1. Spirit Fanfics >
  2. Fantasia (EM REVISÃO) >
  3. Amargo silêncio

História Fantasia (EM REVISÃO) - Amargo silêncio


Escrita por: jackehina e icrisally

Notas do Autor


Hello *-*
Esperamos que gostem.

Boa leitura!!

Capítulo 2 - Amargo silêncio


Fanfic / Fanfiction Fantasia (EM REVISÃO) - Amargo silêncio

“Todo final trágico, pode ter seu recomeço”

Crianças corriam animadas pela grama, outros tinham espadas de madeira e lutavam entre si, brincando. Mulheres carregavam bacias sobre a cabeça e dialogavam animadas umas com as outras enquanto seguiam para o pequeno rio que tinha mais à frente. Era uma vista a qual Hinata adorava observar. Sentada debaixo de uma árvore, ela sentia a leve brisa balançado seu cabelo. Seu pensamento ainda estava no terrível sonho que teve. Sua mente estava confusa, sempre era assim depois dos pesadelos. Fechou os olhos, tragando todo o ar possível para seu pulmão, para em seguida o soltar.

– Hinata! – um grito ecoou perto de si, lhe tirando dos devaneios. Virou-se para trás notando sua irmã mais nova acenando, animada. – Venha, nosso irmão já irá sair da cerimônia. – disse animada a pequena.

A morena maior sorrira.

Neji Hyuuga era o irmão mais velho entre elas.  Ele tinha completado vinte e um anos, idade que corresponde à responsabilidade que ele terá agora à frente. Também corresponde a descoberta de seus poderes. A morena maior levantou-se, para em seguida passar as mãos no tecido simples de seu vestido, retirando a terra. Pôs a caminhar ao lado de sua irmã, enquanto deixava para trás a paisagem das crianças e das mulheres conversando. Hanabi, a mais nova, tagarelava animadamente dizendo o quanto ansiava pela cerimônia dos vinte e um anos. Hinata apenas ria da empolgação, sabendo que faltavam muitos anos ainda para a mais nova ter sua tão sonhada cerimônia. A paisagem natural foi ficando para trás, enquanto casas de madeiras simples surgiam enfileiradas, tanto horizontais como verticais. Tudo era extremamente calculado, para não gastar muito espaço, já que o clã Hyuuga tinha um espaço predominado.

Há muito tempo, os Hyuugas se viram encurralados pelos humanos, que afirmavam que eles eram bruxos. Muito deles foram queimados. Presando pelo bem de seu povo, e também pelos dos humanos, o tataravô de Hinata tomara a decisão de construir uma vila, protegidos por muros, longe de qualquer contato humano. Demorou anos para encontrar uma terra fértil para plantações e água que não se esgotasse facilmente, mas depois de anos de caminhada, ele encontrara e construira sua tão sonhada vila.

Quando estava na metade da rua, tanto Hinata como Hanabi viram seu irmão acompanhado de seu pai e os anciões saindo da pequena cabana onde ocorriam as cerimônias. Como primogênito da família principal, Neji herdaria a liderança da vila, como também pela contagem da linhagem, ele herdaria o poder supremo dos Hyuuga. Isso só ocorria a cada mil anos e vinha somente para o primogênito da família principal. Era algo raro e o qual Hinata não tinha muito conhecimento. Na verdade, você só saberia sobre isto, caso fosse da família principal, e claro, quando completasse vinte e um anos, por isso a cerimônia era feita.

– Neji não parece estar muito animado. – sussurrou Hanabi. Ambas tinha parado no meio da estrada. Apenas observavam ao longe.

Hinata olhara para o irmão que tinha um semblante ainda mais sério que o normal. Ela sabia o quanto Neji ansiava por sua cerimônia. Aquilo era especial para qualquer Hyuuga.

Aos poucos os pés de Hinata caminhavam ao encontro da família. A mais nova estava mais atrás, seguindo-a.

Todos conversavam com um tom baixo, como se estivessem sussurrando. Eles estavam quase formando um círculo em volta do primogênito. Ao perceberem a aproximação das meninas, a conversa foi diminuindo, encerrando quando elas estavam próximas o suficiente.

– Algum problema? – quem indagou foi a mais nova. Diferente de Hinata, Hanabi era a mais 'pra frente', sempre buscava dialogar e colocar seu ponto de vista em tudo. Já Hinata era a mais tímida, sempre observando e tentando aprender discretamente com aquilo.

– Nenhum. – disse Hiashi, em um tom sério, mas normal à vista de quem o conhece.

– Então podemos ir? – uma voz calma e doce soou.

– Claro, mas vão à frente, iremos resolver só mais algumas coisas. – respondeu Neji para Hinata, gentilmente.

Hinata assentiu.

Perto dos portões, uma mesa enorme estava recheada de comida; porcos assados, arroz, feijão, frutas, carne de gado e carneiro e mais algumas coisas. Crianças corriam entre algumas mesas colocadas para o povo sentar. Uma canção ecoava pelo ambiente, alegremente. Uma canção sobre seu povo. Alguns casais mais próximos à cantoria dançavam discretamente. Era um dia de festa. Um novo líder estava perto de comandar a vila.

– Senhoritas. – pessoas cumprimentavam as duas. Como filhas do ainda líder e irmãs do futuro líder, Hinata e Hanabi eram respeitadas pelo povo. 

Acenando gentilmente, ambas caminharam até a mesa principal, sentando.

– Acho que aconteceu alguma coisa. – sussurrou Hanabi perto do ouvido de sua irmã.

– Também me parece. – disse em um tom preocupado.

Hinata era muito apegada com seu irmão mais velho, assim como sua irmã era apegada a si. Ambos se protegiam, se amavam. Era uma ligação forte. Seu pai dissera uma vez que o poder do amor era o mais poderoso, por isso, eles eram fortes juntos, e que não deviam se separar nunca.

E isto era algo que Hinata não deixaria morrer, ela sempre protegeria seus irmãos.

Não demorou muito para surgir os anciões mais à frente para em seguida surgir Neji ao lado de seu pai. O povo abriu espaço para eles passarem. Todos sorriam para Neji, que agradecia apenas com um sorriso discreto nos lábios. Todos se sentaram em volta da mesa principal.

Hiashi erguera a taça de vinho, pedindo silêncio em seguida.

– Meu povo, hoje é um dia especial para esta vila. Um novo líder será proclamado!

O som de palmas foi emitido pelo povo.

Neji se levantara com a taça de vinho na mão, erguendo-a como seu pai.

– Meu povo. Como futuro líder, prometo proteger esta vila, dando até mesmo minha própria vida por ela. Prometo que continuarei com a paz que aqui reina...

De repente o chão começa a tremer, assustando os mais velhos e fazendo as crianças que corriam parar. Silêncio; todos permaneciam quietos. Após alguns segundos, Neji continua:

– ...Prometo... – mas antes que concluísse, uma explosão atingi o portão de saída da vila. Crianças gritaram assustadas quando o portão caiu, fazendo seu bater tremer o chão.

Todos olharam arregalados, a poeira não dava visibilidade para algumas pessoas, mas não para os mais velhos da vila. Várias veias envolta dos olhos se tornaram visíveis, como se quisessem sair. Hinata olhou para seu pai e irmão, assustada. Tanto com a explosão como pelos olhos deles. O que era aquilo? O que estava acontecendo?

– Corram e se escondam! – gritou Hiashi, indo para a frente do portão seguido por outros Hyuuga.

Mulheres que tinham seus filhos ainda pequenos os puxavam pelo braço), os levando para longe. Hinata tentava compreender o que estava acontecendo. O portão só tinha caído, não era nada de..., mas antes que concluísse seu pensamento, uma flecha passara milímetros de distância de seus olhos, e acertara uma mulher que estava com uma criança no colo, atravessando ambos. Seus olhos se arregalaram ao ver aquilo. Mas sequer teve tempo de raciocinar direito, pois milhares de flechas voaram sobre o portão aberto, algumas envoltas em chamas. Abaixou rapidamente, se colocando embaixo da mesa. Flechas atravessava a madeira, quase lhe acertando.

Lembrou-se de sua irmã. Ela olhou em volta da mesa, procurando Hanabi, que deveria estar ali, mas não estava. Medo e desespero apoderaram-se de si. Precisava encontrá-la.

Gritos e mais gritos começavam a ecoar pelo lugar. Ela começou a rastejar no chão enquanto flechas continuavam furando a mesa. Pensou em seu pai e irmão que levantaram e seguiram para a frente dos portões. Quando chegara a ponta da mesa, um corpo caiu à sua frente. Era de um menino que deveria ter apenas quatorze anos. E ali, debaixo da mesa, ela pôde analisar a situação da vila. Havia alguns corpos sobre o chão com flechas atravessadas, eram mais de crianças e adolescente, as quais ainda não despertaram seu poder. As mulheres mais velhas protegiam seus filhos com barreiras azuis que emitiam de seus corpos, então aquele era um dos poderes de seu povo?

Ao longe ela avistou Hanabi, atrás dessa barreira que era erguida por uma senhora, protegida. Hinata sentiu cada músculo seu se relaxarem, sua irmã estava a salvo. As flechas se cessaram. Será que ela podia sair? Olhou novamente para Hanabi. Se conseguisse chegar até ela, estaria protegida.

 Respirou fundo, tomando coragem para sair debaixo da mesa. Afastou o corpo que estava a sua frente e saiu.

O céu estava claro, era uma tarde tranquila, pelo menos era para ser. Apressou os passos até Hanabi, mas antes que chegasse, um grupo de seres estranhos surgiu. Um deles erguera uma espada que deveria ter no mínimo três metros de comprimento. Eles eram estranhos, tinham a pele na tonalidade marrom, como ser fossem feitos de areia. Eram altos e tinham o rosto deformado. Seus caninos saiam de suas bocas. Atrás dos monstros de areia vinha um homem de pele clara e cabelos de um vermelho vivo, de cabeça baixa e com os braços abertos como se tivesse os controlando. Hinata sentiu seu coração se acelerar como se ele fosse sair por sua boca. O monstro acertara a espada na proteção da mais velha, estraçalhando como se fosse vidro.

Assim que a barreira se quebrou as pessoas que estavam em volta começaram a correr, desesperadas. Mas os seres estranhos, menores do que aquele que tinha a espada na mão, correra atrás das pessoas; as puxando pelos cabelos, atravessando suas espadas.  Hinata estava parada no meio do percurso, em choque. Ela olhara para os portões caídos ao chão e por eles passavam mais e mais pessoas, alguns com as mãos envoltas em chamas, todos em mantos totalmente pretos. Pessoas caídas feridas e, sem condições de reagir, eram executadas sem piedade por eles. Um homem de cabelos grisalhos e com uma foice enorme adentrara os portões com um sorriso demoníaco nos lábios. Hinata tremera de medo ao vê-lo.

No entanto, assim que avistara sua irmã, seu raciocínio começou a funcionar. Hanabi correu para detrás da casa, seguindo para o rio. O homem notara a menor correndo e foi atrás.

Automaticamente, o corpo de Hinata agira, pondo-se para correr. Ela precisava proteger sua irmã.

 Enquanto corria, sentiu seu braço sendo puxado para trás.

– Hinata. Pelos céus, você está bem? – o som daquela voz foi reconfortante.

– Neji... – ela abraçara com força seu irmão. – Eles estão atrás de Hanabi. – falou rapidamente, desvencilhando do abraço. Correndo na direção em que sua irmã correu.

Neji a seguiu, ambos corriam com todas as forças que podiam.

Hanabi estava bem, pregava essa mantra para si mesma enquanto corria. Ela protegeria sua irmã!

A imagem do rio foi ser formando, mas estava vazio. Ela parou de correr, olhando e analisando o ambiente. Neji parou atrás de si, com sua espada erguida. Ele não estava mais com as veias em volta de seus olhos, ela notara.

– Hanabi. – chamara. – Hanabi! – gritou mais forte. Ela deu alguns passos mais á frente, chamando-a. Sentiu seus olhos marejarem, mas não iria derramar uma lágrima, pois sabia que sua irmã estava bem.

Um barulho chamou a atenção deles, um barulho do matagal se mexendo à pouca distância.

– Hanabi? – chamou Hinata, dando um passo à frente.

– Hinata? – a menina aparecera se erguendo no meio do mato. Seu olhar era medroso.

– Graças! – suspiraram tranquilos tanto Hinata quanto Neji ao verem a irmã mais nova. Mas antes que Hanabi corresse até eles, os olhos de Hinata capturaram a imagem do exato momento que uma foice aparecera atrás de sua irmã, cortando a cabeça da menor, fazendo a cair separadamente do seu corpo, que caiu após alguns segundos, jorrando sangue.

O mundo parou; tudo parou para Hinata naquele momento. A única coisa que se mexia repetitivamente era o momento que a cabeça de sua irmã fora arrancada.

 

Eu vou te proteger. – Sussurrara para Hanabi, quando estavam deitadas sobre a grama, vendo as estrelas. A mais nova sorrira.

Você sempre me protege. Meus pesadelos passam quando você está comigo. – Foi o que a menor respondeu, ainda sorrindo. Ela também queria ter dito que seus pesadelos passavam quando estavam próximas.

 

Flashes passavam lentamente pelos seus olhos; Neji tomando sua frente. O corpo de Hanabi jogado ao chão, manchando a grama de vermelho.

O homem que matara sua irmã pegou a cabeça da mais nova. Seu sorriso era sádico, ele carregava uma foice em sua mão. Seu corpo parecia estar banhado com tinta negra, apenas seu rosto era pintado de branco com símbolo negro na testa. Seus pelos se arrepiaram. Suas mãos tremeram. Era o mesmo homem que ela vira adentrar os portões agora a pouco.

– Hinata! – alguém gritou seu nome. Mas ela não ligou, continuou encarando o homem.

Ela está bem, sussurrou para si mesma. Seu coração dava pontadas dolorosas, sua respiração estava falhando. Seus olhos foram se enchendo de lágrimas. Aquilo era o maior de seus pesadelos!

Ela tinha que acordar. Por favor! Sussurrou, fechando os olhos.

Ajoelhou-se na grama. Seu coração pulsava dolorosamente. Ela prometeu protegê-la.

– Hinata, você precisa sair daqui agora. – falou firme o moreno. Neji estava à frente da menor com a espada erguida. As veias de seus olhos voltaram.

O homem jogou a cabeça da caçula como se fosse apenas uma bola de papel. Sem importância alguma.

– Hinata, você precisa sair daqui, agora! – exasperou-se.

Uma trombeta ecoou alta e clara como se estivesse chamando alguém. 

Mas Hinata mantinha-se inconsciente de qualquer coisa.

– Anda, levante-se agora. – ele a puxou, a erguendo, a trazendo para a realidade.

– Neji, a Hanabi, ela... – pela primeira vez, ela deixou as lágrimas caírem.

– Corra, eu resolverei tudo. – falou Neji, que prendia o rosto da irmã entre as mãos, fazendo-a o encarar. – Corra o mais rápido que puder, assim que acabar irei atrás de você. Eles estão vindo para nos ajudar.  – ele beijou a testa dela, soltando as mãos em seguida, libertando-a.

– Eu...

– Corra! – ele a cortou, se virando e erguendo a espada, correndo em seguida para guerrilhar.

 E de repente um homem ruivo aparecera, logo atrás do outro homem. Algo brilhava em sua testa, era brilho na tonalidade vermelha e pequeno, como se fosse um símbolo que Hinata não conseguira identificar. O ruivo que antes controlava os monstros de areia se aproximava em passos lentos, com a face séria. Porém havia um sorriso brotando no canto de seus lábios.

Neji parou. Ele sabia quem eles eram.

Sabia que era o fim para si.

 

 

 

 

 

Corra! Não corra! Covarde! Fracassada! Medrosa! Sua consciência gritava dentro de si, enquanto ela se afastava desesperadamente entre a grama alta. Ela deixou seu irmão para trás, deixou Hanabi morrer. Volte! Ela queria voltar, mas estava com medo. A grama alta acabou mostrando o rio à frente, a parte que ficava perto do muro. Só tinha um jeito de sair por ali, sem ser pelo portão de saída. Ela teria que nadar; passando pela passagem que tinha mais à frente.

Olhou para trás. Neji, sussurrou, antes de jogar-se no rio.

 

Quando chegou à beira do rio, do outro lado do muro, respirava descompassada. Seu cabelo estava encharcado, seu vestido grudado em seu corpo. Ela estava na parte de trás da vila, a que foi menos atacada, mas ela via fumaça. Ela ficaria ali, esperando seu irmão, não parecia ser tão perigoso. Abraçou a si mesma, tentando conter o tremor de seu corpo.

Seus olhos rodeavam o ambiente, temerosos. Evitava pensar no que ocorreu com sua irmã. Um barulho a assustou e virou-se rapidamente. Talvez fosse o vento, pensou.

Será que seu pai estava bem? Imaginou como daria a notícia da morte de sua irmã. Agachou-se, encolhendo-se com frio. Isso vai passar, disse a si mesma. Neji logo apareceria para levá-la de volta.

Outra explosão, agora o muro de trás balançara como se fosse cair. Ela levantou-se, arregalando os olhos. O muro tremeu mais uma vez. E, em um piscar de olhos, o muro começou a desabar. Ela correu, enquanto pedaços de concreto caíam no rio e voavam à distância sobre a floresta. Ela correu o mais rápido que pôde. Cada vez mais adentrando a floresta, e a claridade diminuía.

Seus pés doíam. Pediam desesperados para que ela parasse. Mas ela continuava correndo, tão desesperada quanto os pedidos. A escuridão só aumentava seu medo. Lágrimas banhavam sua face, seu cabelo grudava em seu rosto, a franja atrapalhava sua visão, mas ela não podia parar. Seu coração batia descompassado, o frio percorria sua espinha. Mas ela não podia parar!

Cada mínimo barulho que ouvia, seu coração acelerava. O cansaço foi chegando, fazendo seus pés diminuírem automaticamente a corrida; o ar fazia falta em seu pulmão. Parecia que correra por horas, mas sabia que não. O barulho de explosão ficara a muito para trás.  Será que seu irmão estava bem?

O barulho de grilos e sapos era sua companhia naquela noite. O brilho da lua era fraco, pois a floresta era fechada. Sequer sabia onde estava pisando. Não seja medrosa, sussurrava. Seus pés agora pisavam com cuidado. Às vezes correndo, às vezes andando. O tempo não mais fazia sentido para Hinata enquanto ela avançava pelo bosque escuro. Passavam-se horas, mas também apenas segundos. A floresta parecia a mesma, independente da distância que percorria. Começou a se preocupar que estivesse andando em círculos, em pequenos círculos, mas continuou a andar. Tropeçou diversas vezes e, à medida que a floresta escurecia mais e mais, ela caíra muitas vezes também.

Por fim, Hinata deu uma topada em alguma coisa e caiu. Agora estava escuro, e ela não fazia ideia do que prendera seu pé. Rolou de lado, para conseguir respirar e se enroscou nas samambaias úmidas.

Enquanto estava deitada ali, teve a sensação de que se passou mais tempo do que ela percebeu. Não conseguia se lembrar de quanto tempo se passara desde o anoitecer. Será que ali era sempre tão escuro à noite? Fleshes do que acontecera na vila inundaram seus pensamentos. Lembrou-se das crianças caídas mortas, dos mais velhos tentando defender as que sobraram. Jurava ter visto pessoas controlando o fogo e até a água. Lembrou-se de sua irmã, do olhar aliviado que ela deu quando Neji e ela a encontraram, mas logo após, em questão de segundos, tudo estava acabado. A dor se apossou do seu pequeno corpo, como se ele estivesse em pedaços e Hinata trouxe suas pernas de encontro ao peito enquanto tentava colar seus caquinhos. Ela olhara para o céu e vira a lua brilhar, iluminando sua face através das frestas das árvores.

Depois de um tempo, a chuva a acordou. Não percebera que havia dormido, talvez só tenha se perdido em meio aos pensamentos. A chuva a incomodava um pouco. Era fria. Soltou os braços que envolviam suas pernas para tapar seu rosto.

De repente se lembrou do que seu irmão falara. Assim que acabar irei atrás de você. Ele deveria estar à sua procura. Sim, era isso. E com esse pensamento como estímulo, Hinata levantou-se com um pulo. Suas pernas estavam trêmulas, mas ela ignorou esse fato e seguiu pelo caminho que a levara ali, correndo o mais rápido que conseguia. Ela não fazia ideia de onde estava indo, desconfiava de que estava perdida, mas algo dentro dela sussurrava onde deveria ir. A chuva caía, a encharcando. O vento era forte contra seu rosto. Estava cansada e fraca, mas nada a fazia parar.

Estava amanhecendo.

Sua franja teimava em grudar em sua testa, deixando-a agoniada. Sentia seu corpo todo pegajoso. Olhou para seu vestido, que outrora fora bege e agora estava imundo. Sentia sua cabeça pulsar. Mesmo tendo adormecido, sentia-se cansada, como se tivesse passado a noite acordada.

Seu irmão devia estar atrás dela. Olhou em volta, mas só tinham árvores. Precisava encontrar o rio. A cantoria dos pássaros começou, lembrando-a que já estava amanhecendo. Mas o sol não saíra, o céu estava nublado.

O barulho de água aguçou seu sentido. Sorriu, feliz. Ela estava próxima do rio, e correu. Ao chegar à beira, notou que os muros de trás da vila estavam caídos. Não ele todo; algumas partes sobreviveram. Analisando sua localização, ela teria que andar mais um pouco até conseguir entrar na vila.

 

 

 

 

 

Quando ela conseguiu atravessar os escombros dos muros em meio à chuva, seu coração parou. Haviam sinais de fogo e batalha por todos os lados. As cabanas estavam totalmente incineradas. Haviam corpos em todos os lugares, tanto de crianças como de adultos. Não. Foi a primeira coisa que ela conseguiu pensar. Aquilo não podia estar acontecendo. Fechou os olhos e respirou fundo, tentando se acalmar. Precisava encontrar Neji. Ele disse que a encontraria, ele nunca mentia para ela.

Andou e andou por toda a vila o procurando em meio aos corpos. Haviam rostos conhecidos dentre eles, e ela se sentia culpada por ficar aliviada quando via que nenhum corpo era de seu pai ou irmão. Hinata estava desesperada. Por que isso tinha que acontecer? Chegou à entrada da vila e ficou paralisada com o que via.

Acima dos muros estavam, em estacas, as cabeças dos anciões da vila, como se fosse algum tipo de aviso. Levou a mão à boca quando avistara a cabeça do seu pai em meio às outras. O desespero tomou conta de si, ela não tinha reação, não poderia ser. Primeiro Hanabi e agora seu pai. A chuva caía forte sobre sua cabeça enquanto ela caía de joelhos, levando as mãos à cabeça em um sinal de incredulidade. Sua respiração faltou, a dor triplicou em seu peito. Em meio aos devaneios ela se lembrou de uma das últimas coisas que Neji falara. Eles estão vindo para nos ajudar. Ele falou, logo após as trombetas soarem, com tanta convicção que ela acreditara. Mas ninguém havia vindo. Todos estavam mortos.

                Sentia a lama abaixo de seus joelhos, depois sob suas palmas, e em seguida, comprimida sobre a pele do seu rosto. Esperava estar desmaiando, mas para sua decepção, não perdeu a consciência tão rapidamente. As ondas de dor que a haviam assaltado pouco antes se erguiam, agora com força e inundaram sua cabeça, puxando-a para baixo. E então ouviu outro som sem ser o da chuva.

                Antes que a escuridão a alcançasse, a última coisa que ela escutou fora um uivo de um lobo ecoar por toda floresta à distância em meio à chuva.


Notas Finais


Tivemos uma breve aparição do nosso querido Gaara e Hidan. Bom, esperamos que tenham gostado.
Se tiverem duvidas comentem que tentaremos esclarecer. Qualquer tipo de comentário será muito bem vindo.
Obrigado por lerem e até o próximo capítulo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...