História Family - Capítulo 11

Sr. Kim POV.

Estava sentado em meu escritório terminando meu copo de café enquanto me perguntava por onde devia começar a investigação do garoto Jisung. Minha cabeça doía, talvez por conta do excesso de horas sem dormir. Antes de ter recebido a ligação do Sr. Yunoh fui convocado para a investigação de um homicídio. Um homem havia sido encontrado morto em sua sala de estar, por volta das 14h da tarde. Os cômodos estavam revirados e o único pertence que estava praticamente intacto era o telefone celular, que foi recolhido e enviado à perícia. Depois de ter sido chamado para o segundo caso do dia, percebi que as duas situações faziam parte da mesma história, graças ao depoimento de um estudante. Filho do homem assassinado.

Mesmo com a declaração de que o pai do garoto frequentava boates e casa de jogos ainda não sabia por onde começar as investigações. Claro que tinha alguns palpites, afinal, já tinha lidado com gangs e agiotas antes. Mas dessa vez era diferente. Os bares descritos pelo garoto não eram do mesmo estilo aos quais eu estava acostumado. Alguns eu nem tinha conhecimento da existência. Isso dificultava as investigações.

Além de todos esses fatores, eu corria contra o tempo, pois o filho do casal que havia acionado a polícia deu queixa de um sequestro. Eu preciso encontrar esse garoto. A única ligação que tenho entre um crime e outro é o estudante que fez o depoimento. Filho de um, amigo do outro. Se houvesse alguma maneira de encaixar as duas ideias.

Foi então que um celular vibrou. O barulho do aparelho contra o metal da mesa foi o suficiente para me despertar do devaneio. Talvez seja minha esposa querendo saber se volto pra casa até o dia amanhecer. Mesmo sabendo que ela ficaria chateada em ouvir um "não" cheio de culpa, peguei o aparelho. Apenas na hora de desbloquear a tela percebi o que estava acontecendo.

Não se tratava do meu celular. Era o telefone do Sr. Lee. Com o aparelho na mão, me lembrei que a perícia já havia examinado as pistas encontradas e as devolveram ao meu escritório assim que disse que os dois casos poderiam estar interligados.

Sem pensar duas vezes contatei meu assistente e pedi para que ele viesse a delegacia com o melhor hacker que ele pudesse encontrar. Em menos de 15 minutos ele e uma garota, com pouco mais de 18 anos, entraram na minha sala.

- Me desculpe traze-la para cá uma hora dessas, senhorita. Mas poderia por favor me ajudar a desbloquear esse celular?

Ela disse que sim, e que não tinha nenhum problema, pois era algo fácil de fazer. Enquanto ela usava seu notebook e todos seus programas modernos acabei descobrindo que ela trabalhava para a segurança virtual de uma grande empresa, onde ela formulava sites e contas que seriam dificilmente invadidas por hackers. Não foi uma conversa longa, acredito que todo o processo tenha demorado em média 40 minutos. Depois de terminar o serviço pedi para meu assistente acompanha-la até em casa e pagar a quantia justa para o serviço. E assim fiquei sozinho novamente.

Com as mãos trêmulas cliquei na mensagem de texto. Os caracteres estavam em japonês. Isso poderia ser uma pista. Peguei meu bloco de anotações, uma caneta e mais um pouco de café, me preparando para qualquer coisa que pudesse acontecer.

Usei o dicionário tradutor do meu celular para compreender o texto. Era uma mensagem curta, mas que seria muito útil para as investigações, pois dizia o seguinte "Sua dívida foi paga".

O que raios isso queria dizer? "Sua dívida foi paga"? Qual dívida? Qual seria esse pagamento? Seria a morte? Talvez não... porque quem quer que seja o remetente da mensagem acreditava que a vítima ainda estava viva para poder ler o recado. Fechei os olhos e tentei aliviar a mente, buscando espaço para novas ideias. Ao abrir os olhos me deparei com uma foto de Lee Mark encostada ao lado da pilha de arquivos. Mas havia algo errado. Pisquei duas vezes tentando enxergar melhor. Não era uma foto de Lee Mark. Era uma foto de Jisung, o garoto desaparecido.

Foi como se uma luz tivesse sido acesa em um quarto escuro. Talvez a dívida não tivesse sido a morte do Sr. Lee, mas sim... uma outra coisa... algo que poderia ser útil para a mente perversa que a possuísse... algo que poderia ser pego e trocado como uma mercadoria... resolvi entrar em contato com o Sr. Yunoh.

"Por favor, assim que vir a mensagem me ligue. Creio ter descoberto a ligação entre os dois crimes". Assim que apertei o botão de enviar tomei dois comprimidos para a dor de cabeça, pois os problemas acabavam de começar.