Estou procurando por algo que eu não consigo alcançar.
Quando Park Jimin começou o último ano do Ensino Médio, ele já sabia como praticamente tudo funcionava. Ele só tinha que ficar quieto, não chamar atenção de ninguém perigoso e sairia dali com sua autoestima pequena ainda viva e com seu corpo pequeno e macio ainda intacto. Ele tinha notas boas, mas não perfeitas, tinha uma aparência comum, sem tirar nem pôr e tinha alguns, poucos amigos (colegas), que ele conseguia contar com as duas mãos. Mas estava tudo bem, ele só precisava aguentar mais um ano e estaria livre para ir para um lugar que ninguém parecia ligar muito para o que você fazia: faculdade.
No entanto, nem tudo são flores e a sorte não gostava muito de sorrir, especialmente para o pobre Park Jimin. Por isso, então, que Kim Taehyung apareceu em sua vida, como o demônio em vestes de anjo, com seu rosto lindo, sorriso brilhante, comportamento charmoso…
“Ei, Jimin, poderia fazer esse favor pra mim?” Tae disse e o menor assentiu afoitamente. Desde que Taehyung fora transferido, Jimin foi acometido com a vontade de agradá-lo, de ser amigo dele. Era diferente das outras pessoas, Tae era simplesmente mais brilhante que todo mundo.
“Claro, pode pedir.” Então, ele acabava por dizer “sim” a todos os pedidos de Tae.
“Você fez a prova de matemática, né? Eu soube que o professor repete as provas, então você lembra do que ele passou?” Jimin parou para pensar por alguns segundos.
“Na verdade, sim.” O sorriso que o outro dera lhe tirou o ar por alguns segundos e antes que ele pudesse se recuperar, Tae envolveu uma de suas mãos pequenas com suas duas mãos enormes. “O q-que foi?”
“Eu te imploro, por favor me ajuda. Eu não sei como nenhuma dessas merdas funciona e eu só quero me formar…”
O coração de Jimin derreteu. Tinha algo de triste no rapaz, algo de gentil, algo que fez com que ele sentisse ainda mais vontade de agradar do que o normal. Ele se conhecia, sabia que era exatamente assim - legal com todo mundo, mesmo no seu cantinho afastado do mundo. Uma alma boa demais, sua mãe dizia, mas ele não conseguia resistir a Kim Taehyung naquele momento. O outro ainda segurava a sua mão e ele a puxou, o rosto em brasa e com a sensação de que seu rosto poderia ter se tornado um tomate.
"Eu te ajudo, não tem problema." Jimin sorriu. "Eu tenho memória fotográfica, consigo escrever as perguntas certas se eu tiver tempo." Ele arrancou uma folha do caderno, rabiscando alguns números e seu nome, junto com uma carinha feliz. "Eu posso te ensinar como resolver as questões também. Aqui tem o meu celular, pra você me mandar mensagem dizendo quando."
Ele não sabia de onde veio aquela confiança toda, mas ele não estava reclamando. Jimin era terrível com iniciativa, com liderança e ver o olhar de Taehyung focar-se nele, só nele, lhe trazia uma espécie de confiança. Era como olhar no espelho e se sentir bonito num dia bom. Era como tomar sol depois de uma semana de chuva em casa. Taehyung fazia ele se sentir estranho, esperançoso.
"Sério?" O outro pegou o papel, guardando com cuidado dentro do casaco largo. Tae sempre usava roupas mais largas que seu corpo magro, fazendo com que ele parecesse ainda mais ossudo. No entanto, ele ainda era bem mais largo que Jimin, que usava roupas do tamanho certo - tirando suéteres, porque quanto maiores, melhor. "Eu vou te mandar mensagem mais tarde então! Você é o melhor, Jiminie."
E, desse jeito, o maior saiu saltitando, voltando para o seu lugar do outro lado da sala. Jiminie. As ondas sonoras que foram produzidas pelo apelido ficaram ricocheteando entre os espaços em sua cabeça, entre os pensamentos transmitidos pelos neurônios, por horas e horas. Jimin estava em casa, fazendo as tarefas da escola, mas ele não conseguia parar de pensar em Kim Taehyung. Ele desistiu da lição de inglês, deitando a cabeça sobre o dicionário, respirando fundo. Mal ele teve tempo de pensar naquilo - Jiminie - de novo, quando seu celular começou a tremer, uma música chiclete de um grupo feminino de kpop ressoando pelo local.
Número Desconhecido
Jiminie?
Jimin mal teve tempo de responder, o aparelho vibrando em sua mão rapidamente assim que ele abriu as mensagens, a música começando e recomeçando várias vezes. Ele aproveitou então para salvar o número com o nome da pessoa que obviamente estava impaciente.
Taehyung
Aqui é o Taehyung, da sua sala
Olha
Eu queria perguntar sobre a prova
Você acha que podia me ensinar
Tipo, tudo?
Eu posso ter dormido demais
Nas aulas ao invés de em casa
Jiminie?
Jimin
Oi, Taehyung
Sim, eu posso
Você quer ficar depois das aulas pra isso?
Eu estou livre quase todo dia
Taehyung
Sim, sim
Quando você puder
Eu estou ao seu serviço
Obrigado, Jiminie
Você é meu favorito
Jimin
Que tal essa quinta?
Depois da aula, no pátio
Até lá eu devo ter rascunhado as questões
Taehyung
Perfeito
Marcado
Guarde essa data
Serei seu melhor aluno
Jimin
Você vai ser o primeiro
Taehyung
Ainda assim
O melhor
Jimin riu, deixando o celular cair na mesa de novo. Ele passou a semana inteira nisso, a cabeça no céu, como se fosse um encontro e não pagando de tutor para a sua paixonite. Obviamente, ele conseguiu escrever todas as questões, com toda a precisão que ele detinha. Ele também as resolveu, com as respostas corretas, para demonstrar o desenvolvimento. Ele resolveria as questões junto do outro e eles poderiam fazer algo depois, tipo tomar milkshake no caminho da estação de metrô, ou dividir um chá de bolhas na cafeteria do outro lado da rua da escola.
Na quinta-feira, ele não comprou nenhum lanche. Jimin guardou o pouco dinheiro para comprar alguma coisa para ele e para Tae comerem depois de estudar. Ele tinha tudo o que estava escrito em uma pasta azul em sua mochila e mandou mensagem na noite anterior para confirmar com Taehyung. Ele acabou voando a aula inteira e acabando o dia com o caderno cheio e a mente vazia. Ele recuperaria tudo depois, quando ele tivesse paciência.
Quando o sinal do fim da aula tocou, ele praticamente voou para fora da sala. Taehyung ainda estava lá dentro, mas Jimin queria mesmo era ver se o lugar que ele queria estava vago. Ele soltou um suspiro de alívio ao ver que sim, a mesa à sombra da grande cerejeira que havia no pátio da escola. Abril era a melhor época para aproveitar aquela sombra e apreciar a beleza das flores também. Era uma mesa de pedra, uma das seis que haviam no pátio. O menor do dois limpou o espaço e abriu a mochila, tirando a pasta, caderno e o restante dos materiais. Taehyung não demorou a chegar, agarrado na sua mochila azul celeste. Era uma cor bem chamativa para uma mochila, mas parecia combinar com ele.
"Pronto para um passeio no maravilhoso mundo da matemática?" O mais velho riu e Tae fez uma careta de desgosto, o que aumentou a intensidade de sua risada.
"Nunca estarei. Espero que você faça com que ele seja menos doloroso." A fala do outro fez com que Jimin parasse de rir devagar, o riso morrendo em seus lábios. Para evitar que o ar se tornasse desconfortável, ele pegou a folha com as perguntas e abriu uma folha branca no caderno.
"Vamos começar com o desenvolvimento da número 1, então." Jimin começou a rascunhar. "Essa é a matéria do primeiro bimestre, funções polinomiais. As duas primeiras questões são disso."
"E eu achando que esses demônios nunca mais voltariam pra me assombrar." Taehyung fez uma careta dramática, trazendo um sorriso pro rosto do tutor. "Vamos lá, senhor Park, faça seu melhor."
"Quando chegarmos no final, que tal um chá de bolhas? Pense nisso como um incentivo." O menor ofereceu e o outro assentiu, empolgado.
Depois de um tempo, eles decidiram que já tinha sido suficiente. Até a cabeça de Jimin doía por causa de tantos números e eles foram para cafeteria. Chegaram até a questão 7 de 13, então terminariam o resto na semana seguinte. A prova seria na próxima quinta e o menor tinha quase certeza de que Taehyung estaria pronto. Ele não demorou muito para pegar o jeito, resolvendo as questões sobre números complexos sem ajuda depois de ter sido guiado na primeira. Assim que eles chegaram, Tae pediu seu chá preto com leite e Jimin pediu chá de oolong com creme de sal marinho.
"Deixa que eu pago pra gente. Pra agradecer a sua ajuda e tudo mais." Taehyung disse, pagando a caixa e pegando o pedido dos dois. "Vamos andando até a estação, Jiminie."
Eles acabaram tomando o chá todo e ficando mais meia hora conversando, deixando alguns trens passarem, tanto que eles estavam se divertindo. Com a promessa de se falarem mais tarde, os jovens se separaram, mas não antes de Tae dar um abraço apertado no menor, enchendo-o de agradecimentos. No trem pra casa, enquanto ele via as estações passarem e ouvia uma música aleatória no rádio, ele não podia parar de pensar em Taehyung sorrindo quando acertava uma questão, com as bochechas cheias enquanto ele tomava chá e notou que estava mais ferrado do que esperava.
***
“Jiminie, relaxa. É só uma festa.” Taehyung disse, segurando o amigo que já pensava em fugir do lugar.
O menor estava se perguntando como Tae o convencera, mas lembrou que ele era fraquíssimo pelo charminho que o outro fazia. Era a festa de uma menina da outra classe e ela tinha uma grana considerável pra fazer uma festa enorme e com bastante bebida. Taehyung praticamente o arrumou e o escoltou até o lugar, dizendo que era uma ótima oportunidade para Jimin fazer mais amigos e talvez conhecer os seus futuros veteranos, já que alguns universitários estariam lá.
Ele ainda não sabia como recusar nada para o mais novo, especialmente quando ele lhe dava aquele olhar de cachorrinho que caiu da mudança. Ele mexia com os botões da camisa que usava, olhando enquanto Taehyung falava com várias pessoas e apresentava-o para elas. Jimin, mesmo com boa memória, não lembraria o nome de todo mundo no dia seguinte. No entanto, quando Tae sorria para ele, segurando-o pelo braço e o conduzindo pela massa de pessoas, parecia valer a pena. Em certo ponto da noite, o menor achou um sofá confortável e uma boa companhia para conversar sobre a Universidade de Seul, a que ele queria ingressar.
"Ei, Jiminie!" Taehyung reapareceu, sorridente. Ele trouxe um copo de algo para Jimin, que aceitou por estar cheio de sede. "Não beba muitos desse, tá? São doces, mas cheios de álcool."
“Ah, obrigado pelo aviso. Você também, não quero te carregar até em casa.” O menor brincou, recebendo uma risada em resposta.
“Sou bom com bebida, mas tudo bem, mãe. Você quer arriscar a pista de dança um pouco?”
Jimin pensou por alguns segundos e deu de ombros, se levantando. Ele podia lidar com mais um pouco de vergonha e talvez fosse até divertido dançar com Tae. Os dois foram para um lugar mais cheio e mais escuro, mas dava para ouvir a música melhor do que onde eles estavam antes. O maior o manteve perto, as mãos indo do braços de Jimin para seu quadril, fazendo o coitado ficar vermelho. Depois de meses andando com Taehyung, ele achava que já tinha superado sua paixonite, mas não. Ele tentou não prestar atenção na aparência do maior, mas agora era tudo que ele podia pensar: Tae sempre estava maravilhoso, mas naquela noite, ele estava de matar.
Jimin moveu-se com a batida, mordendo os lábios e focando seu olhar em tudo, menos na pessoa que parecia estar focada em conduzi-lo. Quando ele levantou os olhos para seu parceiro de dança, não foi capaz de reconhecer a escuridão em seu olhar, o foco dele em como o corpo de Jimin se movia. Então, os olhos do maior obviamente focaram nos lábios macios dele, puxando-o para fora da pista de dança, em direção aos fundos da casa. Jimin estava confuso, mas o sentimento não durou muito tempo, já que Tae decidiu tomar seus lábios em um beijo faminto, diferente de qualquer outro que ele já tinha recebido, mas ele não reclamava. O outro o segurava tão firme, atitude um pouco desnecessária. Jimin não queria escapar, ele só queria… Chegar perto, cada vez mais perto. Talvez na semana passada, antes de eles irem pra festa, a semana que Tae tinha ficado um pouco distante, tivesse sido isso. O menor decidiu não se importar, não enquanto o outro estivesse beijando-o, os lábios se moldando, a língua passeando pela sua boca.
Eles continuaram a se beijar, Jimin sendo prensado contra a parede mais próxima, braços ao redor do pescoço do maior, querendo mais proximidade, mais calor. Ele nunca se sentiu tão necessitado, querendo levar Tae para algum lugar vazio e se roçar contra ele até que a vontade passasse. Quando ele partiu o beijo e olhou para o outro, estava claro que ele queria o mesmo, porém, apareceram mais pessoas nos fundos e eles tiveram que sair, Jimin ainda meio vermelho e sorridente. A noite não teve mais eventos e, quando o menor chegou em casa, ele só podia pensar naquilo.
***
Tinha algo de muito estranho naquilo tudo. Jimin esperava, talvez um pouco infantilmente, que aquele beijo fosse acabar com aquela vibe estranha que estava começando a se infiltrar no meio dos dois, mas não. Tae não lhe mandou mensagem no fim de semana que seguiu a festa e parecia não ter lido as que ele mandou. Durante a noite, ele observou a mensagem pela centésima vez, vendo o símbolo de lida aparecer, mas nada mudou. Era apenas um simples "eu fiz alguma coisa?" e isso fez o coração do menor apertar.
Talvez fosse algum problema, talvez Tae tivesse sido assaltado. Várias coisas podiam explicar aquela indiferença, aquele silêncio e Jimin compreenderia todas. Mas, no fundo de sua mente, havia uma possibilidade dolorosa que ele não queria nem colocar para fora. O menor apenas balançou a cabeça, pensando que era melhor voltar a dormir e conversar com o outro quando eles se vissem na sala de aula no dia seguinte.
Mas não foi o que aconteceu.
Jimin sentou no mesmo lugar de sempre e esperou Taehyung sentar-se do seu lado, o que virara rotina nesse tempo que eles passaram juntos. A sala foi enchendo e alguém sentou no lugar que Taehyung ficaria. O menor era tímido demais para pedir para pessoa se retirar então ficou quieto, olhando a volta esperando o outro chegar. Assim que o sinal bateu, pouco antes do professor chegar, o maior dos dois entrou correndo na sala, sentando-se na cadeira perto da porta, bem longe da cadeira do canto onde o menor estava.
Talvez fosse só o atraso, talvez não. Taehyung nem lhe dignara um olhar de onde estava, focando no quadro-negro, falando com seus colegas na frente, sendo chamado atenção pelos professores. Algo como traição ameaçou subir pelo seu corpo e sair na forma de lágrimas e todas as conclusões que Jimin não quisera tirar antes começaram a se tornarem grandes demais para ignorar. Ele tremia, focando seu olhar no caderno, sua mente nas palavras que o professor dizia. Ele não ia chorar na escola, não ia mesmo.
Infelizmente, ele não conseguiu evitar.
Na hora do almoço, quando Tae fugira para fora da sala, Jimin sentiu seu corpo levando-o inconscientemente para o banheiro, onde ele chorou silenciosamente pelo que pareceu uma eternidade, os olhos inchados. Do lado de fora, ao mesmo tempo que ele tentava se recompor, ele ouviu um casal se beijando. Meio trêmulo, ele mandou uma mensagem para o outro e ouviu um toque de mensagem próximo, do lado de fora do banheiro.
"Tae, você não vai responder?" Uma voz feminina, meio sem ar, disse e Taehyung apenas riu. Jimin acabou deixando o celular cair de sua mão, com sorte, não rachando nada.
"Não é ninguém importante. Só um nerd que faz meu dever de casa." Ouvir aquilo só confirmou as suspeitas do menor, que saiu do banheiro, observando o casal levemente chocado com sua aparição repentina. Taehyung tinha uma expressão esquisita no rosto e Jimin riu de desgosto, o som assustando a garota agarrada no braço do maior.
"Oi, novo caso do Taehyung, eu sou o nerd que fazia o dever de casa dele. Até nunca mais." Tae não tentou impedi-lo, nem se explicar.
O menor convenceu o professor de que seu nariz vermelho era por causa de um resfriado, com a permissão dos pais de Jimin, o mesmo conseguiu ser liberado. Ele voltou para casa, sentindo um misto de resignação e receio, sabendo que iria chorar muito mais e que teria que ver o outro pelos próximos dois meses. E, além disso, ele não sabia se teria força de vontade o suficiente para recusar o outro, não importava o quão babaca ele fora. Droga, ele nem sabia se ia conseguir não mandar mensagem sobre a sua rotina diária, contando sobre seus pais e sobre o que comera no dia. O que doía mais que ter seu coração partido, não era perder Taehyung, era perder a única certeza, a única coisa que ele construíra nesses três anos na escola, era perder toda aquela sensação boa de felicidade, de comodidade.
Era perder o seu primeiro amigo.
***
Demoraram 5 anos, mas ele conseguiu. Finalmente, ele entregou seu trabalho de conclusão de curso e recebeu sua nota. O lugar onde ele estagiara nos seus últimos seis meses antes da colação de grau o efetivou e ele conseguiu dar entrada no seu apartamento e iria começar a mobiliar-lo. Ele estava vivendo o sonho de qualquer pessoa - se tornando bem sucedido ou, pelo menos, tendo sua vida no lugar após a universidade. Ele considerou continuar estudando depois que tudo estivesse estável no seu emprego, para que sua mente continuasse fresca. Estudar virou quase um vício depois que ele entrou na universidade.
Park Jimin, advogado em uma empresa grande, 23 anos, permaneceria para casa dos pais por um tempo enquanto a sua própria não estava funcional ainda. Depois que a geladeira, máquina de lavar e fogão estivessem comprados e no apartamento, ele poderia ir embora. Mas, por enquanto, ele poderia aproveitar o ensopado de kimchi caseiro de sua mãe, além da sopa de algas e do arroz. Jimin nunca poderia reclamar de comida, especialmente quando era a da sua mãe.
Os Park estavam felizes em tê-lo ali, especialmente considerando o seu sucesso profissional. Seu irmãozinho estava na faculdade e faltavam mais três anos para que ele se formasse. Ele decidira fazer medicina e Jimin, como o bom irmão que era, o ajudou na época a estudar para entrar na faculdade que ele queria. Eles eram uma família unida e feliz e seus pais tinham um grande orgulho de seus dois filhos esforçados.
"Jimin, poderia colocar a mesa?" Sua mãe pediu e ele assentiu, colocando as coisas na mesa e sentindo a boca salivar ao ver a comida. Jihyun estava na sala conversando com seu pai e os dois vieram para mesa, enchendo os pratos de arroz e indo até a mesa.
"Filho, recebemos no correio um convite para a reunião de 5 anos da sua turma do ensino médio." Seu pai comentou, enquanto colocava pra dentro um pouco de arroz e depois kimchi. Jimin tossiu não muito sutilmente, porque fora relembrado de seu último ano do ensino médio e de uma pessoa muito ruim.
“Jiminie”, Kim Taehyung diria, “quanto tempo”.
"Cê tá bem, hyung?" Jihyun deu tapinhas nas costas do irmão mais velho, as sobrancelhas franzidas. Jimin apenas assentiu, tomando um pouco de água.
"Tô sim, só engoli rápido demais." Ele apoiou o cotovelo na mesa, fingindo um olhar desinteressado para os pais. "Mas já? Pensei que eles esperariam dez anos ao invés de cinco."
"É estranho, mas sim. Eles querem se reunir na lanchonete na frente do seu colégio, na semana que vem." Sua mãe disse, colocando mais água para ele. "Você devia ir, falar oi para alguns colegas, quem sabe arranjar alguém?"
Seus pais, embora felizes com seu sucesso profissionais, estavam começando o discurso do "você precisa arranjar uma família". Ele ficara com algumas meninas durante a faculdade, mas nenhuma por tempo suficiente para apresentar aos pais. Logo eles começariam a tentar colocá-lo em encontros às cegas e ele não estava pronto. Jimin apenas assentiu para a sugestão da mãe, continuando a comer e pensando no assunto. Talvez fosse hora de terminar realmente com o que restara de Taehyung dentro dele, afinal. Era hora de seguir em frente.
Por isso ele estava na frente da lanchonete na semana seguinte, vestindo uma roupa casual. Pelo que ele soube, vários colegas dele haviam confirmado. Ao entrar na lanchonete, ele viu vários rostos familiares, cumprimentando todos gentilmente e trocando cartões de visita, mesmo que Jimin não estivesse pensando em manter contato. A maioria ficava impressionada com a sua escolha de carreira e ele sorriu, sentindo-se orgulhoso de ter crescido.
Seu sorriso morreu em seus lábios, entretanto, quando um certo Kim Taehyung entrou no espaço, cumprimentando os colegas com naturalidade. Ele continuava bonito, o maxilar agora ainda mais definido, porém ainda mantinha o mesmo charme meio preguiçoso de quando eram mais novos. Foram cinco anos, mas era como se ele tivesse sido catapultado para o dia que os dois compraram chá de bolhas. E, em apenas uma piscada, ele lembrou que não, aquele era Kim Taehyung, o homem que partiu seu coração inocente cinco anos atrás.
No entanto, o outro pareceu ficar tímido quando o viu ali. Jimin sabia que ele estava diferente, bem mais magro e bem mais forte do que era quando novo. O menor apenas sorriu para ele, acenando com a cabeça. Ele tentou lembrar de como era sentir alguma coisa pelo outro, mas, felizmente, ele não conseguia. O bom do tempo é que ele havia costurado o buraco que o outro deixou, cobrindo com mais e mais compromissos e experiências e pessoas e rotinas.
"Boa noite, Jimin." Tae disse, quando sentou-se no lugar ao lado dele. "Como vai a vida?" Jimin passou a mão pelo cabelo do jeito que sempre fazia quando estava um pouco nervoso. Taehyung não pareceu entender o que o gesto significava, apenas admirou o rosto do outro.
"Não vai me chamar de Jiminie?" Ele brincou, rindo um pouco agudo demais. "Eu vou bem, estou ficando aqui por alguns meses até minha casa estar completa. E você?"
"Ainda morando com meus pais. Tô numa vibe um pouco melhor agora, comecei a trabalhar como gerente numa loja de CDs no centro de Seul." Tae agora sorria um pouco mais abertamente, o corpo pendendo um pouco mais para Jimin, sua atenção focada no menor. "Com o que você está trabalhando, Jiminie?"
"Direito corporativo. Me formei no começo desse ano e estou trabalhando desde então. Universidade de Seul." O garçom passou pela mesa, anotando os pedidos individuais de cada pessoa e chegou até o menor. "Eu gostaria de um chá de bolhas preto com leite e chantilly."
"Eu quero o mesmo que ele." Taehyung falou para o garçom, que anotou os pedidos rapidamente e foi até a cozinha. "E, uau, você sempre foi brilhante, não é mesmo?"
"Não sei..." Falsa modéstia era uma boa política e ele tentava não notar o quão cara de pau o outro estava sendo a flertar.
"Devíamos sair algum dia desses, que tal?" E, então, Jimin decidiu seguir o script e ir concordando com o que o outro queria. Ele retribuiu os toques sútis, virou-se na direção do outro, riu de suas piadas, olhou em seus olhos por mais tempo do que necessário.
Não demorou muito até que a noite os levasse até outros lugares. Primeiro, Jimin encontrou-se prensado contra a parede dos fundos da lanchonete. Ele tinha seus braços ao redor do pescoço do maior, que parecia querer fundir as bocas dos dois. As mãos de Taehyung pareciam perdidas em um playground particular e seu corpo parecia uma fornalha, aquecendo o menor naquela noite fria. Logo o outro parecia querer tirar suas roupas e o plano de ação foi arranjar um táxi para os dois, preferencialmente levando para o motel mais próximo.
"Jiminie..." Tae gemeu contra os lábios de Jimin, agora que eles estavam na cama, sem roupas, membros roçando um contra o outro. O menor tentava lembrar como chegaram lá, mas seu cérebro não conseguia acompanhar, sua boca e corpo trabalhando mais rápido e eficientemente.
"Ta-Taehyung..." Era difícil se manter composto, especialmente com o jeito que o outro mexia os quadris em resposta às investidas dele. Jimin segurou as mãos do maior acima de sua cabeça, a outra mão segurando o quadril do outro, controlando o ritmo. Cada centímetro de contato, cada gemido, fazia com que ele perdesse o controle, o calor ameaçando fazê-lo explodir.
Ele deixou sua mão escorregar do quadril para os dois membros, segurando-os com dificuldade em sua mão pequena. Com o polegar, ele fez uma ligeira pressão sobre a cabeça da ereção do outro, seus lábios escorregando para o pescoço de Taehyung. Ele deixou as mãos do outro livres para passear e Tae decidiu apertar o traseiro do menor e puxá-lo de volta para seus lábios. Não demorou muito para que os dois começassem a se mover desesperadamente um contra o outro e Jimin não conseguiu evitar seu orgasmo e nem o de Taehyung, que suspirou cansadamente depois que acabou.
Jimin não imaginava que o outro seria uma pessoa carente pós-sexo, mas ele era. Quando ele rolou para seu lado da cama, Tae se agarrou ao seu braço, como se fosse um ursinho. O menor apenas observou o outro, esperando até que ele caísse no sono para se soltar. Ele se vestiu rapidamente, rabiscando algumas palavras em um papel e deixando-o na cabeceira da cama. Pagou o hotel e pegou um táxi para casa, chegando um pouco depois da meia-noite. De certa forma, ele foi dormir bem e, pela primeira vez, não tinha que se preocupar com mais nada.
Quando Taehyung acordou, ele estava tão frio. Mesmo enrolado na coberta, não havia nenhum corpo humano na cama para esquentá-lo, apenas o vazio. Ele bocejou, tentando ignorar a sensação estranha de pesar que começou a lhe consumir. Depois de uma chuveirada rápida, ele se sentiu um pouco melhor e pensou se deveria procurar Jimin, quando ele viu o bilhete na mesinha de cabeceira.
"Taehyung,
eu acho melhor reiterar o que já foi dito algum tempo atrás, para que você não tenha falsas esperanças, então.... Adeus.
Atenciosamente,
o nerd que fazia seu dever de casa."
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