Capítulo 6 - Vida sem ele
❝Quando você diz “Eu te amo”, está fazendo uma promessa com o coração de alguém. Tente honrá-lo.❞
- Clarice Lispector
Magnus estava deitado no sofá de veludo preto, na antiga casa, onde atualmente ainda morava, do ex-anjo da guarda Alexander. Não havia mudado nada ali, não conseguia!
Tudo o lembrava dele e isso o trazia uma mistura de saudades, mágoa, tristeza, nostalgia e amor.
Alexander sempre o causara isso: uma mistura maluca de sentimentos que não tinham nada haver um com o outro e que o fazia ama-lo ainda mais!
Mesmo depois de um ano, não havia conseguido superar o acontecimento.
O seu grande amor tendo sido tirado de maneira tão bruta e repentina de sua vida... Ainda era um choque de realidade que o fazia querer que tudo fosse um mero pesadelo e que quando acordasse estivesse com seu lindo anjo de olhos azuis do seu lado, o olhando com um olhar cauteloso e preocupado, o puxando para um abraço caloroso e reconfortante, que dissesse que estava tudo bem e que estava ali... Que não havia ido embora...
Mas era real. Ele havia ido embora. E não voltaria. Havia ido embora para sempre.
Até hoje ainda sonhava com o dia em que o viu pela última vez ainda como anjo, sendo humilhado por Deus e tendo suas asas cortadas foras.
Dizendo que o amava uma última vez em um sussurro inaudível e fraco, que apenas havia sido entendido através de leitura labial.
Não esqueceria aquilo.
Encarava o teto de cor branca levemente manchado de sujeira, com um olhar triste, pensando apenas em nada e com o coração apertado, partido!
Levava facadas todos os dias, havia conseguido uma maneira de ver o amado mesmo de longe, quando visitava o mundo humano, observava como ele seguia a vida calmamente, como ele não se lembrava de nada... Não se lembrava dele!
Mas não ligava muito para esses fatos, mesmo que o machucasse, apenas queria cuidar de sua segurança, e era o que fazia. Arranjava vários jeitos de protege-lo, quase como um anjo da guarda.
O que era bem irônico!
Sabia que Deus tinha conhecimento que fazia isso, mas havia sido misericordioso em não fazer nada.
Talvez entendesse sua dor.
Mas não seria capaz de perdoa-lo apenas por entender.
Esfregou as duas mãos em seu rosto, dando um suspiro alto e depois jogando a cabeça para trás no sofá, estava cansado de toda essa situação!
— Alexander... — sussurrava como uma súplica, a voz começando a embargar pela vontade de chorar! — Eu sinto tanto a sua falta, meu amor...
Gritou de frustração logo após, sentindo as lágrimas virem apressadas, uma atrás da outra escorrendo pelas suas bochechas bronzeadas.
Então começou a soluçar, o choro se tornando mais desesperado!
— Alexander... Alexander...
Todas as memórias que tinha com ele apareciam em sua mente seguidamente, quase como um filme de poucos minutos.
— Alexander! — gritou alto, com raiva, se esperneando levemente no sofá e jogando o travesseiro para longe, não importando que atingisse alguma coisa e que a quebrasse. — Por favor... — então suplicou. — Por favor... Volta... Por favor... — fungou, tentando acalmar seu surto. — Lembra de mim, meu amor, por favor...
Voltou a encostar a cabeça no braço do sofá, com um choro silencioso, voltando a encarar o teto.
Era assim todos os dias sem exceção.
Sendo rara as vezes em que saía para fazer alguma coisa sem ser treinar, mas até o treinamento o fazia lembrar ele! Principalmente pelo seu 'poder' ser de cor azul.
Azul como seus lindos olhos...
— Sinto sua falta, meu amor... — sorriu fraco, se achando um idiota.
Afinal sussurrava como se ele fosse escutar ou saber de alguma coisa que saísse de sua boca!
— Por favor, Magnus, chega. — sentou no sofá, enxugando o rosto. — Ele nem sabe que você existe! — e tal palavras ditas por si lhe causava uma dor enorme ao percebe-las.
Era sua realidade afinal!
Levantou do sofá, decidindo ir tomar um banho, afinal estava com uma aparência e um cheiro péssimo! Não era atoa que seus colegas no treinamento fofocavam que ele estava em depressão.
Talvez estivesse, mas não admitiria isso para si mesmo.
Olhou para a janela e tomou uma decisão: espiar seu amado mais uma vez em quanto visitava o mundo humano não teria problema!
Afinal.... Coincidências existem.
Era só usar isso como desculpa!
૪
Estava sentado no alto de um prédio não muito alto, por ter poucos andares, olhando para o amado que lanchava calmamente na White Cake Bakery, sabia que estaria ali, afinal era sua confeitaria preferida!
Mas foi quando uma certa cabeleira loira entrou no estabelecimento que o coração de Magnus Bane se encheu de ódio e ciúmes.
Sabia dos sentimentos que Alec estava nutrindo atualmente pelo loiro, Jace Wayland, e isso o magoava! Afinal dói ver quem amamos amando outra pessoa.
O pior de tudo: não poderia se aproximar mais que isso! Como iria saber o conteúdo da conversa?
— Sua situação é maravilhosa, Magnus... — sussurrou para si mesmo, frustrado. — Além de falar consigo mesmo, assiste seu amor com outros de trouxa! — bufou.
Teria de ter paciência, afinal sua situação era delicada de fato.
Sentiu alguém se aproximando, depois avistou a sombra de uma pessoa e duas asas enormes pousando atrás de si. Olhou para trás e viu Catarina, que era atualmente o novo Arcanjo de Deus. Sorriu fraco para ela, afinal era sua amiga!
— Você não desiste nenhum dia, não é? — ela falou, abrindo um sorriso fraco e sentando ao seu lado. — Acho isso muito bonito.
— Eu nunca desistiria dele. Mesmo que esperasse pela eternidade, Cat.
Magnus voltou a olhar para a confeitaria, avistando o amado e seu amigo conversando, não se importaria em apenas observar de longe.
Apenas queria vê-lo. Apenas queria cuidar de seu amado!
— Não dói? — Magnus olhou para a amiga confuso. — Vê-lo nessa nova vida, não dói?
— Dói. Dói muito.
Catarina sorriu fraco, desviando o olhar dele e também olhando para Alexander, que ria de alguma piada que o garoto loiro que o acompanhava havia acabado de contar.
— Mas eu o amo. — Magnus continuou. — Amo muito, e por ama-lo, desejo vê-lo feliz! Quero acompanhar sua trajetória, cuidar de sua segurança, ele estando feliz e bem, de alguma forma irei me sentir melhor! — o mesmo sorriu fraco, voltando a falar. — Mesmo que ele não lembre mais de mim... — lacrimejou. — Não irei deixar nossa história ser esquecida.
❝— Eu quero que siga em frente, Magnus. Quero que não se prenda a mim para sempre! Quero que seja feliz.
— Eu não vou conseguir ser feliz sem você, Alexander! — o apertou mais contra si, sem querer o soltar.
— Por favor, Magnus...
— O tempo está acabando. — a voz de um dos guardas interrompeu.
Alec engoliu em seco, sem tirar os olhos do amado, levantou as mãos que estavam presas e acariciou seu rosto.
— Lembre da nossa história, do nosso amor, por mim, Magnus. — o beijou uma última vez, sem deixa-lo falar.❞
Quando lembrou de tal ocorrido, antes de Alec ter sido levado para o purgatório um ano antes, sentiu os olhos marejarem e engoliu em seco, controlando a vontade de chorar!
Olhou para Catarina, abrindo um sorriso fraco, porém verdadeiro.
— Amar dói, Cat. Dói muito. — continuou. — Mas é um dos sentimentos mais verdadeiro e puro que existe. Amar é abrir mão de muitas coisas, mas vale a pena.
A mesma o abraçou apertado, como se tentasse o consolar e curar suas feridas, mas era impossível!
— Magnus, desde que eu virei um arcanjo, eu tenho pesquisado muito o seu caso. — ela falou em quanto o soltava.
— Como assim...?
— Procurei por brechas, alguma solução...
O anjo de aparência asiática a olhava esperançoso, sentia seus batimentos acelerados, esperando por alguma resposta!
— E eu achei uma solução.
E foi como se todo o chão que Magnus havia perdido, naquele dia no purgatório, tivesse voltado a tona.
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