1. Spirit Fanfics >
  2. Signos de Sangue >
  3. Anti-Herói

História Signos de Sangue - Anti-Herói


Escrita por: Manny

Notas do Autor


Oii, geeente! Atrasei um pouco, mas vocês não estão surpresos, né? kkkkkkk
Na verdade, eu tive um mês lotado de provas e trabalhos, e seminários, e trabalhos que contam como provas, e estresse. Muito. Estresse.

Bem, esse capítulo é uma transição da Parte 1 para a Parte 2. Não vou marcar, nem nada, mas é como se a fanfic entrasse em uma nova etapa. Portanto, não gostei tanto do capítulo, está meio parado, mas revela aspectos importantes sobre a essência de personagens.
Enfim, espero que gostem, apesar dos apesares. :D

~Boa Leitura~

Capítulo 10 - Anti-Herói


Fanfic / Fanfiction Signos de Sangue - Anti-Herói

 

Capítulo IX

 

Anti-Herói

 

**

 

Acha que está pronto pra falar hoje, Kyungsoo?

A jovem psicóloga olhava o menino com um sorriso bondoso. Kyungsoo encarava uma pilha de revistas em quadrinhos na mesa à sua frente, continuando em silêncio.

— Bom, tudo bem, então. — A psicóloga se levantou. — Tenho o novo volume de Caçadores de Tesouros Intergalácticos.

Então pegou uma das revistas da pilha e estendeu a ele, que finalmente sorriu e logo começou a ler sua história favorita. A psicóloga sorriu e deixou o garoto onde estava, indo até a outra sala para falar com os pais de Kyungsoo.

Logo a Senhora Do se levantou apressada, andando até a psicóloga.

— Ele falou alguma coisa hoje, Dra. Chul?

— Ainda não, Senhora Do. Mas acredito que logo falará. Já não se mostra resistente a mim, ou desconfiado.

Os pais de Kyungsoo sorriram um para o outro, aliviados. A Dra. Chul iria voltar à sala para continuar o método que parecia estar funcionando bem com o garoto. Antes foi até sua secretária.

— Soojin, ligue para a senhora Kim para confirmar a sessão de hoje.

A secretária começou a discar o número. A sineta na porta tilintou suavemente.

Na outra sala, Kyungsoo lia avidamente os feitos de seus heróis favoritos. Queria que a Dra Chul voltasse logo, ele gostava dela, ela sempre conversava sobre coisas como o espaço e programas de TV que gostava, e nunca parecia triste por ele não falar, como seus pais ficavam. Ele não via porque devia falar, era um desperdício de tempo, ele só queria ler e mexer no computador. Também não gostava de ir à escola, porque a professora sempre lhe fazia perguntas e então ligavam para seus pais quando ele se recusava a responder. Ele não queria responder aquelas perguntas estúpidas, gostava muito mais de apenas folhear os livros e ler as histórias deles, principalmente os de ciências.

Mas agora queria falar com a Dra Chul, ela parecia conhecer assuntos muito mais interessantes. Além disso, ela era sua única amiga e gostava realmente de Caçadores de Tesouros Intergalácticos.

Kyungsoo fechou a revista e a pousou no topo da pilha. A história estava cada vez mais interessante e ele mal esperava pelo próximo volume.

Recostou-se na poltrona, balançando as pernas suspensas. A Dra Chul estava demorando, ele nunca ficava fora por tanto tempo. Ele sabia que ela ia conversar com seus pais, sempre preocupados. Eles não entendiam.

Kyungsoo ouviu conversas do outro lado da porta. Pessoas falavam em tom alto. O garoto se levantou da poltrona e andou até a porta, saindo para a recepção. Viu seus pais encolhidos em um canto, junto aos outros pacientes que esperavam para ser atendidos. Um homem gritava no outro lado, próximo à porta. Ninguém parecia ter notado que Kyungsoo saíra.

Então ele viu a Dra. Chul caída no chão. O homem gritava com ela e apontava uma arma em sua direção. Kyungsoo sabia o que armas faziam. A Dra. Chul devia saber também, porque estava chorando e tentando se proteger com os braços. O homem não parava de gritar “Cadê meu dinheiro? Me dá o dinheiro!”.

Ele ia machucar a Dra. Chul. Ele ia machucá-la, assim como haviam machucado seu cachorro Chin-Chin na rua. Kyungsoo sentiu medo quando se lembrou dos garotos mais velhos tirando Chin-Chin de seus braços, enquanto ele não conseguia fazer nada, estava com muito medo de apanhar. Então viu Chin-Chin apanhar em seu lugar.

Kyungsoo secou o rosto rapidamente com a manga do casaco. Ele tinha que fazer alguma coisa. Tinha de ser como os Caçadores de Tesouros. Então ele correu em direção ao homem, que só notou sua aproximação quando Kyungsoo estava perto o suficiente para tocá-lo. O garoto se jogou contra a mão trêmula que segurava a arma, fazendo o homem soltá-la, surpreso. Então Kyungsoo se jogou contra ele e os dois caíram ao chão, rolando. Alguém gritou seu nome, mas ele estava ocupado tentando soltar seu braço das mãos do homem, que voltara sua raiva para Kyungsoo.

— Seu pirralho desgraçado!

Então alguém tirou o homem de cima de si. Kyungsoo sentiu sua mãe puxá-lo para seus braços, o apertando enquanto chorava convulsivamente. Ele viu que muitas pessoas cercaram o homem, tentando segurá-lo. Kyungsoo olhou para os lados, preocupado, procurando a Dra. Chul. Então a viu sendo amparada pela secretária. Kyungsoo sorriu, aliviado, ela estava bem. Ele havia impedido que o homem a machucasse.

A polícia logo chegou e levou o homem. Ele já havia parado de gritar, mas encarava a Dra. Chul com ódio, e então encarava Kyungsoo também, mas o menino não se deixou intimidar, sabia como eram os vilões. Eles nunca mudavam.

A Dra. Chul logo foi ao seu encontro, sorrindo largamente.

— Kyungsoo! — ela se agachou em sua frente. — Sabe que o que fez foi muito perigoso. Nunca devemos reagir contra alguém armado.

O sorriso de Kyungsoo murchou. Ele achou que ela o agradeceria, não que lhe daria uma bronca. Era isso que as mocinhas faziam quando os heróis as salvavam.

— Mas se não fosse por você, Kyunggie… não sei o que teria acontecido comigo. Talvez o pior.

Ele piscou seus olhos, sem saber o que dizer.

— Obrigada, meu pequeno herói.

Então a Dra. Chul se inclinou e beijou sua bochecha. Kyungsoo sentiu seu rosto corar violentamente enquanto via a Dra. Chul ir falar com os policiais.

Aquele dia, Kyungsoo soube como um herói se sentia.

 

**

 

O carro passava em frente à Universidade Vase e os passageiros notaram os veículos da polícia estacionados ali perto. Yi Xing engoliu em seco, imaginando se estavam à sua espera, Kyungsoo pensou o mesmo de si. Desde quando passara a se preocupar cada vez que via um policial? Não devia ser assim.

Ele se lembrava de como acreditava em heróis e vilões quando era criança, de como tudo parecia estar completamente dividido e a facilidade que havia em classificar as pessoas. Bem, ele não seria visto como um herói agora, mas tão pouco era um vilão. Ele era apenas alguém que fez escolhas erradas.

Como por exemplo, andar na companhia de Yi Xing.

— Onde estamos indo? Kris é algum tipo de líder de alguma corporação? E você é tipo um guarda-costas? E o Fish, ele também é de alguma organização?

Kyungsoo revirou os olhos e bufou enquanto Yi Xing, sentado no banco do carona, jorrava perguntas à Kai, que dirigia. Os outros estavam em outro carro e Kai os seguia.

— Kris é o braço direito de Alfa, o líder da Dark Moon. É ele quem resolve os negócios da organização. Alfa nunca é visto. E não sou guarda-costas de ninguém, apenas estou fazendo meu trabalho — respondeu Kai, então olhou pelo espelho retrovisor, encontrando o olhar de Kyungsoo.

Abaixando a cabeça, Kyungsoo passou a encarar as próprias mãos.

— É mesmo? — Yi Xing se interessou. — E qual é seu trabalho?

O assassino manteve sua postura enquanto fazia uma curva.

— Tao pediu minha ajuda.

Yi Xing balançou a cabeça para cima e para baixo.

— Tudo bem. Deve ser confidencial, não é? Você é um varredor, não é mesmo? Qual a classe?

— Hyung! — Kyungsoo o olhou, chocado. — Cale a boca!

Então seu olhar pousou mais uma vez no de Kai, pelo reflexo no espelho. Dessa vez, foi Kai quem desviou os olhos.

— Classe A.

Yi Xing finalmente calou a boca, mas olhou para Kai como se ele fosse o próprio diabo. Kyungsoo engoliu em seco e se encolheu levemente no banco. O resto da viagem foi perturbadoramente silencioso.

Uns bons minutos mais tarde, Kai estacionava o veículo próximo a uma fábrica de tintas para impressoras. Os outros homens estavam parados ali esperando. Quando os três saíram do carro, Kris se virou e seguiu para a entrada do prédio com os outros no seu encalce.

— Que lugar é esse? — perguntou Chen quando passou pela porta de entrada.

O prédio estava praticamente vazio. Havia apenas dois seguranças na recepção. Kris passou por eles sem ao menos trocar uma palavra. Chen franziu a testa por ser ignorado, mas então Xiumin sorriu para si e acenou em direção a Kris. Todos seguiram em silêncio, até chegarem a uma espécie de almoxarifado. Era uma sala pequena, se todos eles entrassem ali, seria uma reunião muito apertada.

Mas apenas Kris entrou, Xiumin pediu que os outros esperassem ali. Então Kris voltou para buscá-los.

— Podem vir — falou e logo desapareceu por entre os armarinhos.

Cautelosamente, o grupo foi entrando um de cada vez. Xiumin seguiu por último, fechando a porta. Então Chen, o primeiro da fila, viu uma pequena passagem por entre os arquivos. Passou por lá, saindo em um estreito e escuro corredor, que dava em uma escada. A todo o momento ele olhava para trás, dando de cara com Tao, que parecia analisá-lo, como se esperasse que Chen quisesse voltar.

Mas ele não o fez. Nenhum deles voltou. Quando terminaram de descer as escadas, havia outra sala, dessa vez maior que a do almoxarifado, mas não tão grande quanto o depósito da Dark Moon. Era no estilo de uma sala de reuniões, com uma longa mesa de madeira e um conjunto de doze cadeiras.

Kris se sentou em uma das cadeiras próximas à extremidade da mesa. Xiumin se sentou na cadeira da frente e acenou para que os demais se mostrassem confortáveis. Tao ficou parado junto à porta que levava ao corredor.

— Bom, não estão todos aqui, mas já é um começo — disse Kris.

— Vão dizer logo o que querem de nós? — perguntou Chen.

— Precisamos que participem do plano — respondeu Fish. — Precisamos de todos vocês para concretizar a Derrubada.

Chen o olhou interrogativo.

— Por que precisariam de nós? Por que nós?

Kris se levantou, andando até uma estante preenchida por diversos livros. Ele pegou uma pasta e a abriu, revelando inúmeras folhas, cujas jogou na mesa.

— Mesmo não podendo revelar o plano, precisávamos de mais ajuda. Quatro pessoas não poderiam fazer nada sozinhas. Então precisávamos recrutar aqueles que estivessem envolvidos de tal maneira que só poderiam escapar se derrotássemos um inimigo em comum — Kris disse.

Chen, Lay e Kyungsoo reviravam as folhas, que continham dados sobre eles e sobre Baekhyun, Chanyeol e outro homem que não conheciam.

— Puta que pariu… vocês… vocês nos espionaram! — Lay gritou indignado. — Vocês no ficharam no seu planozinho doentio!

— Na verdade, meu caro, não fichamos você e Kyungsoo — disse Xiumin. — Vocês foram marcados. Apenas tivemos acesso às informações por causa disso.

— Marcados? — Lay deixou os ombros caírem, empalidecendo.

— O que é isso? — Kyungsoo perguntou preocupado.

— Estão caçando vocês. Os varredores — Chen informou.

— Então estamos marcados pra morrer?! — Kyungsoo se levantou da cadeira em um pulo. — Mas por quê?

Xiumin também se levantou, tentando acalmar Kyungsoo.

— Estão se metendo com a Vase há muito tempo. Você hackeou o sistema deles, quase colocou o site fora do ar, é como uma mosca no para-brisa deles.

— Mas que… — Kyungsoo passou a mão nos cabelos. Então crispou os lábios e se voltou contra Lay. — A culpa é sua! Seu lunático! Você e a porra dos seus planos de derrubar uma empresa multimilionária!

Então Kyungsoo se atirou para cima de Lay e os dois foram ao chão. Kris suspirou enquanto os dois rolavam e se debatiam. Kyungsoo tentava enforcar Lay, que grunhia e empurrava a mão contra o rosto do outro. Xiumin bufou e deu a volta na mesa para tentar separá-los.

— Parem com isso!

Mas os dois não davam brechas para Xiumin fazer alguma coisa. O ocultista xingou baixo e se virou para Kris.

— Dá pra me ajudar nisso?

Revirando os olhos de tédio, Kris acenou para Tao, que andou até a briga e puxou Kyungsoo pelo capuz da blusa, tirando-o facilmente de cima de Lay.

O blogger se sentou arfando e encarou Kyungsoo com o rosto vermelho e choroso.

— Mas que merda, Kyung!

— Que merda digo eu! Me solta! — Kyungsoo se debatia inutilmente tentando se soltar das garras de Tao, como se fosse um pequeno ratinho pego pelo gato.

Xiumin andou até Kyungsoo.

— Yaah, acalme-se. Nós não vamos deixar que matem vocês — disse o ocultista.

O hacker parou de se espernear e encarou Xiumin.

— Já interceptamos os varredores que foram mandados para acabar com vocês.

Chen riu soprado.

— Isso é impossível. Eles são pagos com antecedência e nunca desistem. Além disso, como saberiam quais eram os varredores?

— Porque somos nós — disse Tao, soltando Kyungsoo.

 A sala ficou tão silenciosa como seria possível com sete homens lá dentro. Yi Xing olhou para Tao, então olhou para Kai sentado do outro lado da mesa.

— Mandaram vocês para nos matar? — então se levantou. — Foi por isso que estava no Paguru aquele dia! Você deu um nome falso!

Kai não respondeu, apenas pegou um maço de cigarros do bolso interno da jaqueta e um isqueiro. Kyungsoo ficou o encarando com um nó na garganta, enquanto o assassino acendia o cigarro e tragava lentamente, tombando a cabeça levemente para trás para soltar a fumaça.

— A boa notícia é que temos algum tempo até mandarem outros varredores — avisou Fish, sorridente.

— Ah, claro. Assim posso aproveitar o tempo que me resta até ser caçado como um javali! — Yi Xing disse, com a voz esganiçada. — Eu não nasci pra alguém pegar minha cabeça e pendurá-la numa parede, como um troféu!

— Pelo amor de Deus — murmurou Chen. — Deixando todo o drama irritante desses dois de lado, por que nos ficharam? O que nós temos que interessa em todo esse plano misterioso?

Xiumin puxou uma cadeira para se sentar.

— Vocês também foram marcados, mas de um jeito diferente. Sabemos que você e Baekhyun fazem parte de uma organização em ascensão, assim como Chanyeol. Nossos inimigos, a Butcher e a Caliban, esperam ser as únicas organizações poderosas da Ásia, então o primeiro passo é eliminar a concorrência. Eles já começaram com a Netuno, só restou Chanyeol, mas ele logo será o próximo. Então seguirão para a Dark Moon e para a Bank Cash. Uma a uma, todas vão ser eliminadas.

Chen engoliu em seco, pensando no que foi dito.

— Pensei que a Dark Moon e a Netuno tivessem alianças com a Caliban.

— A Caliban não pensa duas vezes antes de romper uma aliança — disse Kris. — Muito menos avisa antes. Há dois dias a Caliban surpreendeu os membros da Netuno em seu próprio território e atacaram pra matar. Isso não foi só uma aliança quebrada, foi uma declaração de guerra. É o que estamos prestes a enfrentar.

Yi Xing olhou para Kris.

— Uma… guerra? Uma guerra no Submundo?

— Sim. A princípio. Mas temos conhecimento de parte do plano deles. E eles não pararão até se espalhar por todo o mundo. A Butcher e a Caliban têm fortes aliados.

— Que seriam…? — Chen perguntou.

— Vase — murmurou Kyungsoo.

Todos viraram para o hacker, que parecia assombrado.

— O quê? — Chen se espantou. — Não é verdade, é?

Mas Kris ignorou a pergunta e se levantou.

— Como sabe disso?

Kyungsoo se encolheu quando o gângster se aproximou.

— Por que mais mandariam nos matar? Teria que haver muito mais do que ações nos arquivos da Vase. E ela é uma empresa multinacional, então não seria difícil que a Butcher e a Caliban se espalhassem por outros países.

Kris e Tao trocaram olhares significativos. Kyungsoo permaneceu parado em pé, encarando os desenhos irregulares da madeira da mesa. Inclinando-se para frente, Xiumin riu baixo.

— Esse é um dos motivos de querermos vocês no plano.

— Eu sabia! — Yi Xing falou consigo mesmo. — Eu sabia que a Vase estava escondendo algo grande mais!

Chen bufou e passou a mão nos cabelos.

— Okay… basicamente, se não derrubarmos a Caliban e a Butcher, duas das mais perigosas organizações da Ásia, e a Vase, uma empresa multimilionária ligada ao mundo do crime, podemos esperar o fim do mundo com conhecemos.

— Na verdade, nem chegaremos a conhecer esse mundo — Xiumin falou.

Ele e Chen se olharam por um instante.

— Tudo bem… — Chen ponderou, contendo um sorriso. — Então o que faremos para impedir isso?

O ocultista abriu a boca para responder, mas um celular apitou em seu bolso. Ele pegou o aparelho e checou a mensagem. Então sorriu e olhou para Kris.

— Ela chegou.

 

**

 

Fez-se um silêncio mortal nos túneis da Estrada do Caranguejo. Luhan segurava o braço de Sehun, os dois com olhares vidrados em um ponto não específico, esperando escutar mais alguma coisa.

A explosão repentina chacoalhara os túneis ameaçadoramente, os dois homens esperaram o teto ruir, mas a estrutura continuou firme. Eles sabiam de onde a explosão viera, não estavam muito longe do alçapão da Dark Moon. Alguma coisa havia acontecido, e Sehun receava ter sido com os dois gângsteres da ala hospitalar. Kris não ficaria nada feliz se soubesse que os dois haviam morrido apesar dos esforços de Luhan para salvá-los, e ficaria furioso ao descobrir que Sehun havia os abandonado, quando deveria estar cuidando deles.

Ele teria que fugir. Teria que ir embora com Luhan. Kris procuraria os dois e os arrancaria de suas peles por terem fugido sem o castigo merecido. Ele sabia como Kris era: vingativo, apesar de demonstrar tranquilidade a maior parte do tempo.

— Hyung, temos que ir — disse Sehun, apressado. — Não podemos voltar, temos que ir embora. Agora!

Luhan o olhou com a testa franzida.

— Não seja bobo, Sehun. Vamos ver o que aconteceu. E não podemos sair andando pelas passagens, vamos nos perder.

Sehun encarou, embasbacado, Luhan andando em direção ao alçapão. Então apertou o passo para acompanhá-lo.

— Hyung! Não podemos ir até lá. Nem sabemos o que aconteceu. Podem ter sido inimigos, e podem estar lá agora, nos esperando voltar pra explodir nossos traseiros também!

— Você está sendo dramático. Quer cuidar do seu precioso traseiro e arriscá-lo nos túneis? Tudo bem. Mas eu vou voltar.

Sehun parou e viu Luhan continuar. Mordendo os lábios, ele olhou em volta. A luz da lanterna tornava os túneis fantasmagóricos e a escuridão se alastrava às suas costas.

— Diabos! — exclamou antes de correr para se juntar à Luhan.

 

**

 

Cho-Hee estacionou o carro em frente a uma fábrica de tintas para impressoras. Ela não dissera nada durante todo o longo percurso que fizeram, contornando ruas e dando voltas para ver se ninguém estava os seguindo. Junmyeon ficara sentado quieto esperando pacientemente. Sabia que a delegada iria explicar tudo, então bastava ter paciência.

Ainda no carro, ela pegou um celular e digitou alguma coisa. Então olhou para Junmyeon.

— Junmyeon, vamos nos encontrar com uns homens para resolver negócios. Peço que seja condescendente. Esses homens não são piores que Choi Siwon, ou os delegados das outras delegacias. Na verdade, estão do nosso lado, apesar de terem uma imagem distorcida de si por nossa causa.

O policial franziu o cenho, confuso.

— Posso contar com você para ouvir tudo o que têm a dizer?

Apesar de não compreender onde Cho-Hee queria chegar, Junmyeon confiava nela.

— Sim, senhora.

— Tudo bem, vamos.

Eles saíram do carro e rumaram ao prédio. Os seguranças que lá estavam acenaram brevemente com a cabeça e os deixaram passar livremente. Cho-Hee entrou em um almoxarifado empoeirado e pequeno, Junmyeon ao seu encalço.

— Ah, mais um coisa, Junmyeon — ela parou e se virou para ele. — Não os provoque. Eles não são muito… tolerantes.

Ele concordou com um aceno. Cho-Hee se virou e foi até o fundo da pequena sala. Por entre os arquivos, ele colocou a mão e empurrou a parede. Junmyeon observou, boquiaberto, a parede se retrair e então deslizar lateralmente, mostrando um corredor estreito e longo.

Cho-Hee logo continuou adiante, o policial a seguindo, se perguntando que tipo de pessoas estaria ali dentro. Eles desceram uma escada e começaram a ouvir vozes discutindo em um tom controlado por trás de uma única porta ao pé da escada. A delegada não hesitou em girar a maçaneta e logo adentrou a outra sala, fazendo as vozes cessarem.

— Bom dia — disse.

Junmyeon entrou devagar. Era uma sala simples, com uma mesa longa e uma pequena estante organizada.

— Ai, merda…

O policial olhou em direção ao homem que havia se levantado. Então conteve sua própria exclamação. Lay, o louco que havia prendido e que escapara, estava ali. Ele olhou em volta, não reconhecendo os outros homens, até que avistou o parceiro de Lay, o hacker. Os dois o encaravam surpresos e preocupados.

— Paggie!

Um deles, que Junmyeon não conhecia, foi até Cho-Hee e a abraçou. Ela riu e acarinhou suas costas.

— Umin-ah, não devia me abraçar assim! E nem me chamar por esse nome.

— Estava com saudades. Achei que não viria — disse manhoso.

Um pigarrear chamou a atenção de todos e os dois desfizeram o abraço.

— Ah, sim — disse o homem. — Esta é a Caranguejo. — Então olhou para Junmyeon, sorrindo. — E você deve ser o policial de quem ela me falou.

Foi como se a sala estivesse vazia. Todos ficaram quietos encarando Cho-Hee e Junmyeon com olhos arregalados e bocas escancaradas – Junmyeon se perguntando o que, diabos, Caranguejo significava –, menos um deles, que se levantou e se curvou em respeito.

— É um enorme prazer finalmente conhecê-la — disse. — Sou Kris, negociante da Dark Moon.

— Sei bem quem você é, Kris, negociante da Dark Moon — ela repetiu, colocando mais significado nas palavras do que os outros podiam compreender.

— Espera! — Um deles, que estava quieto encarando boquiaberto os recém-chegados, se levantou. — Ela não é a… ela é a… não pode ser a…

— Caranguejo. Quem projetou e construiu a Estrada do Caranguejo há anos atrás e que devia estar morta, ou escondida na toca, como um rato. Bem, não sei nada quanto a última parte do “morta” e “rato”, mas todo o resto é verdade — falou Cho-Hee, com orgulho.

— Estrada do Caranguejo? — Junmyeon falou pela primeira vez. — Isso é só uma lenda.

— Receio que não, Junmyeon — ela sorriu para o policial. — É verdadeira. Inclusive, estamos em uma das novas salas. Abri essas passagens recentemente. Vê como a tinta está brilhante nas paredes? Quase posso sentir o cheiro.

Ela começou a andar pela sala, admirando cada detalhe que, para os outros, era insignificante.

— Delegada — Junmyeon a chamou. — O que está acontecendo? Por que esses dois estão aqui e não presos? E quem são esses outros?

— Presos? — Disse um deles, que Junmyeon não sabia o nome. — Ele é mesmo um policial? Pensei que fosse uma piada! E ela é uma delegada? O que estamos fazendo com os dois então? Ela não pode ser a Caranguejo, porque a Caranguejo era uma fora da lei procurada pela polícia federal e caçada pelas organizações. Como ela poderia ser uma delegada?

— Está tudo bem, Chen. Eles estão do nosso lado — disse o amigo de Cho-Hee. — E Paggie ser uma delegada faz parte do plano.

— Ela está no plano? E ele também? — perguntou Lay, olhando Junmyeon desconfiado.

— O quê? — Junmyeon olhou para Cho-Hee. — De que plano estão falando? — Então se virou para Lay, autoritário. — O único lado de que estamos é da lei. E todos vocês estão presos!

— Junmyeon! — Cho-Hee gritou. Todos se calaram e olharam para a mulher, sua expressão era perigosa. Mas quando tornou a falar, a voz era controlada. — Sente-se. Todos sentados.

Ela mesma andou até a ponta da mesa, onde havia uma cadeira vazia, então se sentou e cruzou as mãos em cima da madeira. Todos, um a uma, foram se sentando. Junmyeon trocou olhares significativos com Cho-Hee, vendo que ela não estava de brincadeira. Então, relutante, se sentou o mais longe possível daqueles homens.

Ela olhou para todos, então disse:

— A primeira reunião oficial da Derrubada terá início agora.

 

**

 

A nuvem de poeira ainda não havia se dissipado quando Chanyeol ouviu vozes acima do depósito. Há mais homens, e vão entrar aqui a qualquer instante. Precisamos ir.

Ele correu até a ala médica, procurando a bolsa com armas. Ela estava jogada em um canto, alguns itens haviam caído, mas ele logo os jogou dentro da bolsa e fechou o zíper, jogando a bolsa por cima do ombro. A perna não doía, o que ele achou estranho, apensar de estar aliviado em poder andar.

Ele se virou e viu Baekhyun sentado, recostado em uma das mesas. A expressão de dor e cansaço no rosto suado denunciara que não estava nada bem. O ombro voltara a sangrar, empapando o curativo e escorrendo pelo peito nu.

— Merda — murmurou Chanyeol.

Ele olhou entre as coisas derrubadas da ala hospitalar e encontrou uma pequena maleta de primeiro socorros. Aquilo teria de servir, os homens pareciam ter descoberto a entrada para o depósito. Logo estariam ali.

Andou rapidamente até Baekhyun e se agachou. O outro abriu os olhos lentamente, respirando ofegante.

—Temos que ir — apressou Chanyeol, tentando levantar Baekhyun, que ao menos protestou.

Com o braço direito de Baekhyun apoiado por cima do ombro de Chanyeol, os dois andaram o mais rápido que podiam até o alçapão. Era a única saída. Chanyeol desceu primeiro, caindo apoiado na perna boa, apesar de a outra nem parecer estar ferida – ele não queria arriscar – então ajudou Baekhyun a descer, impedindo-o de cair quando pulou. Reprimindo um gemido de dor, ele se encostou à parede do túnel, iluminado apelas pela luz que vinha do depósito.

Então ouviram os homens invadirem o depósito. Um falatório repleto de xingamentos soou, provavelmente quando viram o resultado da explosão.

— Vamos, eles vão achar o alçapão logo — sussurrou Chanyeol.

Baekhyun inspirou profundamente, então se desencostou da parede, cambaleante. Os dois rumaram pela esquerda. Chanyeol pegou uma arma e uma lanterna da bolsa enquanto andavam. Baekhyun se negava a receber ajuda, se apoiando na parede do túnel com o braço bom, se concentrando em andar e respirar.

Apesar de querer que fossem mais rápido, Chanyeol não disse nada e nem o apressou, ficando com os ouvidos apurados, tentando saber se estavam sendo seguidos. Sabia que o outro não conseguiria participar de um confronto direto, ainda mais em um lugar fechado daqueles, e duvidava que conseguisse lidar sozinho com os homens da Caliban se os encontrassem. Esperava que eles pensassem que tivessem se explodido com a primeira leva de homens, mas duvidava disso também.

Eles continuaram, tentando seguir o mesmo caminho que levava ao bar Paguru, apesar de todas as passagens parecerem iguais. Eles continuaram andando, se afastando cada vez mais do depósito. Ninguém os seguia, e eles não esbarraram com ninguém – e nem com crocodilos.

Um tempo depois, Chanyeol não soube quanto, Baekhyun caiu de joelhos. O sangue escorria pelo braço esquerdo e brilhava contra a luz da lanterna. Chanyeol se abaixou ouvindo a respiração fraca e insistente do outro, que mantinha os olhos fechados. Na pressa de se afastarem dali, ele se esqueceu de olhar o ferimento.

— Que droga — murmurou quando tirou o curativo sangrento.

Baekhyun agarrou sua mão de repente. Chanyeol o olhou, ele estava com os olhos semicerrados e as sobrancelhas franzidas.

— O que pensa que está fazendo, idiota? — resmungou cansado.

— O quê? — Chanyeol piscou, confuso.

— Vá embora… não vê que não vou conseguir te acompanhar?

Chanyeol bufou.

— Cale a boca. Acha que vou deixar que morra me devendo? — ele examinou o ferimento. O sangue saia por entre os pontos, mas não parecia haver hemorragia. — Vamos pegar meu dinheiro primeiro. E então você vai poder morrer quantas vezes quiser.

Baekhyun fez um ruído que podia ser uma risada ou uma tosse.

— Maldito ganancioso e ingrato. Eu devia ter te jogado pra porra do crocodilo terminar o serviço… — então grunhiu quando Chanyeol jogou um antisséptico no ferimento, lavando o sangue.

— Mas não fez isso — Chanyeol sorriu, se divertindo em jogar mais antisséptico. — Achou que ia poder comprar a minha vida e depois não ia ter que me dar meu dinheiro? Vou salvar sua vida agora, assim como salvou a minha, e então estaremos quites. E aí a trégua acaba.

Baekhyun o encarou querendo rir e ao mesmo tempo socar a cara de Chanyeol. Mas não teve forças pra nenhum dos dois. Chanyeol riu enquanto terminava de limpar o ferimento e fechá-lo.

— Você é um baixinho invocado. Matou aqueles homens no cassino, matou um crocodilo mutante e ainda metralhou todos aqueles desgraçados no depósito. Pensando bem, eu devia te deixar aqui, você pode ser um perigo pra sociedade.

Chanyeol sorriu de lado, mas Baekhyun não correspondeu. Apenas desviou o olhar e engoliu em seco, parecendo desconfortável. O outro terminou o curativo o observando discretamente. Baekhyun não tornou a olhá-lo, com um ar melancólico e doente. Chanyeol pegou a bolsa e pegou de dentro dela uma lanterna e uma pistola, entregando para Baekhyun, que finalmente o olhou, interrogativo.

— Descanse um pouco — falou Chanyeol, se levantando e colocando a bolsa nas costas. — Vou voltar e ver se tem alguém por perto.

— Isso não é uma atitude esperta — falou Baekhyun.

— Eu sei. Mas também não podemos ficar rondando pelas passagens, vamos nos perder.

Então se virou e começou a voltar.

— Não vou demorar — disse sobre o ombro.

Baekhyun ficou olhando o outro se afastando até ficar sozinho no escuro. Ele segurava a lanterna, mas não a ligou. Ficou quieto, ouvindo somente sua respiração ruidosa no silêncio morto do túnel. Então apertou os olhos com força, não querendo ficar sozinho ali, esperando que Chanyeol realmente não demorasse a voltar.

 

Chanyeol sentia o estômago revirando enquanto andava automaticamente, mas deixava o pensamento longe, mesmo que não quisesse. Que merda estava fazendo? Com tudo? Por que não deixara tudo pra trás e fora embora depois que seu pai morreu? Não tinha que provar mais nada a ninguém, então por que manteve a Netuno? Devia ter acabado com tudo aquilo e saído da Coreia. Agora olhe onde ele acabara: em um túnel escuro, acompanhado de alguém que ele conhecia há menos de uma semana, mas que se assemelhava tanto a ele, que fazia todas as malditas sensações, que tanto reprimia, o invadirem, como um tsunami.

Ele parou e se encostou contra a parede do túnel. Apertou os olhos com força, repetindo a si mesmo que não choraria. Não chorava há anos; isso não aconteceria agora. Só fracos choram. Fracos, perdedores, submissos. Ele continuou repetindo isso a si mesmo, parado, apenas com a luz débil da lanterna.

Não fazia sentido permanecer ali. Não havia mais Netuno. Todos estavam mortos, ele sabia que Mark também estava. Pode perceber que Sehun mentira quando disse que não sabia onde estava o garoto. Que tipo de líder era Chanyeol, que ainda estava vivo quando todos os seus homens haviam morrido?

Ele estava tão concentrado em não derramar uma lágrima sequer, apertando os olhos com força, a cabeça cheia de pensamentos que queria evitar a todo custo, que ao menos ouviu as pessoas que se aproximavam.

 

O escuro parecia cada vez mais sufocante. Mas Baekhyun mantinha a lanterna desligada. O que queria provar? Que bem lhe faria ficar ali jogado ao chão, sangrando até a morte, seu corpo perdido pra sempre em um túnel desconhecido? Ele sabia que Chanyeol não voltaria. Provavelmente só se afastara o suficiente para que Baekhyun não conseguisse voltar e ficasse caído, com as forças se esvaindo a cada segundo. Essas ideias não paravam de ecoar em sua mente.

Ele bufou. E o som pareceu alto demais no silêncio perturbador. Não ficaria ali sozinho, deplorável, no meio do breu. Ele ligou a lanterna, a luz repentina fez seus olhos doerem, mas logo ele se acostumou, podendo ver a parede oposta, suja e coberta de lodo. Então Baekhyun tentou se levantar, apoiando-se na parede grudenta do túnel. O braço latejava loucamente, o obrigando a parar com o esforço inútil.

Inspirando profundamente, ele se concentrou em afastar a dor. Ficou parado por algum tempo, até acreditar que a dor se amenizara. Então trincou os dentes e se ergueu de uma vez, cambaleando.

Não havia sido uma ideia inteligente. A dor acendeu repentina, como se o crocodilo ainda lhe mordesse o braço. Sentiu o sangue fluir novamente. Com a respiração acelerada, colocou a lanterna na boca e arrumou a arma no cós da calça. Então pegou a lanterna com a mão boa e forte o suficiente.

Mas antes que pudesse começar a andar, ouviu passou ecoando pelo túnel. Vinham da direção do Depósito. Ele congelou onde estava, com certeza não era uma pessoa só.

Desligando a lanterna rapidamente, ele foi engolido pelo escuro outra vez. Pegou a arma e a destravou, ficando alerta. os passos se aproximavam e vozes embaralhadas murmuravam ao longe. Quando uma pequena claridade começou a surgir, ele soube que estavam perto. E não havia onde se esconder.

Então se firmou nas pernas e ergueu a arma, apontando para o túnel. Se fosse rápido, poderia acertar alguns deles, antes que soubessem o que acontecia. Ele fechou os olhos, se concentrando na direção de suas vozes.

Seu dedo tremeu contra o gatilho.

 

**

 

Fim do Capítulo IX


Notas Finais


Super melodrama ChanBaek, mas vocês entenderam? Tipo, os dois são super durões, mas por dentro... caos! kkkkkk Se não entenderam alguma coisa do capítulo, podem me perguntar.
Ahh! O nome do capítulo é um jogo com a lembrança do Kyung para com a atualidade. :B
Desculpe pela falta de emoção, mas como disse, é a transição. Uma pequena ligação que separa as fases da fanfic. O próximo capítulo terá inicio da Derrubada (spoiler não, só um pedacinho do bolo ;D).
Bem, vou tentar não atrasar. O próximo capítulo já está sendo escrito. Falta começar com o flashs do Lay, mas eles virão :3
Beijooooooooooos, obrigada por lerem! <3

P.S.: Se querem ver uma série bem drama, onde irão se apaixonar pelos personagens, vejam Skins. Amo de paixão <3

*

Link da Playlist de Signos de Sangue:
https://open.spotify.com/user/manny_chuva/playlist/5rPiCF5EJanZ7UU065QlzF


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...