História Family - Capítulo 4

Dois meses se passaram desde minha entrada na escola nova e o fim do bimestre se aproximava, indicando que a semana de provas estava chegando. Isso não me preocupava tanto, pois tinha bons professores e as matérias não eram tão complicadas. 
Nesse curto tempo fiz bons amigos, apesar da minha timidez. Conheci a maioria no time de basquete da escola, por isso são geralmente mais velhos que eu, mas são muito bons comigo e muito divertidos. 

           Meus amigos de time são Jaemin, Haechan, Jeno e Renjun. Fazemos parte da liga jovem e por isso nossos treinos são menos intensos e não tão frequentes, mas isso não nos impede de manter a amizade, pois geralmente vamos a casa um do outro jogar vídeo game ou assistir filmes. E foi em uma dessas visitas que conheci Chenle e nos tornamos amigos rapidamente. 
Eles tornavam o dia na escola muito mais divertido e até mesmo menos cansativos. Sempre que podíamos passávamos os intervalos juntos e almoçávamos em grupo. Mesmo assim a falta de Mark me incomodava. 

          Ele já havia retornado à escola, mas não voltou a falar comigo. Sempre que o encontrava nos corredores dava um jeito de sair rapidamente e desaparecer no meio dos alunos. Nos intervalos e no almoço não o via em lugar nenhum da escola. 
Tentei não me preocupar demais com isso, afinal tinha os meus próprios problemas. Nada muito grave, apenas os trabalhos e deveres de casa, mas que ocupavam grande parte do meu tempo. Minha agenda também contava com visitas semanais ao psicólogo, uma das recomendações do conselho tutelar após a adoção. Disseram aos meus pais que o acompanhamento psicológico era importante por conta da mudança de ambiente e rotina. 

                 Em uma das consultas comentei do meu reencontro com Mark.
- Vejo que você ficou muito feliz em reencontrá-lo, mas seu amigo sentiu o mesmo? – perguntou o psicólogo.
- Não tenho muita certeza. Ele parecia nervoso e assustado. Como se alguém tivesse descoberto um segredo. 
- Por que pensa isso?
- Acho que porque ele parecia inquieto. E quando nos encontramos no almoço ele não parecia disposto a conversar e ficou muito esquisito quando eu perguntei sobre uma mancha que vi em seu pescoço. Sem contar que ficou uns dias sem ir para a escola.
- E por isso ficou preocupado, creio eu. 
- Sim, mas meus pais disseram que pode ser alguma preocupação com a escola que pode ter causado algum mal-estar a ele, como uma prova ou uma apresentação em grupo. 
- É uma possibilidade, adoraria continuar a conversa, mas nossa consulta acaba por aqui Jisung. Espero vê-lo na próxima semana. Podemos continuar o assunto se quiser.
- Tudo bem, até semana que vem. 
Mas não continuamos a conversa, por minha escolha. A essa altura Mark já estava de volta à escola então não me preocupava tanto. Mas seu distanciamento era incômodo.

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- Finalmente as provas acabaram – gritou Haechan ao sairmos da escola.
- Sim, mas ainda temos mais um bimestre até as férias. Então não se anime tanto. – disse Jeno.
- Muito obrigado, estraga prazeres. – respondeu Haechan de forma desanimada, causando risos – Mas não vou me deixar abater, afinal vai passar rápido e logo estaremos de férias.
- Verdade, esse passou bem rápido, quase nem vi o tempo passar. – concordou Jaemin. 
E a conversa seguiu dessa forma, tentamos relembrar as coisas que aconteceram nesses dois meses. Tanto as matérias quanto as coisas que fizemos juntos. Isso me fez perceber que sentia muita falta de Mark e que queria que ele estivesse presente nesses momentos. 

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Como Haechan tinha dito, os dois meses do segundo bimestre tinha passado rápido. Com as mesmas coisas do antigo, matérias novas, trabalhos e lições de casa. Estava tudo correndo muito bem. 

As coisas em casa estavam ótimas. Meus pais se mostravam cada vez mais atenciosos e eram extremamente divertidos. Sempre fazíamos programas familiares, como passeios ao parque e idas ao cinema, e até marcamos uma viagem em família nas férias do meio do ano. 

Nós íamos para Itália, Jae gosta muito da culinária e Tae queria tirar fotos com a câmera que ganhou de natal no ano passado. Fiquei muito empolgado com a ideia, pois iríamos partir na minha primeira semana de férias. 
- Finalmente as aulas acabaram! – disse Chenle comemorando.
- Sim! Agora podemos dormir até mais tarde e passar o dia todo jogando vídeo game – disse Haechan. 
- Pena que Jisung não estará aqui – disse Jeno – mas espero que se divirta muito na viagem com seus pais.
- Vai ser muito legal, estou bastante animado – concordei – mas acho que voltamos antes do fim das férias, então acho que vou poder jogar com vocês.

Continuamos conversando enquanto caminhávamos para casa, morávamos relativamente perto uns dos outros, por isso meus pais me deixaram voltar a pé para casa. Jeno morava na rua atrás da minha, ao lado da casa de Jaemin. Chenle morava a uns dois quarteirões de distância, a duas casas de distância de Haechan. 
Seguindo nosso caminho pude perceber que Mark estava a apenas alguns passos de nós, e como não estava muito por dentro da conversa tentei me aproximar. 
- Ei, quanto tempo. – disse chegando ao seu lado. Ele se assustou comigo, o que me deixou desconfortável, como se eu estivesse atrapalhando seus pensamentos. 
- Oi. – respondeu virando o rosto. Pude perceber por sua voz embargada que estava chorando, ou prestes a chorar. 
- Hyung? O que houve? – perguntei. A esse momento os meninos já tinham nos passado e estávamos andando sozinhos.
- Jisung, não é nada com que deva se preocupar. Preciso ir – disse ele tentando apertar o passo, mas fui mais rápido e segurei a alça de sua mochila. Esse movimento fez com que ele parasse, mas ele ainda não olhava para mim. – O que está acontecendo? Estou preocupado, sabia?
- Não era para se preocupar...
- Se você me respondesse ou falasse comigo, talvez isso não estivesse acontecendo.

Não gostei de ter respondido dessa forma, me senti muito agressivo e não sou assim. Mas pelo menos fez com que ele virasse para mim, deixando-me aterrorizado com sua aparência. Seu rosto tinha marcas de agressão e um corte na bochecha. Senti minha garganta apertar e lágrimas inundarem meus olhos. O que estava acontecendo com ele?