História Fallen For You - Capítulo XVI

Taemin pov.

Permaneci prostrado ao chão por mais alguns –intermináveis- minutos. Sentia-me enfraquecido até para sustentar meu próprio corpo, e se quer consegui formular algum pensamento coerente em minha mente. Lutava com todas as forças para afastar aquela agonia do meu peito, mas algo me dizia que tudo conspirava para o pior. Pensamentos ruins se apoderavam da minha mente, e minhas pernas tremiam por puro desespero.

Eu não me importo com os riscos que corro, mas... Não sei o que eu faria se algo acontecesse com Minho. Por ele, eu seria capaz de aguentar todos os tipos de tentações, até mesmo do próprio Lúcifer. O amo demais para deixá-lo sujeito a qualquer tipo de perigo ou ameaça, ao menos que eu possa estar à sua frente perante isso.

-Tae? –Desviei meus olhos do chão e passei a encarar o único homem pelo qual eu seria capaz de tudo. –O que está fazendo aí no chão? –Perguntou-me enquanto sentava-se na cama.

-Oh... Não é nada, eu só... –Tentei levantar-me do chão, mas logo caí novamente pela falta de forças em minhas pernas.

-TAEMIN! –Minho levantou-se rapidamente e veio ao meu encontro, agachando-se ao meu lado. –O que você tem? Está pálido. –Ele acariciou minha bochecha e sorri mínimo antes de aninhar-me em seus braços. Minho envolveu-me com seus braços e caminhou comigo até a cama. –O que você está sentindo? Quer ir ao hospital? –Ele perguntou enquanto tocava levemente minha testa.

-Eu estou bem, não se preocupe. –Minha voz saiu mais rouca que o normal, causando uma feição preocupada no moreno à minha frente.

-Eu vou buscar algo para você. Precisa de alguma coisa? –Perguntou encarando-me nos olhos.

-Sim, hyung. Eu preciso de você. Por favor, fique comigo... –Pedi manhoso, enquanto acariciava seu rosto carinhosamente.

-T...Taemin. –Ele fechou seus olhos e sorriu levemente, antes de deixar um breve selo em minha testa. –Por favor, me deixe cuidar de você. –Sorri em resposta, e ele afastou-se apenas para se deitar ao meu lado.  Minho acariciou meus cabelos, puxando-os levemente para que eu repousasse minha cabeça em seu peito. –Eu prometo que amanhã será divertido, eu não quero mais te ver chorar, pequeno... –Ele afirmou, antes de deixar um beijinho em meus cabelos.

-Minho... –Chamei-o e ele respondeu com apenas um resmungo enquanto acariciava meus fios. –Sabe... Eu nunca tive certeza de muitas coisas em minha vida, nunca soube o que iria acontecer, se eu ia ou não ser feliz, sobre minhas certezas... Todas elas eram incertas, mas uma de minhas certezas, é que te amar é a melhor coisa que posso fazer, e que já fiz. –Confessei, e logo senti seu coração esmurrar seu peito próximo ao meu rosto.

-Tae... Eu... Quero te pedir algo... – Ele começou e eu apenas assenti para que ele continuasse. –Quero te pedir que fique comigo. –Arregalei os olhos e sentei-me na cama, passando a encará-lo nos olhos. -Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que a maioria das relações que eu conheço não sejam duradouras, eu quero correr o risco. Eu sempre achei que se apaixonar era uma droga, sempre brinquei com as pessoas e as joguei fora na primeira oportunidade, mas... O que fez comigo, Taemin? Porque eu estou tão dependente assim de você? Eu sei que é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão no final. Mesmo que não pareça, eu tenho medo de me tornar mais ridículo do que já sou, te falando isso. Mas por outro lado, eu posso te fazer feliz também. É um risco Taemin, mas... Eu pulo, se você me der à mão. –Eu estava estático, surpreso, sem reação... Apenas passei a encarar o nada, sentindo meus olhos arderem e uma chama ardente tomar conta do meu interior. Lágrimas caiam intensamente dos meus olhos, e com a pouca coragem que me restava, eu novamente o olhei.

Minho já chorava como uma criança que se perdeu de sua mãe, seus olhos estavam avermelhados e pela primeira vez, eu não soube o que fazer, apenas o observava e deixei que o próprio momento nos confortasse e acalmasse a avalanche de sentimentos que nos envolvia sem qualquer pudor.

Ele falou como se soubesse a verdade... Como se pudesse sentir a agonia que eu presenciei minutos atrás, como se tivesse medo de que o pior acontecesse. Depois daquela confissão... Eu finalmente pude entender... Eu lutaria por ele, correria todos os riscos, visitaria o inferno se fosse preciso, cuidaria dele até no meu estado mais deplorável, e nunca o deixaria escapar por entre meus dedos. Eu estava disposto a correr esse risco.

-Hyung... Você acredita em anjos? –Perguntei-o limpando minhas lágrimas e logo sentindo a famosa e constante ardência em minhas costas.

-Como? –Ele perguntou confuso, enquanto seus olhos ainda liberavam finas lágrimas. –Que pergunta é essa?

-Apenas me responda... –Sorri e acariciei seu rosto, limpando suas lágrimas.

-Acho que não. Por que a pergunta? –Engoli em seco, quando senti nitidamente coisas estranhas em meu corpo, especialmente em minhas costas.

-Sabe... eu acredito em anjos. –Revelei, e ele me encarou com as sobrancelhas franzidas. Sorri, mesmo com a dor dilacerante em minhas costas, acredito que por estar quebrando uma regra. –Me disseram uma vez, que mesmo que não acreditemos neles, eles existem e acreditam em nós. Aquela voz que aparece sempre na sua cabeça dizendo que tudo vai ficar bem, aquela sensação de não querer ir a um lugar, e então algo ruim acontece lá. Alguns anjos se esforçam tanto para salvar uma vida, que vem para o mundo como uma pessoa normal. Só para saber que você vai continuar vivo. Que vai continuar tentando. Que não vai desistir. –A esse ponto, eu já sentia uma pequena elevação junto a uma dor cortante em minhas costas, mas eu não me arrependia.

-Nossa... Onde você escuta essas coisas? Parecem histórias para crianças dormirem. –Ele sorriu e beijou o topo da minha cabeça. –Vamos dormir, sim?

-Sim, eu só vou ao banheiro. –Ele assentiu e eu levantei-me da cama, caminhando rapidamente até o banheiro. Adentrei-o e me surpreendi ao encontra-lo em perfeitas condições. Suspirei. –Pelo menos voltaram para organizar a bagunça que fizeram...

Pensar naquilo me fazia mal, mas eu já havia tomado minha decisão e não voltaria atrás. Afastei esses pensamentos e retirei minha camisa, olhei-me no espelho e arregalei meus olhos em surpresa e pavor. Minha tatuagem... Parte das penas havia sumido, e o lugar vazio encontrava-se avermelhado com uma leve coloração roxa. O que estava acontecendo?

“Se voltar, ainda poderá refazer o seu erro na ala de reabilitação. Mas se acontecer o inevitável, te perderemos para sempre Taemin, e o seu amor não estará com você...”.

Arrepiei-me ao lembrar-me nitidamente da fala do hyung, mas depois da conversa com o Minho, eu não teria mais medo. Mesmo com coisas estranhas acontecendo em meu corpo... Mesmo meu destino estando completamente incerto...

“Eu pulo, se você me der à mão”.

Nós já pulamos, meu amor, e prometo que farei de tudo para que não precise nunca mais soltá-lo.