"O medo do perigo é mil vezes pior do que o perigo real."
Daniel Defoe
Babi
Um arrepio de pavor passou por meu corpo.
Não podia ser... Tudo de ruim acontecendo hoje!
- Carol, pelo amor de Deus! Como assim? Estão vindo agora? Às seis da manhã? - Papai pergunta preocupado.
Tia Carol observou o corredor e entrou no quarto fechando a porta.
- Não...! Desculpem-me, a visão veio sem mais nem menos e acabei me assustando. - Desculpou-se. - De qualquer forma, preciso contar o que vi - Sentou-se na cabeceira da cama.
Quando ela abriu a boca pra falar, escutamos uma batida na porta.
- Puxa, sogrinha! Nem espera a gente... - João grita do outro lado da porta.
Papai levanta a mão em direção à porta e a maçaneta gira, abrindo-a.
Estavam todos ali: Os pais do João, os pais daquele idiota ( eles me deram privacidade pra conversar com meus pais), o tio Carlos e o Augusto e o João com a Danielle e a Carla nas costas.
- Acho que esse lugar é pequeno demais pra todo mundo. - mamãe observou.
Fomos para a sala subterrânea em um piscar de olhos.
Uau! Danielle aprimorou seu teletransporte.
- Toma Babilinda! - João me entrega roupas e uma escova de dentes.
Esse menino é um amor! Sorte da minha prima.
Fui no banheiro que havia ali, me vesti e escovei os dentes.
Depois, sentei-me em um sofá com as meninas.
- Eles chegarão em três dias, - Tia Carol informou-nos - junto com pessoas muitíssimo influentes do Mundo na área das drogas, roubos, tráfico de órgãos, armamento pesado, a Assembleia Maléfica e claro, caçadores humanos. - Estremeci com as categorias - A boa notícia é que os bisavós morreram há muito tempo, mas agora quem lidera o grupo são os pais da Lohanna.
Todos soltaram murmuros de espanto.
- Ou seja, Lohanna está jogando pesado. Ela é a isca e o Max é o peixe. Porém, Max tem alguma cumplicidade com Lohanna, ele lê pensamentos e com certeza sabe disso, porém, não nos contou nada.
Minha boca se abriu em choque. Agora qualquer ponta de esperança que eu tinha se foi. O Max realmente é um mal-caráter.
- Meu filho nunca nos trairia! - Maria levantou-se, colérica.
Jorge pôs a mão em seus ombros.
- Eles podem ter razão, Maria. Max tem uma grande facilidade em enganar as pessoas, ele lê pensamentos. - Marcos a lembrou - Mas a questão é: isso pode ser mudado, nem tudo está perdido.
Maria volta a se sentar, com os olhos marejados.
- Exato. - Tia Carol continua - O plano é vencer, mas, acima de tudo, trazer o Max para nós. Treinaremos sem descanso, se não dermos o nosso melhor, poderemos perder essa... Somos uma família!
- Mas tia, a senhora conseguiu ver quem ganha? - Danielle pergunta.
Tia Carol balança a cabeça negativamente.
- Eu não consigo ver esse tipo de coisa, mas tenho uma leve ideia de quem pode levar essa. Augusto pode nos ajudar a traçar os planos de combate.
Meu irmão foi agraciado com dois poderes: Super inteligência e Dom da cura. Ele consegue traçar planos de combate com uma rapidez incrível e se alguém se machucar, ele pode acelerar o processo de cura, porém, esse último poder requer muito esforço e esgotamento físico e mental.
Meu irmão se sentou junto com a tia Carol, com seu Notebook em mãos.
- Tenho uma lista das pessoas influentes em qualquer área criminosa da nossa Linhagem. - Augusto explicou-nos - A família Alemã Noah, toma frente da Assembleia Maléfica. Devemos nos preocupar com eles, pois foram os que iniciaram esse plano. Eles querem o Max por conta do poder estupendo que ele possui e que pode ser aprimorado. A leitura de pensamentos seria uma grande estratégia para os interesses da Assembleia. - Ele teclava freneticamente em seu Notebook. - Outra coisa com que devemos nos preocupar, mas não nesse momento e nem nessas circunstâncias: A Assembleia Benéfica.
- E por qual motivo? - perguntou o pai do João.
- Andei pesquisando a possibilidade de fazermos a Renúncia e, realmente, se renunciassemos ganhariamos muito mais do que tendo poderes. Não haveria risco de guerra. Os tráficos de drogas, órgãos e de pessoas seria mais difícil, sem contar que a nossa qualidade de vida seria bem mais proveitosa e duradoura...
João começou a rir.
- Mas a nossa qualidade de vida é proveitosa e duradoura. - discordou.
Augusto riu daquele ponto de vista.
- Não, não. Suponhamos que você chegue da Escola já se deita no sofá. Com a força do seu pensamento você consegue ligar a TV, pegar algum lanche na cozinha e ainda tirar os seus sapatos. Você não se movimentou, não gastou energia e para piorar, está comendo provavelmente muita besteira e está engordando. A qualidade de vida se torna baixa e o risco de morte por obesidade, diabetes e ataque cardíaco aumentam. Caso não houvesse poderes, você até assistiria TV, mas teria que se levantar para pegar o controle remoto; comeria, mas teria ir pegar sua comida. O exemplo não é tão forte, mas já vi casos em que uma pessoa ficou um mês sem sair do quarto, pois conseguia pegar o que quer que fosse pelo pensamento.
A coisa parecia mais séria do que eu pensava. O poder não fazia diferença pra mim e ainda era mais usada para o mal do que para o bem. Pessoas eram traficadas, drogas eram exportadas com facilidade, desvios de dinheiro eram transparentes e frequentes. Se pudéssemos fazer a Renúncia, as coisas iriam mudar muito!
- Mas o quem tem a ver com a Assembleia Benéfica? - perguntei.
- Eles moram na França e estão vindo nos ajudar, mas não para nos ajudar de fato. Eles querem acalmar as coisas e mostrarem que podem controlar qualquer problema. Dessa forma, ninguém que tivesse um amor forte e verdadeiro, cogitaria tomar frente da Renúncia. A Assembleia Benéfica apazigua os conflitos, mas tem seu certo interesse. Eles vivem de muito luxo e glamour. Carros importados, eletrônicos que ainda nem foram lançados,roupas de grife... Eles não fazem mal a ninguém, mas não abrem mão dos seus caprichos. Irão nos ajudar na intenção de sermos eternamente gratos e endividados para com eles, então, pelo menos nós - apontou para a sala - não faríamos a Renúncia em agradecimento à Assembleia.
Entendi tudo o que meu irmão estava explicando. Eu não sabia da existência das Assembleias, apenas tinha conhecimento de pessoas maiores, e que tomavam decisões por nós, pensando sempre na discrição da nossa Linhagem, tanto boa quanto má. Enfim... não importa, ambas são movidas por seus interesses e caprichos.
Meu irmão continua:
- Portanto, caso queiramos fazer a Renúncia no futuro, teríamos que lidar com eles, o que seria um grande problema, já que a Assembleia Benéfica é exaltada e muitos se sentem em dívida com eles. Compraríamos uma Guerra pior que essa e com mais inimigos que aliados.
- Sugiro que pensemos em um passo de cada vez. - papai propôs - Se sobrevivermos a essa, voltaremos a pensar na Renúncia.
Todos nós concordamos.
Ficamos mais algum tempo planejando nosso contra-ataque e depois almoçamos.
Mas eu não entendia o por quê do Max ter escolhido os inimigos. Eu acabei idealizando uma pessoa que não existia, eu estava me entregando para uma mentira...
- Se você estiver se preocupando com o Max pode ir parando! Ele não merece seu sofrimento. - Carla disse me repreendendo.
Danielle, Carla e eu estávamos sentadas no quiosque da piscina.
- Estamos sabendo de tudo, cunhada. E eu te garanto, que se soubessemos antes , não deixariamos que ele se aproximasse.
Não vou derramar uma lágrima sequer por ele! Eu vou fazer algo que irá deixá-lo de queixo caído em todos os sentidos.
- Tudo bem, meninas. Eu tenho uma ideia e preciso de vocês duas. - disse seriamente.
Eu estou sofrendo? Sim! Muito! Estou me controlando para não chorar. Mas vou fazê-lo se arrepender por cada palavra...
- O que você está tramando, ein? - Carla pergunta.
Ah minha querida prima... Melhor nem querer saber!
- Vocês verão!
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