[•Point Of View: Autora•]
O choro das pequenas fadas de fato podia ser ouvido a quilômetros de distância. A noite se encarregava de trazer o caos e a maldade, enquanto o dia a segurança e a paz. Uma pequena figura de cabelos ruivos se sentava a beira do rio, tocando sua harpa com calma e sutileza, sua voz tão angelical quanto sua aparência atraia os homens mais fortes das tribos a qual ouviam sua canção.
Estava com os nervos à flor da pele esta noite em especial, o som estridente do canto que trazia doenças e mortes estava mais alto que a sua bela canção. Ao longe conseguia ver os cabelos vermelhos da bela mulher que descia a montanha, esta por onde passava trazia as doenças aos moradores da tribo, como citado anteriormente.
Pensava que tudo havia sido planejado para irrita-la, um pouco atrás de si conseguia ouvir o som dos órgãos de uma de suas possíveis presas sendo rasgados, seus dedos tocaram com um pouco mais de força a pequena harpa, ato que resultou nos pequenos fios sendo estourados e seus dedos a sangrar. Praguejou mentalmente aqueles seres, levantou-se da beirada do rio e caminhou pela estrada em busca de um lugar mais calmo, um lugar onde pudesse cantar e atrair os homens desinformados para a sua armadilha mortífera.
Porque acreditava fielmente que todos os seres humanos mereciam a morte.
Sentou-se em uma pedra alta e se pôs a chorar, seus pensamentos estavam a sufocando, sentia-se completamente sozinha e desejava muito alguém para conversar, mas aqueles seres não eram dignos de sua companhia.
Era tão bela e formosa, um fio de ouro no meio de tantos de cobre. Ninguém nunca cantaria tão belamente como cantava, ninguém nunca chegaria aos seus pés.
Era o que a jovem pensava.
E então continuou o resto da noite ali, em um canto afastado aos prantos, acreditando que um dia avistaria alguém que fosse digno de lhe receber a sua palavra, de lhe receber a sua atenção e principalmente... Receber o seu amor.
[•Point Of View: Alan Ferreira•]
Meu cenho se franziu assim que coloquei meus pés na cozinha. A cena seguinte era perturbadora, a torneira aberta com a pia escorrendo água, meus pratos todos estilhaçados no chão, a geladeira aberta com a luz de dentro quebrada, minha gata tentando sair do lixo e o chão todo sujo de lama.
Mordi meu lábio inferior tentando conter a raiva que estava crescendo dentro de mim. Suspirei pesadamente pegando um pano e começando a limpar a bagunça que Void havia feito, questionei-me por um instante onde o moreno estava, havia simplesmente sumido e não apareceu desde então.
— Humano. — Void exclamou atrás de mim, me fazendo dar um pulo de susto. — Por que está limpando a minha marcação?
— Marcação?! Você fez a maior bagunça, praticamente destruiu a minha cozinha! — Gritei me virando de frente para si, o moreno pareceu se surpreender com minha atitude.
— No meu tempo era o alfa que mandava nas coisas, não as fêmeas. — Void sussurrou olhando para o chão visivelmente confuso. — Tempos modernos...
— O que você falou, seu machista da porra?!
— Que eu vou comprar chocolate e sorvete pra você?! — O maior me olhou com um sorriso forçado e o cenho franzido. — Ah que ótimo, um dos demônios mais poderosos aqui, se rebaixando para um mero humano.
— Um mero humano que pode quebrar a sua cara em pedacinhos. — Bufei, me virando e acabando de arrumar a cozinha.
— Isso tudo é falta de atos sexuais? — Escutei-o resmungar. — Alan, se você me chupar, eu posso pensar se eu te fodo ou não.
Peguei o meu chinelo em mãos e me virei em sua direção, sorrindo igual um maníaco.
— Sério mesmo que você quer me bater com um chinelo? — Void debochou, em menos de um minuto o chinelo havia voado e acertado sua cara. — O que caralhos foi isso?!
Além de filho da puta, é cego.
[•Point Of View: Mikhael Linnyker (Mike)•]
Silêncio. Era apenas isso que restava no apartamento, isso me perturbava. Teleportei-me para o quarto onde Tarik estava mexendo distraidamente em seu computador, aproveitei sua distração e cheguei por trás de si, tampando seus olhos com minhas mãos. O menor riu baixo pousando suas mãos em cima das minhas, fiquei nas pontas dos pés e depositei um beijo em sua testa, logo em seguida outro em sua boca.
— O que você está fazendo, meu amor? — Perguntei, com minhas mãos sobre seu ombro.
— Eu andei pesquisando sobre aquela mansão que eu sonhei dias atrás, lembra que eu te falei do sonho? — Pac respondeu apontando para a tela a sua frente. — Não era bem uma mansão, e sim um manicômio. Li sobre a ocorrência de várias mortes lá, muitas causadas por torturas e experiências com medicamentos.
— Você me deixou na sala sozinho por causa disso? — Inflei as bochechas e fiz bico, o fazendo sorrir.
— Amor, nós nos conhecemos há mais de um ano quase, você me conhece muito bem. — Tarik ergueu sua mão direita e acariciou minha bochecha carinhosamente. — Sabe que eu não deixo passar em branco sonhos desse tipo, já que é bem raro deles acontecerem. E na maioria das vezes sempre tem algo por trás disso, eu pensei que nós podíamos convidar o Alan e o Rafael para ir até esse hospital, já que algumas pessoas fazem viagem para conhecer lá durante os invernos. Seria bem legal, já que nós não temos nada planejado.
— Interessante. — Sorri de canto. — Mas que tal se o meu namorado ultra viciado em computador viesse deitar na cama comigo?
— Eu não vou transar com você. — Tarik falou seco, sem desviar o olhar da tela do computador.
Fiz bico e revirei os olhos, não entendia porque Tarik achava que eu apenas queria fazer sexo com ele, a todo o momento. Tá que ele tem uma bunda enorme, mas eu também sou um cara romântico, que já viveu mais de séculos.
— Apenas vamos dormir... — Sussurrei em seu ouvido, recebendo em resposta o mesmo desligando o monitor do aparelho e se levantando da cadeira.
— Ok Mikhael, você ganhou.
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