[†Point Of View: Tarik Pacagnan (Pac)†]
Estava tudo em um silêncio perturbador, passei a mão sobre a cama ainda com os olhos fechados, sentindo a falta de Mikhael ao meu lado. Levantei um pouco minha cabeça e abri meus olhos, surpreso. Sentei-me varrendo o quarto com o olhar, constatando que eu realmente estava sozinho, nenhum rastro de meu namorado. Notei que ainda estava com as mesmas roupas de ontem, levantei da cama, troquei de roupa e andei até o banheiro, fazendo minhas higienes matinais.
Fechei meus olhos enquanto escovava os dentes, quando acabei de fazer a tarefa e tornei a abri-los esperei encontrar meu reflexo no espelho.
Mas não era o meu reflexo ali.
Arregalei os olhos e recuei para trás assustado, antes que eu me virasse para sair dali à porta se fechou em um baque alto, minha mão desceu até a fechadura da porta, tentando desesperadamente a abrir. Bati contra a porta pedindo por ajuda, prendi a respiração ao ouvir o barulho da torneira se abrindo lentamente.
Apenas o barulho da água na pia soava, como se aquilo me puxasse para a realidade, às torneiras da banheira se abriram. Minhas batidas contra a conta aumentaram, já não tinha mais forças para gritar. Não tinha espaço em baixo da porta para que a água escoasse, olhei com os olhos marejados em direção ao reflexo no espelho.
Um garoto de cabelos pretos em um topete e olhos castanhos escuros me olhava, um sorriso enorme estava presente em seu rosto. Sua mão se ergueu e com os dedos escreveu no espelho...
— Assassino... O que? Eu não fiz nada! — Gritei, o garoto pendeu um pouco a cabeça para o lado e escreveu logo em baixo. — Ele? Eu o matei? Eu não matei ninguém.
“Você fez parte disso”, meus olhos se arregalaram ainda mais, virei-me e continuei a bater contra a porta.
— Por favor, alguém me ajuda! — Tentei uma última tentativa, quando a água já batia em minha cintura. — Mikhael! Alguém...
— Tarik? — A voz de Alan soou do outro lado da porta, uma pontada de esperança surgiu em meu peito. — Está tudo bem? Abra a porta...
— Eu não consigo! — Fui aos poucos perdendo minha voz. — Alan, por favor...
— Gente, está tudo bem ai? — Rezende bateu na porta, Alan correu para abri-la, contando sobre a situação. — Puta merda, Tarik. Se afaste!
Afastei-me da porta, Rezende se jogou contra a porta uma, duas, três vezes. A porta se quebrou depois de várias tentativas, os olhos do maior se arregalaram, Alan correu em minha direção, se abaixando um pouco e me abraçando fortemente. Olhei de relance para Rezende, vendo-o passar a mão contra o espelho, como se apagasse algo. Alan se afastou um pouco, semicerrei os olhos ao notar o seu lado direito do rosto vermelho, com uma forma de mão. O menor pareceu notar que eu o olhava, tampando rapidamente com a mão.
— Quem fez isso? — Tirei sua mão de cima e apontei para a marca. — Alan, quem fez isso?
— O Lucas. — Sussurrou, abaixando sua cabeça. — Ontem ele disse que me amava, que eu era o parceiro dele. Mas quando levantei pela manhã ele estava beijando outra garota, quase se comendo com ela lá no sofá, eu fui tirar satisfação e ele disse que não era pra eu me meter em sua vida, acabou por me acertar um tapa quando retruquei. Estava subindo pro meu quarto quando escutei seus gritos...
— Eu fui seguir o Alan, para ver se estava tudo bem. — Rezende deu com os ombros, sorrindo.
— Ele já te bateu antes? — Segurei seus ombros firmemente, olhando sério em sua direção. — Eu tive uma ideia, para ele aprender a te valorizar... Se troque, nós vamos em uma balada que é próxima daqui.
— Vai ser até bom para esquecermos esse susto que Tarik nos deu.
Mal sabiam que não era por minha culpa esse susto todo, mas o melhor que eu poderia fazer agora era esquecer e deixar para pensar depois sobre o que fazer.
[†Point Of View: Felipe Z. (Felps)†]
Rafael parecia um anjo dormindo, o meu pequeno anjo loiro. Minha mão direita acariciava seus cabelos carinhosamente, abaixei-me um pouco e depositei um beijo sobre sua cabeça. Ah, se ele soubesse como eu o amo...
Senti minhas costas ficarem um pouco frias, levantei-me da cama e olhei em volta do quarto, meu olhar pousou sobre um vulto preto próximo ao meu loiro, do outro lado da cama. Me teleportei para seu lado, segurando a pessoa pelo pescoço e a jogando contra a parede, o vulto atravessou a parede, para o lado do corredor. Corri atrás do mesmo, antes de sair do quarto dando uma última olhada em Rafael, não podia deixar aquilo em branco.
Encontrei a tal pessoa ainda se levantando, cruzei os braços, com um sorriso crescendo em meu rosto.
— Você não é nem louco de colocar as mãos em Rafael. — Falei me aproximando de si, a pessoa sorriu de um modo psicopata, fato que me fez parar de andar e respirar fundo. — Você não é louco de tocar em meu parceiro.
— Eu prometi que o vingaria, e eu vou vingar!
Fui empurrado com força para trás, cai sentando no chão, por conta da queda com os olhos fechados.
— Apenas observe as pessoas que você ama morrendo sem você não poder fazer nada!
Dito isso ele simplesmente desapareceu, arregalei os olhos correndo de volta para o quarto, podendo finalmente respirar aliviado ao encontrar Rafael do mesmo jeito que eu havia deixado quando sai, me aproximei de si e o abracei, fazendo com que acordasse confuso.
— Levante e se troque, vamos dar uma volta lá fora, tudo bem? — Avisei passando minha mão sobre sua bochecha direita, sorrindo calmamente. — Rápido, Rafa.
Depositei um selinho sobre seus lábios, me afastando de si. Cellbit ainda me olhava confuso, mas sem retrucar se levantou e foi até seu armário, procurando uma roupa para vestir.
E todo o meu sossego em relação aquele garoto se esvaziou, o medo de qualquer coisa que poderia acontecer com ele tomou minha mente, teria que me esforçar para manter sua segurança, eu não poderia falhar em relação a isso. Qualquer erro poderia acabar em um final trágico.
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