1. Spirit Fanfics >
  2. Faith >
  3. O Tipógrafo

História Faith - O Tipógrafo


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 5 - O Tipógrafo


O homem de olhos escuros não estava nada feliz por eu ter sujado suas botas...

– Sua...!

– Não machuque man mère! – Cristian gritou corajosamente para o homem que bufou.

– Saia de perto de mim sua pequena pulga – ele disse simpático e olhou para mim – senhora segure seu pestinha ou eu não respondo por mim.

– Cristian – o agarrei colando-o em meu peito e tentando fazer de tudo para não vomitar.

– Onde está pretendendo ir madame? – Ele perguntou brandamente.

Respirei fundo.

– Para a Escócia encontrar-me com meu pai.

– E por isso decidiu entrar de clandestina em um navio?

Eu não olhei para Hugo nem o procurei na tripulação, tínhamos feito um acordo.

– Não tinha dinheiro e eu preciso ver meu pai – olhei para cima encontrando olhos escuros e fez a única coisa que podia – por favor não nos faça mal.

Ele revirou os olhos.

– Eu jamais faria mal a uma dama – ele garantiu – fique à vontade estaremos em Edimburgo logo e não creio que será agradável para a senhora passar a viagem vomitando no porão.

Ele me deu um sorriso afetado estendendo a mão.

– Fergus – se apesentou galante.

– Obrigada – falei.

Ele me olhou esperando que eu dissesse meu nome. Eu estremeci e saí correndo para vomitar no mar.

Foi melhor assim, não queria dizer meu nome.

              Sorte. Eu estava com muita sorte, todos me trataram com respeito e me deram comida não que estivesse com fome aquelas alturas de enjoos, mas Cristian tinha. Felizmente depois de me acostumar com o balanço do mar, eu já não estava tão mal.

             No navio havia alguns escoceses bem mal encarados por sinal e fiquei me perguntando como seria meu pai.

             A madre havia o descrito como um homem bonito e agradável, mas feroz o suficiente para capar um homem que havia abusado de uma criança, e aquele ato havia custado muito.

– Como acha que vai ser quando conhecer seu pai maman? – Cristian me perguntou justamente quando pensava no assunto.

– Primeiro, talvez ele não seja mais como madre Hildegard falou. Pode ser que ele esteja gordo e careca – sorri – são quase vinte anos – dei de ombros – mas não me importo nenhum pouco com a aparência dele desde que me ame.

– Quem não amaria você? – Cristian perguntou e eu apreciei muito seu comentário.

– Ah – suspirei – Eu espero dar um pouco de conforto a ele também sabe. A madre disse que ele amava minha mãe. Eu sei que faz muito tempo, mas ele deve estar triste por ela ter morrido, espero que ele fique feliz por eu não ter morrido.

Eu afaguei seus cabelos e ele sorriu.

– Você realmente me lembra da minha mãe – ele murmurou baixinho.

Olhei com interesse.

– Se lembra dela?

– Pouco – confessou – o que eu me lembro é que ela tinha um cabelo preto muito bonito e uma voz doce como a sua.

– Aposto que era linda como você – falei beijando sua cabeça – como ela se chamava?

– Marie Anne.

– Um nome bonito.

– E o da sua mãe? Como a madre disse que era mesmo?

– Claire – suspirei – é um nome bonito também.

– É lindo – ele concordou – acho que elas estão nos olhando do céu agora. Tenho certeza que foram elas que fizeram com que nos encontrássemos.

Eu me lembrei do fantasma no beco, será que era a dele ou a minha?

– Nós devemos rezar por elas sempre e nunca esquecermos seus nomes, porque elas nos amavam como ninguém – que infelicidade a nossa pensei.

Minha mãe, havia partido da França acreditando que eu estava morta, e aquilo deveria ter sido terrível para ela. Mas no final das contas eu estava viva e agora quem havia partido era ela. Não era justo.

– Vamos rezar – ele concordou.

Nós fizemos o sinal da cruz. E eu olhei para o céu.

Seja lá onde você esteja, mamãe me ajude a encontrar o papai.

 

– O senhor Roy não vai se importar – ouvi as vozes.

Eu estava em um cantinho estratégico ao lado de alguns barris, ali eu tinha uma ampla visão do navio e ouvia a maior parte das conversas. Mantive os olhos fechados, para que não soubessem que eu estava acordada.

– Está se confiando muito porque ele gosta de você.

– É apenas uma mulher e seu filho – Fergus respondeu.

– É uma moça muito jovem para ter um filho desse tamanho não é? – alguém pontuou.

– Você não sabe a idade da moça sabe? Tão pouco a do menino – ele replicou.

– E você? Não está pensando com a cabeça de baixo quando a permitiu ficar...

– Oh então eu deveria joga-la no mar com a criança? – ele perguntou finalmente se irritando com os questionamentos.

Cristian escondeu o rosto em meu peito.

– Shiii – Cristian murmurei baixinho – Não se preocupe, não vai acontecer nada.

 

              E nada realmente aconteceu. Pelo tom de suas conversas eu percebi que o que estavam levando naquele navio não era mercadoria legal. Quanto à Fergus apesar de ter defendido minha permanecia ali perguntou mais de uma vez quem era meu pai e o que ele fazia na Escócia, não contei a verdade é claro. Ele era um traidor da coroa e falar seu nome poderia colocá-lo em risco ou a mim mesma.

– Ele é comerciante, não sabe que estou vindo. Fugi do meu marido por que ele era extremamente violento comigo e com meu Cristian – disse repetindo o que Hugo havia imaginado.

– Então me diga o nome para que eu possa procura-lo – ele se ofereceu amavelmente.

Eu corei, desviando os olhos. Os homens não costumavam ser gentis comigo, muito menos bonitos como ele.

– Muito amável de sua parte monsieur, mas tenho o endereço em meu bolso. Não me perderei.

Eu sabia que ele não acreditava em mim, mas não perguntou mais nada.

              No meu bolso não havia endereço algum a não ser o nome de Lallybroch, a madre Hildegard o havia perdido a muito tempo, mas também escreveu seu nome elegante no papel e mesmo que eu não soubesse ler eu nunca mais esqueceria os nomes dos meus pais.

Claire Elizabeth Beauchamp Fraser e James Alexander Malcolm Mackenzie Fraser.

 

Setembro de 1763

 

              Eu sorri quando vi a Escócia pela primeira vez o porto não era tão diferente ao de Paris, mas era terra firme e estava emocionada com a possibilidade de não mais vomitar infelizmente algo mais a esperava em terra além das possibilidades.

             Um oficial da alfandega e os redcoats, os uniformes eram inconfundíveis no porto.

– Quem são eles maman? – Cristian me perguntou.

– Problemas – disse pegando a mão dele para correr e acabei esbarrando Fergus.

– Para onde vai? – ele perguntou

– Hora de me despedir Monsieur Fergus – falei apressada – eu realmente agradeço por tudo, nunca terei como pagar o favor que me fez.

– Mas...

Merci! Au revoir – me pendurei numa corda descendo rapidamente para o caís.

              Foi fácil me misturar a multidão então chequei o embrulho que havia roubado do Jovem capitão Fergus, esperava que ali houvesse dinheiro o suficiente até que eu encontrasse meu pai ou Lallybroch. Se eu não o encontrasse ao menos teria parentes a quem recorrer.

– Você pegou isso do maneta maman?

– É falta de educação se referir assim aos defeitos físicos das pessoas mon petit.

– Sim, mas roubar também não é.

Eu suspirei.

– Aprenda algo comigo cherry, não é o mais forte que sobrevive e sim o mais esperto, não gosto disso e prometo que assim que encontrar meu pai levarei a vida mais honesta possível.

Eu não gostava de roubar, mas era ele ou eu.

              Tentei pensar. Se meu pai era visto como um criminoso fora da lei talvez existissem cartazes pela cidade com o nome dele “Jamie o Ruivo”. Sorri comigo mesma eu sempre fui a ruiva sem saber que alguém havia sido antes de mim, alguém quer era bem mais ameaçador que uma pivete de rua.

Comecei perguntando a uma senhora sentada em um banco.

– Por acaso a senhora não conheceria um James Fraser? Auto, ruivo...

– Prostituta francesa volte para o bordel de onde saiu! – ela cuspiu e saiu.

Cristian não entendia nada de inglês e o que eu vinha tentando ensinar a ele não era o suficiente para que ele entendesse aquilo, mas ele sentiu a ofensa em cada palavra.

– Todos os escocês são mal humorados? – ele perguntou enquanto caminhávamos na rua.

– Espero que não – suspirei com medo.

Um homem de um metro e noventa mal humorado deveria ser assustador. Mas meu pai não era assim, lembrei. Há dezenove anos atrás pelo menos ele havia sido um homem amável, mas e depois da guerra? Da prisão?

Senti um aperto no estomago de puro nervosismo.

– Escute senhor – abordei um idoso que passava na rua – conhece algum James Fraser?

– Vários menina – ele lhe deu um sorriso banguela – eu mesmo sou um.

– James Fraser?

– É um nome comum por aqui – ele disse simpaticamente realmente provando que nem todos os escoceses eram carrancudos – se está procurando alguém deveria ir as docas, Fergus um francês que trabalha por lá conhece muitas pessoas.

– Ah, ele não conhece já falei com ele – menti – obrigada de qualquer maneira.

– De nada senhora.

O menino puxou minha saia e olhei para baixo.

– Conseguiu?

– Não – disse infeliz.

– E agora? – Cristian perguntou.

Eu não iria voltar para perguntar nada ao bonitão maneta, se eu quisesse encontrar meu pai eu teria que pensar em outra coisa.

Entrei numa padaria, porque estava com fome e por que parecia um lugar seguro para procurar informações.

Quando Cristian estava comendo seu pão perguntei ao padeiro.

– Como eu faço para encontrar a pessoa que estou procurando?

Ele se virou para mim com um sorriso divertido.

– Se está procurando seu marido, visite os pubs da cidade, se é por amor, procure uma cartomante, se é um morto...

– Estou procurando meu pai – o interrompi – o problema é que eu acho que ele tem algum problema com a justiça e tenho medo de chamar atenção.

– A senhora acha? – ele perguntou.

 – Por que pode ser que ele esteja morto.

– Ah, sinto muito – ele pareceu sincero – bom, por que não vai a tipografia no beco Carfax? Não faz muito tempo que abriu, mas o senhor Malcolm parece ser um homem bem relacionado.

Eu sorri foi a melhor ideia que me sugeriram durante todo aquele dia.

Merci Monsieur – agradeci e puxei Cristian pela mão. 

– Achou seu pai? – Ele perguntou de boca cheia.

Non Cristian e preste mais atenção, você precisa aprender inglês se quiser morar aqui.

– E você como aprendeu tão rápido?

– Não foi rápido – falei – precisei ser atenta, e agora sei um pouco e se eu aprendi você também pode.

              Eu olhei ansiosa para o lugar que haviam indicado sendo a tipografia do senhor Malcolm, ali eu poderia ter uma pista de onde estava meu pai.

              Entrei e olhando para as paredes lotadas de cartazes, fiquei um pouco tonta. Nenhum deles era meu pai, ao menos achei que não fosse.

– Senhora?

Um rapaz, que provavelmente trabalhava lá me chamou a atenção.

Bonjour – falei e logo me corrigi falando em inglês.

– Boa Tarde senhora, em que posso ajudar?

– Hum, a verdade é que eu tenho uma curiosidade, vocês fazem cartazes de fugitivos por aqui?

– Fazemos de tudo por aqui livros propagandas de negócios e.... – ele se interrompeu me olhando desconfiado – E a senhora quem é?

– Eu....

– Geordie! – um grito do andar de cima fez as tábuas das paredes e do chão vibrarem.

– Atenda bem a senhora estou ocupado.

– Sim senhor, mas...

– Quer que eu vá aí para atende-la?

O homem ficou branco.

– Não senhor! – disse e me olhou – procura por alguém moça?

– Sim, me disseram que talvez o senhor Malcolm pudesse me ajudar – olhei para cima imaginando o que o homem poderia estar fazendo lá em cima. Ele parecia nervoso – mas talvez você possa. Procuro um homem, ele tem a base de uns quarenta e poucos anos, alto com cabelos....

Me interrompi quando vi Fergus na rua e os olhos do francês caíram infalivelmente em cima de mim.

– Esqueça senhor acho que volto outro dia – murmurei puxando Cristian pelo braço.

– Mas senhora...

– Você! – Fergus gritou.

Eu me apresei em direção a porta antes que ele me alcançasse me encurrala-se.  Joguei o menino em minhas costas e corri como se não houvesse amanhã.


Notas Finais


Apareceu a margarida hahahahaha


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...