1. Spirit Fanfics >
  2. Fake Smile >
  3. Os Mortos Falam

História Fake Smile - Os Mortos Falam


Escrita por: sugar_monster

Notas do Autor


beta por: Nova

Boa leitura ~ ♥

Capítulo 2 - Os Mortos Falam


 

 

Sexta, 09h11

Quando chegou à casa de Seokjin, Yoongi não fez cerimônia em tocar a campainha. O apartamento do amigo possuía o mesmo sistema de tranca e era obvio que alguém tão próximo do dono do apartamento saberia a senha. Ao abrir a porta, no entanto, deparou-se com o que sabia que não poderia evitar ou adiar mais do que já fizera: a Sra. Park, encolhida em um canto no sofá que já estivera presente em tantas ocasiões animadas dos cinco amigos. Seu olhar era abatido, sua postura não demonstrava qualquer força e a mulher não parecia querer demonstrar. O olhar cansado lentamente fora direcionado a si e, com um sorriso hesitante e – Yoongi esperava – reconfortante fora mostrado à mulher.

Ao se aproximar, já com a porta atrás de si devidamente fechada, viu a cabeça curiosa de Seokjin surgir da parede entre o espaço para entrar na cozinha e o balcão onde era possível ver boa parte do cômodo. Min apenas acenou a cabeça para ele e voltou a atenção à Sra. Park que, por mais abatida que estivesse, sorrira maternalmente para Yoongi. – Bom dia, Senhora Park. – disse o garoto em um tom suave, mostrando as flores para a mulher. – Trouxe algumas flores para a senhora, espero ter acertado…

Ainda sorrindo e sem falar nada, a mulher agradeceu, movendo a cabeça como Yoongi fizera em cumprimento a Seokjin, para só então sussurrar algo que o mais novo não pôde entender bem, mas deduziu ser algo como “colocar no vaso de flores do quarto”. Sem questionar e vendo naquilo uma oportunidade, esperou a mulher se afastar após um breve carinho nos fios escuros de Yoongi e assim levantou, seguindo em direção à cozinha.

– Não trouxe o que eu pedi, não é?

– Não Hyung, sinto muito. Depois que te mandei a mensagem, o cara que me atendeu na floricultura estava me dando as flores… Sabe como me atrapalho às vezes… – lamentou o mais novo, sentando em um dos bancos e apoiando o braço na mesinha familiar branca onde Jimin sempre deixava as sacolas de bebidas e porcarias antes de organizá-las na geladeira. Yoongi lembrou daquilo como uma pontada no peito.

– Não se preocupe, não era nada importante… – disse o mais velho. Yoongi notou que este parecia um pouco sério demais para seu normal, mas aquilo era completamente aceitável, diante as circunstancias. – Aliás, trazer flores para a senhora Park foi um gesto realmente bonito, Gi… Ela gosta de flores.

– É, lembrei disso enquanto me arrumava pra vir pra cá… Por falar nisso… – começou o garoto, espreitando pelo portal qualquer sinal da mãe de Jimin. Ao ver que estavam “seguros”, voltou a falar: – Na floricultura, Namjoon… Digo, o atendente, perguntou sobre Jimin. Eu sem querer mencionei o nome dele e o cara associou facilmente ao que houve. Perguntou se eu era amigo do mesmo Jimin das… Notícias. – Praticamente sussurrou a última palavra, olhando em volta novamente. – Dá pra acreditar nisso, Hyung? Saíram notícias?! Você não chegou a ver alguma, certo?

– Não, Gi… Mas imaginei que mais cedo ou mais tarde a… Tragédia que ocorreu com o nosso Jiminnie estaria nos jornais por aí. – Disse o mais velho calmamente, já não mais mexendo na comida que cozinhava no fogão ali próximo. Sentando-se no banquinho à diagonal de Yoongi, suspirou e olhou tristemente para o celular de Yoongi, deixado sobre a mesa pelo garoto por pura mania. Min entendeu aquele olhar e, mesmo hesitante, perguntou:

– Será que deveríamos… Saber o que andam dizendo?

Dando de ombros, Yoongi entendeu aquilo como um sim, não demorando em buscar o celular e pesquisar no navegador por Park Jimin. Não fora preciso mais do que o tempo de carregamento da página de pesquisa para o moreno encontrar uma série de notícias em diferentes sites. Clicou na primeira opção, suspirando enquanto rolava a página. Dando mais uma olhava em Seokjin, logo voltou a fitar o celular e iniciou a leitura em voz baixa:

“Jovem desaparecido é encontrado morto.

Neste sábado, o corpo de Park Jimin, desaparecido há uma semana, fora encontrado em uma área abandonada de Seul, dentro de um antigo prédio público interditado ano passado. A testemunha é uma senhora cujo nome não fora revelado, que alegou ter visto uma estranha movimentação durante a madrugada de sexta-feira, quando voltava de seu expediente em um estabelecimento próximo à área. De acordo com informações, a testemunha somente denunciou o ocorrido a polícia no dia seguinte, por achar que tratava-se de vândalos ou moradores de rua.”

– Ao menos não alteraram os fatos nessa parte... – interrompeu Jin tristemente, encarando Yoongi sem que recebesse o olhar do mais novo de volta, cuja atenção ainda estava na tela de seu celular. Assentindo lentamente, o moreno suspirou e logo continuou:

“Ao averiguarem o prédio, os oficiais encontraram o corpo de Park Jimin em uma das salas, cujo corpo exposto mostrava diversos sinais de luta, marcas em torno de seus pulsos e cortes em certas partes do rosto e abdômen, levando os policiais a confirmar as suspeitas de sequestro e tortura.

O principal suspeito é Lee Hong Jae, anteriormente procurado por crimes de sequestro e assassinato, todos muito semelhantes. Na segunda-feira durante a manhã, porém, Hong Jae fora encontrado morto em seu apartamento, provas apontando para um possível suicídio. De acordo com a polícia, Hong Jae passou a ser considerado um Serial Killer a partir de seu segundo grande crime e acreditam que Jimin possa ter sido “seu último ato”.

A família e os amigos do jovem de 21 anos deram diversos depoimentos durante a semana, mas nenhuma informação a mais fora divulgada pela polícia após a morte de Hong Jae, além da confirmação de que as investigações mantêm-se ativa nas mãos de um grupo especial comandado pelo chefe Kim […]”

Mais um suspiro escapou dos lábios de Yoongi. Não terminara de ler aquela reportagem, não sentia a menor vontade de fazê-lo. SeokJin também estava muito calado e, pela primeira vez em anos, o silêncio entre os dois era desconfortável e pesado, como se fossem desconhecidos compartilhando de uma mesma dor, que antes achavam ser somente sua. O único som que fizera ambos voltarem à realidade, diante de tantos pensamentos, fora o timer em forma de pinguim, antes programado por Jin. Olhando em volta, levantou-se ainda silencioso e voltou a mexer na comida esquecida no fogão por um momento.

Yoongi sabia que, se conversassem sobre aquilo que acabaram de ler, discutiram. “É tão obvio o quanto isso tudo é mentira” dizia o mais novo dos dois, todas as vezes que acabavam lidando com o assunto. Era impossível para ele acreditar que um serial killer louco, sem qualquer vínculo com Jimin resolvesse simplesmente sequestrá-lo, torturá-lo e, por fim, deixar o corpo sem vida em um prédio abandonado. Não fazia sentido, simplesmente não fazia. Mesmo assim, todos a sua volta pareciam acreditar, se conformar e especialmente lhe julgar por questionar aquilo. Nem mesmo a polícia dera fim naquela história, por que todos estavam fazendo?

Mas, mesmo que quisesse, não poderia voltar aquele assunto agora. A senhora Park havia acabado de entrar na cozinha, sorrindo de forma humilde e frágil, seu olhar parecendo ainda mais perdido e triste do que antes.

 

 

Yoongi não sabia em que momento fora parar ali. Era manhã, uma bela e florida manhã de primavera e, mesmo que não soubesse onde estava, não se sentia confuso ou perdido. No meio de flores em diversas cores e tamanhos, estava sentado, contemplando o céu e local ao redor com um sorriso bobo no rosto. Sentia-se tão feliz que parecia fazer anos desde a última vez que sorrira daquela forma. Sem que percebesse, uma pessoa sentou-se ao seu lado e, somente quando ouviu a sua voz suave é que a olhou, se assustando ao ver que era alguém que não pensou que veria ali de forma alguma.

– Hyung... – Jimin sorriu fraco e Yoongi retribuiu, querendo perguntar o que diabos o garoto fazia ali, afinal, ele deveria estar morto. Por algum motivo, a situação não era tão confusa ou assustadora quanto realmente deveria ser.

– Você está bem, Jiminnie? – indagou, vendo quão preocupado o ruivo parecia estar. De repente, um leve arrepio lhe correu o corpo, fazendo-o olhar para todos os lados rapidamente, como se procurando algum perigo por perto.

– Estou com saudade de vocês, Hyung… Mas eu não posso ficar muito tempo… – o garoto disse baixinho, desviando o olhar para os próprios joelhos, cujos braços os seguravam juntos. – Por que só você está aqui? Achei que todos viriam…

– Uh… Eu não sei Jiminnie… Eu nem ao menos sei onde estou… – confessou Yoongi com um sorriso tímido, a hesitação em ter dito algo ruim ao outro tomando conta de uma pequena parte de seu cérebro. Por algum motivo, aquele lugar parecia ser muito importante.

– Tudo bem… Talvez tenha sido melhor… Eu sei que você não contaria ao Taehyung sobre aqui. – a voz suave de Jimin soou e, levada pelo vento, causou mais um arrepio tenebroso em Yoongi, fazendo o garoto se encolher um pouco, como se isso pudesse ajudar a passar aquela estanha sensação que de repente parecia tomar conta de si. Voltando a olhar para todos os lados mais uma vez e ignorando o fato de que o céu parecia um pouco mais escuro, tornou a encarar Jimin, ainda calmo e cabisbaixo, olhando para o horizonte.

– Por que não quer que o Taehyung saiba sobre aqui?

– Ora Hyung… Ele me machucou… – Disse, sorrindo de canto ao voltar a encarar Yoongi. O coração do mais velho batia rapidamente, como se prestes a explodir. – Ele me machucou muito e fez outra pessoa sofrer as consequências… Ele me matou, Hyung… E acho que faria de novo se soubesse como chegar aqui.

De repente, antes que pudesse perguntar mais, sentiu um corpo atrás de si, um braço rodeando sua cabeça e uma mão cobrindo fortemente sua boca. A respiração próxima a seu ouvido lhe distraiu por um segundo e, no momento seguinte, percebeu que já não estava no mesmo lugar. Jimin não estava ali, não havia flores, nem brisa ou primavera. Todo o cenário se transformara em um quarto escuro, úmido e sufocante. À sua frente, sentado no chão como uma marionete sem cordas de sustentação, um corpo extremamente ensanguentado, inerte, olhos sem brilho mirando os de Yoongi. Era o Serial Killer, tão sério quanto na foto que vira mais cedo no site de notícias, mas sem qualquer resquício de vida, como se estivesse ali já há um bom tempo. Não podia falar, mas a íris escura o fitavam como se clamasse por socorro, como se Yoongi pudesse revivê-lo e ouvir o homem dizer quem fizera aquilo com ele. Mas, diferente do que imaginara, não sentiu o ferroso odor de sangue. A única coisa que podia sentir era a quente respiração próxima a seu rosto, escapando junto a uma risada soprada, antes que uma voz, aquela mesma gutural e misteriosa voz sussurrasse em seu ouvido. “Não acredite no que dizem os mortos, Yoongi… Ou acabará como eles.”

Quando enfim conseguiu voltar a si, Yoongi estava mais uma vez em seu quarto, sem ar, encharcado de suor e completamente desorientado. Quando se deu conta de que tudo aquilo fora um sonho, pensou se conseguiria voltar a dormir e se antes deveria procurar por Park Jimin ou Kim Taehyung em sua casa. Com sorte, nenhum dos dois estaria ali.

 

 

 

 


Notas Finais


Trabalhos da faculdade e falta de internet me impediram de postar mais um capítulo em dia, desculpem, de verdade ;;
Deixarei aqui uma promessa não muito segura: vou tentar compensar a demora e o tamanho do capítulo no próximo, se meus trabalhos não me engolirem antes, hehe...

Espero que tenham gostado!

Até a próxima ~ ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...