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História Fake Porcupine - Prólogo


Escrita por: maittegabb

Notas do Autor


Genteeee lokaaa da minha vida!
Então, sou nova aqui e não faço a mínima ideia de qual é o tipo de fanfic que o povo lacra o like (favorito no caso né), então perdoa a tia seus bando de coco <3
Oia, já vou avisando que n vai ser uma parada completamente sádica, vai ter uma vibe assim meio romântica, mas como sou eu (doente), decidi incluir uns bagulho abusivo e tals... mas haaaa... chega de spoiler, nem sei se essa fic vai andar mas espero que gostem, serião, de coração <3

Boa leitura gatos e gatas <3

Capítulo 1 - Prólogo


 

Ary on 

Pisquei sonolentamente enquanto colocava a cabeça para fora da janela, afim de sentir o ar fresco que Porcupine City me proporcionava naquela manhã, e ao respirar profundamente pude identificar o aroma sutil das árvores densas que a grande floresta abrigava, a mesma que rodeava toda a cidade e bloqueava qualquer tipo de saída, até porque nenhum dos cidadãos (ou prisioneiros) se atreveriam a adentrar no meio daquele verde tão intenso, a floresta era tão grande que parecia ser infindável, era fácil se perder por ali e ser morto por um dos outros. Por fim, Porcupine pode ser odiada por uma grande maioria, mas prefiro me manter nacionalista diante disso. Oras, matar criaturas durante a noite era tão divertido quanto imaginar um apocalipse zumbi. 

-Já tá chegando? -Perguntou Derek impaciente, mantendo seu semblante tão mau humorado que dava vontade de socar só para ver se a boca se deformaria em um sorriso. 

Nossa, eu definitivamente sou mais agressiva do que esperava, mas o que posso fazer? O pessimismo alheio me sufoca, ver rostos apáticos e definidos por um sentimento negativo me agoniza de uma forma que ninguém entende. Nem eu me entendo.

-Daqui a 20 minutos. -Informou Camila entre um suspiro, focada em dirigir a vã de uma forma tão agradável que a vontade de apertar suas bochechas sempre vinha à tona.

Bom, eu vejo o "bonitinho" em qualquer coisa, e ter encontrado alguém tão acolhedor como Camila é como um ápice para essa minha mania, então sempre irei encaixar o "agradável" ou o "fofo" em qualquer atitude simples sua. 

-Derek...-Pronunciei seu nome de uma forma arrastada e preguiçosa, levando o peso de meu corpo para o lado e abraçando-o de uma forma acidentalmente bruta, esmagando minha bochecha na dele.

-Porra, Violet. -Resmungou tentando me empurrar.

Viram? Mau humorado.

-Porra o que? Para de ser mau! -Lhe dei um tapa na coxa, e sua reação foi tentar se afastar um pouco para olhar-me sem que nossas bocas se encostassem.

-As vezes eu tenho vontade de te colocar dentro de uma mochila e abandonar em uma ilha. -Fitou-me apático porém com um tom de aspecto irritado, então uma vontade estranha de rir resultou em um sorriso largo em minha face.

-Eu sei que você me ama. -Afirmei sorridente, selando repentinamente a ponta de seu nariz.

-Eu quero morrer. -Sussurrou em um praguejo enquanto ajeitava-me, deitando minha cabeça em seu ombro e mantendo meus bracos em volta de seu pescoço.

Desde o inicio eu e Derek andavamos juntos por esse lugar, pois todos simplesmente acordaram neste local de um dia para o outro, confusos e convivendo em uma total desordem social, porém por sorte com o tempo, a sociedade foi se adequando as regras do ambiente, inclusive em não atrever-se a sair de sua residencia a meia-noite, a não ser que deseje cometer suicidio. Enfim, eu e Derek somos como "manos", brothers invencíveis de sangue que se atrevem a caçar os demônios da floresta Green Valey (acabei de dar esse nome, até porque ninguém daqui nomeia nada então dificulta o processo de referências). Derek com certeza tem a mesma consideração, porque eu sou uma pessoa maravilhosa.

-Camila, ela tá enchendo a porra do saco! -Debateu-se nervosamente, atirando-me para o lado.

-Vai se foder! -Lhe dei o dedo do meio.

-Crianças, comportem-se! -Exclamou em uma posição autoritária, como sempre.

Ah sim, esqueci-me de falar mais detalhadamente de Camila, puff... que tola. Camila é a mãe, e não só nossa, de qualquer desamparado, não sei porque, mas esta mulher parece desempenhar um papel mais materno em relação aos cidadãos que não ligam para porra nenhuma. Dar bom dia para alguém aqui é como apontar uma arma para a cabeça de um idoso. O resto dos "brothers" que Camila acolheu estão por aí, mais seguros de andarem pela cidade, aprendendo a conviver e a aceitar a ausência da família... Família. Podemos não falar sobre família agora? Seria uma boa. 

-Chegamos! -Disse animada repentinamente ao parar a vã, assustando-me por sua espontaneidade.

-Graças a deus! Bom pai! Senhor! -Derek gritava enquanto saía desesperadamente do automóvel, deixando-me para trás e ainda por cima fechando a porta na minha cara quando estava prestes a sair junto.

-Merdão. -Permaneci-me de quatro com cara de tacho, já que estava engatinhando pelo banco até ser interrompida pelo ato grosseiro.

-Jesus Cristo que abençoa o pão! Muito obrigado! -Jogou-se no chão, como se estivesse glorificando a terra e santificando o sol de tanto que erguia as mãos para o alto.

Que exagero, só foram 3 semanas de viagem e mais 4 horas de fuga devido aos canibais desesperados que habitam naquela floresta. Viram? Exagero certo? 

Revirei os olhos e abri a porta, descendo da vã e tropeçando ao dar o primeiro passo no chão, caindo em cima de Derek e parando seus agradecimentos religiosos. Engraçado é que a uma semana atras ele dizia ser satanista.

-Conheçam a nova casa! -Camila chamou nossa atenção ao abrir a porta de uma residência simples, algo que me lembrava uma decoração camponesa, humilde e que destacava-se entre tantos jardins a frente.

Corri e consequentemente pisei em Derek, entrando como uma moto disparada na frente de Camila quase a derrubando, por fim, adentrando animadamente na casa, que por dentro tinha estilo rústico e obtinha um sutil cheiro de madeira, algo reconfortante. Explorei mais a casa como se fosse uma criança no meio de uma loja enorme de brinquedos, até parar em uma escada que levava ao andar debaixo. Um porão.

-Tá tudo bem? -Derek surgiu do nada, porém não me assustei e o deixei pousar a mão em meu ombro esquerdo.

Minha melancolia em relação a porões é realmente tão perceptível assim? Que merda.

-To bem. -O olhei, sorrindo fracamente.

Suspirei profundamente e desci com lentidão as escadas, como se cada barulho dos meus pés ao impacto com a madeira velha da escada fosse memoriável ao meu passado nem tão distante, e ao chegar em um chão firme, confiei em meu tato para procurar um interruptor nas paredes empoeiradas, até encontrar e acender a luz. 

-Interessante. -Murmurou o garoto ao meu lado, observando o local e andando pelo mesmo.

Tudo era ocupado por prateleiras compostas por livros grossos e velhos, a luz fraca sustentada por um lustre pendurado no teto falhava de vez em quando, trazendo-me uma certa nostalgia, e tudo o que pude fazer foi passar meus dedos pelos livros, sentindo suas ondulações e puxando um aleatório, deixando-o cair em meu braço por ser pesado, soprando a capa e lendo logo depois curiosamente o título que havia se revelado.

-Brian Tomas. -Li em voz alta, franzindo a testa logo em seguida.

-O que é isso? -Derek aproximou-se de mim, interessado.

-Não sei, mas com certeza não é hentai. -Levantei meu olhar em sua direção, sorrindo zombeteiramente ao ver pela sua expressão que havia entendido a referencia.

-Vá a merda, Violet. -Revirou os olhos, atracando-me uma risada.

-Foi mal, é mais forte do que eu. -Disse distraidamente enquanto abria o livro, sentando-me no chão para apoiá-lo em minhas pernas cruzadas no formato de índio.

-Tudo bem, mas não insista nisso a não ser que queira levar um tapa na orelha. -Riu nasalmente, pude observá-lo sorrir de canto.

Posso dizer que Derek não é mau humorado o tempo todo, mas sim temperamental, muito temperamental, o que me deixa louca é claro. Mas com certeza meu jeito infantil e ao mesmo tempo agressivo e sádico deve deixá-lo louco também, quer dizer, eu me deixo louca, sou mais complexa do que imagino e não está na minha lista de afazeres conhecer outra parte do labirinto de minha mente. 

-Bom, de qualquer jeito é um bom nome de ator porno. -Apoiei minhas costas em um amontoado de livros próximo de mim, um pouco cansada porém tendo em mente de que não perderia a caçada de noite.

-Talvez. -Deu de ombros.

Sem pensar muito abri o livro e tentei ler aquela minoria de letras e conjunção de palavras que nunca vi em minha vida, como se fosse um estilo de escrita bem antigo, e quando notei estava semicerrando os olhos para forçar minha vista.

-Você não vai conseguir ler isso. -Pronunciou entre uma risada, olhando-me pelo canto do olho, um tanto alheio.

-Não custa nada tentar. -Arqueei as sobrancelhas, pegando um livro pequeno qualquer daquele amontoado e o acertei em seu ombro, mordendo o lábio inferior.

Pensei que o ruivo iria me xingar, me bater ou algo do tipo, porém apenas me puxou pela cintura, aproximando-me de seu corpo e fazendo com o que eu o fitasse com os olhos levemente arregalados, surpresa.

-Eu te amo. -Sorriu de canto, segurando delicadamente meu queixo e levando seu polegar ao meu lábio, acariciando-o.

Em meu péssimo hábito de ser impulsiva e inconsequente, selei nossos lábios e ficamos assim por poucos segundos, até começarmos a realmente a nos beijar. Automaticamente, coloquei-me em seu colo, segurando firmemente sua nuca aproximando-o mais, e de lento tudo passou para um aspecto de urgência levemente maliciosa, pois senti suas mãos descerem de minha cintura até minhas coxas desnudas pelo vestido que trajava.

-Violet. -Disse meu nome quase em um sussurro entre o beijo, porém não foi como se estivesse tentando me parar em minha compreensão momentânea.

Mordi fortemente seu lábio inferior ao senti-lo brincar com o elástico de minha calcinha por baixo da saia, até ser colocada ao poucos por baixo de seu corpo, como se estivesse procurando por alguma certeza do que estava fazendo, inseguro. Nos afastamos para recuperar o fôlego perdido e nossos olhares se encontraram por um acaso, e nisso apenas pude focar na imensidão castanha de seus olhos, levemente puxada para um verde em tonalidade escura. 

Para ser sincera, não sabia muito bem o que estava havendo, apenas fazia o que sentia vontade de fazer, aprofundando-me em meu modo automático, um costume meu muito mau visto pelos outros, mas que para mim funcionava perfeitamente para esquecer de meus complexos, das memórias que me assombravam, e não era como se eu o amasse na mesma intensidade, não era como se fosse recíproco, porém o estranho hábito de sentir atração por Derek conectava-se ao passageiramente ao extremo naquele momento onde parecíamos estar em um universo paralelo, um universo somente meu e dele. 

Ao surgir uma impaciência o puxei pela nuca, voltando ao beijo e sentindo sua respiração descontrolada, aparentemente se controlando, mas eu não queria controle, não queria que fosse delicado. Viadagem da porra.

-Derek. -Gemi baixo o seu nome enquanto rebolava em um movimento discreto, aproveitando que o ruivo estava entre as minhas pernas. 

Em um piscar de olhos meu vestido de tecido fino e floral foi rasgado, e eu estava pronta para sair da minha vibe ninfomaniaca e xinga-lo completamente irritada, até levar um chupão demorado e provocante em meu pescoço, acalmando-me com a sensação de arrepio percorrendo em minha espinha. Merda, logo no meu ponto fraco. 

-Porra. -Soltei um gemido abafado como reação espontânea, apertando minhas unhas em suas costas ainda cobertas pela camisa ao senti-lo descer até a polpa de meus seios (limões cof cof).

Tudo era completamente concentrado, quente e malicioso, afinal, éramos adolescentes, hormônios à flor da pele, malditos hormônios. Até sermos interrompidos, infelizmente.

-Que porra é essa? -Camila brotou na porta do porão, boquiaberta e com a expressão nítida de que iria dar um longo esporro.

Congelamos por completo enquanto fitávamos a mãe, e tudo o que eu fiz para que as coisas andassem foi empurrar Derek e sair correndo por mais que estivesse nua e a casa fosse fria, e então senti algo duro ser arremessado em minhas costas, tão pesado que fez-me cair de bruços no chão de madeira.

-Estamos na merda de um apocalipse e tudo o que vocês pensam em fazer enquanto deveriam estar se preparando para hoje à noite é isso? Seus bando de peste! -Começou a agredir o ruivo, que cobria seu membro com a camisa. 

Que derrota.

-MÃE! -Protestei em um berro ao levantar-me, e quando estava pronta para soltar uma de minhas frases filosóficas para apaziguar as coisas... deu branco. -Foi mal. -Derrotada.

É, foi bom enquanto durou.

(...)

Lavava a louça juntamente com a mãe, porém por um momento parei para analisa-la, curiosa. Camila era baixinha, usava normalmente roupas em uma tonalidade verde escura ou vinho, o que combinava com a sua pele negra, seus cabelos eram como os de um homem, raspados mas nem tanto ao ponto de ser careca, e aparentemente, só eu tinha a impressão de que existia uma tristeza escondida em seu olhar. Provavelmente por flagrar seus consideráveis filhos no meio de um processo de reprodução muito louco... Triste.

Realmente, Derek e eu passamos meses juntos e tratávamos um ao outro como se fossemos irmãos, eu era a caçula irritante e Derek era o irmão mais velho cuzão, e do nada tudo virou de ponta a cabeça, isso é tão... Sinistro, mas ao mesmo tempo bom, estranhamente bom.

-Como você tá? -Perguntei alheiamente ao pegar o copo de vidro para secar, relaxada.

-Estou bem. -Foi seca, terminando de lavar os pratos.

-Não fala assim! -A repreendi em uma mudança de tom dramático, dando ênfase a uma forma de repreensão enquanto arregalava meus olhos úmidos.

Eu sou sensível.

-Eu só fico preocupada, Aryanna. -Manteve seu olhar no prato que levava pela segunda vez, passando a esponja no mesmo e espumando-o.

Suspirei pesadamente e engoli a saliva que se formará em minha boca, e em um movimento lerdo é preguiçoso pousei o copo sobre a pia, guardando o pano e mantendo-me virada para frente, encarando a janela que dava vista ao lado de fora. Estava nevando.

-Por que? -Perguntei um tanto distraída, admirando os cristais que caiam no anoitecer.

Estranho, estava calor hoje de dia...Merda, me lembrei daquilo de novo.

-Você é muito impulsiva, vai muito pelo o que sente. -Fechou a torneira, pude sentir o peso de seu olhar sobre mim, mas não queria retribuir.

Fechei os olhos e apertei o mármore, nervosa e caindo em consciencia do que havia feito. Talvez eu tenha dado falsas esperanças.

-Eu sei. -Mordi o lábio inferior.

Tudo ficou em silêncio por tanto tempo que passou a ser constrangedor, procurava descontrair a seriedade de alguma forma, mas tudo era em vão e um antigo sentimento retornou repentinamente. A ansiedade, aquilo que não te permite viver o agora, aquilo que tem no seu tempo e que te coloca para vivenciar um futuro construído por uma mente pessimista e manipuladora. Eu detesto isso, detesto esse meu transtorno. 

-Aryanna. -Camila me puxou delicadamente pelo ombro, fazendo-me ficar de frente para ela. -Olhe para mim. -Ordenou, e com hesitação levantei meu olhar em sua direção, deparando-me com a repreensão de seu olhar. -Nem sempre escapar do seu passado é aquilo que vai te ajudar, você deve enfrentar.

-Não é tão fácil...

-Eu sei que não é, mas é o que faz parte daquilo que você se torna, do que você é agora. -Colocou atras de minha orelha uma mecha de meu cabelo que caia em meu rosto. -Não negue isso. 

Por um momento, pensei como seria reviver novamente aquilo para aderir algum tipo de experiencia, maturidade, sabedoria, alguma coisa assim. Pensei no que eu poderia me tornar, montei uma outra versão minha, até cair na telha da imaginação onde as coisas poderiam ter sido diferentes, e nisso vem uma onda carregada de culpa, coisas que poderia ter feito, coisas que eu poderia ter sido. Mas não fui, eu fui fraca, eu sou fraca, e prefiro não ter consciência disso. 

-Obrigada, mãe. -Abri um sorriso falso, como se fosse seguir seu conselho.

O sorriso foi retribuído carinhosamente, algo maternal, um amor e cuidado claramente sincero e que persiste em cada ato seu. Eu nunca tive isso, passei por 15 anos me trancando em um porão, tentando distrair minha cabeça com livros e mais livros enquanto todos os problemas estavam na parte de cima daquela casa, eu poderia ouvi-los como se fossem demônios, os mais sádicos e que eram apaixonados em me torturar psicologicamente. Um deles permanece aqui dentro de mim, eu sei que ele está aqui, ele se nutre de cada memória, e claro, sempre sou fraca o suficiente para querer escapar disso, mentindo, fingindo, colocando uma máscara. E eu menti para Camila. Menti para a minha primeira mãe.

 

00:30 - Quinta feira - Ultimo dia de hibernação 

 

Aryanna corria pela floresta coberta pela imensidão branca que a neve proporcionava, misturando-se com o marrom escuro dos solos e raizes de Green Valey, soltando uma risada alta de divertimento que poderia ser escutada por qualquer um.

-UM PORCO ESPINHO! -Berrou repentinamente ao parar de correr, apontando e pulando infantilmente para o animal que avistou.

-Porra, Violet! -Praguejou Derek irritado. -Não grita assim do nada, demônio! -Lhe deu um tapa na cabeça.

-Iiiih. -Estufou o peito em sua direção, provocando-o e fazendo-o cambalear para trás. -Vem na mão! -Ficou seria, porém o ruivo mudou seu semblante para algo tedioso, pois conhecia a garota o suficientemente para não cair em suas atuações e brincadeiras.

-Para de palhaçada. -Empurrou sua cabeça para o lado, aproveitando-se da oportunidade de ser mais alto.

Aryanna bufou levemente irritada, até distrair-se de novo com o porco espinho que passava. Porcupine City era praticamente composta por esses animais, por isso este nome, e a garota se fascinava por isso de uma forma que só ela entenderia o porquê. 

-Não é uma gracinha? -Inclinou a cabeça para o lado, sorrindo meigamente.

-Aham, até ele espetar a tua cara. -Derek arqueou instantaneamente as sobrancelhas, quebrando os devaneios infantis de Ary.

-Ah, vai se foder também. -Resmungou seguindo o caminho, ajeitando o arco em seu corpo.

Derek a observou por alguns segundos, até um sorriso abobado se formar em seus lábios, deixando bem claro em sua personalidade um temperamento mais do que estampado. Derek e Aryanna tinham um grande algo em comum, os dois tinham a mesma forma de expressar o que sentiam, irracionalmente, espontaneamente, porém o que realmente deveria ser em comum para ele não era. O sentimento. E ele sabia disso, era mais do que consciente de que Ary não o amava da mesma forma.

-Vi um. -Virou-se lentamente em sua direção, com uma expressão um tanto sonolenta.

-Onde? -Tentou parecer apático, o que talvez tenha funcionado um pouco no ponto de vista descontraído da garota.

-Ali. -Apontou para baixo do morrinho da floresta em que se encontravam, avistando um deles.

Os outros eram nada mais nada menos do que seres humanoides que saiam de suas matas a meia-noite, afim de iniciar uma caça sedenta por carne humana, assim como lobos esfomeados. Pareciam-se com humanos de certa forma, porém com a pele acinzentada e sem qualquer pelo, corriam como animais, alguns deles não tinham braço e andavam lentamente, e outros que corriam bastante continham correntes arrebentadas no tornozelo de seus pés.

-Pronto. -Ary lançou um olhar divertido para Derek, aprontando seu arco e flecha.

Derek sorriu em uma confirmação, recarregando sua arma. Segundos depois, a diversão havia começado, uma matança total, correrias e risos, e nisto um lado sádico de Aryanne era mais do que nítido, pois gargalhava enquanto via um dos seres se contorcerem com umas de suas flechas presas em suas cabeças, até morrerem.

-Derek? -Chamou pelo seu nome um tanto ofegante tentando se recuperar de suas risadas e da forte adrelanina que percorria em seu corpo, até não obter uma resposta. -Derek? -Seu tom dessa vez foi mais preocupado, e seu semblante mudou para um levemente desesperado.

Sem hesitar, a garota começou a correr pela floresta a sua procura, suja de sangue e atraindo atenção de outros seres, mas não estava focada nisto, estava tão desesperada que ignorava por completo seus instintos de autoproteção. Eram minutos que se pareciam horas, seu coração palpitava fortemente em seu corpo, com a respiração descoordenada, até repentinamente ser atirada para o lado com um ser faminto acima de si, mordendo seu braço e quase arrancando sua carne.

-VIOLET! -Escutou Derek lhe gritar, e em um reflexo socou o rosto do ser que lhe atacava, o espantando momentaneamente.

Tirou de suas costas rapidamente uma flecha, alinhando-a em seu arco e atirando com uma mira perfeita no meio da testa do animal que voltava a correr em sua direção, vendo-o cair e gritar de forma bizarra perante a dor.

-Merda, Violet. -Praguejou o ruivo ao se aproximar rapidamente da mesa, analisando seu braço ensanguentado.

-IMBECIL! -Lhe deu um tapa na cara em uma atitude impulsiva. -POR QUE VOCÊ SOME ASSIM? -Berrava enquanto lhe batia, fazendo-o se encolher um pouco.

-POR QUE VOCÊ SOME ASSIM? SAI CORRENDO FEITO UMA LOUCA E DESAPARECE NO MEIO DAS ÁRVORES! -Rebateu indignado, porém ao mesmo tempo estressado.

-EU FIQUEI NO MESMO LUGAR ANIMAL! -Acertou um tapa em sua cabeça.

Não demorou para os dois irem ao chão e começarem a se bater, até Ary finalmente notar que seu braço doía intensamente, como se sua pele fosse cair ainda mais em contato com o gélido da neve.

-Porra. -Gemeu de dor, sentando-se no chão e ignorando Derek.

O ruivo ofegante aproximou-se da mesma, e cuidadosamente, parou para olhar melhor o seu braço, vendo que os dentes ponteagudos do ser realmente haviam feito um bom trabalho.

-Desculpe. -Segurou seu queixo, fazendo-a olhar diretamente em seus olhos.

Derek gostava da imensidão azulada de seus olhos, era  um azul intenso e vívido assim como as águas, lembrando algo gélido, e Ary mal poderia perceber, mas sempre o olhava com uma certa intensidade, e isso o deixava confuso, cada vez mais atraído. 

Repentinamente a garota de cabelos loiros quase brancos o puxou para um beijo, e sem hesitar, Derek retribuiu com o mesmo aspecto malicioso, e Ary parecia querer mais do que aquilo, mordiscando às vezes seu lábio inferior apenas para provocá-lo. Era estranho para ambos, o como às vezes se tratavam como irmãos e repentinamente se deparavam com uma situação como está.

-QUE DEMÔNIOS SÃO ESSES? -Assustaram-se, se afastando com urgência.

Um idoso que se trajava como um índio, coberto por uma especie de casaco grosso feito de pele animal, chamando atenção com as pinturas brancas sobre sua pele morena e acessórios indígenas de grande significado religioso para o mesm, os fitava com os olhos semicerrados.

-Hmm... Desculpa senhor, cacique, comandante. -Aryanna tropeçou nas próprias palavras, nervosa, até soltar uma risada forçada em uma tentativa de descontrair o clima.

-O que moxa faz na terra de Rárá? -Perguntou com a voz normalmente grave, deixando claro um certo aspecto repreendor.

-Rárá? -Franziu o cenho confusa.

-Acho que é o nome dele. -Intrometeu-se Derek.

-Moxo não fala! -Apontou o grande pau que usava como bengala em direção à Derek.

-Nossa, desculpa. -Rastejou para trás, receoso.

-A gente só tava matando bicho mesmo. -Respondeu a loira, simples.

-COMO MOXA TIRAR VIDA DE ANIMAL? -Apontou a "bengala" para a mesma em uma alteração repentina.

-Ai caralho! -Berrou durante um pequeno salto de susto. -Eu saio daqui rapidinho se você não enfiar isso no meu olho. -Sorriu tentando ser amigável.

Rárá estava pronto para levá-los a fogueira, alimentar sua tribo, até ver o braço machucado de Ary e perceber algo, recebendo um dos sinais de seus ancestrais com leve sobrar gélido do vento.

-Moxa vem com Rárá.

(...)

Ary fitou o braço enfaixado por uma folha, inalando o cheiro das ervas que aquele lugar quente possuía.

-Obrigada. -Agradeceu amigavelmente.

-O que Rárá pode fazer por você hoxe? -Esfregou suas mãos de pele áspera uma na outra, olhando-a com os olhos normalmente semicerrados.

-Hm, eu nunca experimentei baseado. -Deu de ombros, olhando para a erva.

-Você não vai...-Derek iria repreendê-la, até ser atingido com o pau na cabeça. -Aí!

-Rárá não quer moxo falando! -Foi grosseiro, fitando-o de forma ameaçadora.

-Viu Derek? -Sorriu convencida, Derek revirou os olhos. -Eu quero erva. -Repetiu voltando sua atenção para o índio.

-Rárá sabe de uma coisa. -Aproximou-se da loira.

-Do que? -Ary ficou curiosa, inclinando-se um pouco para frente.

-Moxa tem um dom, é forte e tem espírito. -Cutucou onde se localiza seu coração. -Moxa vai sair daqui. -Disse por fim, deixando-a com um ponto de interrogação na cabeça.

Aryanna iria interrogar mais sobre isso, mas precisava experimentar a droga ainda mais, então encurvou-se em direção a mesma para tragar, até apagar repentinamente, com tudo em sua volta ficando negro como se estivesse caindo em um sono profundo. 


Notas Finais


O cap n está revisado, perdoem qualquer erro :)


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