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História Fallen and cursed - No olhar de anunciadores


Escrita por: Namibia

Capítulo 21 - No olhar de anunciadores


Fanfic / Fanfiction Fallen and cursed - No olhar de anunciadores

“ – não pode fugir de mim, não pode fugir disso Sakura. ”

“- fuja, fuja, fuja coelhinha, gosto de caçá-la, gosto de vê-la fugindo do seu predador”

 

Acordou com o rompante. Um grito ficou preso em sua garganta antes que pudesse ganhar forma e escapar.

_ Não grite sempre que acorda – Sakura sentiu uma pressão em seu abdômen forçando-a deitar novamente contra o corpo macio no qual estava, antes de acordar de mais um pesadelo. Mais um pesadelo.

Era a voz firme de Sasori soando em seus ouvidos, o braço quente rodeando sua cintura, as batidas no coração, a fragrância única exalada por seu sobretudo.

Sentiu vontade de chorar sem saber o porquê. Como se aquele momento fosse único e precioso demais para ser desperdiçado. Para não ser devidamente valorizado.

_ por quanto tempo eu dormi? – perguntou de supetão, querendo fazer perguntas diferentes daquela, muito embora, ainda não estivesse pronta para isso.

_ pouco mais de uma hora. _ seu tom ainda era impessoal.

A onda de acontecimentos estava sendo rápida demais para seu pobre emocional acompanhar o ritmo. Desde que Sai morreu as coisas pareciam ter ido para uma maré completamente oposta á aquela que havia imaginado para sua vida.

Queria ir para faculdade, abandonar Konoha e junto dela deixar todos os medos que a acompanharam durante sua vida. Queria recomeçar, entender sobre o mundo, conhecer pessoas e lugares. Sakura queria encontrar qualquer coisa que a fizesse acreditar.

Mas nada saiu como o previsto. Alguém inocente morreu por sua culpa. Todos os seus amigos lhe viraram as costas. Seus pais, sua família a encaravam com temor. Sentia-se finalmente uma aberração.

E então vieram novamente os médicos, tratamentos, antipsicóticos, e enfim o reformatório.  Agora ela nem sabia mais o que viria a acontecer no seu futuro, se é que haveria algum.

Despertou de seus pensamentos ao sentir dedos gélidos ultrapassarem as barreiras dos lençóis até chegarem nas elevações que suas costas apresentavam. Sasori pressionou as cicatrizes, fazendo Sakura retesar o corpo inconscientemente. Não eram bonitas, ela sabia.

O corpo de Sasori se mexeu inquieto.

_Essas eu consegui na noite em que arranjei motivos para ir parar na Sword & Cross. Aconteceu um incêndio...

Deixou os dedos pressionarem o tecido abaixo de si e continuou, buscando forças.

As sombras apareceram. Tudo pegou fogo.

_ sombras? _ ele perguntou com a voz seca

_ sombras. Elas aparecem para mim, e estavam na floresta na noite da festa.

_ como elas são?

Sakura franziu o cenho para a pergunta. De que importava como elas eram se ele não poderia as enxergar? Já havia as descrito inúmeras vezes, mas nada absolutamente nada, fez alguém compreender.

_ São escuras, frias. Às vezes grandes, outras vezes não.

Sakura sentiu um calafrio preencher seu corpo e o deixou se recostar ainda mais no aperto que Sasori fazia contra si.

Foi quando uma sombra passou pela janela como se fosse uma nuvem expeça, indo em direção á cama pronta para atacar Sakura.  

Deu um pulo contra o colchão, tentando desesperadamente sair dali e levar Sasori consigo.

_ ela está ali, está aqui dentro!

Sasori soltou uma risada nasalizada, deixando Sakura em dúvida se contemplaria aquela visão rara ou se ficaria indignada pelo fato dele ter rido de si.

_ O que é engraçado? – ela disse nervosa com a situação.

_ Veja, não lhe fará mal. As sombras não vieram ferir você, são anunciadores.

_ O que?

Sasori apontou para sombra que estava a metros deles. Parecia agora inofensiva, uma nuvem negra que talvez não estivesse ali para machucá-la. Mas o que eram os anunciadores?

_ o que quis dizer com anunciadores?

_ quando você disse aquilo na floresta, eu deveria ter desconfiado que você poderia estar recebendo visitas deles. É diferente dessa vez, você está a mercê de coisas que fogem do nosso alcance. Anunciadores trazem parte de suas outras vidas, memorias em forma real.

- memórias?

_ sim. Toda vez que algo parecido com o seu passado de outras vidas acontece, elas vêm. Querem te mostrar alguma coisa e não te machucar.

_ então porque eu nunca vi nada?

_ Não haveria como você saber. Se chegasse bem perto, e as tocasse, conseguiria.

Sasori se levantou da cama, exibindo seu corpo coberto somente pela calça de linho preta e andou até a nuvem escura. A sombra não se movimentou, até que ele a manipulou com os dedos a fazendo ficar sobre suas mãos.

_ venha até aqui. Não tenha medo.

Ele disse encarando seu corpo retraído na cama, depositando toda a confiança em seu olhar. Sasori era um bom manipulador.

Sem que visse já estava vestindo a blusa masculina jogada sobre o carpete do quarto e então caminhou até a sombra, parando ao lado de Sasori

_ São suas memorias. Você quer ver?

Ele ergueu a forma entre os dedos, exibindo melhor para que Sakura pudesse tocar.

_ é só tocar nela. Assim. – sentiu uma de suas mãos ser levada até a parte superior da sombra. Era mole e podia jurar que era molhada também.  

Os dedos de Sasori passaram por cima dos seus e a sombra se esticou um pouco mais dando uma visão ampla das paredes negras do anunciador. Era como uma grande caixa que poderia conter mais coisas que parecia ter, como se tivesse no fim, um fundo falso.

Tocou a parte inferior da sombra e então a escuridão ficou turva demais até se difundir em imagens borradas. Pode ouvir uma voz.

" Sakura, não demores querida!

Sakura!

_ Madre, já vou deixe-me apenas acabar aqui

Madre?

Encarou a cena que o anunciador mostrava. Era uma mulher de pele branca e cabelos castanhos, usando um vestido verde de mangas compridas, que se entendia até os sapatos, ordenado por pregas por toda a saia. Ela cozinhava algo no fogão a lenha que compunha uma cozinha humilde.

E então uma Sakura de cabelos longos demais apareceu correndo contra o piso de madeira descascada da cozinha, balançando seu vestido azul igualmente comprido como o da mãe a medida que corria.

_ Não corras! Já lhe disseste que o piso estais acabado. Não tenho moedas para consertá-lo Sakura!

_ Perdoe madre, é força do habito.

Porque elas falavam daquele jeito antiquado? Onde era aquele lugar? Sakura reconheceu que pelo sotaque se tratava do Italiano, mas em que ano? Parecia até uma casa de camponeses... E porque ela era capaz de compreender aquelas pessoas, mesmo nunca tendo aprendido aquele idioma?

Do lado de fora da casa a chuva batia contra a janela podendo levar tudo com ela, se ficasse mais forte.

- estais a chover a dois dias ! Estamos a ficar sem ter o que comer... Poderias ir até a cidade buscar farinha e óleo para mim?

_ Tudo bem, irei de uma vez.

_ não queres esperar pela comida?

_ Não me demoro madre, prometo.

_ certo ! Leve sua capa, estais a fazer frio lá fora.

 

Sakura viu sua outra versão sair pela porta da casa e correr pela chuva até adentrar na floresta. O que ela estava fazendo ali?

_ Sakura!

Ouviu uma nova voz chamá-la apesar de a reconhecer muito bem. O outro Sasori estava ali também, na chuva, encostado em uma árvore de tronco largo, encarando a menina com os seus olhos de detetive que tanto conhecia.

_ Sasori. _ sakura murmurou contra a capa amarela que estava usando.

Ele caminhou com as passadas firmes, naturais de sua personalidade até a menina que parecia brilhar com a expectativa da aproximação.

_ Demoraste.

O italiano perfeito soou em sua voz fria, fazendo a menina molhar os lábios em prazer.

_ A madre não queria que eu saísse na chuva. Mas, consegui esconder parte dos mantimentos para que ela pensasse que precisava de mais.

_ mentiu para ela?

_ ela não me perguntou se havia acabado ou não. Apenas pediu que comprasse mais.

_ Tu não eras assim. Estou levando-a para o caminho ruim

_ Mentiras! Sabes que eu faço porque quero.  

Sasori colocou uma das mechas do cabelo de Sakura atrás da orelha. Puxou seu rosto para cima, querendo vê-la melhor.

_ quer que eu lhe acompanhe até o burgo?

_ gostaria de ficar e passar mais tempo contigo. Não sabemos quando nos veremos novamente

_ sabes sim... Sempre aqui, no mesmo lugar. Ou eu posso ir até você se quiser.

_ Porque não vens à noite? Pela janela? Mi madre dorme cedo, e quase nunca acorda antes do amanhecer.

_ não é bom uma moça receber visitas de um homem à noite. Ainda mais de um homem estranho

_ Não és estranho! Deixe de bobagens. Sinto que lhe conheço a vida toda _ Sakura ouviu seu eu do passado dizer, como se fosse um espelho dela própria.

_ Sakura, Sakura, eu deveria seguir mais a razão... Porém parece impossível ...

_ Não pense muito, apenas sinta.

A garota ficou com a face rubra e fechou os braços ao entorno do ruivo. – vou esperar-te!

_ mesmo se eu demorar muito?

- lhe esperaria para sempre... Mas sei que não demorará.

Então a menina saiu correndo pelo mesmo caminho do qual tinha vindo, deixando Sasori para trás com um olhar indecifrável.

 

Sakura sentiu sua vista focalizar aos poucos, apesar de seu corpo parecer mais mole que o normal.

Sentiu seu corpo tombar pra frente, mas antes de cair é segurada por mãos frias que envolvem sua cintura.

_ Você viu isso? – ela pergunta tentando fazer as mãos parar de tremer.

_ sim. Mas não é como se eu tivesse me esquecido.

Sakura sentiu seu coração palpitar. Ela poderia não lembrar de nenhuma daquelas vidas, mas Sasori sim. Ele passou por todas, sem morrer, sem interromper a linha do destino.

_ Você não morreu nenhuma vez?

_ Não. Somente você.

_ Porque? _ Sakura sentiu as lagrimas embaçar seus olhos, mesmo fazendo um esforço grande para não demonstrar sua tristeza.

_ Isso faz parte do seu próprio dilema, eu não posso te contar.

_ Nosso dilema! Nossa história. Quem melhor do que você poderia me contar?

_ Sua própria memoria. Seu coração. É perigoso tentar revelar as coisas antes do momento, Sakura.

_ E se eu não lembrar? – ela diz em um fio de voz

- Sabe que se lembrará, você sempre lembrou.

Sasori se afasta e vai até o guarda roupas procurar o que vestir. Não fazia ideia do porque haver roupas dele ali, mas achou melhor não ser tão invasiva.

_ Os outros já chegaram, vamos descer para que vejam que ainda está viva.

_ Onde você colocou minha mochila? Preciso vestir alguma coisa...- ela murmura e aponta para a camisa de Sasori que estava vestindo.

_ está no guarda roupa. Eu vou ir procurar algo para você comer.

Antes que ela pudesse retrucar a porta já havia sido fechada por ele.

Suspirou.

Como seria viver com Sasori a partir de agora? Viver com Sasori... Como deveria estar a escola? Será que eles ligaram para os seus pais? Não saberia o que dizer para eles de qualquer forma.

Alcançou sua mochila e retirou uma calça e blusa de lá. Buscou a porta do banheiro com os olhos e resolveu tomar um banho, antes de encarar sua nova realidade.

O banheiro era branco, todo feito a mármore. Encarou seu reflexo no espelho enorme que havia em frente a pia e suspirou. Tirando as olheiras e os cabelos emaranhados, parecia melhor do que jamais estivera.

Tirou a camisa que ficava bamba em seu corpo e analisou-o melhor. Marcas roxas se espalhavam pela clavícula, seios, pescoço. Se sua mãe visse isso, diria que sua menina finalmente cresceu.

Ela se achava mesmo crescida, afinal. Correu os dedos pelo pescoço sentindo a pele queimar pelo prazer que foi colocado nelas. Sasori poderia marcar seu corpo como bem entendesse, não importava, ele já estava em sua alma.

Caminhou para o box, e deixou a água carregar todas reflexões que sua cabeça poderia querer realizar agora.

 



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