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História Epilogus - Despertar - Parte II


Escrita por: JonhLEH

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 8 - Despertar - Parte II


Fanfic / Fanfiction Epilogus - Despertar - Parte II

...

- Bem vindos ao caos!

   Exclamou o homem obscuro de braços abertos frente ao casal.

- Onde estamos?! - Questionou Ragner.

- Bem, ainda devemos estar no Éden, porém, este plano encontra-se em minha memória. - Ele aponta para sua cabeça sorrindo enquanto verbaliza as palavras em tom e voz rouca.

- Lembranças?... – Sussurra Helga abismada com sua visão.

   Era um local onde não se havia como mensurar espaços nem tempo. Estava tudo mergulhado em total escuridão. Acima de suas cabeças haviam alguns pequenos pontos brilhantes, abaixo de seus pés o mesmo mar escuro alastrava-se ao infinito.

- O que é o caos? - Ela questionou ao homem.

- Que bom que tenha perguntado Helga. O caos é o princípio. Foi a partir daqui que tudo começou. - Ele falava em alto e bom tom dando algumas voltas observando o indescritível, quando de repente parou em uma direção e gritou absurdamente desesperado - E Deus disse: Faça-se a luz!

Neste instante se fez um corte no manto negro em frente ao homem, e a luz invadiu o refúgio daquelas trevas revelando terras verdejantes, Céu, Sol, Rios...As vidas que semeiam o Éden e toda sua formosura.

- Lindo não?! Como devem imaginar Deus não brinca em serviço. - Pôde-se ouvir gargalhadas vindas dele. - Mas o meu interesse aqui é outro, um maior e mais relevante para as suas breves existências.

- Se você realmente tem algo importante a nos dizer, insisto que seja mais breve. – Verbalizou em tom bravo Ragner.

O homem sorriu em sua direção. - Vosso Pai ainda não te ensinou métodos diplomáticos não é meu rapaz? Deverás aprender que não a nada mais instigante que um bom discurso. O que desejo vos mostrar é algo além do mero Éden. – O homem agora estendeu os braços para cima e um novo corte no manto se fez. As imagens passavam em grande velocidade aos olhares abismados de Helga e Ragner. Aquele espaço antes vazio acabara de ser substituído por um lugar nunca visto. Muros dourados e imponentes, torres majestosas erguidas àqueles céus. Cascatas de puras águas que despencavam às nuvens.

- O... O que é isso? – Quase não conseguiu perguntar Ragner.

- Ah!... – O homem expandiu fortemente os pulmões, de olhos fechados, tentando buscar o ar purificante do local, quando então se deu por conta que tudo não passava de suas memórias, como acabara de dizer. Voltou a falar de olhos abertos e um semblante de ódio. – Este era meu lar.

- Este é o lar de Deus meus irmãos. – Continuou. – Este é o lar da própria vida, onde o Sol nunca dorme, e as trevas nunca despertam. – Arqueou suas mãos ás nuvens. – Ou ao menos a recíproca deveria ter sido verdadeira.

- O que é você? – Perguntou Helga.

- Hum! – Ele sorriu de canto de boca. – Sou um anjo. Uma das criaturas mais perfeitas do Criador. Sou aquele que anuncia a honra, a glória e a justiça. Sou a espada e o escudo. Sou fogo da morte e da vida. – Fez uma pausa. – Ou talvez já fui. – Gargalhou.

- Deus nunca vos mencionou. A perfeição do Criador está em mim. – Bradou Ragner.

- Ora! Ora! A perfeição está em você?... É mesmo homem de barro?

- O próprio Deus me diz em todos os encontros! Ele revela todo seu amor em suas palavras.

- Você não conhece a Deus! – O anjo gritou tão alto que as imagens ali postas chegaram a embaçar e estremecer. – Você não conhece a Deus. – Falou mais baixo agora.

- Blasfêmia! – Disse Ragner.

- O que vos visita todas as tardes querido Ragner é apenas mais um de nós... – Pôde-se ver um largo sorriso obscuro em seus lábios.

   O anjo estendeu os braços mais uma vez e as imagens se modificaram. Foi revelado aos olhos de Ragner e Helga o que jamais imaginariam. Uma cidade em ouro que não tinha fim. Belezas jamais encontradas no Éden. Cercos de nuvens claras e suaves traziam paz aquele local. O anjo continuou a revelar o inimaginável. Milhares de anjos. Helga distinguira as figuras e corpos ainda humanos, ou semelhantes, porém, alados. Alguns possuíam olhos flamejantes, outros, sequências de asas em um mesmo corpo. Pôde notar alguns até femininos, de cabelos longos e olhares delicados. Era tudo fascinante. Até que ele parou.

- Aqui está! – Indicou com o braço um jardim a frente.

Uma árvore de um tronco descomunal se erguia no centro do lugar. Foi curioso Ragner perceber que uma árvore tão grande possuía frutos tão pequenos, avermelhados e salteados nos galhos aos quais podia ele avistar.

- Agora, o que é exatamente aqui? – Questionou Helga.

- Aqui é um dos poucos jardins que existe na cidade Divina. Neste em especial foi travada uma grande batalha, minha querida. E esta velha árvore a tudo assistiu. Deveríamos todos sermos servos fiéis a Ele, mas também temos nossos interesses, se é que me entendem. – Sorriu. Observem! – Ele fez um gesto fugaz no espaço. De repente espadas em chamas surgiram, parecendo dançar solitárias umas contra ás outras. Logo após surgiram mãos e braços ás tomando, e então foi confirmada a visão dos anjos em uma batalha voraz. Os golpes eram tão rápidos e fortes que Ragner testemunhou seres mais perfeitos, com todos aqueles dons, que a si mesmo. Helga pôde ver que o sangue que jorrava a cada laceração pela espada formada, era tão brilhante quanto o ouro que estruturava a cidade.

- A morte assolou o nosso querido Céu. As espadas tilintaram umas sobre as outras. Irmãos atacaram irmãos. Lágrimas encharcaram ás nuvens... E o ódio emanado escureceu o nosso Sol. – Começou a narrar o anjo. – Nosso nobre líder foi ferido cruelmente, e covardemente fomos exilados. “ Ás asas dos não puros deverão apodrecer e seu odor será marcante onde estiverem. Deverão sentir larga dor pelo tempo que levará a queda de cada pena, até mais nada restar senão hastes esqueléticas vazias. Estas deverão encurvar-se e retornar para dentro de seus corpos, causando-lhes chagas e futuras cicatrizes que jamais os deixarão. ” – Ele fez uma pausa de olhos fechados. – Estas foram sentenças de nosso amado Pai.

- Mas! – Continuou. – Nem tudo estava acabado. O sangue dos sobreviventes renegados alimentou as sementes dos nossos sonhos, aqui e na terra.

   Ele apontou um fruto que estava aos pés daquela árvore. Nas imagens um dos não puros o pegou no momento da expulsão. Ragner e Helga puderam notar grande semelhança entre este, e o real a sua frente.

- É você? Perguntou ela.

- Sim, minha querida. Eu fui responsável pela perpetuação da marca de nossa passagem e existência. Deus não conseguiu nos afogar no poço dos sofrimentos por completo. Não há opressão capaz de silenciar uma alma que anseia por vingança.

   Ele volta a abrir os braços e as imagens começaram a diluir-se, e o Éden voltou a surgir as vistas do casal. Ambos puderam reconhece-lo pelo ar circulante, as árvores que o preenche e a suavidade da grama que o veste. Porém, se encontravam em uma área até então não conhecida. Um pequeno morro se formava à frente, e uma árvore negra ali habitava. Não havia uma simples folha. Apenas galhos torcidos e retorcidos, e uma penumbra que emanava de seu corpo. Helga avistou Lilith surgir próxima a árvore.

- Ah! – Expressou o anjo indo em direção a árvore e tocando seu caule. – Eis a nossa espada até então não descoberta. Cravada no coração do Éden. Minha bela, de ti iniciará uma nova disputa. Teu fruto possui o sumo da verdade, e teu sabor possui o desejo das almas que ardem no fosso do desespero. - Ele ajoelhou-se e estendeu a mão. – Aqui faço minhas orações, e espero ser atendido.

Neste instante furtivamente formou-se um único fruto avermelhado, que após tomar toda forma ovalada, despencou em sua mão ainda erguida. Ele riu em silencio. – A semente de uma nova era advém sempre de outra já vivida.

Ele ergue-se, vira-se para o casal, estende o braço e diz:

- Vos ofereço meu sangue, e o sangue dos meus irmãos. Vos ofereço o que sou, o que fui e o que serei. Vos ofereço o fruto de Sophie.



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