História Family - Capítulo 7

Jisung POV.

A última coisa da qual me lembrava era de estar indo para casa com Mark. Tínhamos acabado de sair da sorveteria. Então tudo escureceu, enquanto um aroma forte invadia minhas vias respiratórias. Agora sentia meus braços e pernas amarrados. Respirava com dificuldade, pois o pano que cobria minha boca obstruía parte de minhas narinas. Estava frio. “Que lugar é esse?” me perguntei repetidas vezes, da mesma forma como indaguei a mim mesmo milhares de vezes “O que está acontecendo?”.

Tentei olhar ao redor, mas o breu dificultava a tarefa. Comecei a ouvir vozes que estavam cada vez mais próximas. Assim que estavam perto o suficiente ouvi algo semelhante a cadeados e trancas e o arrastar de uma porta, então uma luza amarelada invadiu o cômodo. As pessoas que entraram eram apenas silhuetas, mas eram enormes e estavam cada vez mais próximas. Eram dois homens. Um deles me levantou pelos braços, sem nenhum pingo de delicadeza.

Não conseguia firmar os pés no chão, pois minhas pernas estavam trêmulas. Quase caí para o lado, por isso um deles teve que me segurar. Aparentemente isso era esforço demais para ele, pois o cara resmungou algo que não compreendi. Ainda reclamando em uma língua que eu não entendia ele metade me empurrou, metade me carregou para fora do quarto em que eu estava.

Atravessei um corredor extenso com mais três portas. De uma delas era possível ouvir um choro reprimido por uma mordaça. “Seria Mark? O que estão querendo conosco? Por que estão fazendo?” eram perguntas que rondavam minha mente, até que cheguei em um quarto tão escuro quanto o que eu estava antes.

Fui obrigado a sentar em uma cadeira de madeira. Ouvi a porta por onde entrei ser fechada, ficando novamente no breu total. Atrás da porta ainda conseguia ouvir a voz dos homens que me carregaram, apesar de não entender o que eles diziam. Tentei buscar em minha mente onde já tinha ouvido aquele idioma, e apenas quando uma terceira voz juntou-se ao falatório pude perceber qual era. Japonês. Eles estavam falando japonês. Reconheci por conta de uma palavra que tinha ouvido assistindo um anime na casa de Haechan.

A conversa atrás da porta não durou muito e em pouco tempo a porta foi aberta novamente. Ouvi passos vindo em minha direção, e pude jurar que sentia a presença da pessoa que estava no cômodo comigo. Repentinamente uma luza foi acesa acima de minha cabeça, fazendo-me esconder o rosto da claridade. Meus olhos que antes estavam acostumados com o escuro doeram com o excesso de luz, impossibilitando que eu enxergasse a pessoa a minha frente.

A porta foi fechada novamente, e meus olhos já começavam a se acostumar com a luz. Uma voz grave falou algo em japonês e só assim pude perceber que se trava de um homem. Seria o que me trouxe até a sala? Ou seria o chefe dele? Mesmo com os olhos menos sensíveis ainda não conseguia enxergar seu rosto, pois ele se escondia nas sombras.

- Olá, meu nome é Nakamoto Yuta. Quero conversar com você, tá bom? Você pode facilitar as coisas e me contar rapidinho o que eu quero saber, tudo bem? Se você colaborar você e seu amiguinho ficam bem.

Tentei processar o que estava acontecendo. Quem era esse homem? O que ele queria de mim? Mark? Ele estava ameaçando machucar Mark? E mesmo que eu quisesse falar algo não podia, pois minha boca estava amordaçada. Ele estava andando pelo cômodo, talvez esperando que eu soltasse qualquer tipo de grunhido para que pudesse tirar a venda e ouvir a minha resposta. Porém, o problema é que eu não podia fazer isso. Não tinha nada para falar para aquele homem.

- Então. Vai ser do jeito fácil? Ou vou precisar arrancar a informação de você? – disse ele se aproximando. Ficamos face a face. Seu rosto era fino, mas seu queixo era quadrado. Os olhos puxados denunciavam a descendência japonesa, mas ele poderia ser muito bem confundido com um coreano nativo. Suas mãos foram em direção ao meu rosto, afrouxando a mordaça e tampava minha boca. – Fala. Agora.

- Eu... eu... eu não sei o que está acontecendo, senhor...

- Nakamoto. Quero o mínimo de respeito aqui garoto. Anda. Me fala onde ele está.

- Ele? Ele quem?

- Esqueceu o “senhor Nakamoto”, seu pivete. – disse ele esbofeteando-me. – Mais uma vez. Onde ele está?

- Senhor Nakamoto, eu não sei do que está falando, por favor, isso é um engano... eu não... – respondi enquanto uma lágrima de dor escorria por meu rosto.

- Escuta aqui, pode se fazer de desentendido. Mas eu e seu pai temos um acordo, moleque. E quero a minha outra metade dessa merda, mas o bosta do seu pai sumiu com ela, e eu sei que você sabe onde ele está. Então pode começar a falar, Mark Lee.