História Falando em estrelas - Estranhos

Capitulo III

Era fácil me desconectar do resto do mundo se olhasse bem nos olhos de Lysandre, eles possuíam duas cores diferentes e intensas quase como se fossem liquidas, mas o mais aterrorizante era que tinham eficaz capacidade de me tirar toda concentração e causar um arrepio na espinha. Mesmo sem conhece- ló existia algo diferente que me chamava atenção e ao mesmo tempo me aterrorizava talvez o fato de sentir sua segurança e autoridade  ao falar comigo me deixassem vulnerável e desarmada.

- oque faz aqui, quando deveria estar na sala de aula? E além do mais, sozinha?- em seu semblante podia identificar preocupação, mas porque ele se importava comigo?

-Eu apenas passei mal, e a atmosfera da floresta sempre me ajudou a me sentir melhor- respondi o mais indiferente possível, não podia deixar toda a tensão que pairava sobre minha cabeça aparecer- e você oque esta fazendo aqui?

-vim enterrar um corpo! - por alguns segundo minha mente parou de raciocinar, “ele veio oque?” Um sorriso radiante surgiu em seu lindo rosto que antes estava apenas neutro- você devia ver sua cara agora hahaha, é brincadeira eu só estava vindo buscar algo no meu carro, quando vi uma jovem entrar no meio de uma floresta SOZINHA.

“Pelo menos ele não é um assassino”, bom até onde ele me permite saber.

- então agora esta me seguindo?!-disse colocando uma mão na cintura, talvez pudesse arrancar algumas explicações dele.

-interprete como quiser- ele disse dando de ombros e se movendo alguns paços para o lado- posso ser um cara bem esquisito que segue garotinhas para fazer coisas horríveis com elas no meio da mata às oito horas da manhã- então deu meia volta e se virou para olhar diretamente nos meus olhos- ou posso ser apenas um colega preocupado com uma doce jovem que entrou no meio de uma reserva sozinha sem autorização, onde pode haver perigos de todos os tipos, tudo depende de seu ponto de vista- ele parecia um advogado inteligente julgando um pobre réu, com suas roupas vitorianas de panos caros e elegante jeito de andar e falar, já tinha encontrados vários amantes de outras eras, mas nenhum tinha a capacidade de se portar de maneira tão fiel, era como se tivesse acabado te sair de um livro de romance antigo.

Eu limpei a garganta:

-é você me convenceu- disse enxugando as mãos que agora estavam suadas na calça e dando alguns paços para ir embora- acho que agora eu devo voltar para a aula- antes que pudesse me afastar ele segurou meu braço e eu virei levemente assustada, por um instante que pareceu uma eternidade nos ficamos apenas parados em silêncio.

-tem certeza que esta tudo bem mesmo?-Na verdade estava tudo indo muito mal começando com você e sua preocupação esquisita, ao mesmo tempo em que era muito fofa.

Eu soltei o ar que estava prendendo em meus pulmões um pouco aliviada, estar perto dele era de certa forma doloroso para mim, as lembranças vinham e eu não podia as conter, mas o seu toque era inquietante, eu realmente precisava que esse garoto sumisse em quanto ainda possuía um pouco de sanidade mental.

-sim esta- terminei com um sorriso e o deixei sozinho na floresta com urgência.

As aulas estavam passando rápidas e monótonas. Eu já não conseguia me concentrar em nada, algo estava muito errado comigo, já fazia um bom tempo que tinha a capacidade de negar sangue e viver no meio de humanos sem problema algum, eu precisava investigar oque mudou.

O dia estava acabando e eu voltei para casa, tentando normalizar meus pensamentos, mas eu não estava totalmente curada do acontecimento da manhã, a fome estava dificultando muito meu raciocínio. Era hora de caçar.

Quando um vampiro é criado sua sede por sangue é insaciável, por isso matamos muitos humanos ao decorrer da história, porém com certo tempo de experiência podemos nos controlar se quisermos e passar várias semanas sem consumir sequer uma gota.

Eu tinha objetivos na vida medíocre que levava e para alcança-los precisava viver entre os humanos sem levantar suspeitas então optei por me alimentar de sangue animal, sempre escolhendo cidades perto de reservas onde pudesse os encontrar em quantidade.

A noite chegou. Minha casa ficava em uma rua que tinha fim para um enorme campo e de seu topo era possível ver as lindas luzes da cidade, eu caminhei tranquilamente pelas ruas vazias ate chegar à reserva.

Era fácil identificar cheiros e sons que os animais faziam assim caçar era uma atividade muito simples e logo eu estava satisfeita, o sangue animal não era o mais saboroso, mas tinha o necessário para me manter viva e forte.

 Enquanto caminhava podia ver como os animais estavam constantemente olhando para o céu, sempre gostei de imaginar que eles tanto quanto eu admiravam como a lua produzia a luz mais bonita, não era quente como o sol muito menos tinha seu tamanho, mas sua beleza e elegância eram de encantar qualquer ser vivo. Outra coisa que eu gostava de admirar era como a floresta tinha sempre seus meus cheiros calmantes para mim desde quando era um humano esse sempre foi meu lugar preferido, mas naquela noite um cheiro me chamou atenção. Havia mais alguém ali.

Segui o cheiro se movendo devagar e sem barulho, quem quer que fosse certamente representaria perigo. Até que em meio às arvores eu vejo uma garota pequena de cabelos roxos procurando por algo.

Era Violet a menina que se cortou na classe hoje mais cedo, sabia que ela tinha algo de errado, oque uma pessoa normal estaria fazendo no meio da floresta uma hora dessas?

Eu não disse nada e por alguns instantes apenas a tensão reinou junto ao silencio da noite a observei de longe até que ela se manifestou:

- Hellena, pode aparecer eu preciso falar com você!- ela dizia enquanto dava voltas entorno do próprio corpo como se algo a estivesse perseguindo.

Oque?! Como ela sabia que eu estava lá? Porque estava me procurando? Minha mente virou ao avesso, mas antes de fazer perguntas resolvi me proteger. Cheguei em um segundo e a segurei pelo pescoço não depositando toda a minha força, até o momento.

-oque você esta fazendo aqui? Oque quer comigo?

- calma por favor- ela dizia com dificuldade- você precisa sair daqui, esta correndo perigo.

-do que você esta falando?- eu apertei mais meu braço contra seu pescoço.

- é uma armadilha, você precisa correr!

-oque?

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, eu ouvi um som, era indescritível, mas estava em uma frequência que me causava uma dor inexplicável, sentia como se as veias do meu cérebro todas estourassem de uma vez. Depois vi algumas mulheres chegando e formando um circulo, eu soltei Violet em uma tentativa frustrada de tapar meus ouvidos, ajoelhada no chão pude ver uma neblina subir e sumir com quase toda a minha visão, logo em seguida tudo começou a girar e senti uma picada no pescoço que espalhou uma dor instantânea por todo meu corpo, então fechei os olhos e cai no chão.

Quando acordei me encontrava em uma cela de metal reforçado dentro de uma grande sala. No canto esquerdo havia uma mesa de madeira com diversos objetos que eu não podia identificar, mas já tinha uma ideia de quem poderiam ser os donos, o resto da sala se encontrava vazia e a minha frente havia uma porta entre aberta.

Ainda estava me sentindo tonta e totalmente dolorida além estar com um dor de cabeça fora do comum, mas me esforcei para observar pela fresta da porta e então ouvi uma discussão...

-você tentou nos trair, quebrou a confiança de toda a sua família... Por... Por um monstro- uma mulher com uma voz bem estressada gritava.

- vocês estão enganadas, ela não é... - Violet dizia, mas antes que ela pudesse terminar algo a impediu, então pude ouvir gritos, choros de alguém pedindo misericórdia, depois sons um pouco mais esquisitos como de ossos quebrando e um grito mais agudo.

-por favor, já chega- outra mulher implorou enquanto os gritos ficavam mais fracos como se Violet não tivesse mais forças.

-levem na para o castigo- e então tudo ficou silencioso.

Parece que Violet comprou uma grande briga, tudo para me ajudar, mas que não havia dado muito certo, eu estava em uma cela em um lugar cheio de pessoas malucas. Eu tentei quebrar as grades que me prendiam, mas não importava o quanto de força eu fizesse nada acontecia, ou eu estava fraca de mais ou algo estava muito, muito errado naquele lugar.

Certo tempo se passou desde que ouve todo aquele alvoroço, estava sentada esperando que algo acontecesse e houvesse a oportunidade de sair daquele lugar ate que uma mulher entrou na sala, era baixa, tinha cabelos castanhos ondulados ate a cintura e vestia roupas coloridas e esquisitas, seus olhos eram grandes e redondos.

-quem são vocês? Oque querem de mim- eu disse impaciente.

-calma minha jovem, você terá suas respostas logo- ela mexia em algumas coisas que estavam sobre a mesa- por enquanto eu a prefiro calada.

-tem uma ideia de como vai fazer isso?- agora eu achava um pouco de graça da presunção que aquela mulher exalava.

-tenho sim- então um sorriso surgiu nos lábios dela, mas estava longe de ser um acolhedor e amigável.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa o maldito som voltou a invadir meus ouvidos me levando ao estado de choque com tanta dor, antes de apagar de vez pude ouvir uma risada:

-você vai me para por isso.- disse entre dentes com meu último folego.

Então desmaiei.