era exatamente como meu pai havia descrito, um menino mimado e orgulhoso.

– Eu vou cutucar a cobra. – Ian se ofereceu pegando uma enorme vara e eu estava certa de que aquilo não daria certo.

Mantive certa distância enquanto os observava. Tentei entender a emoção deles. Dois meninos brincando com uma cobra...

Meus pensamentos foram interrompidos quando Ian gritou, a cobra havia pulado na vara Ian a soltou não antes que a cobra escapasse e Ian esbarrasse em William o derrubando no Buraco.

– William! – gritei assustada e me curvei vendo ele se levantar um pouco tonto.

– Derrubei o conde. – Ian murmurou – O tio Jamie vai me matar.

– Não lamente, é um pouco tarde para isso, vá chamar papai.

– É melhor que você vá não?

Non! – disse nervosa.

Os ombros dele caíram e ele saiu resmungando.

– Está bem Milorde?

– Não! – a voz dele saiu como um latido e eu tentei não rir.

– Eu estou cheio de...

Merde – o ajudei – Talvez não sirva de consolo, mas já aconteceu uma coisa parecida comigo.

– Caiu na merda? Eu duvido.

– Ah não, jogaram em cima de mim.

– Por acidente – ele disse.

– Não, de proposito mesmo – falei.

– Por que alguém faria isso com você?

Eu havia conseguido sua atenção e distrai-lo da bela merda que ele havia se metido, e quando ia continuar meu relato papai e Lorde John chegaram preocupados.

– Como ele está? – ele me perguntou.

– Bem, na medida do possível – falei.

Ele preparou a corda e Ian voltou com a minha mãe ele teve a coragem de dizer:

– Fico feliz que não tenha quebrado o pescoço – disse Ian ganhado um olhar furioso do meu pai.

Meu olhos foram dos de Grey até a minha mãe eu segurei as mãos dela, ela deu alguns tapinhas em minhas mãos com sinal de compreensão.

William saiu de lá nos braços do nosso pai, com um olhar que prometia violência eu já havia visto muitas vezes, em mim, em tia Jenny e no meu pai.

E eu tive mais pena pois Lorde John e ele começaram a fazer piadas em uma língua estranha os exibidos, eu não conseguia rir, apesar de todos já estarem rindo.

Quando minha mãe falou em água ele ficou aliviado. E saiu em direção ao riacho.

– Onde está minha pistola? – John quis saber.

Ian não precisou dizer para que eles adivinhassem.

– Você vai pegar – papai disse.

– Mas...

– Agora.

Também não ri de Ian, apesar da cara de tristeza que ele fez.

– É melhor tirar a roupa, não queremos que seja necessário queima-las.

– Acho que é falta de decoro tirar minhas roupas em frente a uma senhorita – ele disse olhando para mim.

Eu ri.

– Estou saindo – corri na direção do barracão peguei uma muda das roupas de Ian.

Ficariam grandes, mas ele poderia dobra-las.

Fui até o Riacho e o encontrei com água até a cintura.

– Milorde eu lhe trouxe...

– Saia daqui! – ele gritou envergonhado mergulhando até o pescoço.

– Fique calmo, eu só vim trazer algumas roupas, afinal você não vai querer vestir dessas sujas quando sair e tão pouco vai sair como veio ao mundo.

– Não, – ele resmungou – mas você pode deixar as roupas aí e sair.

Eu suspirei.

– Tudo bem. – dei as costas e coloque as roupas na margem.

– Espere – ele pediu quando eu estava indo embora.

Não me virei para olha-lo é claro.

– Não me disse porque lhe deram um banho de Merda.

– Ah, porque eu estava dormindo em baixo da casa de uma duquesa.

– Eu não entendo – ele murmurou.

– Eu morei na rua por grande parte da minha vida milorde, não sabia quem eram meus pais.

– Mas...

– Uma longa história, mas se quiser que eu conte...

– Quando eu estiver vestido – ele apontou.

– Parece correto. – me sentei – Veja pelo lado bom, pelo menos a água não está tão gelada, eu tive que tomar banho no Sena no rigor do inverno – estremeci me lembrando – era isso ou ficar fedendo e naquele momento eu estava disposta a arriscar morrer de frio para não ter aquilo grudado em mim.

– Te entendo perfeitamente.

Ouvi o som da água se agitando ele pegou as roupas e vestiu. Um tempo depois ele se sentou ao meu lado.  Por sorte já não fedia.

– Porque não foi criada com seus pais?

– Eles achavam que eu tinha nascido morta. Na época estavam na França e bem, enterraram outro bebê achando que era eu e voltaram para Escócia.

A naturalidade com que contei aquilo pareceu choca-lo.

– Você diz isso como se fosse... Fácil.

– Não foi – olhei nos olhos dele e vi uma gotinha de água escorrendo por sua sobrancelha – quando eu era menor eu ficava sonhado que meus pais viriam me buscar, eu não sabia quem eram ou onde estavam, mas tinha essa boba esperança. No fim foi eu quem tive que ir atrás deles.

– Como descobriu?

– Levei uma facada e me levaram para o mesmo hospital onde eu nasci, lá algumas freiras se lembraram dos meus pais e me disseram quem eram e eu fui para Escócia.

– Você tinha quantos anos? – ele perguntou parecendo realmente interessado na minha história.

– 19.

– Você parece ter vido muitas coisas para alguém da sua idade.

– 23 anos. – murmurei – A idade do meu pai quando se casou com a minha mãe.

– A minha mãe morreu – ele contou timidamente – quando eu nasci, e meu pai em um acidente, então eu fui criado pela minha tia e como ela se casou com John ele é meu pai.

– Cristian é meu filho adotivo – contei – ele me salvou, quando...

– Você teve coragem de adotar uma criança mesmo não sendo casada?

– Não vi mal nenhum. – eu sorri – Eu não tenho filhos de sangue ainda, mas acho que não faria diferença.

– Era o que minha tia dizia – de repente os lábios dele temeram.

– Ela... – me interrompi sugestivamente.

– Quando estávamos vindo da Inglaterra para Jamaica.

Eu tive vontade de abraça-lo vendo o esforço que ele fazia para não chorar, mas em vez disso dei um tapinha nas costas dele.

Le bon Dieu sabe o que faz mon cher – falei delicadamente.

– Faith? – minha mãe apareceu de repente e William se apressou em se recompor, para ficar com uma expressão neutra. – Vim justamente trazer algumas roupas para que nosso convidado vestisse, mas vejo que já cuidou disso.

– Sim, e estávamos conversando um pouco – falei.

– A senhora tem uma filha muito amável – ele disse muito formalmente, mas pude sentir a pontada de simpatia e eu sorri.

– E o senhor é muito agradável milorde – fiz um reverência.

Ele sorriu.

– Com licença – ele também fez uma leve e saiu na frente.

Mamãe chegou muito perto e sussurrou em meu ouvido.

– Como foi com seu irmão?

– Eu acho... Que ele gostou de mim – disse com a voz trêmula e olhei para ela – você não se importa?

– Não. – ela deu de ombros – Uns minutos com ele e eu quase senti como se fosse meu. Ele não se parece muito com você com exceção dos olhos, mas se parece com Brianna. Não em atitudes, Brianna não é tão mimada.

– Acho que eu entendo. – ri – Ele quase me expulsou daqui a gritos.

– O que você fez para amansar a ferinha?

Dei de ombros.

– Apenas falei com coração.

 


Notas Finais


Hehehe até a próxima o/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...