História Fale agora, ou cale-se para sempre! - Maldito guri de sardas.

— Eu te odeio. Você é a razão que o fungo existe!

— Você é a caspa que o Sanji teve até os treze anos.

— Você é a lama que o Shrek toma banho.

Zoro caiu na gargalhada.

— Óh céus, seja mais criativa, senhorita Sullivan.

— Não sabia que estava participando do concurso pra escolher o melhor palhaço. — Nami bufou.

— Nem eu. Aí, é uma palhaçada gostar de você. Tô sentindo um negócio estranho aqui. Vou pegar umas bebidas.

Nami ficou estática, observando aqueles músculos se moverem com uma agressividade masculina impressionante. Esse smoking devia ser ilegal.

Nami sentiu que estava sendo observada. De fato estava. Por dois meninos e três meninas. A mesa e cadeiras das crianças eram menores que as demais. Por isso que Zoro parece enorme quando está procurando a melhor posição pra sentar confortavelmente nessas coisinhas minúsculas.

— Você ficou muda, moça? — Uma garotinha de cabelos rosados curtinhos, que se chama Rebecca, indagou.

Será que as crianças perceberam a expressão demente que ela fizera quando deu uma secada no Zoro?

— Não. Não sou muda. Eu falo. Bastante. Estou falando. Eu falo muuuitooo — Não acreditou em sí mesma quando se ouviu cantarolando a última parte igual a Jess de New Girl.

Não sabia lidar com crianças. "HELP!", quis gritar. Mas sorriu quando ouviu as palminhas.

— Você fala engraçado — Disse o garotinho que se empanturrava de docinhos. — Como é seu nome?

— Nami. Nami Sullivan.

— Você tem os olhões enormes — Disse a garotinha Vivi, na maior inocência.

— Não é a primeira vez que escuto isso.

Aonde Zoro foi pegar as bebidas? No Egito?

— Aquele é seu marido? — A pergunta do garoto de sardas provocou uma crise de tosse em Nami. — Vocês vão se divorciar? A mamãe e o papai estão se divorciado. Eu escuto eles brigando do meu quarto — Nami, de repente, sentiu culpa por ter brigado com Zoro na frente das crianças. Muita culpa.

— Não, meu amor, não estamos nos divorcian... Quer dizer, não somos casados. Não ainda. Nem nunca. Nunca vamos ser casados, quero dizer!

Cala a boca, Nami.

Onde diabos estava Zoro?

— Vocês parecem marido e mulher. São fofinhos como as princesas e os príncipes da Disney são! — Suspirou Shirahoshi, a fofurinha que mais parecia uma bonequinha de tão fofa.

A Disney estava ferrando com a mente das crianças.

— Senhorita Sullivan? — O de sardas chamou.

— Oi, querido.

— O meu papai não é um fungo.

Nami caiu da cadeira.

***

Zoro voltou com as bebidas e encontrou a madrinha estatelada no chão.

— Que bonitinha. Nami Sullivan se enturmando! — Disse debochado e pôs as duas taças em cima da mesa.

— Vai tomar no...

— No olho do cd! — O de sardas gritou e todo mundo riu junto com ele.

— Esse é o meu garoto — Zoro bagunçou os cabelos do menino e estendeu a mão desocupada para Nami que ignorou e levantou sozinha.

— Por que você não me contou que tinha um filho? — Nami estalou, a boca grudada na orelha dele. Quase ficou tonta quando sentiu o cheiro daquele pescoço. Era só inclinar mais um pouquinho e...

Zoro espirrou champanhe pro lado.

— V-você está grávida de mim?

Óbvio que ele tinha o ouvido seletivo.

— Claro. Eu engravidei quando a gente fez amor no seu pensamento. Idiota.

Um lado da boca de Zoro se repuxou em um sorriso torto de matar.

— O garoto chamou você de papai. "O meu papai não é um fungo", puff — Imitou ela.

— Claro que eu não tenho filho. Fumou umas? Ele é meu afilhado. Filho de um amigo. Sou babá do guri vez ou outra.

Essa cena Nami pagaria pra ver; Roronoa Zoro de babá. Tinha que admitir, saber que ele não era pai ainda foi aliviante.

— Tia Nami, — o sardas chamou a atenção — Já que estamos em um casamento, você podia dar um beijinho no tio Zoro. Na boca.

Todos aprovaram a idéia e bateram palminhas. Inclusive Zoro.

A respiração de Nami falhou.

Que menininho mais sacana.

Beijar Zoro. Na boca. Fora de cogitação.

Por que Zoro estava tão relaxado? Ele não tinha entendido a sugestão horrorosa do garoto?

— Vamos lá, madrinha, as crianças estão esperando.

— Esperando o quê?

— Você beijar o padrinho mais gostoso dessa festa. Você não quer desapontar esses anjinhos, não é?

***

Nami ficou com medo de perder uns dentes e ter o vestido rasgado. Nem sabia porquê estava no meio daquele bando de mulheres desesperadas, que empurravam umas as outras só pra pegar um buquê. Grande coisa um buquê. É só um buquê. Nami podia jurar que Nico Robin ia jogar o Joseph Morgan e não o maldito buquê.

Que ódio. Estava fora de sí. O que deu nela pra beijar Roronoa Zoro tendo como platéia um monte de crianças perturbadas? O que deu nele para beijá-la daquele jeito, como se o mundo fosse acabar e ele precisasse descontar os cinco meses de beijos não trocados?

— Vamos lá, meninas! — Nico Robin gritou e todas se posicionaram. — Um...

Esse casamento se transformou num verdadeiro inferno. Zoro estava do outro lado do salão conversando com o irmão recém-casado e uns amigos. Nami ficou que nem uma boba olhando o jeito que ele ria, ou ajeitava a gravata que ficava sempre torta de um jeito sexy. Acorda. É o Roronoa Zoro. É o Roronoa Zoro!

— Dois...

Ainda não acreditava que seus lábios havia tocado os dele.

— Três!

O buquê se espatifou no rosto de Nami. Zoro presenciou a cena e não evitou dar um sorrisinho sem motivo.

***

— Você está claramente recebendo uma indireta do destino, Sulivan.

Nami deu meia volta, segurando o buquê como se fosse uma doença. Queria fugir do padrinho idiota a todo custo, não entendia como ele conseguiu mexer tanto com seus sentimentos daquele jeito. Seu coração batia revoltado contra o peito. Santa misericórdia, foi só um beijo!

Zoro era arrogante demais, odiava esse tipo de cara, mesmo que fosse o tipo que atraía sua atenção.

Completamente inabalado por ter sido ignorarado, Zoro seguiu atrás e agarrou o braço de Nami, antes que ela entrasse no banheiro feminino, puxando-a de volta para ele. Quase se arrependeu de ter feito isso, mas foi mais forte que ele.