História Falling For You - Arquivo x.

Maya Collins.

Todos estavam na mesa conversando animadamente, Pattie e Jeremy não paravam de elogiar a comida que meu pai tinha feito. Por falar no meu pai, Charlie tentava de todas as formas agradar a Jeremy, por isso sempre fazia o jantar, e sempre dizia que era uma forma de agradecer, já que a única ajuda que aquela família aceitou foi na hora de fazer compras para casa, e isso aconteceu com muita insistência do meu pai.

Eu comia sem pronunciar uma palavra, e dessa vez sem olhar para o Justin uma vez sequer. Não conseguia disfarçar o quanto estava envergonhada, afinal, ele quase me beijou! Eu admito que se ele tivesse o feito, não teria o impedido. Mas ao mesmo tempo me culpava por querer que aquilo acontecesse, caramba, eu não tenho orgulho? Justin Bieber nunca perde a oportunidade de me humilhar, mas mesmo assim meu coração continua vacilando quando o assunto é ele.

– Maya, o que você irá querer para o lanchinho da noite? – Ouvi a voz doce de Pattie me chamar, mas antes que eu pudesse responder, seu filho mais velho me interrompeu.

– A partir de hoje, prepare para dois. Por favor. — E pela primeira vez no jantar eu ouvi a voz dele.

– O que? – Pattie nos encarou surpresa. – Não acredito! Você vai estudar também?

– Não pode ser nada muito gorduroso ou doce, pois será mal para a memória dela. – Ele não fez questão de responder a mãe, apenas se prontificou a falar aquilo como um perfeito nutricionista. – Eu vou subir primeiro, boa noite a todos. – Justin sabia ser muito educado quando queria, ou pelo menos muito educado com qualquer pessoa menos eu.

Ele saiu da mesa e o acompanhei com os olhos até ele sair do meu campo de visão. Pattie ainda tinha sua feição surpresa, assim como Jeremy. Até Jamie parecia surpreso, já meu pai mantinha apenas a expressão amigável em seu rosto, talvez ele suspeitasse dos meus sentimentos em relação ao Justin.

– Eu também vou indo, boa noite. – sorri sem mostrar os dentes e corri para o meu quarto.

Tentei arrumar o máximo da minha pequena bagunça, já que provavelmente estudaríamos ali. Peguei minha toalha e corri para o banheiro na intenção de tomar um bom banho, e assim fiz. Sai vestindo um short jeans curto e uma camiseta de banda enorme. Meus cabelos pingavam e meu corpo exalava o cheiro do sabonete líquido que Pattie havia comprado gentilmente para mim. Entrei no quarto levando um susto ao ver Bieber sentado em frente à mesa de estudos.

– Está atrasada. – Ele falou rispidamente, percorrendo o olhar pelo meu corpo parecendo me estudar minuciosamente. Aquilo me fez tremer, porém não falei nada, apenas sentei-me ao seu lado.

Fazia meia hora que ele tinha me dado um exercício para que eu fizesse, e eu apenas encarava aquilo esperando algo vir na minha cabeça. Justin me encarava de braços cruzados esperando que eu respondesse, e isso dificultava ainda mais as coisas para mim.

– Collins, você não sabe nem mesmo isso? Porque você não desiste da escola? — Ele falou as palavras friamente, e na tentativa de irritá-lo, imitei o bico que ele fazia naquela foto de quando era pequeno. – O que você está fazendo?

– Imitando você! – Falei sem desfazer o bico.

– Maya! — Sua voz saiu alta, de forma repreensiva. – Ok. Eu vou começar explicando totalmente do básico, então escute bem. – Justin parecia se controlar para não gritar, então apenas encolhi na cadeira e assenti com a cabeça. – Primeiro, use o x como número que você quer determinar. O que é o x aqui? – Ele apontou para o cálculo matemático que havia no caderno.

– Que?

– O que é o x aqui? – Repetiu.

– Alfabeto? — o encarei confusa e vi Justin cerrar os punhos e fazer uma careta. – Eu não sei. O que é isto?

– Está certo! O número que nós não sabemos, o x é o número desconhecido. Como nós chamamos um arquivo não resolvido?

– Arquivo x? – Perguntei vendo o mesmo concordar.

– Isso mesmo. Quando éramos crianças como chamávamos a geração jovem?

– A geração x!

– É muito difícil entender essa geração, é um caso não resolvido. Por isso, nós prometemos usar o x para números desconhecidos.

– Mas porque x? Não pode ser outro número, como por exemplo, w ou h?

– Qual é a utilidade de discutir isso? Já foi decidido. – Fiz uma careta para ele que não me deu atenção e voltou seu olhar para o caderno. – Aqui... x é igual a 2 elevado a potência 30, vezes 10 elevado a 7 negativo. Logx = log... – Parei de ouvir o que ele dizia e apenas passei a encarar o movimento dos seus lábios. Justin se tornava ainda mais lindo quando estudava, e eu não consigo acreditar no fato de fazer isso junto a tele. – Mas, já temos que escrever isso como número binário. O que é isso?

– Que?

– O que é 100 como número binário? Calcule isto.

– O que isso quer dizer? — sussurrei confusa. Justin levantou seu olhar e abriu para falar algo, mas desistiu logo respirando pesadamente.

– Eu sinto como se fosse explodir. — Ele fala me fazendo encolher novamente na cadeira. Imitei novamente o seu bico fofo e Justin mostrou sua feição irritada. – JÁ CHEGA! – Ele gritou se levantando. Me mantive calada, e olhando pelo canto dos olhos o vi sentar em minha cama. Ele suspirou na tentativa de se controlar. – Você sabe o que é sistema decimal?

– Sim. – respondi baixinho. – 10, 20, 30... – Justin me encarou aliviado.

– E o sistema numeral binário? É um modo de expressar um número só com 0 e 1.

– Mas porquê? Qual o uso disso? — Perguntei.

– O computador. — Ele apontou para o computador que estava em cima da mesa de estudos.

– Computador?

Ele levantou-se da cama e passou a caminhar lentamente a minha volta.

– Em 1974, no Observatório Arecibo, uma mensagem foi enviada para o espaço. Se realmente existissem alienígenas por aí, para receber uma mensagem e dar uma resposta. Mas em qual língua a mensagem devia ser enviada? – Ele sentou-se ao meu lado. – Em inglês? Português? Nós não sabemos qual seria o nível de inteligência dos ET’s. Então, para eles conseguirem interpretar a mensagem, só sabendo de 0 e 1, a mensagem foi enviada em número binário.

– Oh! Para poder me comunicar com aliens, eu preciso aprender o sistema binário. Isso é algo que eu preciso aprender.

– Então, qual o modo de mudar 100 para o sistema numeral binário? — Ele perguntou.

– Mas, houve alguma resposta dos aliens? — Não escondi a minha curiosidade a respeito do assunto.

– Até agora não.

Justin tentava a todo custo passar algum tipo de conhecimento para mim, enquanto eu tentava a todo custo fixa-lo em minha mente. E foi assim a semana toda. Eu já estava acostumada a chegar da escola, jantar rapidamente e subir para o quarto estudar. Apesar de eu não ser a pessoa mais inteligente do mundo e nem ter muitas virtudes, uma característica forte minha é a determinação.

O Bieber usava os mais diferentes métodos para que eu conseguisse fixar na memória. Meu quarto estava repleto de anotações espalhadas e meus olhos caídos com olheiras marcantes, eu já não conseguia dormir direito, tudo que eu queria era me sair bem nas provas e recuperar um pouco da minha dignidade.

A semana passou devagar, parecia se arrastar à medida que eu estudava ainda mais, e de certa forma eu agradecia por isso. Pattie reclamava comigo por eu estudar demais, enquanto meu pai parecia surpreso e orgulhoso pela primeira vez na vida. Justin continuava sendo o mesmo Justin, porém de vez em quando esboçava um sorriso quando via que eu havia aprendido mais alguma coisa. Talvez ele gostasse se ensinar, ou gostasse de saber que eu estava aprendendo. Acho que prefiro ficar com a primeira opção.

Amanhã enfim seria o simulado, apesar de estar levemente nervosa busquei me concentrar ao máximo nas fichas que Justin havia feito pra mim. Nela continha informações de tudo que eu havia estudado, desde a fórmulas matemáticas até a datas de acontecimentos históricos.

Por eu estar deitada entre tantos travesseiros da minha cama, meus olhos chegavam a pesar de sono, me fazendo cochilar por alguns segundos até sentir meu corpo ser balançado freneticamente, me fazendo assustar e sentar na cama rapidamente com o coração acelerado. As incríveis orbes castanhas me encaravam.

– Aqui, leia isso e vá dormir. – ele me estendeu duas olhas, esperando que eu pegasse e assim fiz.

– O que é isso?

– Eu escrevi umas potenciais perguntas de exame.

– Sério? Você é mesmo incrível, eu estou até emocionada! – ele pareceu querer rir, mas apenas continuou com sua postura séria balançando a cabeça negativamente.

– Eu disse pra você se apressar e ler isso, pare de falar besteira.

– Eu já entendi. – revirei os olhos, encarando os papéis em minhas mãos. – Pra que ficar tão bravo? – sussurrei quando o vi se afastar.

Comecei a ler cada questão, prestando atenção nas pegadinhas e nas entrelinhas, tentando ao máximo memorizar cada alternativa. Se fora Justin que elaborou aquilo e ele é a pessoa mais inteligente daquele colégio, talvez houvessem chances de algumas questões como aquelas caírem na prova.

– Seria maravilhoso se todas as questões fossem assim, não é? – esperei por sua resposta, mas talvez ele tivesse me ignorado já que o quarto permaneceu em silêncio. Levantei meu rosto pra o encarar, encontrando a cena mais linda que eu já vira. Ele estava debruçado sobre a mesa, respirando calmamente com os olhos fechados, ele estava dormindo. Me levantei com cuidado, tentando fazer o máximo de silêncio para que ele não acordasse. – Então é assim que o todo poderoso Justin Bieber dorme. – ri baixinho com minhas palavras, sentando-me ao seu lado. Aproximei meu rosto do seu com cuidando, deitando minha cabeça do seu lado. – Obrigada por me ajudar! – sussurrei com cuidado, continuando a fitar seu rosto que parecia sereno demais naquele momento.

Não demorou muito para que meus olhos pesassem e tudo escurecer. Apesar daquela posição desconfortável, foi uma das melhores noites de sono da minha vida.