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História Fantasmas do Passado - Fran faz 5


Escrita por: anasanti10

Notas do Autor


Preparadas para saber qual é a do Solano?

Capítulo 13 - Fran faz 5


Paola estava semi feliz de novo. Não diria plenamente feliz; era difícil chegar em tal estado quando seu ex estava em sua cola, a ameaçando, e o homem que ela amava não queria falar com ela. Mas, para os padrões dos últimos meses, poderia considerar aquilo como um avanço. 

    Não chorava há alguns dias. Talvez isso se devesse ao fato de já ter esgotado suas lágrimas. Quando parava para pensar, tinha esgotado a cota de anos naqueles poucos meses. No entanto, preferia pensar que era porque havia retomado as rédeas de sua vida. Não estar mais com Fogaça, por mais que lhe causasse dor, também retirava de sua cabeça a ameaça de Solano de tirar Francesca. Afinal, tudo estava exatamente como ele queria; nenhum outro homem convivendo com a menina. À seu ver, tudo estaria perfeitamente bem até ela arranjar um outro namorado, e Deus sabia que ela não planejava que isso acontecesse tão cedo. 

    O relacionamento com sua filha também tinha melhorado. A primeira tentativa de Paola havia sido dar uma bronca nela; explicar que a relação ali era de mãe e filha, e não de amigas. Dessa forma, a mais velha poderia sim tomar as decisões por elas duas, e era o que faria até que Francesca fosse maior de idade. É claro que essa tática não funcionou. Quando as crianças estão bravas - sobre horas de dormir, desentendimentos na escola ou simples pirraça - o bom e velho discurso materno em uma voz um tanto mais elevada serve muito bem. Quando se trata de mágoa, no entanto, os pequenos sentem tanto quanto os adultos. Afinal, almas tristes são almas tristes, em corpos grandes ou pequenos. Nem todos os gritos do mundo curam um coração ferido, e todos sabem disso. Dessa forma, o que fez a paz reinar no apartamento das Carosella novamente foi o que, felizmente, costuma ter justamente esse efeito, seja qual for a dor envolvida: o tempo. As semanas se passaram, o aniversário da pequena foi chegando e, com a expectativa de comemorá-lo ao lado de suas tias da Argentina, dos amigos da escola e, principalmente, de Fogaça, todos ao mesmo tempo no mesmo lugar, a dor do dia dos pais foi passando. O evento foi substituído por um evento maior ainda; afinal, não existe nada maior do que o aniversário de uma criança no coração da própria. 

    Paola, como sempre, se ocupou da cozinha para manter sua cabeça no lugar. Fez três sabores de bolo diferentes, pois sabia como convidados mirins podem ser exigentes. Preparou chás gelados e coloridos, batidas que passariam fácil como milkshake para uma criança distraída demais com brincadeiras, biscoitos saudáveis e, ao mesmo tempo, deliciosos. Passou dias pintando cartazes e recortando as letras do nome da filha, sabendo que estava, internamente, tentando se redimir pela festa anterior. Os familiares argentinos chegaram alguns dias antes, sendo de grande ajuda para as preparações finais. 

    Quando o dia chegou, o nervoso recorrente invadiu o coração da chef argentina. Novamente, teria Solano e Fogaça no mesmo ambiente. Além disso, teria uma tarde inteira de demonstrações de afeto de Francesca para com o antigo padrasto, o que poderia despertar a ira de seu pai. Quem entrava no apartamento decorado com balões coloridos naquela manhã de domingo ensolarado, escutava a música alegre que entoava no ambiente e sentia o cheiro das delícias que passavam, em bandejas, pelas mãos apressadas das tias, não imaginava a quantidade de coisas que poderiam dar errado. Mas Paola imaginava. Cada uma delas. 

    A primeira pessoa a chegar foi Ana Paula. A apresentadora, exagerada como sempre, trouxe consigo uma sacola maior do que ela própria, com diversos livros e jogos infantis dentro. Quando Paola reclamou da extravagância, a menor apenas sorriu, nem um pouco culpada por mimar sua princesa loira. Francesca cumprimentou a tia postiça com a mesma animação que cumprimentaria os amiguinhos da escola, quando chegassem. Pulou no colo da mesma e, em seguida, puxou-a por todo o apartamento, mostrando toda a decoração que tinha ajudado a família a fazer. 

    O pai da menina chegou justo na hora em que ela estava ocupada com Ana Paula. Paola abriu a porta, apreensiva, lembrando do outro domingo em que ele estivera na casa dela, e que Fogaça estava lá para segurar em seu ombro e fazê-la se sentir melhor. Não era o caso, naquele dia. 

    - Paolita - O argentino cumprimentou, inclinando-se para beijá-la na face. Paola desviou o rosto com tanta rapidez que se desequilibrou um pouco, pisando atrás de si com força para se manter em pé. O barulho de seu sapato no piso foi o suficiente para chamar a atenção de suas tias, que olharam furtivamente para a porta. Com uma pontada de felicidade, Paola soube que, pelo resto do dia, Solano teria dificuldade em conseguir pegar comida de alguma bandeja que passasse. 

    - Você veio - Ela atestou o óbvio, não sabendo se estava decepcionada ou feliz. Sua filha merecia uma celebração completa, apesar de tudo. 

    - Claro que vim - Ele avançou para dentro do apartamento, passando os olhos pelos arredores. Não demonstrou nenhuma mudança de expressão, o que fez Paola querer vomitar. Qualquer pai que visse uma casa decorada com o nome de sua filha, balões com o formato da idade que ela completava e desenhos claramente feitos por ela mostraria o mínimo de emoção. Mas não Solano. 

    - Pode deixar isso naquela mesa de canto - Paola apontou para o aparador de sua sala, que já estava preparado para receber os presentes. Imaginou se Solano iria querer dar o pacote ele mesmo. 

    É claro que não. O homem jogou-o de qualquer jeito onde Paola havia indicado e se sentou em uma das poltronas, sacando do bolso seu smartphone. Em cinco minutos, já estava completamente fora de órbita, focado apenas no que digitava. Paola, novamente, sentiu nojo. Ele nem ao menos tinha procurado Francesca para lhe dar os parabéns. 

    A campainha tocou mais algumas vezes, revelando crianças animadas, pais aliviados pelo domingo de folga e algumas poucas babás, que a dona da casa fez questão de acomodar em sua sala, pedindo que se servissem de biscoitos. Entendia como era decepcionante ter que trabalhar aos domingos, como ela mesma fazia, e prometeu dar a elas uma tarde de paz. As crianças estariam bem entretidas umas com as outras. Quando Paola já estava se perguntando se conseguiria enfiar mais alguém em seu apartamento, a campainha tocou mais uma vez. A argentina estava rindo, com Ana Paula, de alguma coisa que tinha ouvido de uma das crianças, e abriu a porta despreocupadamente, mal olhando quem era. 

    Seu coração parou quando viu. O riso morreu na garganta, e ela fez força para puxar o ar. Era Henrique. Semanas depois do desentendimento dos dois, lá estava ele; a mesma jaqueta que ela amava, o cheiro familiar, a barba por fazer. 

    Os dois se encararam por alguns distantes. Por mais que suas bocas se recusassem a abrir, seus olhos tiveram uma longa conversa, deixando claro as saudades que sentiam e o quanto desgostavam do fato de estarem separados. Uma ponta de medo passou por Paola quando ela pensou que, talvez, Fogaça tivesse trazido Angie com ele. Desviou o olhar para o lado do homem, procurando o corpo esguio, e, para sua felicidade, não o encontrou. Sorrindo de alívio, fez espaço para que ele entrasse. Um foguete amarelo passou pelos dois, e, antes que Paola se desse conta, sua filha estava pendurada no cozinheiro, gargalhando como nunca.

    - Minha pipoquinha! - Ele sorriu, jogando a menina para o alto repetidas vezes, como sabia que ela gostava. Paola observou os dois com ternura; nunca se cansava de admirar a relação que tinham construído. - Como vai a aniversariante? 

    - Eu sabia que você vinha, Henrique. - Ela declarou, um sorriso ocupando o rosto inteiro. 

    - Ah, é? E como você sabia disso? 

    - Porque o strike 1 foi você ir embora da nossa casa. O strike 2 foi você ir embora da festa de dia dos pais da minha escola. Se tivesse o strike 3, você sabe - Ela sorriu mais ainda para o ex padrasto, mexendo em sua barba por fazer com os dedinhos compridos. - fora.  

    - É isso mesmo, sua pipoquinha inteligente - Fogaça bagunçou os fios loiros, lembrando-se de quando ensinara a ela as regras do baseball, do jeito que se pode ensinar a uma criança. Errou três vezes, está fora. - Eu nunca ia perder o seu aniversário, ouviu? 

    Francesca fez que sim com a cabeça, e Paola estava tão perdida no momento que só percebeu que Solano estava se aproximando quando ele já estava próximo demais. O homem encarava Fogaça com ódio visível nos olhos. 

    - Posso dar feliz aniversário para a minha filha? - Ele perguntou, parando quase encostado ao corpo de Paola. 

    - Você já teve mais de uma hora para fazer isso, mas preferiu ficar no celular, não é mesmo? - A chef devolveu, sentindo-se bem consigo mesma como não se sentia há meses. Agora que tinha cumprido sua parte do acordo, estava mais segura para demonstrar todo o ódio que sentia pelo ex namorado. Viu que Fogaça esboçou um sorriso, e não pôde evitar as borboletas no estômago. Ele estava feliz pela atitude dela. Pela primeira vez em muito tempo, havia deixado Fogaça feliz.  

     - Hola, papá - Francesca cumprimentou, enquanto descia do colo de Fogaça; sua doçura inocente quebrando a hostilidade que reinava entre os adultos.

    - Feliz cumple, mi hija. Estás contenta? - Ele perguntou se a menina estava feliz, usando, de propósito, o espanhol, para que Henrique ficasse de fora. Paola estava prestes a protestar, quando sentiu uma mão agarrar seu braço e a puxar para trás. 

    - Vamos conversar - Ela ouviu a dona da mão falar em seu ouvido, e reconheceu Ana Paula imediatamente. Quando viu que sua filha corria de volta para a roda de crianças, deixou-se levar, e as duas acabaram na cozinha. 

    - Fui raptada en mi própria casa - Ela brincou, servindo-se de um dos muffins caseiros que sua tia acabava de tirar do forno. 

    - Não brinque, Paola - Ana Paula a repreendeu, não antes de pegar, também, um muffin para ela mesma. - Você é doida ou o que? - A argentina apenas piscou para a amiga, sem entender. 

    - Qué fiz dessa vez? 

    - Juntou os dois homens que mais se odeiam nesse mundo no mesmo ambiente? Pela terceira vez? - Ana Paula arqueou as sobrancelhas e arregalou os olhos, tentando demonstrar o absurdo que a situação era. 

    - Ah. - Paola deu uma mordida em seu muffin, encarando o chão. - Isso. Bom, era o aniversário da Fran e ela queria os dois aqui. O que eu poderia fazer? 

    - Argh - Ana Paula gemeu ao ouvir a última frase deixar a boca de sua amiga, revirando os olhos com raiva. - Eu não aguento mais ouvir isso de você, Paola. O que você poderia fazer? Existem muitas coisas que você poderia fazer. Contratar uma advogado de verdade, e não essa filha da mãe, seria um bom começo. 

    Desde que soubera da história da casa de Fogaça, o nome de Angie não era mais mencionado por Ana Paula. A loira, agora, só era trazida à tona pela jornalista por meio do codinome filha da mãe. Paola não reclamava. 

    - Eu não preciso mais de um advogado, Ana. Não estou mais com Henrique. Solano já tem o que queria. Não vai mais pedir a guarda da minha filha. 

    - Isso é o que você pensa - Ana Paula contra argumentou, esticando-se na mesa para alcançar mais um muffin. - Agora que ele sabe que essa chantagem funciona com você, vai usá-la sempre que quiser. Escute o que eu estou te falando. 

    - , eu sei - Paola admitiu, mordendo o lábio inferior. - Por isso estoy pensando em uma cosa. Quero que seja a primeira a saber. Sabe a minha proposta de Paris? 

    - Sim… - Ana levantou a cabeça de seu muffin vagarosamente, processando a informação. Já sabia o que estava por vir. - Você vai aceitar. Não é? 

    - Se eu estiver longe dele, menos chances de ele ter outras ideias de chantagens, não é? - Paola perguntava para a amiga, mas também para si mesma. - É isso que eu preciso. Estar longe de Solano… 

    - Longe de mim? - As duas ouviram a voz do homem na porta da cozinha, e se viraram abruptamente. Não foram as únicas. As senhoras argentinas que pilotavam o fogão naquele dia também viram quem chegava, e, mais do que depressa, se retiraram da cozinha, levando todas as bandejas que repousavam em cima da mesa com elas. Ele realmente estava ganhando tratamento de fome, pensou Paola, satisfeita. 

     - Exatamente, seu filho da put… 

    - Ana! - Paola a interrompeu, segurando o braço da amiga. - Pode nos deixar à sós, por favor? 

    - Claro - A menor respondeu, à contragosto, depois de muito fuzilar Solano com os olhos. Assim que ela deixou a cozinha, o argentino aproximou-se da ex namorada, com o mesmo olhar presunçoso de sempre. 

    - Não tem mais nada que me prenda aqui, Solano - Paola começou, já antecipando o que sabia que estava por vir. Não deixaria que ele a intimidasse mais. - Já não estou mais com Henrique, então não há mais nada que coloque em risco seu tão idiota orgulho de pai ausente. Quando quiser ver Francesca, pode nos visitar na França. Sei bem que você vive por lá, não deve ser um problema. Como você não faz mesmo questão de vê-la com frequência, só de que ela não veja Fogaça, me parece a situação perfeita pra você. Recebi uma proposta lá e vou aceitar. Ótimo, que bom que tivemos essa conversa - Paola se levantou com pressa, com medo de que, se ficasse mais algum segundo naquele cômodo, Solano inventasse outra maneira de infernizar sua vida. É claro que ele o fez. 

    - Você não pode ir, Paola. - Ele atestou, calmamente. A frase fez com que a mulher parasse de andar e se virasse de volta para ele. 

    - O que? Porque? 

    - Você entendeu errado meu objetivo ao me reaproximar de você, cariño - Ele aproximou-se dela, novamente fazendo com que Paola se esgueirasse de seu toque andando para trás. - A culpa é minha, admito. Eu maquiei um pouco a verdade. Mas agora vou te contar, porque acho que você está pronta para ouvir. 

    Solano puxou uma cadeira da mesa e se sentou, demonstrando uma calma irritante e  que só podia ser calculada. 

    - Eu sou muito conhecido na Argentina. Negócios, política, você sabe disso, nena. Mas, aqui no Brasil, não sou ninguém. Não gosto do anonimato, é claro, mas não é só por isso que vou precisar da ajuda do seu sobrenome. 

    Enquanto ele falava, Paola sentiu a necessidade de sentar também. Suas pernas enfraqueciam a cada palavra que era dita por seu ex companheiro. Ela tinha alguma ideia de onde ele estava querendo chegar, e não parecia nada bom. 

    - Quero abrir uma rede de restaurantes argentinos. Algo para competir com o Rubayat, que já deu o que tinha que dar, concorda? - Ele riu, mostrando os dentes brilhantes e perfeitamente alinhados. - Os estudos de mercado mostram que o público está receptivo. Vai dar dinheiro, Paolita. Mas, para o sucesso inicial, preciso do seu nome junto do meu. 

     - O que? - Ela conseguiu responder, enjoada. Sentia a cabeça girar. Solano não queria se aproximar de Francesca. Nunca quis. Era ela o objetivo; como sempre. 

    - Precisava que você se separasse de Fogaça para que eu pudesse jogar na mídia nós dois como casal, e, então, abrir meu primeiro restaurante. Com o seu nome atrelado, certamente vai lotar desde a primeira noite. Não me olhe assim - Ele levantou as mãos, em sinal de rendição, enquanto ria da expressão furiosa da mulher à sua frente. - Eu não menti. Quero ser o pai de Francesca no sentido em que quero que sejamos uma família. Vai ser o restaurante da família Carosella. E é por isso que você não vai embora, Paolita - Ele reiterou, olhando no fundo dos olhos de sua ex companheira. - Sei que não quer que eu faça o que venho prometendo, então só há um jeito. Você vai ficar bem aqui. Comigo.


Notas Finais


A festa da Fran ainda não acabou, hein? Tem mais treta vindo aí, esses 5 anos vão dar o que falar... como sempre obrigada por aguentarem minhas demoras <3 beijo!!


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