História Fake Brother - The news

O vento quente de setembro bateu em meu rosto quando parei para observar o carro do meu pai estacionado no meio fio em frente a nossa casa. Só poderia ter acontecido algo grave para meu pai estar tão cedo em casa.

Entro correndo em casa, batendo a porta e jogando minha mochila no chão. Escuto os gritos vindos da cozinha e sei que são meus pais brigando, o que raramente acontece. Ando um pouco e paro apenas para escutar o motivo da briga e não interrompê-los.

- Como você me conta agora que tem um filho? – Minha mãe grita.

Um filho?! Meu pai tem um filho?! Que história é essa? Estou em estado de choque e só percebo que estou sem respirar quando meus pulmões começam a arder.

- Se acalme mulher, eu não sou o pai dele! – Meu pai tenta acalmar minha mãe.

Confusa, entro na cozinha e eles se assustam com minha chegada. Eu não falo nada, apenas puxo uma das cadeiras e sento. Eles olham para mim perplexos, mas eu só quero saber o resto da história.

- Continue pai.

- É...Bem... – Ele se recompõe – Quando namorei Silvia, ela já havia tido ele, ele tinha um ano apenas. O garoto cresceu como se eu fosse seu pai até conhecer você. – Ele olha pra minha mãe e vejo que ele está falando a verdade – Eu namorei cinco anos com ela, sabes disso. Eu não casei com ela, bastou apenas um ano para que isso acontecesse comigo e com você.

- Eu não consegui deixar o menino na mão. Aliás, ele não tinha um pai e eu gostava dele como um filho. Eu o visitava de vez em quando, mais nunca te traí. Ajudei quando ele precisou, principalmente quando Silvia adoeceu. Ele terminou os estudos e trabalhou para colocar comida em casa e há uma semana Silvia faleceu.

- E como você não me falou disso antes? Achou que eu ia abominar o menino?

- Eu não sei porque não falei. Micael é um rapaz bom, tem 24 anos e quer cursar a faculdade. Me disse que já até se inscreveu em algumas. Porém não tem onde morar e nem como pagar um lugar para morar. Estou contando tudo agora porque ele virá morar com a gente.

- Pai, você o chamou para morar aqui?

- Sim, chamei. Ele disse que não, mas eu insisti. Mulher, ele é um menino bom, você vai adorar ele. Eu a amo e amo a nossa filha também. Vocês são tudo para mim. Mas não posso deixar o garoto sozinho no mundo já que sua mãe não está aqui. Sou o mais perto de um pai que o menino já teve. Entenda-me, por favor.

- Não sei, preciso pensar. Você me deu muita coisa para analisar.

Minha mãe sai da cozinha e meu pai exausto da discursão senta à mesa. Aquela curiosidade de saber como o tal Micael é me incomoda e acabo ponderando como ele deve ser. Loiro, moreno, alto, baixo, magro, gordo, feio, bonito, inteligente...

- Loh!

Sou tirada dos meus pensamentos ao ser chamada pelo meu pai, vejo que ele já havia me chamado algumas vezes. Não o julgo pelas suas ações, sou uma pessoa que tem sempre uma mente aberta. Admiro-o, por não ter deixado, uma criança na época, na mão. Ele é um bom homem e um bom pai e tenho muito orgulho disso.

Sempre quis ter um irmão mais velho. Talvez o Micael possa ser esse irmão mais velho.

Enquanto a minha mãe. Entendo seu tempo para pensar. Ter que receber uma notícia dessas não é fácil. Embora, uma traição seria pior. Mas, eu sei que ela vai entender meu pai, mais do que isso, vai receber o rapaz com braços abertos e talvez o receba até como filho. Ela é uma mulher adorável. Inteligente, engenhosa e com um coração enorme. Ela vai entender.

- Oi pai.

- Você me entende né filha?

- Sim pai. Entendo. Dê um momento a mamãe, sei que ela vai te apoiar.

- Eu comprei uma mesa de estudos e um notebook para ele. Deve chegar hoje, você pode receber para mim? Tenho que voltar ao trabalho.

- Certo. Recebo sim pai. Pai?

- Oi?

- Que dia ele chega?

- Ele já chegou, está hospedado em um hotel, expliquei a ele a situação, que não tinha falado para vocês ainda. Estou esperando sua mãe entender para trazê-lo.

- Ah, eu vou falar com ela. Tchau pai. – Me despeço com um beijo no seu rosto.