História Faithfully - Decisão

Minha cabeça dói, parece que estou na pior das ressacas sendo que não ingeri uma gota de álcool. Meu encontro com Gaara acabou sendo um pouco vergonhoso. Depois do retorno do ruivo a mesa chamando atenção de Sasuke eles se alfinetaram até o momento que pedi, com um enorme aperto no peito, que o moreno se retirasse. Ele me olhou incrédulo e saiu pisando firme. Sei que minha vontade era de sair correndo atrás daquele ser e gritar, interrogar e me atirar em seus braços. Porém tudo que eu teria no dia seguinte seria desprezo, então decidi que seria melhor deixar as coisas como estão. Como se fossemos dois desconhecidos.

Não tive mais cabeça para conversar com Gaara e ele percebeu o clima entre eu e o Uchiha. Aceitou me deixar em casa somente com a promessa de um novo encontro e com novas companhias. Aceitei sem questionar e fui para casa, chorar um pouco é óbvio. Por isso a dor de cabeça e os olhos inchados.

Decidi que o melhor para aquela ocasião seria ficar em casa comendo besteiras e alternando entre Supernatural e Fate Stay Nigth. Como alguém pode criar um amor platônico tão forte por um personagem de desenho? Essa sou eu no momento.

Lá pelas oito da noite meu interfone soou. Era Romeu o porteiro informando que havia uma entrega para mim no térreo, pedi para subir com o rapaz entregador e esperei. Assim que ouvi batidas na porta abri e lá estava a minha água benta, alho ou sal o que preferir. Só sei que aquele homem me fazia fraquejar e ceder às minhas próprias pernas.

-Posso entrar? - Dei passagem e Romeu me olhou com uma expressão confusa. Constatei que Sasuke já estava sentado no pequeno sofá. Qualquer coisa em minha casa ficaria pequena diante de dele.

-Tudo bem Romeu, obrigada. - Dispensei o porteiro que ainda mostrava dúvida se me deixava ali sozinha com um homem assustadoramente esquisito. Fechei a porta e o observei.

-Sério? A luta atrás do Santo Graal?

-Qual é o seu problema?

-Devia fazer essa pergunta a você mesma, quem assiste esse tipo de porcaria?

-O que você está fazendo aqui Sasuke?

-É assim que recebe suas visitas Senhorita Haruno?

-Geralmente visitas avisam quando estão chegando e as vezes, só as vezes são convidadas. - Me sentei ao seu lado no sofá e desliguei a televisão e o olhei, ele estava a vontade demais o que me deixava mais tensa do que de costume.

-Estava aqui perto e decidi passar para ver como estava.

-Estou ótima, agora se não se importa vou terminar meu domingo tranquilamente assistindo minhas porcarias. - Estava sendo mais dura do que imaginei que seria numa próxima conversa, mas o modo como ele estava me torturando e agindo como se nada tivesse acontecido naquela maldita viagem não saia da minha mente e sabia que se não fizesse algo para pará-lo eu permitiria aquilo para sempre. Ficamos nos encarando durante longos minutos.

-O que você fazia naquele bar ontem?

-Não ficou claro o suficiente? - Minhas garganta estava prestes a fechar.

-Estava num encontro romântico?

-Quase isso. -Saiu como um sussurro, meu peito apertava.

-Com o Gaara? -Ele sorriu debochado. -O que aquele cara tem de interessante para você sair com ele? -Ele mantinha a voz firme e em seu leve tom, porém seus olhos emanavam raiva

-Quer mesmo saber o que ele tem de interessante?

-Sim.

-Ele se preocupa comigo, me trata como mereço em todo momento seja onde for, ele escolheu ser bom, gentil e atencioso e tenho certeza que assim será enquanto durar essa relação. Além de me apoiar nos meus planos. - Eu estava ofegante, falei tão rápido que duvido que ele tenha entendido algo.

-Relação? Planos? Do que você está falando Sakura?

-Estou falando dele me levar para sair e menos de vinte e quatro horas depois não me tratar feito uma estranha insignificante, dele ouvir até mesmo os meus lamentos e me dar forças, nem que seja para abandonar tudo e começar do zero outra vez.

Eu já respirava ofegante e andava de um lado para outro na pequena sala, vi de relance ele se levantar e se dirigir a porta. Me virei e o vi por a mão a maçaneta.

-Eu não te entendo, mas fica claro que eu não deveria ter vindo até aqui.

-Finalmente falou algo que condiz com suas ações. - Ouvi o barulho da porta bater.

Meu domingo não seria nada tranquilo, eu desejava muito voltar ao meu sofá ligar a TV e simplesmente continuar a minha vida, mas eu não dei conta. Liguei para Ino, e estou contando tudo o que aconteceu desde ontem a noite, o que mais me matava era as risadas. Sério que minha vida estava tão engraçada assim para minha amiga ficar rindo? -...Eu odeio como ele fica calmo enquanto estou gritando feito uma louca histérica.

-Sakura, respira. - Ino ainda ria e isso já estava me tirando o restinho de paciência que tinha me sobrado. - Você não vê o quanto ele esta incomodado com esse seu encontro com Gaara?

-Ino, ele me ignorou totalmente na empresa, pareceu até gostar da maneira que Karin falou comigo. Aposto que eles estão juntos e isso me da nojo e raiva. E o que ele queria vindo até aqui?

-Ele queria saber quem era o animal querendo mijar em seu território.

-INO! Ninguém vai mijar em nada, eca.

-Sakura, ele está com ciúmes e não sabe lidar com você ao mesmo tempo. Hinata me falou que até o Naruto está impressionado em como uma garota conseguiu transformar totalmente o demônio. De um tempo que tudo vai se acertar. Vou dormir boa noite.

Ela desligou, e eu ainda não estava preparada para desligar. Ainda queria conversar, na verdade ainda queria escutar as loucuras que Ino me dizia só para fantasiar um pouco sobre aquilo. Sasuke Uchiha, que grande idiota.

Segunda-feira, o dia em que desconheço o ser que queira sair da cama e começar sua rotina semanal novamente. Estava caminhando até o prédio da empresa e comprei um chocolate e um café. Um bem doce e outro meio amargo. Decidi conversar com Sasuke, queria colocar logo tudo a limpo e falar da minha decisão de começar a cursar medicina, era algo que também afetaria a empresa. Eu seria uma gerente sem graduação e cursando algo diferente e inútil para o meu cargo. Me aproximei da enorme sala com aquele vidro fumê, o computador de Karin já estava ligado, e ouvi barulhos vindos de dentro da sala, eu cheguei mais cedo porque esperava encontrar meu chefe na empresa, mas nem de longe imaginaria Karin antes das oito por aqui.

Bati na porta e não ouvi resposta, outra batida um pouco mais forte e escutei alguns resmungos do projeto de piranha com cabelo vermelho. Ela abriu a porta arrumando os botões de sua blusa, seu sorriso se alargou em seu rosto ao me ver em sua frente, instantaneamente ela parou de se arrumar.

-O que você quer bruxinha?

          Não conseguia raciocinar, meu coração acelerado poderia ser ouvido a meio metro de distancia ou mais. Meu estômago revirava e algo se formava em minha garganta. Estou começando a achar que esse local e essas pessoas estavam realmente começando a me fazer mal. Empurrei a ruiva para que tivesse visão até a mesa no centro da sala escura. E lá estava ele, observando a cena, sentado com duas mãos em frente a boca, com uma sobrancelha erguida e com o olhar mais escuro e distante. O copo de café foi ao chão, eu não tinha mais forças para estar ali. Meu peito doía e eu me sentia sufocada, uma crise de pânico fio se apossando de mim, eu não conseguia mais ver nada. Tudo não passava de borrões, sai do prédio e andei, não eu corri sem rumo. As lágrimas escorriam em meu rosto, eu sabia que nunca deveria ter me envolvido com ele, mas no fundo ainda tinha esperança que tudo desse certo no final. Peguei meu celular na bolsa o procurei em minha agenda e o chamei.