História Fallen Angels - Perfeitos Estranhos Part.1

               CINCINATI, OHIO

                         2015

Cheguei no saguão iluminado da Knife & Light 20 minutos atrasada. Uma atendente gorda, de bochechas coradas e cabelos castanhos estava dando ordens. O que significava que eu  já tinha ficado pra trás, grande merda.

-Então, lembrem-se: PPP, pílulas, pijamas e polícia, que apelidamos carinhosamente de vermelhos - falou a atendente com um pouco de ironia na última parte. - Lembrem-se disso e ninguém vai se machucar.

Na minha frente havia três outros estudantes de pé, me apressei para alcançar eles.
   Eu ainda tava tentando entender  se esse guia de cabeça raspada parado na minha frente era homem ou mulher, se alguém ali me Ajudaria com as minhas   malas e se minha mãe se livraria da minha amada Harley Davidson preta assim que chegassem em casa, depois de me jogar naquele inferno. Ela Ameaçara vender a moto durante o verão inteiro e agora tinha um motivo que nem eu podia argumentar: Ninguém tinha permissão para ter motos ou carros no meu novo colégio. Meu novo REFORMATÓRIO, para ser mais exata. Ainda estou me  acostumando com essa palavra.

-Você podia, hm, repetir? - perguntei pra atendente. -O que você disse sobre pílulas...

-Ora, vejam só quem resolveu aparecer -disse a atendente em alto e bom som, e então continuou - pílulas ou remédios. Se for uma das alunas medicadas, é onde deve ir pra se manter dopada, respirando, ou seja lá o que for.

-Entendi. - Senti meu estômago se revirar. -Remédios.

Tinha parado de tomar remédios há anos.
Mas meu médico estava pensando em voltar a me medicar de novo. Depois de finalmente ter convencido ele de que  eu estava quase estável, foi preciso algumas análises extras para eu poder ficar longe daqueles horríveis antipsicóticos.
   E essa era a razão pela qual eu estava começando a cursar o último ano do colegial no reformatório Knife & Light, um mês depois do inicio do ano letivo. Ser uma aluna nova já era ruim o bastante, entrar depois das aulas já terem começado era pior ainda. Mas, pelo visto, eu não era a única aluna chegando hoje.