Durante a madrugada, próximo das três horas Sayuri nos chamou. Nos levantamos e trocamos de roupa rapidamente, não queríamos ver a ruiva brava por conta de atrasos. Antes que saíssemos do quarto senti as mãos de Void circulando minha cintura, um sorriso mínimo surgiu em meus lábios ao sentir o forte abraço no qual o mesmo me dava. Era visível o medo no qual Lucas sentia, eu sabia que nenhuma palavra no qual eu o dissesse o faria ficar mais aliviado.
— Sayuri está nos esperando, não quer ver a ruiva brava, quer? — Sussurrei, me virando e pousando minhas duas mãos em seus ombros, Void se curvou e depositou um beijo em minha boca. — Você está tenso, do que está com medo?
— De que essa idiotice no qual você aceitou acabe... Uh, como posso dizer? — Lucas coçou sua nuca, mostrando visível desconforto. — Te tirando de mim? De qualquer forma você já aceitou, apenas fique perto de mim.
Revirei os olhos rindo baixo, segurei sua mão enquanto nós saiamos do quarto e descíamos as escadas. Todos já estavam esperando, notei o medo nos olhos de alguns, Rafael parecia ser o mais animado ali juntamente com Rezende.
— Estão todos prontos? — Sayu passou a ponta de sua língua sobre seus lábios, parecia insegura de estar fazendo aquilo. — Certo, vamos então.
— Vamos verificar um ritual satânico durante a noite, cara. — Rezende sorriu completamente empolgado, Rafael arregalou os olhos e olhou para Felipe, provavelmente não esperava por aquilo. — Imagina que louco!
●Point Of View: Tarik Pacagnan●
Todos os presentes encararam Rezende com visível tédio, Rafael lançou um olhar assustado em direção a Felipe, em seguida na minha. Ri baixo tentando descontrair o ar pesado que o grupo carregava, Mikhael passou seu braço esquerdo pelos meus ombros, me puxando para mais perto.
— Amor, você tem certeza que isso vai dar certo? — Mike sussurrou, concordei positivamente com minha cabeça, não muito confiante com a situação. — Pense bem... Nós estamos indo no meio da madrugar investigar um circulo satânico no qual ocorrem rituais de noite.
— Mikhael, você não está ajudando.
— Mas é a verdade! — O moreno revirou os olhos. — Olhe, ninguém em plena consciência faria isso, então deveríamos reconsiderar.
Suspirei pesadamente não sabendo o que responder. Continuamos a caminhar em silêncio, a trilha no qual estávamos seguindo tinha a mínima luminosidade, apenas um pouco a frente conseguíamos ver as luzes das velas do circulo. Paramos de andar a poucos passos do local, notei que Mikhael havia prendido a respiração, optei por não questionar, vendo Sayuri se aproximar do círculo um pouco tensa.
Void foi o primeiro a recuar alguns passos, trazendo Alan junto consigo.
— Void, o que você... — Alan parou sua fala ao ver Felps repetir a ação com Rafael, como eu e Mikhael estávamos bem atrás do grupo não precisamos fazer tal ato. — O que foi?
— Preciso de ajuda aqui, Felipe e Mikhael, por favor. — Sayuri os chamou, os dois se aproximaram com feições sérias em seus rostos. — Precisamos descobrir rápido o que tem aqui.
Um silêncio perturbador tomou o local enquanto observamos os dois escavando o lugar indicado, sem piadas, sem falas sérias... Apenas o silêncio. Por mais que eu estivesse receoso, estava com curiosidade para descobrir o que tinha ali, mesmo sabendo que aquela curiosidade poderia me custar a vida.
— Aqui não pega sinal de celular. — Rafael exclamou, todos olhamos em sua direção um tanto desesperados. — No meu ao menos não pega.
— Mas aqui geralmente pega... — Flavia franziu o cenho, pegando seu aparelho em mãos e checando a tela. — Eu carreguei hoje, não quer ligar...
— O meu também não. — Rezende arregalou os olhos, olhando para todos os presentes em seguida. — Me dá essa pá, precisamos sair logo daqui.
Engoli a seco, os dois aceleraram o ritmo.
— Isso não é possível... — Rafael balançou negativamente sua cabeça. — Você tem certeza que o sinal pega aqui, Flavia?
— Sim, eu tenho certeza absoluta!
— Não é hora para nos desesperarmos. — Alan respondeu desconcertado, não parecia saber ao certo o que fazer e muito menos como agir. — Pode ser alguma falha no sinal, ou são os nossos aparelhos que estão com problemas...
— Nossa que noite linda lá fora, acho que vou conversar com os outros celulares para falhar o sinal todos juntos. — Felipe revirou os olhos, descrente. — Estamos fodidos e você ainda quer pedir para que tenhamos calma?
— Perder a paciência não vai nos ajudar em nada, Felipe. — Alan bufou cruzando os braços.
— Ele tem razão. — Flavia levou suas duas mãos até sua cabeça, andando em círculos. — Estamos do lado do hotel, então não estamos tão enrascados assim.
— Brigarmos um com os outros não vai adiantar em nada também. — Afirmei respirando fundo, tentando manter a calma que me restava. — O Alan tem razão, pode ser uma falha no sinal nessa área.
— Não seja sonso, Tarik. Você sabe muito bem que estamos todos fodidos. — Felps largou a pá, franzindo o cenho e se virando em minha direção. — Apenas não quer aceitar a situação que nos meteu, nessa merda de ilha com um monte de demônio querendo a porra das nossas almas.
— Não levante a voz para o Tarik! — Mikhael gritou também largando a pá, caminhando até Felipe e erguendo o dedo indicador em direção ao seu rosto. — Você quer que todo mundo perca a cabeça aqui mesmo, seu filho da puta?
— Felipe! — Rafael lançou um olhar sério em sua direção.
— O que foi? Você sabe que eu estou certo.
— Felipe, eu não quero morrer. — Os olhos do loiro marejaram, todos os olharam surpresos, Felps abaixou sua cabeça arrependido. — Eu não quero morrer hoje.
Flavia suspirou pesadamente, caminhando até o loiro e o puxando para um abraço apertado. Um silêncio mortal retornou, ninguém estava com clima para falar qualquer coisa e isso apenas piorava a situação. Mordi meu lábio inferior buscando alguma palavra de conforto, mas uma voz que eu não escutava há longos dias se mostrou presente.
— Galera... São vocês mesmos? Eu me perdi, até que enfim encontrei vocês!
Arregalei os olhos cobrindo com a mão minha boca, todos estavam surpresos demais para pronunciar qualquer coisa.
Até que decidi falar.
— Guaxinim...?
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