História Falando em estrelas - O passado me atormenta

Capitulo I – lembranças de dor.

Eu acordei ofegante... Era mais um daqueles pesadelos que me atormentavam há anos, não importava pra onde eu fosse ou oque fizesse ainda não me via livre deles.

Meu nome é Hellena e havia acabado de meu mudar para uma cidade chamada costa das estrelas, não era minha primeira mudança, na verdade já tinha passado por várias delas oque não me agradava de certo modo, mas era um mal necessário já que não possuía a característica de envelhecer, logo as pessoas começavam a se questionar sobre minha aparência e então era hora de partir.

Ter uma vida assim não era de todo ruim, aprendi a viver sozinha e depender apenas de meus próprios instintos, porém ter tantos anos me dava de presente muitas lembranças e angustias que eu teria que levar comigo pela eternidade, males do passado que insistiam em me atormentar.

 Ao longo dos anos estive procurando, pesquisando e me preparando para alcançar algo que almejava a mais ou menos 150 anos. Não era um objetivo pouco ambicioso e me exigia ter grandes e bem planejadas cartas na manga, essa cidade que me encontrava agora era minha ultima parada finalmente para completar meu desejo.

Levantei e fui tomar um banho, a casa era antiga e grande para apenas uma pessoa, irritantemente quente e clara, bem diferente de mim. Liguei o chuveiro e por alguns minutos deixei a água correr como se pudesse me fazer esquecer minha vida, isso nunca funcionou.

 Olhei no espelho, calça preta, blusa preta e um moletom de capuz bem grande adivinhem? Preto. Eu estava pronta para ir á nova escola. “só mais um pouco Hellena, você vai acabar com tudo isso logo, logo” pensei tentando reunir forças.

Eram sete horas da manha quando eu passei pelos portões de Sweets Amoris, colégio bem grande comparado à cidade, com dois grandes prédios de dois andares e uma arquitetura com referencias a construções medievais inglesas, algo de se admirar realmente.

 Costa das estrelas ficava perto de um rio, o mais importante da França, era um lugar agradável e calmo, com toda certeza eu poderia me acostumar ali, viver em uma pequena casinha com vista para um jardim onde pudesse observar de uma cadeira de balanço meus filhos brincado e crescendo e eu... Envelhecendo de uma vez, é uma pena eu não ter direito a nada disso.

Eu não estava nem um pouco interessada com o que iria encontrar naquele lugar, estar ali era apenas um meio de alcançar meu objetivo. Tudo bem que faria o possível para não deixar ninguém se ferir, mas só porque eu deveria manter o disfarce.

 O sinal já havia tocado e eu estava atrasada, não tinha mais ninguém nos corredores. Já sabia qual era minha sala pelo site da escola, então apenas sai a sua procura “sala 101, bloco dois”. Ia cantarolando bem baixinho enquanto me distraia como as janelas que tinham vista para os jardins, de todas as escolas que estudei essa era a mais bonita com certeza, e acredite já passei por muitas. Perdida em pensamentos e melodias o resultado não podia ser outro.

-ia!- trombei com uma pessoa que passava pelo corredor, é claro que estava tão desatento quanto eu.

- ei, não olha por onde anda?!- falei indiferente, ser gentil deixou minha personalidade á muitos anos.

- perdoe-me senhorita- oi? Que tipo de adolescente usa esse tipo de vocabulário nesse século?- mas a senhorita deve estar ciente de que também não estava prestando atenção no caminho- um garoto com olhos de cores diferentes e cabelos prateados, em um tom de voz surpreendentemente doce e com um sorriso acolhedor nos lábios disse estendendo a mão para me levantar.

  A forma calma e educada que aquele garoto usou me deixou sem reação, antes que eu pudesse evitar imagens do passado vieram em minha mente como um soco no estomago que me deixou sem ar... Em todos esses anos não havia encontrado alguém que se assemelhasse tão ao... Ao Bernard?!

- você esta bem?- disse ele ao ver meu semblante de desespero, por um instante eu quis abraça-lo e não soltar nunca mais, mas logo depois de um segundo cai em mim e percebi que aquele não era Bernard... “Bernard se foi” eu repeti em minha mente tentando me desconectar a todo custo de sentimentos que aterrorizavam minha alma há muito tempo.

- S... Sim, estou só fiquei um pouco tonta, mas já passou- disse me virando preparada para sair dali o mais rápido possível.

-oh, certo... Hum... Lysandre!- eu já estava alguns passos à frente, mas me virei para vê-lo. – meu nome... Lysandre- disse ele com um sorriso que eu não podia explicar como podia ser tão bonito, e se virou indo para longe.

“estou com um mau pressentimento sobre esse garoto, e tenha a impressão de que não é por acaso” pensei enquanto esperava meu coração voltar a bater normalmente.