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História Fangirl-ily - 15. One True Pairing


Escrita por: wolfistar

Notas do Autor


Vocês acharam que eu não ia postar capítulo hoje? HEHE

CHEGAAAAAAAAMOS ao último capítulo de Fangirl-ily e eu estou sur-tan-do. Sério mesmo, não estou conseguindo acreditar.

Mas, tudo bem, ainda teremos o EPÍLOGO, portanto isso ainda não é um adeus. Ainda.

Queria deixar aqui meu agradecimento a algumas pessoas em especial, que fizeram com que a construção deste capítulo fosse possível:

1º: ao ProngsPott3r por responder meus questionamentos de forma prestativa ♥ sem a sua ajuda eu provavelmente teria travado na metade do capítulo, então MUITO OBRIGADA ♥

2º: à July Evans, aka amor da minha vida, betareader maravilhosa, por aturar meus surtos por todo o tempo em que estive parindo este capítulo. Você, como sempre, me apoiou ♥

Por fim: FANGIRL-ILY GANHOU COMO FANFIC DO ANO (2016) NO GRUPO MADAME PINCE FICLIBRARY NO FACEBOOK! E eu ganhei como AUTORA DO ANO, vê se pode uma coisa dessas?!
Eu queria deixar aqui meu MUITO OBRIGADA DO FUNDO DA MINHA ALMA a todos que votaram em mim e na minha ficzinha. Sem vocês, nada disso seria possível ♥

Vocês são os leitores mais incríveis que eu poderia querer!

Enfim, gente, sei que tá todo mundo morrendo para saber o que acontece no capítulo, portanto vou deixá-los ler e nos encontramos lá embaixo, okay?



Nota: One True Pairing (único par verdadeiro) = OTP


Capítulo 16 - 15. One True Pairing


[QUINTA-FEIRA - 28 DE JULHO, 2016]

— Lily, o que-? — James começou a perguntar, a expressão apreensiva, como se temesse o que ela diria a seguir. — Olha, eu sei que estamos indo rápido, mas não vejo necessidade de...

— Não é- — Lily tentou interrompê-lo, mas ele ignorou-a completamente, aproximando-se e baixando os olhos para que ficassem no mesmo nível dos seus.

— Você não pode... quero dizer, você pode, mas seria injusto se fizesse isso antes de sequer tentarmos mesmo ficar juntos e... eu não... por quê? Eu só acho que você está se precipitando e-

— James! Não foi isso que eu quis dizer. — Finalmente conseguiu cortá-lo, percebendo que havia se expressado mal devido ao surto. Respirou fundo e voltou a limpar os olhos que ela sabia estarem inchados e vermelhos (como se ela precisasse parecer ainda mais patética para James). — O que eu quis dizer-

— Você disse que isso, nós, devíamos terminar. Não há muito o que se entender sobre...

— Não, não foi isso que eu quis dizer. Eu queria dizer... quero dizer, na verdade, é que isso entre nós dois... essa confusão... nós precisamos parar... — Suspirou. — EU preciso parar de fazer isso. — James franziu o cenho, mas ela estava perdida em pensamentos, portanto não prestou atenção. — Há dias que estou me sentindo desse jeito e em momento algum parei para conversar com você, como se isso fosse adiantar de alguma coisa, como se não falar fosse ajudar de alguma forma... e, quando tentava falar, nós sempre estávamos nos, hm, você sabe... — Corou e então ergueu os olhos para ele, encarando-o desnorteada. — Eu estou confusa, entende? Tudo isso... nós dois... foi mesmo rápido, mas não é isso que me preocupa... eu não estou acostumada com... fangirls... e haters e... toda essa gente sabendo mais da minha vida do que eu mesma... e isso me deixa sem reação. E um pouco assustada. — Meneou a cabeça. — Na verdade, bastante assustada.

James ficou em silêncio quando Lily terminou de falar, encarando-a como se esperasse que ela explodisse a qualquer momento. Lily sentiu-se levemente constrangida com o olhar penetrante do garoto, mas não ousou falar qualquer coisa, afinal tinha medo de acabar voltando a chorar. Ainda conseguia lembrar dos tweets raivosos e da forma como as garotas a haviam encarado em seu trabalho após ter praticamente salvado a pele de Sirius – e ela preferia nem pensar na reação dele, pois corria o risco de, aí sim, nunca mais parar de chorar.

E tudo o que ela não precisava era parecer uma catarata em frente à James justo quando havia decidido contar a ele como se sentia.

— Então... — James finalmente voltou a falar e sua voz era levemente rouca enquanto ele franzia a testa. — Então você não está acabando comigo?

— O que... eu não... não. — Lily se enrolou com as palavras diante da intensidade de seu olhar.

— Você disse que isso, nós dois, precisava terminar “agora”, mas não estava falando sobre terminar mesmo? — A expressão do garoto era séria, assim como sua voz.

Lily sentiu-se estúpida e suas bochechas esquentaram, deixando-a ainda mais vermelha do que já estava depois do choro.

— Não, eu-

— Então, apesar do que você disse parecer bem diferente, você só queria... conversar? — James voltou a perguntar, ainda em um tom de voz extremamente sério.

— É...

— E você tem certeza de que é apenas isso que você queria dizer, mesmo que quando você abriu a porta parecesse prestes a pular no meu pescoço e cometer um assassinato?

— Bem... sim.

Ele suspirou, parecendo mais aliviado do que ela teria imaginado. Lily sentiu vontade de rir diante de sua expressão, contudo, ao abrir a boca para soltar a risada, acabou gemendo e, antes que pudesse entender ou controlar, estava chorando novamente. Que diabos estava acontecendo, por Vader?

Sentiu os braços de James fecharem-se sobre si, puxando-a para perto. Sem conseguir se importar em parecer ridícula – afinal de contas já estava sendo – Lily soluçou contra a camiseta dele, molhando-o com suas lágrimas incessantes.

As mãos de James acariciavam sua cabeça de modo carinhoso, fazendo com que a dor em seu peito diminuísse um pouquinho.

— Hey... — James murmurou contra seus cabelos, apertando-a mais contra si. — Vai ficar tudo bem, Lily.

— Não é o que parece. — Ela conseguiu dizer por entre as lágrimas, sentindo-se estremecer ao pensar no que tudo aquilo realmente parecia. — As fãs de vocês me odeiam e eu nem fiz nada! Quero dizer, até ontem nós tínhamos um ship, vários squads e fã clubes... e agora todos me odeiam. Eu não vejo como isso pode ficar bem, James, eu-

Mas ele a interrompeu, afastando-a de si para que pudesse encará-la.

— Lily. — Ele disse, firme. — Vai ficar tudo bem sim. Acredite em mim, tudo isso vai passar. Sempre passa. — Meneou a cabeça. — As pessoas nem sabem o que aconteceu. Eu não sei direito o que aconteceu... — Suspirou. — Só vi a comoção nas redes falando sobre você e o Sirius e o procurei para conversar e tentar entender o que tinha acontecido, mas ele não estava em casa e-

À menção de Sirius, Lily sentiu os soluços voltarem com força, assim como as lágrimas que varreram seu rosto, muito mais intensas do que antes.

— Ele me odeiaSirius... me odeia! — Ela sabia que sua voz transparecia toda sua histeria, mas, como sempre acontecia perto de James, ela não estava conseguindo controlar suas palavras. — Snape apareceu na loja e começou a falar... muitas merdas... — Soluçou alto demais, fungando de modo nada bonito. James, contudo, não parecia se importar, pois continuava encarando-a com o olhar cheio de interesse e compreensão. — Eu mandei ele ir embora e era o que ele estava fazendo quando o Sirius ouviu e se aproximou... e então eles começaram a discutir... Snape falou sobre o Regulus...

— Regulus? — James a interrompeu, o cenho franzido indicando sua confusão. — Snape o @snapeseverus? Ele falou sobre o irmão do Sirius?

Lily assentiu e então ergueu uma mão para os olhos, tentando limpar as lágrimas que continuavam a cair.

— Eles se conhecem. Regulus e Snape, quero dizer. Acho... acho que tem alguma coisa a ver com o fato de ambos apoiarem o Voldemort. — Deu de ombros e então estremeceu ao lembrar da briga entre os dois garotos e de como passara o resto do dia tremendo por conta daquilo. — Sirius perdeu a cabeça e começou a bater no Snape... eu só queria tirar ele de cima, James... ele estava descontrolado, fiquei com medo que- — Mas não conseguiu concluir, pois sua voz estava embargada demais, seu corpo inteiro tremia novamente e relembrar doía. — E agora ele me odeia. — Concluiu, meio sem sentido, sentindo mais algumas lágrimas doloridas escaparem do canto de seus olhos.

James respirou fundo, como se, apesar de todos os soluços de Lily, tivesse compreendido tudo – e não gostado nada do que ouvira.

— Lily, o Sirius não te odeia. — E o tom de voz dele transmitia sinceridade. — Ele perde a cabeça quando o assunto é o irmão dele, acredite em mim: nós já tivemos muitas brigas por causa disso. Ele é cabeça quente, ele explode... mas vai passar e ele vai voltar a falar com você. E te pedir desculpas porque ele obviamente te magoou. — James falou as últimas palavras com tanta convicção que Lily se perguntou se ele estaria pretendendo pressionar Sirius quando chegasse em casa. Ela esperava que não. Não queria que Sirius tivesse mais algum motivo para estar bravo com ela.

Não que ele tivesse algum motivo antes, é claro, afinal ela não havia feito nada errado.

— Okay. — Ela murmurou baixinho com a voz tremida, sentindo-se cansada. Não havia dormido direito no dia anterior por causa da festa na casa de Marlene – nem em todos os outros, afinal sempre que tentava dormir perdia mais da metade da noite pensando em James Potter e, quando adormecia, sonhava com ele. Isso para não falar em todo o estresse emocional de seu dia.

Era de se esperar que, naquela hora, estivesse morta sobre a cama, mas só o pensamento de fechar os olhos a deixava ansiosa, pois sabia que, ao invés de dormir, acabaria revisitando os acontecimentos do dia. O que não a levaria para qualquer lugar perto do descanso que precisava.

Suspirou.

— Lily? — A voz de James a arrancou de seus devaneios, fazendo-a corar levemente ao perceber que ele devia a estar chamando há algum tempo.

— Oi? — Perguntou e então ergueu novamente as mãos para o rosto, feliz ao constatar que finalmente havia parado de chorar. Só não sabia dizer por quanto tempo.

— Hm... você disse que queria conversar. — James arqueou as sobrancelhas para ela, sugestivo, fazendo com que ela corasse. — Quero dizer, tudo bem se você não quiser falar agora depois de quase ter me matado do coração... eu nem vou ficar ansioso esperando para saber o que você quer dizer. Se quiser podemos deixar para outra hora, isto é, se eu sobreviver. — Sua expressão era tão cheia de drama que Lily sorriu, percebendo que ele estava tentando aliviar um pouco a tensão dela. E que estava conseguindo.

— Você tem razão, eu acabei por não falar o que queria. — Ela disse e então assentiu, mais para si mesma do que para ele, pensando por onde deveria começar. — Certo. — Falou, mas não prosseguiu. O sofrimento de James enquanto esperava que ela dissesse alguma coisa era quase palpável. Um sorrisinho involuntário escapou dos lábios dela ao vê-lo. — Eu... preciso sentar. — E então, dando as costas para ele, subiu até sua cama e sentou-se em meio aos travesseiros antes de erguer os olhos para James novamente, percebendo que ele não parecia saber o que fazer a seguir. — Vamos, James, sente aqui, juro que não mordo. — Assim que as palavras escaparam de sua boca percebeu que havia sido um erro. Sentindo-se corar, Lily tentou remendar: — Quero dizer... eu não... ah... bem, você entendeu. Pare de me olhar assim. — Rolou os olhos para a expressão maliciosa de James antes de este se aproximar e sentar ao seu lado.

— Você muda de humor bastante rápido, não? — Ele brincou, encarando-a, divertido.

— Ah, eu sou uma Sith meio fajuta, não consigo ficar muito tempo consumida pelo lado negro. E também tem o fato de que eu provavelmente gastei todo o líquido do meu corpo chorando tanto. Se eu continuar, serão lágrimas de sangue que escaparão de meus olhos e, bem, não estou a fim de ver isso. — Lily resmungou para ele e então rolou os olhos novamente, percebendo que James estava rindo. — Certo. Eu vou começar a falar agora, portanto não me interrompa. É provável que em algum momento eu acabe explodindo em chamas de constrangimento, mas não se assuste: isso é mais comum do que você pensa. Como uma fênix, eu retorno das cinzas apenas para explodir de vergonha novamente em algum momento próximo. — Bufou e então sentiu as bochechas corarem. — Viu só? Acabei de explodir por falar essa bobagem.

James, que estivera rindo enquanto ela falava, não conseguiu mais se conter, achando-a maravilhosa demais por sempre surpreendê-lo com aquelas frases espontâneas, portanto aproximou-se e, pegando-a de surpresa, beijou-a levemente nos lábios, fazendo-a ficar imediatamente sem fôlego.

Lily sabia que as intenções dele eram as melhores e que o beijo era apenas como uma forma de dizer “ei, você falou bobagem, mas eu continuo gostando de você”, mas, por Vader, ele já deveria saber que toda aquela intimidade – principalmente quando eles estavam em cima de uma cama— não seria muito bem-vinda se quisessem, de fato, conversar.

Não que ela se importasse com aquilo ao erguer as mãos para seu pescoço e puxá-lo mais contra si, aprofundando o beijo de modo que ambos estivessem ofegantes em poucos segundos. Talvez ele estivesse certo e ela fosse mesmo bipolar. Não tinha como saber. Tudo em que conseguia pensar naquele momento era que estavam deitados sobre a cama dela trocando beijos que se tornavam a cada instante mais quentes e desinibidos.

James tinha certeza de que ela precisava falar alguma coisa muitíssimo importante e que ele deveria ouvir, afinal, como ela mesma dissera, estavam adiando aquilo há dias – isso para não falar que ele havia feito um pouquinho de drama para convencê-la a prosseguir – mas, francamente, como ele conseguiria fazer qualquer outra coisa que não a beijar? Principalmente depois de passar os últimos dias – para não dizer semanas – pensando em beijá-la?

Não conseguia compreender o que havia nela que o atraía tanto, contudo estar com ela era fácil demais e tão natural quanto respirar... seu coração batia acelerado ao vê-la, suas mãos suavam de nervoso e ele sentia mais vontade de sorrir do que o habitual quando Lily estava por perto – o que era realmente muito levando em consideração que ele vivia sorrindo. E não era exatamente daquele jeito que relacionamentos deveriam ser?

Ao pensar naquilo, penosamente a afastou, sentindo a respiração ofegante e os batimentos fortes contra o peito. Lily o encarou, parecendo atordoada. Seus olhos verdes estavam escuros de um modo que fazia com que James pensasse em coisas inapropriadas. Ou, bem, tão inapropriadas quanto aqueles beijos haviam sido – a bagunça que os dois estavam indicava bastante sua excitação.

— Lily... — Ele começou a falar, mas interrompeu-se ao perceber que sua voz estava rouca demais. Sentindo o rosto esquentar, afastou-se um pouco mais, puxando as mãos dela, que ainda estavam em seu pescoço, para as suas e apertou-as firme. Limpou a garganta. — Você quer namorar comigo?

Ao ouvi-lo dizer aquilo, Lily sentiu como se seus olhos não fossem parar nunca mais de se arregalarem tamanha foi sua surpresa. O ar pareceu ficar preso em seus pulmões, tornando difícil a menor das inspirações. Seu coração batia totalmente descompassado e muito mais acelerado do que deveria ser saudável, mas ela não conseguia se acalmar. Sabia que precisava dizer alguma coisa, mas, por Vader, sequer conseguia lembrar como movia os músculos da boca!

Os instantes se passaram e seu nervosismo apenas aumentou. Assim como o de James que, parecendo se arrepender do que havia dito, começou a tentar concertar:

— Quero dizer, você não precisa responder agora... nem nunca se não quiser... você tinha coisas para falar e eu me precipitei e-

— Só. Um. Momento. — Lily o interrompeu, forçando as palavras a saírem de sua boca, certa de que sua garganta deveria estar sangrando pelo esforço. — Eu. Só. Preciso...

James abriu a boca, prestes a interrompê-la, mas ela esticou a mão, colocando-a sobre seus lábios para impedi-lo de prosseguir.

— Shh... — Lily murmurou e, mais uma vez, sentiu-se zonza ao lembrar do que ele havia acabado de falar. Ofegou.

— Lily... — James começou a falar por entre os dedos dela, mas ela aumentou a pressão.

— James, eu estou tentando não morrer. Por favor, colabore. — Disse-lhe e então se afastou, erguendo-se da cama e começando a caminhar de um lado para o outro sobre o tapete de Darth Vader que, naquele momento, deveria estar amaldiçoando-a por não conseguir usar a Força para se controlar.

James, que a observava atento, sem conseguir decifrar o que aquele comportamento significava – nunca tinha ouvido falar de alguém reagir a um pedido de namoro daquela forma, mas supôs que o fato de ela ainda não ter dito “não” e nem o ter mandado embora deveria sugerir alguma coisa – sentiu uma vontade quase incontrolável de roer as unhas: algo contra o qual lutava há alguns meses, mas segurou-se, sabendo que precisava ser paciente. Lily nunca reagia da forma como ele esperava às coisas e, bem, aquele era um dos motivos pelos quais estava... apaixonado por ela?

Sim. Totalmente.

— Quando eu disse que era uma fênix, estava brincando, James Potter. — Ela finalmente falou, parando de caminhar e voltando-se para encará-lo. Suas bochechas estavam fortemente coradas e seu olhar possuía um brilho irritado. — Se eu explodir agora não vou conseguir te responder, pois estarei morta. — Ela então fechou os olhos, respirando fundo.

— Me desculpe, eu não-

— Você sabe o que são fanfics, não sabe? — Ela o interrompeu como se nem o tivesse ouvido. James assentiu, confuso demais sobre o rumo daquela conversa. — Então, se você sabe o que são fanfics, também deveria saber que é só em fanfic que este tipo de coisa acontece. Quero dizer, supostamente, Youtubers e todas essas pessoas famosas que a gente admira e por quem ficamos surtando no Twitter, vivem em um mundo onde não são vizinhos de fangirls. Assim como eles não beijam as fangirls. E tampouco pedem elas em... namoro. A menos, é claro, que você esteja lendo uma fanfic. Daí seria realmente muito estranho caso o youtuber não fosse vizinho da protagonista que, aliás, normalmente é muito mais normal e Mary Sue do que eu ou qualquer outra fangirl que você encontrar por aí. Em fanfics o famoso se apaixona pela mocinha geralmente por motivos bestas tipo ela ter esbarrado nele ou ter cruzado por ele na Starbucks. — Rolou os olhos, sem perceber a expressão que se alastrava pelo rosto de James. — E somente em fanfics eles ficam juntos no final. Quero dizer, tudo bem que eu acabei de citar noventa por cento das fanfics com famosos dos sites, isto é, quando o famoso não é um mafioso, mas isso não entra em questão agora... o que estou querendo dizer, James, é que para mim só existem duas opções plausíveis para eu ter ouvido as palavras que saíram da sua boca: a primeira delas é que eu sou uma personagem de fanfic e a autora da minha história decidiu que estava na hora de eu ser uma Mary Sue, o que para mim parece bastante provável e explicaria muitas loucuras que aconteceram comigo nas últimas semanas... e, a segunda, é que você, de algum modo que não consigo compreender, está falando sério. — Franziu o cenho para ele, deixando bastante claro que não acreditava na última opção.

James esperou alguns instantes até ter certeza de que ela não iria interrompê-lo – e que ele não iria acabar caindo às gargalhadas, é claro.

— Meu Deus, Lily, como você consegue? — Ele deixou escapar, sentindo o sorriso se espalhar por sua boca. — Você fala todas essas coisas de forma tão espontânea... — E então, sem conseguir se conter, ele riu, divertindo-se demais enquanto lembrava de tudo o que ela havia dito.

Foi a vez de Lily ficar inquieta, esperando-o ter alguma reação que não fosse a de gargalhar – o que ele estava fazendo naquele exato instante e não parecia perto de parar. Sentindo o rosto esquentar de uma irritação que ela não fazia ideia de onde vinha, Lily bufou, brava.

— Eu não estou brincando, James Potter! — Ela disse, fazendo com que suas risadas parassem imediatamente. — Eu estou falando sério! Se você está pretendendo brincar comigo, então é melhor parar porque eu não tenho emocional para aturar este tipo de coisa.

— Lily- — James começou, mas ela sequer prestou atenção. E, como sempre, ela desatou a falar tudo o que vinha matutando em sua cabeça, exatamente como fizera quando explodira com Remus e Sirius:

— Há semanas eu venho aturando todas essas mudanças súbitas na minha vida. Primeiro: você se muda para a casa ao lado e vem almoçar aqui. E okay, tudo bem, até aí eu estava conseguindo me controlar, ou, bem, estava tentando. Então, você traz os seus amigos loucos para cá e, como eles são loucos, invadem a minha casa e decidem que vão ser meus amigos. E aí você começa a agir como se fosse meu amigo também. Publica vídeo comigo e tudo, imagine só! — Bufou. — Aí, é claro, as suas fãs decidem que precisam saber sobre a minha vida e invadem cada espaço do meu dia, seja no meu trabalho, seja no lugar onde eu for passear. E tudo bem, porque você era legal e, por Vader, era meu ídolo. Como eu poderia não aguentar este tipo de coisa vindo das suas fãs sendo que eu era uma? — Sentiu os ombros caírem e então afastou uma mexa ruiva para longe do rosto. — Os dias se passaram e, quando eu estava tão confusa sobre minha sexualidade que decidi dar uma chance para Emmeline, você decidiu que eu deveria dar uma chance para você também e, sem pensar no dano emocional que me causaria, me beijou! — Estreitou os olhos para ele. — Certo, tudo bem que foi um beijo realmente incrível...

— Obrigado. — James murmurou, achando-a bonita demais enquanto falava para conseguir parar de sorrir.

— Não é hora de brincadeiras, James Potter! — Reprimiu-o. — Sabe quão difícil foi para mim conseguir dormir desde que você me beijou no portão da sua casa? Quero dizer, eu admito que li muitas fanfics interativas com você e sua barba passando pelo meu pescoço, mas...

— Você o quê?

— Por Vader, James! Pare de me interromper! O que estou querendo dizer é que eu nunca teria imaginado que viveria para o dia em que você me beijaria. E não apenas uma, mas várias vezes. E, ainda assim, eu me segurei e tentei respirar fundo. Dei o fora na Emme, porque simplesmente não havia possibilidade nenhuma de continuar com ela sendo que eu não parava de pensar em você em cada mísero segundo dos meus dias... e as suas fãs continuavam me perseguindo. “Olha a ruiva do Snap”, “Olha a ruiva do Prongs”. E até aí tudo bem, eu dizia mentalmente “respire, Lily, vai ficar tudo bem”... até você me convidar para a sua festa como se fosse algo absolutamente normal: “ei, Lily, sei que sou o seu youtuber favorito, mas ainda assim estou aqui, no seu quarto, bem na sua frente, te convidando para ir na minha festa” e ainda teve o descaramento de parecer chateado quando eu disse que não poderia ir! Pelo amor de Darth Vader, James Potter!

— Eu fiquei mesmo chateado, porque eu queria mesmo que você tivesse ido, Lily.

— Ah, mas pela Força, cale a maldita boca! — Lily se aproximou da cama, encarando-o com a expressão perigosa. — E então, é claro, nós... aprofundamos as coisas e deixamos tudo mais sério. E foi aí que eu comecei a perceber que as coisas estavam, de fato, mais sérias. E então, surtando, eu fugi. E, quando aconteceu de novo, eu fugi mais uma vez.

O sorriso no rosto de James apagou ao ouvir aquilo, fazendo-o sentir um aperto esquisito no estômago.

— Então você...

— Sim. Me desculpe por isso, sério. Eu não fui fazer algo superimportante para Marlene. Na verdade, era superimportante para mim. Eu não conseguia pensar direito quando estava perto de você, James. — Meneou a cabeça, parecendo estranhamente cansada. — Eu não consigo. Toda vez que estava longe eu me sentia confusa e sufocada, sem saber como reagir, sem saber o que éramos e o porquê de ter de aturar todas essas coisas loucas..., mas aí era só você aparecer e sorrir para mim que tudo era instantaneamente varrido da minha mente. E é aí que chegamos no ponto onde você entrou no meu quarto hoje mais cedo e eu disse que precisávamos parar. Era a isso que me referia, James. — Ela voltou a subir para a cama, ficando de joelhos em frente aonde ele estava. Seus olhos verdes o perscrutavam com seriedade. Mais séria do que jamais a havia visto. — Quando estou com você eu me sinto muito bem. E eu adoro isso. Eu gosto muito de você, de verdade. E não apenas porque você é meu ídolo, mas sim porque você é você. O James que gosta das mesmas músicas que eu, que é tão viciado em café quanto eu o que, por Vader, é algo bastante singular. O James que consegue me fazer falar até pelos cotovelos exatamente como estou fazendo agora. O James que tem os melhores beijos e os melhores abraços. Eu gosto desse James. E, apesar de eu ser viciada em cada vídeo que existe no canal do Prongs... apesar de eu ter passado grande parte dos meus dias assistindo àquele James... é por esse James, o que está aqui, agora, que eu estou... — Seu rosto enrubesceu fortemente em antecipação às suas próximas palavras, mas ela não se deixou conter, sabendo que precisava falar. Que precisava fazê-lo ouvir. Que precisava se ouvir para tornar aquilo real. — É por você que eu estou apaixonada, James. — Ela percebeu quando ele sugou o ar, pego de surpresa, seus olhos, assim como os dela instantes antes, arregalaram-se. — O que eu quero saber, James, é se o que você está falando... se é isso mesmo que você quer dizer. Se você pensou no que está fazendo. Se não está dizendo isso porque nós tivemos ótimos momentos e porque funcionamos muito bem juntos. Se você realmente quer isso... se não vai se arrepender depois.

James precisou de alguns instantes até processar todas as coisas que ela havia dito, mas, quando o fez, sentiu o coração parecer aumentar em seu peito e, sem dar a ela tempo de recuar, voltou a beijá-la, trazendo-a para perto de si novamente, sentindo-se como se fosse a pessoa mais feliz do mundo naquele momento.

E, por Vader, ele era.

— Eu gosto de você, Lily. Eu já disse isso e não é só porque nós temos muita química ou porque os seus beijos são os melhores que eu já provei. — Ele disse ao se afastar levemente, grudando a testa à dela e a encarando profundamente. — Eu gosto dos seus surtos, de como você parece saber o que falar para as pessoas para colocar as coisas em ordem... adoro como fica vermelha quando está perto de mim. Adoro o seu jeito peculiar de falar as coisas e como você sempre associa tudo a Star Wars. Eu adoro saber que você se dá bem com os meus amigos e que eles podem contar com você... nós não nos conhecemos nem há um mês e mesmo assim você fez mais por eles e por mim do que muita gente, Lily. — Esticou-se para beijar a ponta do seu nariz. — Estou total e completamente caído por você. Por Vader, Lily Evans, eu tenho um penhasco incomensurável por você. Na verdade, é bem ridículo que você não note isso, porque até mesmo minha mãe, que nem te conhece, já percebeu. — Baixou seus lábios para os dela, beijando-os por alguns instantes antes de prosseguir: — Eu estou apaixonado por você.

— Ótimo. É bom mesmo que esteja, pois assim eu terei algo no que pensar quando as suas fangirls decidirem me atormentar nas redes sociais por coisas que elas nem sabem. — Lily bufou, fazendo-o sorrir.

— O que isso significa, Lily? Você aceita namorar comigo? — James perguntou novamente.

Lily rolou os olhos para ele.

— Eu seria louca se não aceitasse.

— Isso é a Lily ou a fangirlily falando? — James, que tinha o maior sorriso que já havia dado em sua vida grudado em seus lábios, questionou, divertido.

— Não há distinção entre essas duas, James. Se você quer uma, terá de se contentar com a outra inadvertidamente. — Ela respondeu, também sorridente.

— Suponho que isso significa que você vai me deixar ler suas fanfics?

— Supôs errado. — Ela o cortou, ofegando, as bochechas coradas de constrangimento. — Ei! Quem foi que te falou das minhas fanfic?

James soltou um risinho malvado.

— Ninguém. Eu apenas joguei a informação no ar e esperei sua reação. Você acabou de confirmar que escreve fanfics. Será bastante divertido procurá-las. — E então, ignorando a expressão pasmada no rosto dela, James voltou a puxá-la para um beijo, sem se importar em interrompê-lo. Sem se importar com nada que não fosse a felicidade que o invadia e o modo como eles pareciam perfeitos um para o outro.

Algum tempo mais tarde, depois de terem seus beijos frustrados pelo pai de Lily que bateu na porta para perguntar se eles não queriam nada – o que para James pareceu muito com “estou de olho no que estão fazendo aí dentro” – e serem obrigados a controlar a tensão, que parecia explodir ao redor deles, assistindo séries na Netflix, ela acabou adormecendo em seus braços nos primeiros minutos de um episódio, finalmente se deixando levar pela exaustão que estava evidente em seu rosto.

Com cuidado, James tirou seus braços de sua volta, ajeitando-a contra os travesseiros e cobrindo-a com o lençol. Inclinando-se em sua direção, James depositou um pequeno beijo sobre seus lábios, sentindo algo esquentar em seu peito ao fazê-lo.

Estava prestes a sair do quarto quando viu um pequeno bloco de post-its de Star Wars em cima de sua escrivaninha e, tomado pela inspiração, pegou uma caneta do grande porta-canetas – desta vez de Star Trek – e rabiscou algumas palavras. Pegando o post-it, caminhou até a cama e grudou o papel no celular dela que estava sobre a mesinha de cabeceira, sorrindo ao imaginar sua reação ao acordar e ver o bilhete.

Ao sair do quarto desligou as luzes, fechando a porta com cuidado atrás de si para não a despertar.

— Oh, já está indo, James? — Sra. Evans sorriu para ele quando James terminou de descer as escadas. — Onde está Lily?

— Lily adormeceu, Sra. Evans.

— Já disse que pode me chamar de Helena. — A mulher fez um gesto de descaso para ele e então franziu o cenho. — A Lily dormiu? A essa hora? Não são nem oito e meia da noite!

James sorriu para ela, lembrando-se da própria mãe, surpresa, quando ele dormia antes das nove. Supôs que o fato de Lily ser tão viciada em café quanto ele a fazia dormir pouco.

Talvez eles pudessem repor as horas de sono juntos. Isto é, se ela não fugisse e ele não precisasse ir fazer alguma outra coisa. Não que ele precisasse se preocupar muito com aquilo, afinal eles eram namorados.

Somente lembrar aquilo fazia com que sorrisse de forma boba, o que Helena pareceu notar, embora não tenha comentado.

— Ela estava cansada. Trabalhou bastante a semana inteira. — Deu de ombros, fazendo-se de desentendido.

— Imagino que tenha razão. Bem, não irei acordá-la. Deus sabe a dificuldade que é fazer essa menina dormir mais do que cinco horas por noite. — Helena rolou os olhos para ele, divertida. — E você, James, não quer jantar? Fizemos a comida mais tarde hoje...

— Muito obrigada, Helena, mas minha mãe está me esperando. Ela chegou hoje de Godric’s Hollow e já deve estar surtando por eu ainda não ter ido para casa.

— Oh, sua mãe está aí? — Helena pareceu adorar a informação. — Diga para ela que apareça, se quiser a companhia de adultos. — Piscou para ele.

— Vou dizer. — James sorriu. — Bem, vou indo nessa. Boa noite, Helena.

— Boa noite, James. — A mulher retribuiu, acompanhando-o até os portões e abrindo-os para ele.

Sentindo-se mais leve do que lembrava de ter estado antes, James caminhou os poucos metros até a própria casa com um sorriso gigantesco no rosto. Só para senti-lo apagar de seu rosto ao ver um táxi estacionar em frente à sua casa e, de dentro dele, Sirius sair com uma expressão irritada.

Parando antes de abrir os portões, James o encarou enquanto se aproximava, sentindo a irritação, que o estivera atormentando algum tempo antes, retornar.

Parecendo perceber o estado de espírito de James, Sirius ergueu as mãos no ar como em rendição.

— Você não precisa me dizer que eu fui um idiota, já sei disso sozinho. — Disse e parecia tão exausto quanto Lily. — Como ela está? — Perguntou, provavelmente tendo conjeturado que James havia saído da casa de Lily e por isso estava ali.

Sentindo a irritação amainar um pouco, embora a possibilidade de socá-lo ainda estivesse entre suas opções, James bufou.

— Ela está péssima, Sirius. Acha que você a odeia. — Estreitou os olhos para o amigo. — Ela chorou. — Adicionou e ficou feliz ao perceber a culpa abrasadora nos olhos de Sirius.

— Merda. — Ele resmungou e então passou as mãos pelos cabelos. James pôde notar os machucados nos nós de seus dedos, resultado da briga entre ele e Snape. — Eu preciso falar com ela... me desculpar. — E fez menção de ir até a casa dos Evans, mas James o impediu.

— Lily está dormindo agora, Sirius.

— A essa hora? — Ele não parecia acreditar.

— Ela estava exausta depois de tudo. Você viu o que estão falando no Twitter? Meu Deus, Sirius, que merda você tem na cabeça?

— Aquele babaca falou sobre o Regulus e eu simplesmente... perdi a cabeça. — Sirius disse e então fechou os olhos, frustrado. — Quando eu vou parar de ser trouxa desse jeito, James? Snape, apesar de ser um imbecil, não mentiu ao falar que meu irmão era um delinquente. Ele é um delinquente. Não preciso sair socando as pessoas a cada vez que alguém fala isso.

— Deveria ter pensado nisso antes de agir feito um babaca, Padfoot. — James respondeu, seco.

Sirius encarou-o e suspirou.

— Certo, você está bravo. Me desculpe, James. Eu não quis magoá-la. De todas as pessoas... eu... depois do que ela fez por mim eu deveria ter sido menos imbecil.

— Novamente: devia ter pensado nisso antes de agir feito um-

— Babaca. Eu entendi. — Bufou. — McGonagall estava possessa. Ela quase me matou por causa disso. Eu podia ter me metido em algo muito mais sério se a Lily não tivesse... — Suspirou. — Para a minha sorte, Snape não pode ter qualquer complicação com a justiça, porque ele já tem alguns processos por difamação na internet — Sirius rolou os olhos.

— E você pretende ter sorte até quando, Sirius? — James adicionou, sério. — Quantas vezes você fez merda por perder a cabeça por causa do seu irmão? Você não é mais criança, cara, tem que pensar. Nem sempre nós vamos estar por perto para livrar a sua cara e você sabe disso.

Sirius franziu o cenho com a repreensão, mas não contradisse, pois sabia que James estava certo.

— Eu sei. — Disse. — Me desculpe. — E encarou James com a expressão cheia de culpa e arrependimento. James assentiu para ele antes de voltar-se para o portão. Só para parar instantes depois.

— Você vai arrumar essa merda toda, Sirius. Quando eu voltar de Nova Iorque você e a Lily terão de estar fazendo seja lá o que vocês faziam quando você invadia o quarto dela.

— É exatamente o que pretendo fazer. — Sirius disse e então sorriu. — Sabe, você falando assim até parece que a gente fazia algo errado. Se você soubesse que tudo o que eu fazia era ouvi-la surtar e falar sobre Star Wars.

— Ela não seria a Lily se não fizesse isso. — James rolou os olhos, mas tinha um sorrisinho nos lábios ao dizer aquilo. — Certo, vamos logo. Mamãe também deve estar surtando porque ainda não chegamos para o jantar.

— Você provavelmente tem razão.

— Eu sempre tenho. — James completou, fazendo o amigo bufar antes de abrir o portão e entrar em casa.

[SEXTA-FEIRA - 29 DE JULHO, 2016]

Ao abrir os olhos, Lily sentiu-se totalmente descansada pela primeira vez em muito tempo. Seu corpo inteiro parecia renovado, quase como se houvesse acabado de tomar uma xícara de café. Suspirando, ergueu-se do meio dos travesseiros, feliz ao perceber que nada doía. Espreguiçando-se, sonolenta, esticou-se em direção ao celular que ainda não havia despertado para observar as horas.

Quando pegou o aparelho, contudo, sentiu-se despertar completamente – qualquer resquício de sono que tivesse em seu corpo totalmente varrido naquele momento. Havia um de seus post-its grudados na tela do celular e, nele, as palavras que ela certamente passaria lendo pelo resto de seus dias.

“Você falou que somente em fanfics o ídolo ficava com a fangirl... que sorte a nossa estarmos vivendo em uma ♥”

E embaixo, um número de telefone.

Soltando um grito sem qualquer motivo além do fato de estar surtando, Lily começou a pular pelo quarto – exatamente como havia feito quando descobrira que James era seu novo vizinho, semanas antes.

Provavelmente acordada com o barulho, Petunia bateu e abriu a porta, sua expressão era um meio termo de curiosidade e irritação ao observá-la. Sem dar tempo para a irmã sair, puxou-a pelo braço, forçando-a a pular junto consigo.

— Lily... o que está... acontecendo? — Petunia ofegou entre pulos, sorrindo levemente ao ver a irmã mais nova tão agitada.

— Eu estou... namorando. — Lily disse e gritou novamente e, ao pular forte demais, acabou dando mal jeito no pé ao pousar, o que fez com que caísse com estrondo contra o tapete.

As gargalhadas de Petunia explodiram ao seu redor, fazendo-a corar enquanto erguia-se, levemente dolorida – aparentemente nem mesmo acordar bem-disposta a afastava de catástrofes.

— Cale a boca. — Ela bufou para a irmã, após estar de pé novamente.

Petunia, que tinha lágrimas nos olhos, franziu os lábios para tentar conter as risadas que não queriam cessar.

— Então você está namorando? — Ela perguntou após limpar as lágrimas de riso do canto dos olhos.

Esquecendo-se por completo da irritação que estava sentindo pelas risadas da irmã, Lily assentiu, sorrindo largamente.

— Sim! — Disse! — Sim! Sim! Eu estou namorando, Tuney! Por Vader! Estou namorando James Potter!

— Ah, meu Deus, que notícia maravilhosa, Lily! — E, para o desespero dela, não fora Petunia quem havia dito aquilo. Fora sua mãe, Helena Evans, que, agindo do modo como sempre agia, decidira adentrar no quarto sem bater justo naquele momento.

Ao erguer os olhos para a mãe, sentindo as bochechas mais quentes do que jamais pensara ser possível, Lily quis estar morta.

X—X

James odiava aeroportos quase tanto quanto odiava aviões – o que, se fosse parar para pensar, era algo bastante intenso levando em consideração o pavor que tinha de voar.

Estava tudo sempre cheio de gente correndo de um lado para outro, pessoas atrapalhando o trafego com malas gigantes e toda aquela bagunça de atrasos. Preferia milhares de vezes andar de carro.

Não que não estivesse feliz por ir para Nova Iorque: muito pelo contrário, estava esfuziante. Ter reconhecimento fora do próprio país era algo que sempre havia almejado e receber aquele convite fora, sem dúvidas, maravilhoso. Só que, apesar de saber que aquela era uma das melhores oportunidades que tivera em sua carreira como Youtuber, não conseguia deixar de se sentir levemente arrependido por ter aceitado.

Certo, era estúpido de sua parte – e sequer ousava falar em voz alta para não acabar recebendo respostas irônicas dos amigos – mas, principalmente depois do que havia acontecido no dia anterior, James não queria ter de se afastar de Lily.

Justo quando haviam conversado e colocado todos os pingos nos is, quando as coisas finalmente pararam de parecer tão confusas... ele precisava se afastar. E se Lily acabasse surtando com aquilo e, ao ficar longe, percebesse que o melhor seria não ficar com ele?

— Ah meu Deus, é o Prongs! — O grito levemente histérico o arrancou de seus devaneios. Ao virar-se para ver quem o chamava, deparou-se com duas garotas cheias de malas que se aproximavam com pressa. — Ah! Os outros Marauders estão aqui também! Eu vou morrer! Oi! — A mais baixinha delas se aproximou, sorridente de onde ele e seus amigos estavam. — Posso tirar uma foto com você?

— Olá! — James cumprimentou-a, simpático. — Claro! Qual o seu nome? — Indagou, sentindo-se lisonjeado pela atenção. Apesar de já estar razoavelmente acostumado com as fãs, sempre era gratificante saber que elas o adoravam tanto.

Ele, junto dos outros garotos posaram para algumas fotos e conversaram com elas por algum tempo – depois de alguns vários surtos. Quando elas finalmente se afastaram, Sirius bufou.

— Onde está a Euph? Eu estou morrendo de fome. — Disse antes de bocejar.

— Ninguém mandou dormir mais do que a cama, Sirius. — Remus, que estava sentado ao lado dele, resmungou.

— Você sabe que eu não consegui dormir cedo, Remus. — Sirius respondeu, encarando-o com um olhar sugestivo, fazendo com que o outro corasse.

— Como diz a ruiva do snap: por Vader! — Peter fingiu estremecer, erguendo os olhos para os amigos. — Informação desnecessária, gente. Deus perdoe vocês.

— Eles estão curtindo o início de relacionamento, Peter. — James brincou, fazendo com que Remus corasse ainda mais.

Sirius estava prestes a responder quando Euphemia Potter chegou onde eles estavam, trazendo consigo dois cafés e um sanduíche. Franzindo os lábios e parecendo levemente contrariada, entregou os dois copos para James que agradeceu e o sanduíche para Sirius que, segundos depois, já estava com a boca cheia.

— Não entendi a necessidade de trazer comida para ele sendo que daqui uma hora Sirius vai poder voltar para casa. — James bufou para a mãe antes de bebericar um dos cafés.

— Vamos lá, James, deixe de ser ciumento. — Euphemia disse, sorrindo para o filho. — Ele precisa se alimentar... — E baixou os olhos para Sirius, encarando-o com uma preocupação maternal.

James e Sirius foram obrigados a contar para ela o que havia acontecido na casa dos Black, afinal Euphemia ainda morava em Godric’s e as notícias por lá corriam rápido demais. Ele lembrava do tom de voz furioso da mãe através do telefone, tanto por Sirius não ter avisado que iria para Godric’s quando pelo que o havia feito sair de lá, e estremecia ao pensar no que ela deveria ter falado para Walburga e Orion quando foi buscar as coisas de Sirius. No dia anterior, quando chegara na casa de James com várias malas contendo roupas e os pertences de Sirius, Euphemia voltara-se imediatamente para o garoto, praticamente virando-o de cabeça para baixo para analisar seus ferimentos quase curados.

— Exatamente. Preciso me alimentar. Ou você acha que é fácil manter toda essa beleza? — Sirius brincou com James, piscando para ele, fazendo com que Euphemia risse.

— E você, Peter, não quer comer nada? — Era a terceira vez que ela perguntava aquilo, mas Peter não pareceu se importar ao sorrir para ela e negar. — E você, Remus?

— Já tomei café da manhã, Euph. Você estava lá, lembra? — Adicionou, divertido, lembrando-se da quantidade de comida que ingerira somente naquela manhã com a supervisão da senhora.

— Bom, mas vocês são jovens, deveriam estar sempre com fome. — E então voltou a encarar James com a expressão irritada. — Quando você vai parar de tomar tanto café, James? Obriguei seu pai a parar com isso, mas você-

— Mãe... — Ele gemeu, frustrado, contudo, antes que pudesse pensar em algo que pudesse impedir que aquele assunto se estendesse por horas nas quais seria obrigado a ouvi-la falar o quanto café fazia mal para os ossos e tudo o mais, Peter os interrompeu.

— Ei! Aquela ali não é a ruiva? — Ele disse, fazendo com que James se voltasse rapidamente na direção que ele apontava, sem se importar em parecer interessado demais.

Um sorrisinho brotou em seus lábios ao ver os Evans a apenas alguns metros de distância, parecendo compenetrados enquanto conversavam com Petunia.

X—X

— Certo, Tuney, você tem certeza de que pegou tudo? — Edward Evans perguntou pelo que deveria ser a milésima vez para a filha mais velha.

— Sim, papai, eu peguei. Revisei um milhão de vezes tudo.

— Revisamos. — Lily adicionou, lembrando-se do cansaço o que a irmã havia lhe dado um pouco antes de sair, fazendo-a revistar tudo por alegar que seus “olhos estavam cansados e poderiam estar deixando alguma coisa passar”. — Eu posso citar de trás para frente cada item que tem dentro dessa mala, juro.

— Dramática como sempre. — Petunia rolou os olhos para a irmã, mas sorriu logo em seguida. — Ei, Lily, me acompanha até o banheiro?

— Vão rápido! Daqui quarenta minutos você vai ter de ir para a sala de embarque, Tuney. — Helena relembrou a filha, fazendo com que ela desse de ombros antes de puxar Lily pelo cotovelo.

Helena e Petunia, apesar de terem melhorado bastante a convivência, ainda não estavam totalmente okay. Lily ficara muito triste ao perceber que, apesar de a irmã estar finalmente fazendo algo certo e de Helena estar muito mais controlada, elas ainda não haviam conseguido conversar, pois, toda vez que tentavam, alguma das duas saía gritando e alegando que tinha razão.

Talvez aquele intercâmbio fosse bom para acalmar os ânimos das duas. Talvez a distância as fizesse perceber que estavam erradas por agirem daquele modo, embora fosse pesaroso demais para Lily ter de vê-las trocando palavras frias apenas alguns minutos antes de Petunia estar indo para o outro lado do oceano.

Suspirou com o pensamento, sabendo que não havia nada que pudesse fazer. Já havia explodido com as duas, jogado várias verdades na cara de ambas, mas não adiantara. Elas eram parecidas demais, cabeças-duras demais, orgulhosas demais.

— Você não pode esquecer de me mandar o que eu te pedi, Tuney. — Lily disse enquanto esperava a irmã sair do box.

— Se eu for comprar tudo o que está na lista que você me deu eu vou a falência antes mesmo de começar a trabalhar, Lily. — Petunia resmungou ao se encaminhar para a pia ao lado da irmã.

— Isso é para compensar todos os anos de dinheiro jogado fora em shopping que você me fez gastar. — Lily retrucou e esperou pela resposta petulante que sabia que a irmã daria, mas esta nunca veio.

Ao aproximar-se um pouco mais, estranhando o silêncio dela, percebeu que Petunia estava chorando.

— O que...? Por Vader, Tuney! Por que está chorando? — Lily questionou, surpresa com o comportamento da outra.

Petunia ergueu os olhos para ela, lágrimas rolando por seu rosto enquanto a encarava, mais triste do que Lily teria imaginado.

— Eu preciso... preciso que você me diga, Lily. Me diga que eu estou fazendo o que é certo. Que eu não estou louca por jogar tudo para o ar e ir para Nova Iorque. Que isso vai ser bom para mim. — A voz da irmã era suplicante e fez com que Lily sentisse o peito apertar.

Segurando as mãos de Petunia, ela fixou o olhar sobre a irmã, o cenho franzido.

— Mas você sabe que é, Tuney! Por que quer que eu repita?

— Porque eu confio em você, Lily. Porque eu admiro essa sua capacidade de sempre fazer o que tem que fazer. Você é independente, sabe? E não se importa com a opinião dos outros. — Petunia sorriu, chorosa, para ela. — Você é minha irmã e é minha melhor amiga também. Nós brigamos e temos pensamentos diferentes, mas eu te amo e sei que você quer o meu bem. Portanto, eu preciso te ouvir dizer tudo isso, porque se você disser eu vou acreditar.

Sentindo os próprios olhos encherem de lágrimas, Lily sentiu uma saudade intensa se alastrar por todo seu corpo, fazendo com que ela atirasse os braços em volta da irmã, abraçando-a fortemente contra si.

— Eu vou sentir tanta saudade, Tuney! Com quem eu vou brigar depois de ficar pulando no meu quarto até te acordar? Quem eu chamarei de filhote de Wookiee? Vader, Tuney! — Ela disse, sentindo algumas lágrimas descerem por seu rosto antes tornar a se afastar, voltando a encarar a irmã. — Você está fazendo o que é certo. Você está aceitando a melhor oportunidade que você teve até hoje, Tuney. Você vai ir para Nova Iorque, lembra? Esse sempre foi o seu sonho! — Sorriu para ela. — Vai ir até aquela cidade e vai conquistar o mundo, Tuney! Você merece o melhor! Eu acredito em você e sei que muita coisa está por vir!

Petunia assentiu, parecendo absorver cada uma de suas palavras com um cuidado extremo antes de voltar a puxar Lily para outro abraço de urso. Elas ficaram mais alguns instantes daquele modo, chorando descontroladas, até que, por fim, Lily lembrou que não seria bom para Petunia, se antes mesmo de começar a conquistar Nova Iorque, que ela perdesse o voo.

Apressadas, saíram o banheiro, limpando os resquícios de lágrimas dos cantos dos olhos inchados enquanto procuravam pelos pais. Só que eles não pareciam estar em qualquer lugar visível.

— Petunia, você viu...? — Lily começou a perguntar, mas parou no instante em que os encontrou, boquiaberta demais com o que estava vendo. — Pela Força, Tuney! Nós precisamos voltar para o banheiro agora. — Disse e então puxou a irmã na direção pela qual haviam acabado de sair.

— Ei, o que você... Lily! Eu vou perder o voo, me solta!

— Quer saber, talvez não seja tão boa ideia assim você ir para Nova Iorque. Quero dizer, você pode ficar aqui, não pode? Terminar a faculdade e-

— Mas que droga é essa, Lily? — Petunia disse, finalmente conseguindo soltar o braço do aperto da irmã, lançando a ela um olhar irritado antes de voltar a procurar os pais. Quando os encontrou, soltou um “ah” de reconhecimento antes de voltar-se para Lily, uma sobrancelha arqueada em clara diversão. — Pensei que vocês estivessem namorando.

— E nós estamos! Mas ele está com a mãe dele, Tuney e... por Vader! Nossos pais estão lá também! Eu já tenho humilhações demais no meu currículo, não preciso aparecer toda inchada e horrível para a minha-

— Sogra. — Petunia concluiu para ela, parecendo divertir-se demais com a reação de Lily. — Você vai precisar conhecê-la em algum momento, Lily. Então por que não agora?

— Porque eu estarei morta antes de chegar lá, Petunia! Oras, por quê?! — Lily reclamou e, em sua mente procurava maneiras de sair do aeroporto sem ser notada... o que claramente não adiantaria, afinal é claro que os olhos de James precisavam encontrar com os dela e fazerem-na corar ao ser descoberta.

— Bem, ao que parece, agora você não tem outra opção. — Petunia, que parecia estar adorando demais toda aquela situação, disse, sorrindo de forma malévola para Lily antes de se encaminhar até onde eles estavam.

Respirando fundo, Lily a seguiu, mas por todo o caminho ficou imaginando formas de desmaiar e parecer realista. Contudo, como sabia que suas bochechas a entregariam – afinal elas precisavam corar por qualquer coisa – desistiu de todas, aceitando seu destino.

—... e essa é a Petunia. — O pai de Lily dizia para a mãe de James, sorridente, indicando a filha mais velha que havia chegado onde eles estavam. A mulher sorriu e abraçou Petunia em cumprimento, simpática. — E aquela que parece estar vindo para a forca é a Lily. — Adicionou, parecendo se divertir ao ver a expressão no rosto da filha.

é claro que Lily corou como se o seu sangue não precisasse estar bombeando pelo resto de seu corpo ao invés de se concentrar apenas em seu rosto.

— Oi. — Lily murmurou para ninguém especificamente, forçando a voz a sair apesar de seu constrangimento.

— Oh, então essa é a Lily? — A mulher, que Lily sabia se chamar Euphemia Potter depois de a ter visto em milhares de Tag junto de James e dos Marauders, a encarou, interessada demais antes de sorrir. — Estava curiosa para te conhecer! — E, sem dar tempo de reação à garota, Euphemia a puxou para um abraço apertado que fez com que, se era possível, Lily corasse ainda mais. Baixando o tom de voz de modo que somente ela ouvisse, Euphemia prosseguiu: — Soube do que fez pelo meu Sirius. Obrigada. — E então finalmente a soltou, encarando-a com uma expressão de agradecimento para a qual Lily não soube como reagir exceto com um aceno levemente ofegante.

— Hey. — James, que parecia extremamente divertido com a cena que havia acabado de presenciar, sorriu para Lily, caminhando até onde ela estava. Lily sorriu para ele, incapaz de se controlar ao ver sua expressão de felicidade, contudo, internamente pensava “por favor, não me beije”.

É claro que, talvez, um beijo fosse muito menos óbvio do que a seguinte frase de Helena Evans:

— Oh! Eu fiquei sabendo! Estou muito feliz por vocês dois! — A mãe de Lily disse, fazendo com que ela desejasse que alguém entrasse ali e desse um tiro no meio de sua face, apenas para ter uma morte rápida. Lily fechou os olhos, sentindo-se estremecer de vergonha, antes de voltar a abri-los e erguê-los para James e dizer “me desculpe por isso” de forma silenciosa.

James, contudo, não pareceu se importar; muito pelo contrário: parecia radiante.

— Feliz... do que Helena está falando, James? — Euphemia se pronunciou, questionando o filho com um olhar perscrutador.

— Oras, de quê?! James não te contou? Eles estão namorando. — Helena comentou e então voltou os olhos para os dois, corando ao perceber o olhar irritado de Lily. — Ah... — Ela murmurou quando claramente percebeu que havia falado demais.

— Vocês... o quê? — Peter foi o primeiro a se pronunciar, voltando-se para James, que parecia anormalmente feliz e Lily, que parecia um camarão. Sorriu para a garota, piscando para ela antes de se aproximar e abraçá-los. — Finalmente! Graças a Deus que vocês não ficaram se enrolando feito outros casais que conheço. Não sei se estaria preparado para aturar este tipo de coisa.

— A pergunta que fica é: por que não fomos informados disso antes? — Foi Sirius quem interrompeu o momento, franzindo o cenho para James, claramente irritado por não ter sido informado.

— Eu também gostaria de saber. — Euphemia se pronunciou, arqueando as sobrancelhas para o filho.

— Gente, vocês já pararam para pensar que talvez eles não falaram porque é recente? — Remus, sempre a voz da razão, se intrometeu, fazendo com que todos o encarassem.

— E é recente? — Edward Evans, que parecia ter um brilho esquisito nos olhos, indagou, voltando-se para a filha mais nova.

— Não completamos nem vinte e quatro horas de namoro, pessoal. — James, num bom humor que Lily simplesmente não conseguia compreender, comentou, fazendo-a querer morrer ainda mais.

Como era possível que aquele tipo de coisa sempre acontecesse com ela?

— É! Lily ainda estava surtando hoje de manhã. — Petunia adicionou, divertindo-se mais do que o necessário com toda aquela situação e, por um momento, Lily imaginou seu avião caindo no meio do oceano.

— E quando ela não está surtando? — Sirius bufou, divertido, fazendo com que todos, exceto Euphemia que claramente não conhecia Lily o suficiente para entender, rissem. Ao ouvi-lo dizer aquilo, Lily sentiu o constrangimento diminuir, dando espaço para o sentimento de mágoa e irritação ao vê-lo agir de modo tão normal depois do que ele havia feito. Estreitando os olhos para o garoto até que o sorriso dele fosse totalmente apagado de seu rosto, Lily então desviou o olhar, voltando-se para Petunia.

— Você não deveria estar indo para a sala de embarque agora? — Indagou, sugestiva, feliz por sua voz parecer firme e não o grito histérico que pensou que seria.

— Meu Deus, Tuney, é verdade! — Edward disse ao baixar os olhos para o relógio e ver o horário. — O seu voo vai sair daqui a pouco.

— Ela vai no mesmo voo, James. Suponho que temos de ir também. — Euphemia, que tinha um olhar muito penetrante, disse para o filho, dando a entender que eles teriam muito o que conversar enquanto viajavam. James precisou conter-se para não gemer. Preferia milhares de vezes ter de aturá-la falando mal de café do que contar sobre suas aventuras amorosas.

— É, certo. — James concordou e então voltou-se para os três amigos. — Se cuidem, pessoal. — Disse e então abraçou cada um deles de modo amigável.

— Bem, eu vou ir junto com vocês também, meu voo é só quinze minutos depois que o seu. — Peter disse e então ajeitou a mochila nas costas. — Adeus chuva!

— Se divirta no Brasil, cara. — Remus disse, sorrindo para ele. — E passe protetor solar.

— É. E vê se não demora muito por lá, precisamos de nosso quarto integrante para o hangout. — Sirius disse depois de abraçar Peter. — E você, James, tenta não morrer do coração antes do avião decolar.

Rolando os olhos para Sirius, James bufou.

Lily, porém, não prestava atenção nas despedidas dos garotos, pois, naquele instante encontrava-se fazendo sua própria despedida. Voltou a abraçar Petunia, sentindo a visão embaçar enquanto a apertava contra si e sentia ela fazer o mesmo.

— Baixe o WhatsApp, pelo amor de Deus, Lily. Deixe de ser implicante. Assim poderei falar com você com mais facilidade. — Petunia disse e então se afastou, sorrindo para ela. — Se cuide. E, por favor, pare de dificultar as coisas para si mesma. Você é incrível, mas às vezes pensa demais.

— Você disse que eu “sempre faço o que tenho que fazer” minutos atrás, no banheiro, Petunia. Está desmentindo? — Lily resmungou, sentindo uma lágrima solitária escapar do olho esquerdo.

Petunia apenas rolou os olhos.

— Você sabe muito bem que estou falando a verdade. — Disse e então voltou-se para o pai, abraçando-o fortemente. — Te amo, pai. — E, ao se afastar, deparou-se com Helena.

Lily se sentiu apreensiva ao vê-las se encarando daquele modo enigmático, mas sorriu quando Petunia abraçou a mãe – mesmo que não tenha sido um longo abraço.

— Tchau, mãe.

— Tuney... se cuide. Saiba que, apesar de tudo, eu quero o melhor para você. — Helena falou, emocionada. A filha mais velha apenas assentiu e então, ajeitando sua bolsa de mão, se encaminhou para os detectores de metal.

— Hey. — A voz, próxima demais, fez com que Lily se arrepiasse.

Ao voltar-se, sorriu levemente para James, sentindo as bochechas esquentarem.

— Hey.

James ergueu uma das mãos para limpar o canto dos olhos dela, afastando os resquícios de lágrimas dali.

— Como você está? — Ele perguntou, observando-a com atenção.

— Bem. — Lily respondeu e então acrescentou: — Vi o seu bilhete.

Foi a vez de ele corar.

— Era para você ter visto depois que eu tivesse ido para Nova Iorque.

— Fico feliz que não tenha sido porque pelo menos assim eu posso me despedir direito. — Lily disse e sentiu-se corar furiosamente.

James sorriu para ela.

— E o que significa exatamente o “direito” da despedida? — Questionou, malicioso demais para o gosto de Lily, que sentia-se enrubescer a cada segundo mais.

— Bem...

— Um beijo? — Ele disse, sorrindo ainda mais. — Quero dizer, já que nossas mães estão devidamente informadas sobre nosso relacionamento-

— Ah, meu Vader, eu ainda quero morrer por causa disso. — Lily o interrompeu e ergueu as mãos para o rosto, tocando as bochechas e sentindo-as quentes. — Minha mãe entrou no meu quarto justo quando estava contando para Petunia sobre-

— Oh, sim, ouvi ela dizer que você estava surtando essa manhã. Devo me desculpar por causar essas reações exageradas em você?

Lily rolou os olhos para ele.

— Não seja tão arrogante. — Bufou.

— Estou apenas comentando um fato, Lily. — Deu de ombros, convencido.

— Você não tem um voo para ir, não? — Lily disse, mas se arrependeu quase no mesmo instante ao ver a expressão esverdeada que tomou conta do rosto dele. — Ah, meu Vader! Eu esqueci que você não gosta de voar!

— Não é que ele não gosta, ruiva, é que ele fica apavorado. — Peter, que esperava por James para ir até a sala de embarque, se aproximou e sorriu para Lily antes de puxá-la para um abraço. — Como James está enrolando para fazer isso, vou fazer eu. Foi um prazer te conhecer, Lily. Estava sentindo falta de pessoas que jogam verdades na cara dos outros.

— Ah, Peter, eu que fiquei feliz em te conhecer. — Lily retribuiu o abraço e então sorriu. — Boa viagem. Aproveite bastante as Olímpiadas!

— Pode deixar! Ah, diga para Marlene que ela me aceite no Facebook. — Ele piscou para Lily e, sem dar chance de resposta, se afastou para perto de Euphemia que conversava com os pais de Lily, deixando-a novamente com James.

— Agora que até mesmo Peter te abraçou, será que eu posso fazer o mesmo? Quero dizer, você não vai explodir de constrangimento como uma fênix ou...? — James começou a falar, mas Lily o interrompeu, jogando os braços ao redor dele em um abraço quase tão forte quanto o que havia dado em Petunia.

— Volte logo. — Ela disse baixo, de modo que somente ele ouvisse. — Sentirei saudades.

— Tente não surtar muito. — James disse. — Fale comigo no WhatsApp, eu vou te responder sempre que tiver tempo.

Lily fez uma careta e então se afastou dele.

— Eu, uh, não uso WhatsApp.

— Por que não? — James indagou, totalmente pasmo com a informação.

— Eu não tenho paciência para esperar pela resposta das pessoas. Por isso eu ligo. — Ela rolou os olhos, fazendo, como sempre, com que ele risse.

— Certo. Então eu te ligo. — Ele disse.

— Okay. — Lily assentiu e sua mente se encheu de imagens dela tentando não morrer enquanto atendia a uma ligação de James. — Ei, mas você não tem o meu número.

— Na verdade, tenho sim. Posso ter pego do celular do Sirius... — James comentou, divertido, fazendo-a rir.

— James, sei que vocês estão curtindo o início de relacionamento e tudo o mais, mas nós precisamos mesmo ir. — Peter voltou a interrompê-los, indicando o horário do voo no painel.

— Certo. Bem, Lily, eu preciso ir.

— Tudo bem. Boa viagem, James.

— Obrigado.

E então eles ficaram se encarando, sem jeito, sem saber exatamente o que fazer a seguir. Até que, suspirando, James se aproximou e beijou-a rapidamente sobre os lábios antes de se afastar.

— Tchau, Helena! Tchau, Sr. Evans! — Acenou para os pais de Lily que os observavam, atentos.

— Boa viagem, James! — Helena desejou, sorrindo, para o garoto.

Eles os observaram por mais algum tempo e Lily pensou que precisava de um encontro urgente com Marlene e Alice para contar a elas todas as novidades. Céus, ela precisava extravasar todo aquele surto que estava pedindo para sair de dentro dela.

—... vão ir para casa? — A voz de Edward Evans fez com que Lily fosse arrancada de seus devaneios e, ao erguer os olhos para ver com quem o pai estava falando, surpreendeu-se ao deparar-se com Sirius e Remus junto deles. — Se vocês forem ir de táxi, eu posso dar uma carona. Tem espaço para todos no carro.

— Obrigada, Sr. Evans. — Remus agradeceu.

Sirius, por outro lado, parecia estranhamente amuado. Depois do olhar que recebera de Lily, percebera que talvez não fosse ser tão fácil quanto imaginara recuperar a confiança dela.

Suspirando, encaminhou-se junto dos pais dela até o carro, sentando-se no lado direito do banco traseiro, Remus no meio e Lily, tão amuada quanto ele, do outro lado.

Foi um percurso estranhamente silencioso, apesar de Edward e Remus terem engatado em uma conversa bastante entusiasmada sobre carros. Lily bufou por todo o caminho, sentindo-se irritada demais sem qualquer motivo além de estar dividindo o mesmo ar que Sirius Black.

Quando desceram do carro – Remus agradecendo pela carona enquanto Sirius sorria levemente para Helena – Lily pegou as chaves da mãe e, sem se despedir dos dois garotos – sabendo que estava sendo injusta com Remus, mas sem conseguir evitar – praticamente correu casa adentro, subindo para o quarto a passos rápidos e atirando-se na cadeira em frente a escrivaninha logo em seguida.

Fechou os olhos por longos instantes, sentindo-se estranhamente vazia.

Petunia tinha ido para Nova Iorque. James Potter, seu mais novo namorado, também tinha ido para lá. Ela sequer conseguia olhar para o rosto de Sirius – que até alguns dias atrás era um de seus melhores amigos – sem querer dar um soco nele.

Sua vida inteira parecia estar de cabeça para baixo.

— Por Vader. — Ela murmurou e então, como de costume, pegou o celular e discou o número de Marlene enquanto ligava o notebook. — Hey, Marley.

— Lily! Como está? Petunia já foi? — A amiga indagou, curiosa. Pelo tom de voz, parecia ter acabado de acordar.

— Sim, acabei de chegar do aeroporto. — Suspirou e mordeu os lábios antes de prosseguir: — Eu estou namorando.

O grito que se seguiu àquela informação fez com que Lily soltasse o celular, fazendo com que caísse no chão. Xingando até o último antepassado de Obi-Wan, Lily pegou o aparelho e colocou-o contra a orelha.

—... acredito! Meu Deus, Lily! Como você me escondeu essa informação! Eu deveria ser a primeira a saber e-

— Marlene, isso aconteceu ontem. Quase em seguida eu desmaiei de sono e, como tive de levar Petunia no aeroporto, só pude falar agora então: não surte.

— Quem falando em não surtar! Ah, Lily! Você é uma Jedi! Você rejeitou o lado negro da força! Você não é um Sith! Eu disse que você não era um Sith! — Marlene tagarelou, esfuziante, fazendo com que Lily sorrisse enquanto acessava suas redes sociais. — Quero detalhes, Lily. Pelo amor de Deus, me diga exatamente: como isso aconteceu? E, por favor, descreva as expressões. Céus, eu vou morrer de curiosidade.

— Calma, Marley. Foi ontem. Aconteceram umas... ah, certo. Antes de contar sobre o namoro eu preciso te contar o que aconteceu com o Sirius e o Snape. — E então engatou em uma conversa extremamente descritiva sobre os acontecimentos tenebrosos da quinta-feira e, enquanto falava, abria seu Twitter, com medo do que poderia encontrar lá.

Para sua surpresa, deparou-se com alguns tweets de Sirius quase de imediato.

—__________________________

@padfoot: não sei que droga vocês estão pensando que aconteceu, mas tem muita gente falando merda e por isso vim esclarecer

@padfoot: a Lily não fez NADA contra mim ou qualquer um dos Marauders, portanto parem de falar MERDA PELA TIMELINE, obrigada

@padfoot: as pessoas têm essa mania de falar de coisas que não sabem e, é claro, tudo aumenta na internet

@padfoot: li cada absurdo nesse Twitter que, meu Deus, vocês deveriam se envergonhar da merda que vocês estão dizendo!

@padfoot: vou repetir: a Lily não fez NADA contra mim ou qualquer um dos meninos. Pelo contrário, ela tem sido uma das melhores amigas+

@padfoot: que eu tive nos últimos tempos.

@padfoot: portanto recomendo que parem e pensem no que estão reproduzindo pelas redes e no quanto vocês afetam as pessoas com isso

@padfoot: porque, assim como eu to pouco me lixando para o que pensam de mim, tem gente que pode acabar se machucando

@padfoot: vocês não são NINGUÉM para julgar uma pessoa por coisas que vocês sequer sabem

@padfoot: estou muito chateado com isso

@padfoot: graças a Deus tem muita gente bacana que defendeu a garota. A vocês eu deixo meu obrigado

@padfoot: e para aqueles que estavam espalhando boatos falsos e xingamentos: PENSEM antes de falarem qualquer coisa.

@padfoot: enfim, por hoje era isso

—____________________________

— Lily? — Marlene a chamou, fazendo com que ela percebesse que estava há vários segundos sem responder.

— Marley, você está em casa?

— Sim, por que...?

— Estou indo para aí. Agora mesmo. Eu vou morrer se eu não surtar com alguém.

— Vou chamar a Alice também.

— Melhor ainda. Me espere com sorvete. E café. Muito café. Até mais.

X—X

[SÁBADO - 30 DE JULHO, 2016]

— James, o que tanto lê nesse celular? — Euphemia Potter indagou, levemente curiosa, para o filho.

Estava anoitecendo e eles estavam no hotel, finalmente descansado depois de um dia extremamente exaustivo de palestras e passeios. James não quis comentar com a mãe que cansara mais de caminhar com ela pelas lojas do que de assistir palestras entediantes. Ela definitivamente não precisava saber.

Euphemia amava Nova Iorque e, por conta daquilo, sempre que James precisava ir para lá, ela o acompanhava. Não que ele estivesse reclamando: depois de passar um mês longe da casa dos pais, ter um pouco de carinho de mãe era simplesmente maravilhoso.

— Um livro. — Respondeu, sentindo-se corar levemente por estar mentindo.

Não era bem um livro que ele estava lendo.

Depois de passar pelo menos uma hora procurando, James finalmente encontrara o perfil de Fangirl-ily num dos sites mais famosos de fanfics, o Fanction. Como o perfil publicava somente histórias sobre Star Wars, James supôs ter encontrado o certo.

A princípio, ficara receoso de abrir uma das histórias para ler, imaginando se não estaria indo longe demais, contudo, sabendo que morreria de curiosidade caso não o fizesse, deu-se por vencido ao clicar em “A Culpa Não é Das Estrelas”.

James ficara bastante surpreso ao ler, pois, por mais que Lily parecesse super nerd e adoradora de Star Wars e tudo o mais, jamais pensou que ela escrevesse tão bem. O enredo principal era, basicamente, sobre o que havia acontecido entre Han e Leia após os acontecimentos do episódio seis de Star Wars – O Retorno de Jedi.

Apesar de conter romance, a fanfic focava muito mais nas políticas e na reconstrução da democracia, assim como na formação dos Novos Jedi. Era incrível a quantidade de descrições e informações que ela havia levado para a história, de modo tão fiel, que James estava se perguntando como ela ainda não havia publicado um livro.

Agindo por impulso, acabou por criar uma conta – e ficou realmente chateado quando descobriu que o nome Prongs já estava sendo usado – para poder comentar.

— James. — A mãe o chamou depois de mais alguns minutos, interrompendo o comentário que ele estava fazendo no capítulo cinco da história (ele estava sofrendo por perceber que só faltavam três capítulos para terminar de ler todos os que estavam publicados até então).

Erguendo os olhos da tela do celular, James encarou a mãe, surpreendendo-se ao deparar-se com ela sorrindo.

— Você está falando com a Lily? — Indagou, curiosa.

James sentiu o rosto ferver.

— Mãe! Não. Eu estou lendo, já disse... — Comentou e passou as mãos pelos cabelos, baixando os olhos novamente para a tela e clicando em “enviar” depois de terminar de escrever o comentário. Por fim, sabendo que seria muita falta de consideração de sua parte continuar ignorando a mãe – apesar de ter imensa vontade de continuar lendo – soltou o celular e voltou-se para ela. — Está a fim de sair? Podíamos ir em algum bar, o que acha?

— Está convidando a própria mãe para ir a um bar, James Potter? — Euphemia bufou, mas então sorriu para ele. — Só espere eu me trocar.

X—X

[DOMINGO - 31 DE JULHO, 2016]

Lily não conseguia dormir. Era madrugada e estava na casa de Marlene, deitada na cama improvisada que haviam arrumado para ela no chão. Remexia-se de um lado para o outro, observando o teto, entediada.

Não estava com sono. A verdade era que dormira demais nos últimos dias e ela não estava acostumada com tantas horas seguidas de sono. Suspirando, Lily virou-se pelo que deveria ser a milésima vez antes de fechar os olhos firmemente, determinada a forçar a dormência vir até ela.

Só que, cinco segundos depois, o som de The Imperial March fez com que ela voltasse a abri-los. Clicou em atender sem sequer ver de quem se tratava, pois não queria que Marlene acordasse.

— Alô?

— Você está acordada! — A voz de James parecia cheia de alegre surpresa. Ao ouvi-lo, Lily sentiu imediatamente o coração acelerar e as bochechas esquentarem.

Era a segunda vez que ele ligava para ela; a primeira havia sido no dia anterior, em seguida que ele chegara em Nova Iorque, para avisá-la que não havia morrido durante o voo. Fora uma conversa rápida, pois James precisava ir para o seu workshop logo em seguida, mas ainda assim Lily ficara praticamente o sábado inteiro abrindo o registro de chamadas para observar “James Potter” dentre as recebidas.

Isso para não falar do momento em que abrira seu Facebook e deparara-se com James Potter enviou uma solicitação de amizade.

Era pedir muito para que ela não ficasse gritando por longos minutos antes de conseguir dizer para Marlene o que diabos estava acontecendo. Pela força! Certo, ela estava namorando com James Potter. Ela tinha transado com James Potter. Mas solicitação de amizade de sua conta privada no Facebook? Ela quase morrera do coração.

— James! Como você está?

— Bem. Que horas são aí? Eu fico perdido com esses fusos horários.

— Três horas da madrugada do Domingo. — Ela respondeu. — E aí?

— Dez da noite de Sábado. — James disse. — Por que não está dormindo? Está tudo bem?

— Eu não estou com sono. Na verdade, acho que dormi demais nos últimos dias. Meu corpo não estava acostumado com todo esse descanso. É provável que demore um tempo até meu organismo voltar ao normal. — Tagarelou, feliz por estar conversando com ele.

— Te entendo totalmente. Minha mãe passou os últimos dias reclamando do tanto que tomo café e me impedindo de tomar tanto quanto eu preciso...

— Meu Vader, isso é um crime! — Lily bufou, lembrando-se da própria mãe quando começara a se viciar em café e toda aquela conversa de que deveria parar antes que acabasse sem ossos dentro do corpo. Graças a Vader ela havia desistido ao perceber que aquele era um vício incurável.

— Foi o que eu disse. — Ele bufou, fazendo-a rir. — E você e o Sirius? Conversaram?

— Não. — Ela disse, meio ríspida, sem conseguir controlar o tom de voz. A verdade era que, desde que os pais dela haviam dado carona para os garotos, deixando-os em frente à casa de James, Lily não tinha mais visto qualquer um deles.

Talvez pelo fato de ter ido para a casa de Marlene na sexta e não ter retornado para casa desde então. Não que ela estivesse se escondendoPorque é claro que não estava.

Parecendo perceber o tom dela, James mudou o rumo do assunto, não querendo que ela ficasse amuada:

— Hm, preciso confessar que stalkeei o seu Facebook. — Prosseguiu, e o seu tom de voz leve demais.

Lily precisou conter-se para não gemer de frustração ao ouvi-lo dizer aquilo. Nunca se acostumaria com a facilidade com a qual James lidava com aquelas coisas.

— Sério? — Perguntou, tentando parecer despreocupada enquanto que, em sua mente, relembrava de todos os posts de adoração a James e aos Marauders que havia feito ao longo dos últimos anos.

— Sim. Até o ano em que você nasceu. — Ele brincou, fazendo-a bufar. — Ei, não fique assim. Não encontrei nada muito constrangedor por lá— Lily percebeu que ele destacou as últimas palavras, dando a entender que não havia encontrado nada em seu Facebook, mas que não podia dizer o mesmo sobre outros lugares.

— Por que você falou desse jeito? — Indagou, sentindo-se estranhamente nervosa.

— De que jeito?

— Você disse “não encontrei nada muito constrangedor por lá” como se tivesse encontrado em outros lugares.

O risinho que James soltou em seguida fez com que Lily estremecesse.

— Por Vader, James Potter, o que é que você fez? — Ela perguntou e então sentou-se no colchão, nervosa demais para continuar deitada sobre os travesseiros.

— Talvez você devesse entrar no Fanction. Não sei, pode ser que você encontre alguns comentários novos por lá...

— AI. MEU. VADER. JAMES. POTTER! — Lily não conseguiu conter a histeria em sua voz, falando alto demais e fazendo com que Marlene se movesse, inquieta em sua cama. — Você não fez isso.

— Hm, talvez você encontre um Darth Prongs por lá. Só talvez. Agora vou te deixar dormir, Lily. Boa noiteEstou com saudades. — E, sem dar chance de ela responder, desligou.

Sem hesitar, Lily trouxe o celular para sua frente, acessando o site de fanfics que por anos fora sua válvula de escape, o único lugar onde podia expressar o lado mais gótico e das trevas de sua alma sem nenhum conhecido saber... xingou a demora para carregar, roendo algumas unhas no processo.

Quando finalmente abriu, sentiu um aperto fortíssimo no estômago ao ver as trinta e quatro novas notificações. Com o coração apertado, clicou sobre elas, deparando-se com um mar de “Darth Prongs comentou no capítulo da história A Culpa Não é Das Estrelas”.

— Ah, meu Vader. — Lily murmurou, sentindo-se tremer. — Certo, tudo bem. São apenas alguns comentários. Ninguém morre por causa disso, não é?

Clicou sobre o primeiro, sentindo-se enjoada de nervoso. Marlene e Alice lerem suas histórias era uma coisa totalmente diferente do que saber que James Potter – o Prongs e, também, seu namorado – estava lendo. Pela Força, como sobreviveria depois daquilo?

Mas o primeiro comentário não era ruim. Para falar a verdade, se Lily não soubesse que era James quem havia comentado, teria ficado realmente lisonjeada com suas considerações. Sabia que ele gostava de Star Wars, apesar de não ser tão fanático como ela – se é que havia alguém como ela – e que entendia do assunto, portanto não se surpreendeu com os conhecimentos demonstrados no review.

Lily continuou lendo os comentários, um a um, sentindo o peso em seu peito aliviar a cada frase que lia. Para falar a verdade, estava começando a apreciar suas palavras. Era estranhamente gratificante que James gostasse do que ela escrevia – apesar, é claro, de ser extremamente constrangedor e humilhante.

Estava com as bochechas coradas e um sorrisinho no rosto, após ler o comentário do sexto capítulo, quando o horror começou.

O Fanction, site onde ela postava, permitia que o leitor comentasse partes específicas de cada capítulo, contudo, como James havia feito considerações gerais apenas no final de cada um dos capítulos anteriores, Lily pensou que ele não soubesse daquela ferramenta.

Como estivera enganada.

Por alguns instantes felizes, Lily achou que concluiria a leitura dos comentários sem acabar morrendo. Só que, quando chegou nos comentários – no plural – do sétimo capítulo, desejou estar morta mais do que qualquer outra vez durante sua vida.

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“E então Leia suspirou fortemente, tensa, sabendo que precisava sair dali antes que perdesse o controle” – Darth Prongs: hmmm

“— Han, você precisa... — Mas ela não terminou de falar, pois os lábios de Han estavam sobre os seus” – Darth Prongs: homem de atitude esse Han Solo, gostei

“— Leia... — Ele gemeu seu nome” – Darth Prongs: Deus te perdoe por escrever essas coisas, @fangirl-ily

“... firme contra ela, fazendo-a urrar...” – Darth Prongs: estou ficando com ciúmes dele, tenho certeza de que isso nunca aconteceu comigo

“— Me diga o que você quer, Leia?” – Darth Prongs: MIGO, ATÉ EU TO SABENDO O QUE ELA QUER, PFVR NÉ

“— Você.” – Darth Prongs: aham, até parece que era só ISSO que ela queria. Tsc, tsc.

“... ergueu sua perna, fazendo com que...” – Darth Prongs: PRE-CI-SA-MOS FAZER ISSO

“... estocou forte...” – Darth Prongs: Vader não aprovaria este tipo de texto, @fangirl-ily como você se corrompeu desse jeito?

“... puxou-a, virando-a para si de modo que suas pernas...” – Darth Prongs: QUERO

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Sentindo-se mortificada, Lily continuou a observar a tela, sem saber como reagir ou se conseguiria reagir.

— Meu Vader. — Ela murmurou, deixando-se cair novamente sobre os travesseiros, desligando a tela do celular na esperança de que aquilo fizesse toda a vergonha do momento desaparecer.

Mas é claro que não fez, pois, no momento em que ela fechou os olhos, os pensamentos espocaram em sua mente, fazendo-a reviver as palavras de “Darth Prongs” de segundo em segundo, fazendo com que ela desejasse mudar de país e de nome antes que James voltasse para Hogsmeade, pois assim não precisaria olhar para ele novamente.

Por que aquele tipo de coisa só acontecia com ela? Como era possível? Não era o suficiente ela ter de esbarrar em cada quina que houvesse em seu caminho? Que ela vivesse tropeçando e caindo em frente a pessoas importantes para ela? Que ela passasse vinte e quatro horas por dia humilhada por alguma coisa que havia feito?

Era realmente necessário ela ter de passar por aquele tipo de provação também? Por Vader! Não parecia haver qualquer explicação para a falta de sorte que ela possuía que não fosse a de haver um carma muito insano sobre ela.

Ao voltar a abrir os olhos, sabendo que não conseguiria dormir sem fazer alguma coisa a respeito daqueles comentários, Lily voltou a desbloquear o celular, acessando sua conta e clicando sobre o ícone do perfil do Darth Prongs – porque James se dera ao trabalho de colocar até mesmo uma foto de Darth Vader em seu perfil – e mandar uma mensagem para ele.

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Fangirl-ily: você é a pior pessoa que eu tive a infelicidade de conhecer

Fangirl-ily: eu te odeio

Fangirl-ily: que a força te consuma em suas profundezas

Fangirl-ily: seu leitor de fanfics fajuto!

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E então voltou a desligar o celular.

Só para voltar a desbloqueá-lo segundos depois ao senti-lo vibrar.

Darth Prongs havia respondido.

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Darth Prongs: isso daqui parece o Facebook das fics

Darth Prongs: tem até chat! Que legal!

Darth Prongs: você sabe que não me odeia

Darth Prongs: mandei comentários legais, você não pode negar

Fangirl-ily: aaaaaaaaaaaaaaaaaah

Fangirl-ily: eu não acredito que estou tendo essa conversa com você por aqui

Fangirl-ily: era o último lugar de esperança para minha mente

Darth Prongs: mente impura você quis dizer, não é?

Darth Prongs: aliás, não sei se você leu os últimos comentários, mas achei muito interessante o que o Han fez com a Leia

Darth Prongs: quero

Fangirl-ily: meu Vader

Darth Prongs: na verdade é Prongs

Fangirl-ily: eu odeio você

Darth Prongs: não, não odeia

Darth Prongs: pensa pelo lado positivo: agora você vai poder me perguntar coisas quando quiser escrever essas cenas pornográficas e assim, quando lançar um livro, vai ter mais propriedade ao descrever as cenas de prazer masculino

Fangirl-ily: não é pornô

Fangirl-ily: é SMUT

Darth Prongs: para mim parece pornô escrito, desculpa

Fangirl-ily: por que você não está fazendo algo mais produtivo, tipo pensando no workshop ou sei lá?

Darth Prongs: eu estou fazendo algo produtivo, oras. Estou apreciando a pornografia escrita da minha namorada. Tem coisa mais produtiva que isso? Agora eu sei que você gosta de... certas posições

Fangirl-ily: nossa

Fangirl-ily: adeus

—_________________

E então saiu. Sentiu o celular vibrar algumas vezes, mas se recusou a ver as mensagens que havia recebido. Vader sabia o tanto de vergonha que ela estava sentindo: explodiria se visse qualquer coisa pior do que os comentários de James Potter.

Estava pensando em métodos eficazes de suicídio quando The Imperial March soou novamente, fazendo seu coração acelerar ao ver “James Potter” no visor. Lily nunca se acostumaria com aquilo.

Atendeu, contudo não falou nada. Constrangida demais para dizer qualquer coisa.

— Lily? — O tom de James era receoso.

— Hm?

— Você está brava?

— Hm. — Ela tornou a resmungar, sem saber o que aquilo significava. Não sabia dizer se estava mais brava com ele, por ler suas histórias, consigo mesma, por dar a ele motivos para procura-las, ou se estava apenas constrangida demais.

— Me desculpe, eu não quis te irritar. — Ele continuou, no mesmo tom de receio. — Não fique brava. Se quiser nunca mais toco nesse assunto e...

 Está tudo bem, James. Eu só estou aqui morrendo em chamas de constrangimento. Não estou brava com você. Não muito pelo menos. — Ela se forçou a falar, fechando os olhos e respirando fundo enquanto tentava acalmar os batimentos cardíacos.

— Você escreve bem. — James comentou, quebrando o silêncio que havia se instalado entre eles. — Quero dizer, eu não pensei... não que eu não achasse que você escrevesse bem, é só que, não sei, pensei que fanfics tivessem qualidade menor que livros. Mas você escreve muito bem mesmo.

— James, sei que você se sente culpado, mas também não precisa exagerar. — Lily bufou, embora tivesse ficado levemente lisonjeada com os elogios.

— Eu não estou exagerando, Lily. Por que você não tenta escrever um livro?

— Porque eu gosto de escrever fanfics. Sei lá, é esquisito pensar em criar personagens meus e não poder fazer com que eles usem sabres de luz e tudo o mais.

— Então é apenas um hobbie? — Ele prosseguiu e sua voz saiu levemente abafada.

— Bem, você grava vídeos por lazer, eu escrevo fanfics. A diferença é que sou cobrada por capítulos, mas não recebo salário por isso. — Suspirou. — O que você está fazendo? Que barulho é esse?

— Estou tentando achar uma posição confortável nessa cama. Eu tenho problemas com travesseiros quando eles não são os meus.

— Você é meio maniático, não é?

— Um pouco. — Ele bufou. — Eu quero a minha cama.

— Não reclame. Eu estou deitada no chão do quarto da Marlene. — Lily bufou.

— Está dormindo aí?

— Sim, vim para cá na sexta depois de levar uns documentos em Hogwarts. — Respondeu. — Você volta quando?

— McGonagall disse que terei de ficar até quinta, pois tem um empresário que quer me fazer uma proposta.

— Casamento?

— Haha. Acho que é algo relacionado a camisetas, mas não sei, McGonagall não me disse muita coisa.

 E a sua mãe, James?

— Está dormindo. Nós fomos num bar aqui perto e eu acho que ela bebeu um pouquinho a mais do que estava acostumada. — James riu, divertindo-se com a lembrança. — Lily, devem ser quase quatro horas da manhã aí. Você deveria dormir.

— Você provavelmente tem razão. — Ela suspirou. — Você também precisa ir dormir, James, amanhã vai ser um longo dia.

— Sim. Eu estou com saudades, Lily.

— Também estou com saudades, James. — Ela respondeu, sentindo o coração apertar ao pensar que ele estava tão longe. — Quando você voltar, vai ter de me beijar muito para compensar por ter viajado na primeira semana de namoro. — Disse, munindo-se de uma coragem que ela não sabia dizer de onde vinha.

— Quando eu voltar, eu quero que você encene as cenas das suas fanfics comigo, Lily. — James disse e ela podia ouvir o sorriso maroto em sua voz.

— Ah, meu Vader, James Potter!

— Boa noite, Lily. — Ele disse e, rindo, desligou.

Suspirando, Lily fixou o olhar sobre a tela do celular, clicando sobre o registro de chamadas e sentindo um sorrisinho divertido espalhar-se por seu rosto ao ler “James Potter” dentre as chamadas recebidas.

X—X

— Ei, mãe? Eu vim correndo! Fiquei preocupada! Aconteceu alguma coisa? — Lily perguntou assim que colocou os pés dentro de casa.

Eram duas horas da tarde, mas, apesar disso, não fazia muito tempo desde que ela havia acordado. O som de The Imperial March fez com que ela despertasse com o coração acelerado, mas ao ver na tela o nome “mãe”, sentiu a euforia diminuir consideravelmente.

Ao atender, contudo, Helena disse que ela precisava ir para casa urgentemente, pois algo – que ela não especificou – havia acontecido. Foi o que bastou para que Lily quase morresse do coração por todo o percurso entre a casa de Marlene e a dela.

Entretanto, assim que chegou em casa e chamou a mãe, ninguém respondeu, portanto Lily começou a caminhar de cômodo em cômodo, sentindo o peito apertar ao não ver ninguém. Subindo as escadas, imaginou milhares de coisas que poderiam ter acontecido que fariam com que Helena Evans tivesse de sair imediatamente. Nenhuma daquelas coisas eram boas, é claro.

Lily começou a ofegar – imaginando que algo muito sério deveria ter acontecido – quando puxou o celular do bolso, após não ter encontrado a mãe no quarto dos pais. Estava digitando o número da mulher quando ouviu um barulho esquisito provindo do próprio quarto.

Franzindo o cenho, Lily caminhou até estar em frente à sua porta, sentindo o coração acelerar ao ouvir barulhos novamente. Esticando a mão para maçaneta, rogou à Força que nada de ruim lhe acontecesse.

E que ninguém tivesse roubado qualquer um dos seus colecionáveis de Star Wars. Por Vader, ela cometeria assassinato se alguém ousasse tanto.

— E aí, ruiva. — Sirius cumprimentou-a assim que ela adentrou no quarto, fazendo-a encará-lo boquiaberta. — Sei que sou maravilhoso, mas não precisa encarar desse jeito.

— O que... o que você está fazendo, aqui, Sirius? — Ela indagou, confusa demais sobre o que tudo aquilo significava. — E por que esse Softbox e essa câmera estão aqui também? — Prosseguiu ao ver várias parafernálias atulhando o espaço em frente à sua cama. — O que você fez com a minha mãe? — Ergueu os olhos para ele, confusa.

— Hm, sua mãe pode ter me ajudado antes de ir para a casa da sua avó. — Ele meneou a cabeça fazendo com que Lily estreitasse os olhos, desconfiada.

— Ajudado em que exatamente? O que você está fazendo, Sirius?

O garoto a encarou pelo que pareceram longos minutos, seus olhos cinzentos perscrutando os dela.

— Eu fui um idiota com você. — Ele disse, por fim. — Depois de tudo o que você fez por mim eu agi feito um babaca com você... e eu me sinto horrível por isso, Lily. Eu costumo agir como um imbecil quando meu irmão está envolvido. — Passou as mãos pelos cabelos e suspirou, encarando-a cheio de culpa. — Quando Snape me falou aquelas coisas... eu perdi meu bom senso. Eu queria esfregar a cara dele no asfalto, sabe?

— Até eu queria arrastar a cara dele no asfalto, Sirius, mas isso não significava que eu deveria fazer isso. Céus, você podia ter se enfiado numa encrenca das grandes! E se o Snape entrar com uma ação contra você, Sirius? Eu estou até pasma que nenhuma daquelas meninas tenha gravado vocês brigando, mas suponho que tenha sido tão repentino para elas que nem se deram conta. — Lily meneou a cabeça e então bufou, atirando a mochila que levara para a casa de Marlene com as suas coisas sobre a cama, antes de caminhar até estar em frente ao garoto. — Você já pensou na merda que ia dar se eu não tivesse te impedido de continuar? Por Vader, Sirius Black, você parece mais inteligente do que isso!

— Eu sei disso, Lily. Juro que sei. Mas eu... é bom que eu esteja longe agora. Vai ser bom para que eu aprenda a lidar com toda essa merda. Eu estava tão acostumado a defender o Reggie que sequer me passou pela cabeça fazer qualquer outra coisa que não isso. — Ele suspirou. — Será que você pode me perdoar? — Ergueu os olhos para ela, pedinte. — Sei que não mereço e que, depois de tudo que você fez por mim, seria bastante justo se você nunca mais olhasse na minha cara, principalmente depois de tudo o que falaram na internet..., mas eu sinto sua falta, Lily. Você é uma das minhas melhores amigas. E eu sei que se você estiver comigo, talvez toda essa merda fique mais fácil, afinal você foi a única que conseguiu me tirar daquele inferno. Até então, mesmo quando eu te liguei pedindo ajuda, não pretendia vir para cá. Não definitivamente, pelo menos. Mas você fez com que eu quisesse vir, Lily, porque você sempre fala o que as pessoas precisam ouvir. E eu preciso ouvir o que você tem a me falar, porque assim eu poderei ser alguém melhor.

Como parecia estar sendo recorrente nos últimos dias, Lily sentiu as lágrimas varrerem seu rosto, desmoronando torrencialmente por seus olhos.

Sabendo que já o havia perdoado antes mesmo de seu discurso terminar, jogou os braços sobre ele, abraçando-o.

— Nunca mais faça algo assim, Sirius Black! — Ela disse, tentando parecer repreensiva, mas sem conseguir, porque as lágrimas a deixavam histérica demais, chorosa demais. — Eu fiquei preocupada com o que poderia acontecer, Sirius, eu...

Sirius, que também a abraçava com força, suspirou contra os cabelos dela.

— Me desculpe. Eu fui muito idiota.

— Sim, você foi maior idiota de todos os tempos. Depois do Snape, é claro. — Lily bufou e então se afastou dele, bufando antes de limpar as lágrimas do rosto. — Você ainda não me respondeu o que essas coisas estão fazendo aqui. — Lily indicou, por fim, os objetos que haviam chamado sua atenção ao entrar no quarto.

Sirius, que, para a surpresa de Lily, também estava limpando as lágrimas dos olhos – e doía o peito dela ao pensar que era a segunda vez que o via fazer aquilo em tão pouco tempo – abriu um dos maiores sorrisos que ela já o vira dar.

— Bem, como você sabe, Remus também é muito fã de Star Wars e, como nós estamos sozinhos essa semana, eu pensei que, como forma de pedir desculpas e, também como uma forma de te ajudar a superar toda essa sua insegurança com as nossas fangirls, apesar de até pouco tempo atrás você ser uma, podíamos gravar alguns vídeos com curiosidades sobre a saga... — Sirius disse, encarando-a com a expressão totalmente inocente, tão fofo que nem parecia ter quebrado o coração de Lily apenas alguns dias atrás.

Ela estreitou os olhos.

— E por que motivo você acha que eu gostaria de gravar um vídeo? Só para que essas fãs venham depois me xingar nos comentários? Não, muito obrigada. — Ela bufou, embora não tenha soado tão firme quanto gostaria.

Era difícil para ela negar qualquer coisa que envolvesse Star Wars.

— Vamos lá, Lily. Quem melhor do que você para me ajudar com esses vídeos? E vai ser uma ótima forma do pessoal conhecer esse seu lado geek e totalmente viciado. Quero dizer, olha esse quarto. É perfeito para o cenário. — Os olhos de Sirius pareceram derreter sobre os dela. — Isso para não falar que, agora que está namorando o James, vai acabar aparecendo cedo ou tarde em algum vídeo. Então porque adiar o inevitável?

Lily sentiu as bochechas esquentarem, mas não o respondeu de imediato. Certo, ele tinha um bom ponto, mas ainda assim... ela queria aparecer depois de todo aquele rolo no Twitter?

Sirius respondeu por ela:

— Vamos lá, ruiva, você sabe que está doida para fazer isso. Estou dando a oportunidade pela qual você vem sonhando há anos, veja bem: falar desmedidamente e sem qualquer pudor sobre a sua saga preferida.

Rolando os olhos para o garoto, Lily assentiu.

— Tudo bem, Sirius Black. Mas, ei, onde está o Remus? — Indagou, ao perceber que ele não estava ali.

— Na casa do James. Ele disse que esperaria lá até termos terminado de conversar. — Sirius disse e então puxou seu celular, digitando alguma coisa, provavelmente uma mensagem para Remus, antes de voltar a sorrir para Lily. — Remus está se saindo um companheiro muito compreensivo.

— Companheiro. Certo, quando você pretende pedi-lo em namoro, Sirius Black?

— Por que eu tenho de fazer isso?

— Ué, porque eu estou dizendo que tem que fazer. E você disse que faria tudo que eu dissesse. — Lily rolou os olhos para ele, sorrindo logo em seguida. — Céus, Sirius! Vocês são um OTP vivo. — Brincou.

— É, eu sei. — Ele disse, arrogante como sempre. — Mas fiquei sabendo que Jily está tomando o seu lugar. — Piscou para Lily que, é claro, corou como sempre.

[QUARTA-FEIRA - 03 DE AGOSTO, 2016]

— Ei, você terminou aí? — Sirius perguntou, assim que adentrou o quarto de Remus, observando enquanto o outro editava um dos vídeos que haviam gravado no dia anterior.

— Ainda faltam alguns cortes, por quê? — Remus, que estava concentrado demais no que estava fazendo, sequer prestou atenção na expressão no rosto de outro.

— Porque eu queria conversar com você, mas pode ser depois. — O outro respondeu e, internamente, esperava mesmo que deixassem para depois. Odiava-se por se deixar levar pelas palavras de Lily, que pareciam reverberar por sua mente de segundo em segundo “quando você pretende pedi-lo em namoro, Sirius?” fazendo com que toda vez que olhasse para Remus se sentisse nervoso.

E Sirius odiava se sentir nervoso. Não era de sua natureza guardar os sentimentos para si ou escondê-los, portanto estava sendo bastante dificultoso para ele lidar com tudo aquilo sem acabar explodindo.

Imaginou que era daquele modo que Lily se sentia diariamente toda vez que tentava não surtar por alguma coisa. Por instantes, compadeceu-se da menina. Mas então lembrou do quanto era divertido vê-la surtar e a pena passou rapidamente.

— Pode falar. — Remus, finalmente percebendo o estado de espirito de Sirius, voltou-se para ele, deixando o vídeo incompleto para concluir mais tarde.

— Nah, continue editando. Nós conversamos depois... — Sirius começou a dizer, sentindo o nervosismo triplicar. Céus, odiava aquilo mais do que podia traduzir em palavras.

— Sirius. — Remus o interrompeu, encarando-o daquele modo perscrutador de quem o conhecia bem demais para deixar aquilo para lá. — Aconteceu alguma coisa? Onde está a Lily?

— Trabalhar. — Sirius respondeu e então suspirou, caminhando até a cama de Remus e sentando-se lá. — Hm, bem, eu estava pensando...

— Sim? — Remus perguntou, curioso sobre o que ele queria falar, mas Sirius voltara a ficar calado, encarando os próprios pés. — Meu Deus, Sirius, fale logo!

— Sexta-feira vai haver uma festa em Hogwarts para os calouros. A Lily e o James vão ir, quer dizer, a Lily vai ir e o James vai encontrá-la lá quando chegar. Estava pensando se você não quereria ir comigo? — Sirius comentou, tentando aparentar despreocupação quando na verdade estava suando.

Franzindo o cenho com o rumo do assunto, Remus assentiu, levemente desconfiado.

— Certo...

— Ótimo! — Sirius disse e então se ergueu da cama, encaminhando-se rápido demais para a saída.

— Sirius. — Remus o chamou, fazendo-o voltar-se para encará-lo. — Qual o problema? Era isso mesmo que você queria falar?

E então, sorrindo de forma marota, Sirius disse:

— Oras, Remus, e que problema pode haver em perguntar para o meu namorado se quer ir em uma festa comigo? — E, sem dar tempo de Remus responder, Sirius saiu, deixando-o totalmente atordoado.

— O que...? — Remus começou a dizer, mas então sentiu-se corar quando as palavras de Sirius fizeram sentido em sua mente. — Namorado? — Encarou a porta pela qual o outro havia saído, totalmente sem reação, por vários minutos.

Quando, por fim, voltou-se para o computador, um sorriso incontrolável se espalhava pelos seus lábios.

— Namorado. — Repetiu, sentindo-se mais feliz do que em muito tempo.

[SEXTA-FEIRA - 05 DE AGOSTO, 2016]

— Você viu a Emme? — Marlene indagou assim que chegou onde elas estavam com dois copos cheios de um drink do qual não fazia ideia do nome.

— Emme? Ela está aqui? — Lily indagou, sentindo-se estranhamente nervosa.

A verdade era que, desde que dera o fora em Emmeline, nunca mais a vira. E a última vez que ouvira alguém falar sobre ela, fora no dia em que Guga fora até a loja perguntar se podia investir.

Lily sentiu-se envergonhada ao perceber quão pouco pensara na primeira garota que havia beijado. Era realmente uma sorte para Emmeline que não tivessem continuado com o relacionamento, porque Lily provavelmente não seria uma boa namorada para ela.

— Sim... ali, ó. — Marlene indicou um local, próximo do bar, onde a garota loira dançava.

— Oh, a Guga está com ela. — Lily disse e não pôde conter a felicidade em sua voz. Graças a Vader que elas estavam juntas.

Ou, bem, era o que esperava, afinal as duas garotas conversavam de maneira bastante amigável.

— Céus, Lily, você parece tão aliviada por isso. — Marlene murmurou, sorrindo divertida.

— A Guga é legal. A Emmeline também. Acho realmente incrível que elas fiquem juntas. Elas merecem pessoas legais. — Lily respondeu e então bebericou um pouco de seu drink, fazendo uma careta ao sentir o álcool descer por sua garganta. — Céus, Marlene, isso é horrível. — Resmungou, mas continuou bebendo.

— Hey. — Alice as chamou, sorrindo para elas. Frank, Remus e Sirius estavam mais atrás, conversando animadamente sentados junto à uma das mesas. — Quero saber sobre o que estão fofocando. O assunto aqui está muito chato.

— Ei! — Remus disse, fingindo estar ofendido. — O assunto é muitíssimo interessante.

— Certo, vir para o bar e falar sobre computadores é mesmo muito legal. — Rolou os olhos para os três antes de se afastar e caminhar até onde as amigas estavam. — Qual o assunto?

— Gemme. — Marlene respondeu e riu do que havia acabado de dizer. — Nossa, que nome de ship péssimo.

— Ou não, vai saber. — Lily disse e então caiu na gargalhada junto com ela.

— Que ship? Me contem! — Alice sacudiu-as, bufando para elas, irritada por não ser incluída no assunto.

— Gemme. — Lily repetiu e indicou o lugar onde Emmeline e Guga haviam começado a se beijar. — Wow. Gemme mesmo. — Adicionou e então as três caíram na gargalhada.

Ainda estavam rindo, conversando sobre nomes de ship esquisitos, quando James chegou.

Lily mentiu para si mesma que era o efeito da bebida, mas ele parecia ainda mais bonito do que antes de ir para Nova Iorque. Seus cabelos estavam totalmente bagunçados – como sempre – e ele usava uma camisa que Lily reconhecia como a mesma que ele havia usado no dia em que se beijaram no Três Vassouras. Ao relembrar daquele dia, sentiu as bochechas imediatamente esquentaram, enquanto sua mente vagava por lugares obscuros.

Ele cumprimentou os três garotos primeiro antes de perguntar onde ela estava e, ao erguer os olhos para o lugar que Sirius indicara, deparar-se com ela o observando de um modo muito maroto.

James sentiu algo esquentar dentro de si e, sorrindo, se aproximou.

— Hey. — Ele cumprimentou-as, simpático.

— E aí, James. — Marlene sorriu para ele. — Como foi de viagem?

— Cansativo, mas bem legal.

— Marlene, você me acompanha até o banheiro? — Alice, numa óbvia tentativa de deixar Lily e James a sós, chamou. Marlene sorriu de forma maliciosa para Lily antes de se afastar com Alice.

— Oi. — Lily sorriu para ele, feliz demais em vê-lo perto novamente.

— Está bonita. — Ele disse e então afastou aquela mecha de cabelo que sempre caía sobre os olhos dela. — E eu estava com saudades.

— Pelo amor de Vader me beije de uma vez. — Ela rolou os olhos para ele, perdendo o pudor por conta do álcool, e fazendo com que ele sorrisse ainda mais antes de fazer exatamente o que ela havia mandado.

Lily estava com um gosto doce na boca, misturado com o álcool, o que fez com que James imediatamente esquecesse o cansaço que estivera sentindo por todo o percurso até ali. Não fazia nem uma hora desde que havia chegado de Nova Iorque – depois de deixar sua mãe totalmente exausta em casa – e a longa viagem de avião o havia deixado totalmente estressado. Ou, pelo menos, era daquele modo que estivera se sentindo até beijá-la.

— Estive esperando por isso por um longo tempo, Leia. — James murmurou contra seus lábios, citando uma das partes mais comentadas do oitavo capítulo de A Culpa Não é Das Estrelas.

Lily gemeu em protesto, erguendo os olhos para ele com as bochechas adoravelmente coradas.

— Eu tinha esquecido que estava com raiva de você. Obrigada por me fazer lembrar. — Ela bufou e então fez menção de se afastar, mas ele a puxou de volta para outro beijo, fazendo-a ofegar.

— Seus lábios são mais macios do que jamais teria imaginado.

— Ah, meu Vader, James Potter. Cale a boca! — Lily, que estava totalmente mortificada com a situação, ergueu uma das mãos para tapar a boca dele. — Eu estava com saudades de você, mas agora estou pensando que deveria voltar para Nova Iorque.

Os olhos de James brilharam em divertimento.

— Você sabe que, na cena seguinte ao que eu estava citando, a Leia também tapa a boca do Han, não sabe? Está seguindo o cânon da fanfic, Lily. — Ele disse por entre os dedos dela.

— Você nunca vai deixar isso morrer, não é? — Lily indagou, enrubescendo ainda mais ao afastar as mãos dos lábios dele. James negou, divertido demais para o seu gosto. — E pretende mesmo ficar citando as minhas histórias?

— Eu não seria Han Solo se fizesse algo diferente disso. — James disse e então inclinou a cabeça. — No caso, “não seria James Potter”, mas você entendeu a referência. — Piscou para ela.

— Eu quero morrer.

— Não, você não quer. Você quer me beijar porque estava morrendo de saudades.

— Não, eu tenho cem por cento de certeza de que eu quero morrer. — Lily disse, mas sorriu quando ele começou a beijá-la, primeiro na testa, baixando para a ponta de seu nariz e então passando para suas bochechas que, aliás, ele mordeu, fazendo-a rir ainda. — James...

— Eu sou Han Solo agora. E você é a Leia. Vamos, entre no personagem.

— Eu não vou fazer isso. — Rolou os olhos para ele, fazendo-o dar de ombros.

— É uma pena. — E então voltou a beijá-la, roubando-lhe o fôlego. — Seus beijos são melhores do que viajar na Millennium Falcon.

— Você e suas comparações fajutas, Han. — Lily retrucou e observou o sorriso crescer nos lábios de James.

— Nada é fajuto quando se trata de você.

Ao ouvi-lo dizer aquilo, Lily voltou a puxá-lo para perto, beijando-o profundamente, erguendo as mãos de modo que pudesse afundá-las em seus cabelos e arranhar sua nuca. James praticamente gemeu ao sentir suas unhas por sua pele e, de modo totalmente irracional – levando em consideração que estavam em uma festa lotada de pessoas que em pouquíssimo tempo poderiam vir a ser seus colegas de classe – levou-a em direção a um corredor logo atrás de onde estavam, empurrando-a contra a parede e a fazendo suspirar quando a segurou fortemente pela cintura.

— James... — Lily murmurou contra os seus lábios, rouca. — É melhor pararmos com isso. Tem muita gente aqui-

— Ou podemos continuar em outro lugar. — Ele murmurou para ela, sua voz também rouca. — Eu amo a sua fanfic, eu posso citá-la para qualquer situação. — James adicionou, sorridente e então se afastou se Lily, puxando-a pelo braço. — Você quer mesmo continuar nessa festa? — Perguntou para ela.

Lily sorriu, maliciosa, para ele.

— Vou para onde você quiser, Han.

— Então me acompanhe, Leia.

E, sem sequer pensarem em se despedir dos amigos, eles saíram, eufóricos demais, atacando o primeiro táxi que cruzou em frente à casa onde a festa estava acontecendo e dizendo o endereço para o motorista antes de continuarem com os beijos – que ficavam a cada segundo mais quentes— no banco de trás.

Somente quando desceram do carro, tão ofegantes quando se tivessem ido caminhando até ali, é que James lembrou-se de algo que o fez gemer, frustrado.

— Minha mãe está em casa. — Ele disse, voltando-se para Lily com a expressão culpada e totalmente adorável.

— Por sorte, hoje é a noite de Pôquer dos Evans. — Lily sorriu para ele. — Meus pais vão chegar tarde... — E ela não precisou concluir a frase, pois James entendeu perfeitamente antes de retribuir o sorriso dela e, assim que Lily destrancou os portões e, posteriormente a porta da frente, voltou a puxá-la para si, beijando-a por todo o percurso até estarem em seu quarto.

Horas mais tarde – depois de terem feito coisas que certamente dariam inveja ao Han e Leia da fanfic de Lily – James a abraçou, apertando-a contra si e beijando seus cabelos enquanto sentia os próprios olhos pesarem, o cansaço de seu dia finalmente cobrando seu peso.

Afastando-se levemente dele e apoiando o rosto em sua mão de modo que seus olhos ficassem no mesmo nível dos de James, Lily encarou-o, observando cada detalhe de seu rosto com adoração.

— Pensei que você não conseguisse dormir se não fosse na sua cama. — Ela comentou, divertida.

James, que também a observava com atenção, sorriu, sonolento.

— Qualquer lugar com você fica perfeito, Lily. — Ele disse e então beijou-a levemente nos lábios, fazendo com que ela percebesse que ele tinha razão.

Qualquer lugar se tornaria perfeito desde que os braços de James estivessem em volta dela.

Sentindo-se mais feliz do que teria imaginado ser possível, James voltou a abraça-la, ajeitando-se contra ela antes de fechar os olhos.

Sorriu ao perceber que, daquela vez, quando acordasse, ela estaria ao seu lado.

[DOMINGO - 21 DE AGOSTO, 2016]

— Não é nenhuma novidade que Jily é OTP, é claro. — Sirius resmungou, rolando os olhos para a câmera em frente a eles.

Estavam na sala de James, gravando um hangout. Lily, que já tinha seu próprio fã-clube depois de ter feito quatro vídeos junto de Sirius e Remus falando sobre o universo de Star Wars – o que a tornara rapidamente um dos Trending Topics do Twitter como #ARuivaDoStarWars – sorria levemente para os garotos, sentindo-se totalmente confortável ao estar entre eles, apesar das câmeras.

A verdade era que, depois de ser obrigada a aparecer em praticamente todos os snaps, fotos e vídeos do Instagram de todos eles pelas últimas semanas, Lily havia percebido que não adiantava continuar lutando contra aquilo. Principalmente depois de eles terem começado a mencioná-la em tweets – depois de terem praticamente implorado para que ela os aceitasse como seguidores, apesar de ela estar morrendo por dentro só de imaginá-los lendo o que ela escrevia sobre eles apenas algumas semanas atrás.

Remus – com aquela expressão altamente fofa e suas palavras extremamente bem faladas – fora o que convencera Lily a se soltar mais e, por conta disso, ela acabara retornando para o antigo user, afinal não havia qualquer motivo para modificá-lo agora que todos os seus segredos estavam sendo jogados nas redes.

É claro que ela havia feito questão de apagar qualquer indício de suas fanfics das suas redes sociais. Certo, tudo bem que ela era namorada de James e amiga dos Marauders..., mas daí deixar todo mundo ler suas histórias?

Não, definitivamente nunca estaria preparada para aquilo.

— Fiquei sabendo que Wolfstar também é um forte oponente. — Lily murmurou, divertida, fazendo com que os dois garotos corassem. Então ela ergueu os olhos para a câmera. — Não que seja um ship real, é claro. Todos sabemos que o Sirius tem um romance fortíssimo com a Odette.

— Ei, isso é totalmente ridículo. — Peter, que estava participando através de chamada de vídeo, reclamou.

— Me desculpe, cara, mas eu e a Odette temos uma química animal. — Sirius respondeu para o amigo, fazendo com que todos rissem.

— Certo, gente, por hoje era isso. — Remus disse após recuperar-se das risadas. — Inscrevam-se no nosso canal! Deixem seu like e, é claro, nos sigam nas redes sociais. Eu sou o Moony em todas elas.

— Eu sou o Padfoot. — Sirius adicionou, sorridente.

— Wormtail! — Peter gritou do vídeo.

— Eu sou o Prongs. — James completou e então voltou-se para Lily, indicando que ela deveria falar.

Sentindo-se corar tão fortemente que tinha certeza de que estava brilhando mais do que o sabre de luz de Darth Vader, ela voltou a encarar as câmeras, sentindo-se extremamente constrangida.

Vamos lá, Lily, você consegue.

— E eu sou a Fangirl-ily.

 


Notas Finais


GENTE! Acabou, é isso mesmo produção? NÃO, AINDA FALTA O EPÍLOGO ♥ (e vai ter continuação, sim)

Amores, vou deixar para fazer o textão de agradecimento no próximo, porque senão vou acabar chorando duas vezes, coisa que eu definitivamente não quero fazer (já basta o que eu chorei concluindo esse capítulo - que nem de drama foi).

Não esqueçam de comentar, okay? É o último capítulo, gente, não vai cair a mão de ninguém deixar um oizinho aqui embaixo, hehe! Me digam o que acharam deste capítulo! Me contem o que sentiram ♥

Ficarei muito contente em poder respondê-los!

Beijos e até breve ♥


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