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História Rebelião Greyjoy - Pyke


Escrita por: Ulv

Notas do Autor


Desculpem pela demora, por favor. Eu acabei me atrasando muito para escrever por causa do final de ano, mas agora com as ferias prometo não me atrasar mais. ^-^

Capítulo 14 - Pyke


Pyke acordou com o coração na mão, com gritos e o som de berrantes de guerra. Tinha chegado a hora.

            Pulei da cama, calçando minhas botas. Ultimamente dormir vestida era algo normal. Dormir com um olho aberto e outro fechado, com o machado embaixo do travesseiro, uma adaga na mão e o coração na garganta. Mas agora tinha terminado, agora nos iriamos a guerra.

            Coloquei o cinto com minha espada e mais três machados de arremesso. Uma adaga enfiadas na bainha da calça. Corri como louca, prendendo o cabelo para cima tão rapidamente que tive medo de que caísse antes de eu conseguir descer as escadas. Passei a mão no meu escudo redondo com o símbolo da lula gigante. Abri a porta que rangeu e corri escadas abaixo.

            -Aena! – Ralf berrou comigo, segurando meu braço e me puxando até a janela. – Eles destruíram o castelo dos Botley.

            -Estão se dirigindo para cá? – pedi, correndo pelo corredor, batendo-me em dezenas de homens que se preparavam para a batalha.

            -Sim senhora. – Karl respondeu, com um sorriso no rosto. – O que devemos fazer capitã?

                        Engoli em seco. Nos não estávamos no mar, mas ver todos aqueles homens me olhando, esperando uma resposta, esperando que eu desse uma ordem.

            -Nos vamos para fora. Vamos proteger nosso castelo com a nossa vida! – ergui a voz. – Não por um rei, nem por obrigação. Vamos lutar por nos mesmos! Por nossas mulheres e filhos, por nossos maridos que lutam lado a lado conosco! Vamos mostrar a esses senhores das Terras Verdes o que significa ser um Homem de Ferro! Vamos faze-los engolir essa arrogância, e ficar de pé enquanto os outros se ajoelham sobre suas botas. Nós somos Nascidos do Ferro e outrora fomos conquistadores, nosso decreto corria por onde quer que fosse ouvido o som das ondas do mar. Podemos não ser mais tão fortes, mas ainda somos Nascidos do Ferro. Então irmãos, venham comigo, e só caiam de joelho quando estiverem prontos para adentrar os salões do Deus Afogado! Vamos mostrar para esses homens, do que nós somos capazes!

Gritos de euforia, de concordância levantaram o castelo inteiro. Mas eu estava cega, cega com a adrenalina da batalha já correndo pelas minhas veias.  Retirei o machado da cinta e o girei na mão, seguindo em frente com os gritos dos meus homens, que morreriam por uma causa perdida, mas que poderia ser evitada.

Corremos para fora, onde a batalha já estava sendo travada ferozmente. Avistei Victarion lutando, com força de um monstro, destruindo homens com seu machado de guerra.

- Bem vindos ao portão do inferno senhores. - murmuro antes de abater meu primeiro homem. Bem ao lado do corpo do infeliz ficou fincada uma flecha, a segundo ficou em meu escudo. Os sinos não paravam de tocar por um segundo e minha cabeça já estava latejando, um berrante de guerra anunciou o primeiro arremesso com uma das catapultas que quebrou um pedaço da muralha. Gritei, atacando os homens que vinham subindo por cordas e escadas. Os gritos insuportáveis, o som de carne dilacerando, o esforço que estava fazendo, girando o escudo para aparar um golpe para em seguida contra atacar com um golpe que decepou o peito de um homem de fora a fora, o seguinte não foi tão fácil, tendo uma armadura completa. Trocamos golpes furiosos por um momento, até que percebi que o mais fácil era chuta-lo pela muralha, pelo mesmo lugar que chegou. Abaixei, deixando que sua espada fosse aparada pelo escudo erguido e o chutei, vendo seu corpo coberto de ferro cair no mar. Não. Não estávamos lutando no mar, se fosse assim, já teríamos ganhado.

-Vamos homens! – berrei a plenos pulmões ao correr para baixo, nos portões.

Ataquei dois ao mesmo tempo, um foi rechaçado pela espada, o outro me arrancou um tufo de cabelo antes de cair com uma adaga, que retirei da perna, na garganta. Nas muralhas podiam-se ver homens em uma agitação só, correndo com armas, arcos e potes de barro para todos os lados, como ratos assustados. Uma chuva de flechas dessa vez foi contra as muralhas, derrubando homens lá de cima, gritos foram ouvidos misturados com a explosão de outra catapulta. A resposta foi outra chuva de flechas em chamas. Levantei o escudo, onde duas flechas o trespassaram, ficando a poucos centímetros do meu rosto. Fiz força para arranca-las e continuei andando, me abaixei e ataquei um soldado, que rolou por cima do meu escudo e em seguida pereceu com a pontada minha espada, que tinha desembainhado por extinto, na garganta.

 Vou indo à frente com um machado na mão esquerda e a espada na direita, me livrando do escudo meio quebrado. Um soldado com as cores do Norte corre até mim com uma maçã de guerra em punhos, me desvio dela duas vezes antes de para-la com o machado e acertar-lhe a cabeça com a espada, espatifando seu crânios em pedaços cinzentos e sangue. Um me derrubou no são com um chute na curva da perna esquerda, o garoto não contava que eu o chutaria também, nos rolamos um pouco no chão molhado até que consigo enfiar o machado meio atravessado em suas costelas. Antes de conseguir levantar já tinha outro homem em cima de mim, com uma espada longa tentou decepar minha cabeça enquanto tentava levantar, com um movimento rápido cortei lhe a barriga de ponta a ponta e o deixei ali segurando as tripas que escorregavam por entre os dedos.

Sangue empapou meu corpo todo, escorrendo para a boca e me deixando sentir o gosto da morte. Gosto que logo eu sentiria também. Gosto que só me fazia querer seguir em frente. Com desejo de mais, mais sangue, mais morte.

- Uma linda noite para morrer, não é?! – digo rindo, meu machado fica cravado no elmo de um soldado de manto dourado, em seguida outros três avançam contra mim, que tento me desviar deles subindo nas muralhas. Giro o corpo e com a espada afiada como uma navalha, decepo o braço de um, já no mesmo ato acabo ferindo a perna de outro. Estava sem escudo e em um lamentável momento tenho que parar a espada de um garoto rechonchudo com as mãos nuas, sinto o sangue escorrer pelo braço antes de enfiar a espada de baixo para cima na mandíbula do garoto. Me abaixo com um giro no corpo e espada em punhos rasgando meia dúzia de homens, que se preocupavam demais com as gargantas e esqueciam de proteger as pernas com armadura.

Em uma questão de minutos estava a dois metros da alavanca, quando um homem vestido com armadura vermelha completa fica em minha frente, largo no chão o homem que tinha acabado de rasgar a garganta e me dirijo até o soldado Baratheon. Meus olhos se fixam nele por alguns segundos antes de receber o primeiro ataque, um golpe duro vindo de cima, que tenho que interceptar com o machado e a espada cruzados, a segunda vez foi de mim que veio o golpe, que não o afetou em nada, apenas riscou a armadura. O mundo parou por um segundo enquanto meus olhos buscavam um ponto onde a lamina pudesse penetrar naquela armadura, as juntas eram a única alternativa, mas qual delas?

Tomo um pequeno impulso com o pé na parede e um movimento rápido como o de um gato selvagem pulo no pescoço do homem com armadura que se assusta com aquilo, enrolo as pernas em seu tronco, fazendo com que perca a espada durante o ato, minha espada ainda estava em punhos então a enfio com dificuldade por dento da fenda do gorjal, sangue jorra e ele cai no chão me levando junto. Levanto-me e continuou, olhando em volta, reconhecendo Maron lutando ao meu lado.

-Que não se ouçam vozes alegres! – Maron gritou a plenos pulmões. -Que nenhum homem olhe para o céu com esperança! –os homens mais próximos saudaram com gritos e sangue. Apenas sorri e me juntei a ele em nossa linha de sangue. – Que amaldiçoado seja esse dia por nós que despertamos....

Um som alto fez pedras quebrarem, uma fenda se abrir e homens, tanto nossos como inimigos morrerem com as pedras. Homens entraram, enchendo ainda mais o pátio. Maron segurou minha mão, me olhando com o dourado dos seus olhos brilhando em lágrimas.

-Pelos nossos irmãos. – disse, deixando que uma lágrima caísse.

-Pela nossa família. – respondi, com um nó na garganta.

O segui diretamente para a fenda, gritando enquanto atacava.

Maron se colocou-se ao meu lado, com os olhos vidrados na luta. Ele lutava melhor do que me lembrava, dançando com uma espada na mão, deixando um belo rastro de sague pelo caminho em que seguíamos.

-Acha que o Deus existe? -– gritou comigo enquanto segurava o braço de um homem, para que ele o matasse, com um corte que fez suas vísceras caírem no chão.

-Acho que se existe, não é como pensamos. - – grito de volta e me abaixo para desviar de um golpe. A espada do homem risca meu rosto de leve. – Filho de uma puta!

-E como Ele é? - Bato com o escudo na cabeça dele e o derrubo no chão, fincando a espada em seu peito enquanto o homem gritava por piedade.

-Cruel. Que brinca com nossas vidas assim como uma criança... – dei um corte vertical, rasgando o peito de um homem em forma de X. - ... Brinca com bonecas.

Uma espada roçou nas minhas costas, pude sentir o sangue escorrer. Quando me virei rapidamente vi o homem que tinha me atacado cair no chão, se afogando no próprio sangue. Tinha uma flecha cravada na garganta. Andei mais a frente, batendo com a espada na cabeça de um home, com tanta força que pude ver o osso no pescoço quando ele desabou no chão. Meus homens se juntaram, fazendo quase que uma muralha, só que sem escudos. Lutamos lado a lado, com fúria e determinação incomparável. Isso não seria o suficiente.

-Que os Outros nos levem! – Maron praguejou no momento em que enfiou seu machado no pescoço de um homem com armadura verde.

-Para o mais profundo inferno! – completei, ao me abaixar e erguer um soldado no escudo. Maron se virou e golpeou o homem no peito.

-Fogo!! – gritaram os homens. Não tive tempo de agir, apenas vi uma flecha transpassar a garganta de Maron.

-Não. – gritei ao apara-lo nos braços. – Não, não, não...

Sangue escorreu de sua boca e os olhos dourados foram perdendo a vida enquanto suas mãos tentavam se segurar em mim. Sangue o afogava aos poucos, o levando.

-Sabe o que se diz para o Deus da Morte? – murmurou quando o deixei no chão, segurando sua cabeça. Sangue jorrando. Neguei freneticamente. -Hoje não.

-Então diga isso, Maron, diga para ele. – ele só teve tempo de sorris, do seu modo malicioso de sempre. Parou de se contorcer e não vi mais brilho em seus olhos.

O larguei no chão, me apoiando em um joelho. Um grito veio vindo do fundo do meu peito, dilacerando a minha alma, rasgando tudo ao sair de um modo rouco, feroz, e tão cheio de dor, que os Deuses choraram comigo.

Meu corpo tremia quando levantei, já dando um golpe e cortando a garganta de um soldado. Nunca na vida, me senti tão horrivelmente cruel, como um Deus, eu só desejava morte.

Eu já não sentia nenhuma dor, meus ferimentos permaneciam adormecidos mesmo sabendo que voltariam a doer quando tudo terminasse, homens gritando em volta, o som das espadas batendo uma na outra, som do vento tentando arrancar as bandeiras de seus mastros, tudo aquilo estava me deixando tonta, uma coisa crescia dentro de mim, uma raiva que parecia adormecida à muito tempo queria sair para fora, explodir como o fogovivo. Giro o machado duas vezes na mão e sigo em frente, pronta para qualquer coisa, um soldado se intromete em meu caminho e acaba com os miolos de fora, eu não via mais nada em volta, apenas o que estava na minha frente, como se estivesse tudo andando devagar, e fui matando tudo e qualquer coisa que se intrometesse entre mim e aquela entrada maldita.

Peguei um escudo caído no chão e me mantive firme, não sairia do lugar, apenas se estivesse morta.

Bati com o escudo na lateral da cabeça do primeiro homem que vi na frente, fazendo-o cair no chão e já segui com minha espada em riste, enfiando-a em suas costelas. Já tinha estado em uma batalha antes, mas aquilo me parecia loucura. Os gritos os homens morrendo, queimados, rasgados, ou com uma espada na mão.

Girei o corpo, desviando de um soldado que vinha com uma lança para me furar na altura do peito. No momento em que ele passou reto, um outro me atacou, rachando um pedaço do escudo com um golpe violento da espada. Joguei o escudo no chão e destruí sua cabeça com meu machado, que ficou enterrado em seu crânio. Gritei quando uma espada de chocou com meu braço, abrindo um rasgo fundo, de onde o sangue escorreu até meu punho. Olhei para o meu atacante com uma fúria descomunal. Era apenas um garoto, que mal sabia o que estava fazendo. Enfiei o machado na cinta e o agarrei com a mão da espada, quase o perfurando.

-Não, senhora... não... – gritou em alto no momento em que desferi o primeiro soco.

E depois outro, e outro, e outro...até que minha raiva foi se esvaindo, e o rosto do garoto foi junto, com o nariz quebrado, juntamente com a mandíbula e mais alguns pequenos ossos. Quando soltei sua roupa, ele desabou no chão, ainda vivo, foi então que perfurei sua garganta com a ponta da espada.

Passei as costas da mão no rosto para limpar o sangue que escorriam para os olhos, mas acabei apenas me sujando ainda mais.

Um soldado de cabelos negros correu em direção de um dos meus homens. Joguei o machado de arremesso, que ficou grudado em suas costas, o homem desabou no chão. Corri naquela direção, apenas me abaixando para pegar o machado perdido.

Ataquei dois homens de uma vez só, me abaixando e enfiando a espada de baixo para cima de sua couraça de batalha, o outro eu consegui enterrar o machado na coxa. Quando me levantei bati com toda força o machado em sua cabeça.

Recebi um golpe nas costas, que me fizeram cair de joelhos. Rolei para o chão, virando de frente. Quando o homem levou a espada rente ao meu rosto, chutei seu joelho e me elevando segurei seu pulso, o atirando para o chão junto comigo. Desferi uma cotovelada para o lado ainda no chão, eu atingiu o rosto do homem.  Tentei me levantar, mas ele puxou-me novamente. Foi nessa hora que outro soldado me atacou com uma joelhada que me fez morder a língua, sentindo o gosto de sangue quente e metálico invadir-me a boca.

Chutei esse homem no peito, fazendo-o cambalear. Ao mesmo tempo o soldado que estava comigo no chão tentava me estrangular. Levei as mãos para traz, segurando com toda força suas orelhas, que cederam com minha força e o homem gritou de dor quando as joguei longe. O soldado que chutei não se contentou em cambalear e voltou, com um machado na mão. Eu não tinha o que fazer, apenas esperei até o último instante, onde ele abaixou o machado para me abater. Girei o corpo e deixei meu estrangulador por cima, que acabou recebendo o golpe de machado, e me soltando. Empurrei o corpo para o lado, levantando de um pulo e rachando a mandíbula do homem com um soco. Peguei uma adaga na cinta e enfiei em seu pescoço, que jorrou um jato quente e vermelho diretamente no meu rosto.

Passei a língua pelos lábios sentindo o gosto do sangue.

Mas não passava de uma luta perdida, vi isso quando olhei para os lados e não consegui enxergar meus homens, apenas uma certa calmaria e os gritos abafados em meus ouvidos perdidos em uma único momento de raiva.

-Ela! – pude escutar. – Aena Greyjoy, irmã do traidor, peguem-na!

E eles me atacaram, sem pressa, me cercando. Eu estava sozinha.

Escutei passos vindo correndo atrás de mim e me virei rapidamente, o atacante não parecia esperar aquilo, pois eu o atravessei com a espada longa, que saiu pelas suas costas. Atirei seu corpo para o lado e esperei até que viesse o próximo.

Dois me atacaram de uma única vez. Retirei o machado da cinta e esperei que viessem. Um deles parecia um monstro, gordo e com quase dois metros de altura, segurava o porrete cheio de espinhos, o outro carregava uma espada, em um porte atlético e jovem.  Bati a espada com o homem mais jovem, ao mesmo tempo que me desviava do bastão do homem gordo. Os espinhos da clava rasgaram meu braço, do ombro ao cotovelo, e o que já estava sangrando virou uma pasta de sangue. Um terceiro combatente se dirigiu a luta.

Joguei a espada no chão. Segurei o machado com a mão direita e uma adaga com a esquerda e ataquei o homem jovem com a espada, quando ele a ergueu para dar um golpe, a parei com o machado, ao mesmo tempo que rolei para o chão, ficando a adaga na coxa do homem gordo, que se curvou com a dor. Em um salto fiquei de pé, e enfiei o machado nas costas dele, que caiu se contorcendo. Logo em seguida bati novamente o machado com a espada do homem que, agora, estava acompanhando de outro espadachim. Puxei o outro machado e fiz o máximo que pude para lutar com os dois ao mesmo tempo, mas acabei recebendo um corte que me riscou o peito de fora a fora.

Consegui levantar a espada dos dois ao mesmo tempo, em um golpe duplo com os machados. Nessa pequena questão de segundo, larguei os dois machados e agarrei as duas adagas que me pendiam no cinto. Cada uma das minhas lindas adagas ficou cravada no pulmão dos espadachins.

Dessa vez foi apenas um me desafiar, o que estava com a maça de guerra. Ele parecia mais ágil e obstinado que os outros, de rosto sério, não parecia deixar nada passar.

No primeiro ataque, ele já conseguiu se desviar do meu machado e bateu com a maça na curva das minhas pernas. No primeiro momento, quando cai de cara no chão, jurei ter quebrado a perna, felizmente, ainda não chegara a tanto.

Virei-me de frente, a tempo de para seu golpe, segurando um machado com as duas mãos.  Chutei seu peito, e consegui me levantar, mancando. Ataquei novamente, dando golpes pela lateral do seu corpo, ele pareceu desviar de todos, menos do corte na bochecha que abriu a carne para os dois lados, e o sangue escorreu como uma cachoeira por seu rosto redondo. Isso pareceu irrita-lo, já que me atacou com fúria descomunal, e em um desses ataques, ele bateu com a maça nas minhas costas. Dessa vez, quando cai no chão, soube que tinha quebrado as costelas, não tinha jeito.

Fechei os olhos e aguardei o golpe final, a morte que viria, mas não, dois homens me agarraram pelos braços e me ergueram. Senti o corpo todo doer, mas não tinha quebrado nada. Gritei de ódio e me debati, gritando pragas em mil tipo de fúria.

-Levem-na para o castelo, Vossa Graça vai decidir o que fazer.

-=-

-Se não me soltarem agora vou arrancar os olhos dos dois! – berrei enquanto os homens me arrastavam entre a confusão

Senti meus braços serem presos com mais força enquanto subíamos as escadas.

-É por isso que não a soltamos. – riu um deles ao chutar a porta sem cerimônia.   

Entramos bem a tempo de ver meu irmão Balon ajoelhada na frente de um homem alto como uma lança, com a constituição forte marcada na armadura completa. Os cabelos negros desciam lisos até os ombros. Ele riu, limpando o cuspe do rosto e se virando para mim, que me debatia aparado pelos homens.

Seus olhos azuis como o céu me encararam, junto com o sorriso de todos os dentes. Sustentei seu olhar até com um gesto ele mandou os homens me aproximarem. Corri os olhos pela sala, vendo Victarion seguro por quatro homens fortes. Seus olhos escuros gritaram comigo.

-Quem é você? – Robert Baratheon perguntou, tocando meu rosto e retirando o sangue.

Me debati, fazendo que parasse de me tocar. Cuspi em seus pés, e o fitei com todo o ódio que estava sentindo.

-Aena Greyjoy. – um dos homens respondeu. Um senhor que se encontrava mais ao canto, vestindo cinza. Os cabelos castanhos sujos de sangue igual a barba e os olhos mais frios que já pude ver, cinzentos e frios como gelo.

Robert abriu um sorriso ainda maior, tocando dessa vez meus seios que subiam e desciam com força pelo esforço que era respirar.

-Bonita demais para morrer, talvez eu a leve e a faça de você uma dama de companhia de Cersei, ela iria adorar. – rosnei, me debatendo com força. – Mas você é muito selvagem para isso.

-Eu sou uma Nascida do Ferro. – parei de me debater, o encarando. – Sou Aena Greyjoy, filha de Quellon Greyjoy, seu rato imundo. Se tentar me subjugar, vai ter que me matar antes.

Robert riu e se afastou, indicando para os homens que fizessem Victarion se ajoelhar também. Apontou para Balon, depois para tudo em volta.

-O castelo caiu, seu irmão se ajoelhou. Seus irmãos. – abriu um sorriso, que talvez em outra situação teria achado cativante. – Sua vez de se ajoelhar.

Abri um sorriso, passando a língua nos lábios para limpar o sangue.

-Eu prefiro morrer a ter que me ajoelhar. Eu morrerei com orgulho aqui e agora, mas não vou me ajoelhar. – olhei para os meus irmãos. – Eu não sou como os meus irmãos, se quiser me ver de joelhos, terá que enfiar uma espada no meu coração.

Robert abriu um sorriso ainda maior, mas virou-se de costas. Indignada, continuei:

-Vai mandar que um de seus homens me mate? Seu covarde de merda. – olhei para o homem de olhas cinzentos. – Não é no Norte, Stark que tem o ditado. “O homem que dita a sentença deve empunhar a a espada?” que a morte venha das suas mãos Baratheon, e me mostre que não é um covarde. Que lutar valeu a pena! Que desafiar um homem como você foi algo honroso, e que minha família morreu em guerra por um homem, e não por um animal! – um dos homens que me segurava chutou a dobra do meu joelho, mas mais do que obstinada, coloquei um pé a frente, ficando reta. Rosnei com fúria. – Eu. Não. Vou. Me. Ajoelhar.

Robert se virou, sacou a adaga e me mostrou, assim como o punho da mão livre.

-O que prefere? A morte, ou a vida. Pode me servir como mulher para compensar seus insultos, sou um homem generoso.

Analisei a adaga por um momento e o olhei sem expressão.

-Já disse o que preferia. Apenas faça. – mais do que ligeiro ele colocou a adaga em minha garganta. Ergui a cabeça altivamente, sentindo a lamina fria em contato com a pele.

Nos olhamos por um longo tempo. Azul no azul.

-É de longe a mais corajosa entre os filhos de Quellon Greyjoy. – murmurou, afastando a adaga. – Admiro isso em um guerreiro, Aena, e ainda mais em uma mulher. Não precisa se ajoelhar.

Fez um sinal e os guardas me soltaram. Senti a necessidade quase mordaz de mata-lo com qualquer coisa que visse, mas também tinha a minha honra.

-Podemos entrar em um acordo? – Robert indicou Balon, mas ainda olhava para o meu rosto. – Como podemos resolver isso

Andei até uma cadeira, sob os olhares de todos, inclusive dos meus irmãos que se mantinham calados, e ajoelhados.

-=-

Na manhã seguinte, como um pesadelo, eles foram embora. Vi seus navios deixando a costa do topo das muralhas destruídas. Da amurada de um dos navios podia ver a figura chorosa da criança que negociei pelo bem de todos. Meu sobrinho.

Levei a mão ao peito e apertei.

Pelo menos ele estava vivo.

Não queria escutar o choro de Alannys, não queria ir até Asha e a ver em prantos. Tínhamos perdido, isso era fato, isso era certo. Mas mantínhamos nossa liberdade, nosso Lorde. Mas de que isso adiantava? Depois de tanta morte, depois de tanta dor.

-Perdi todos os meus filhos. – escutei a voz de Balon ao meu lado, mas não me virei para fita-lo. – Ajoelhei-me para o inimigo.

Ergui ainda mais a cabeça, tendo em mente as palavras de Ned Stark antes de partir.

-Vislumbre a sua guerra. – murmurei.

Balon prosseguiu, como se não tivesse me ouvido.

-Chorei pelos meus filhos mortos e pelo meus irmão. E mesmo assim você sentou-se com aquele Usurpador e confabulou a venda do meu filho, meu último filho vivo, sem o menor sentimento.

Virei-me, levando a mão direto ao seu rosto em um soco forte que o fez virar para o lado, segurando o local atingido.

-Você começou isso, todos começamos, mas quando estava tudo perdido, você, VOCÊ teve a chance de parar, de poupar a todos nos. Maron morreu defendendo esse lugar, Maron morreu como um homem enquanto você ajoelhou como um covarde! – Balon não me fitava, escorregando para o chão. – Eu fiz o que devia ser feito, eu fiz o melhor para todos. Eu sou uma Nascida do Ferro, Balon. Você não passa de um covarde.

Me virei para ir embora, o escutando soluçar. Fechei os olhos.

Você é forte como o mar Aena, apenas não deixe que uma tempestade te consuma, destruindo o que melhor tem dentro de si.Ned Stark murmurou para mim antes de eu lhe entregar Theon.

E o que eu tenho de melhor dentro de mim?

Sua força.


Notas Finais


Obrigada por ler. ❤


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