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História Farce - Infermère


Escrita por: souhamucek

Notas do Autor


Olá, pessoal! ~~fazendo a formal.
Esse capítulo não ficou tão dramático quanto o previsto porque tive que encurtar para não ultrapassar as quatro mil palavras. Porém, isso não influência tanto no resultado final porque a emoção está no próximo, o qual estou mega-ultra-hiper-ansiosa para postar.
Quero agradecer a todos que lêem a minha estória, os comentários estão cada vez mais maravilhosos e eu tenho me emocionado muito lendo. Obrigada de verdade!
Fiz umas pequenas alterações nos capítulos anteriores, colocando a tradução dos títulos e, no prólogo, eu expliquei quem eram as personagens.
Enfim, vamos lá.

Capítulo 6 - Infermère


Fanfic / Fanfiction Farce - Infermère

Enfermeiro 

Atordoado, fechei a porta de forma brusca. As informações passavam como flashes em minha mente. Eu não sabia o que fazer, para ser sincero, nem sabia como me mexer naquele momento. Girando em torno de mim mesmo, indeciso se saia ou subia para o apartamento e decidia o melhor a ser feito, trombei em Pierre. Sempre o vizinho.

— Opa, gringo. — espalmou meu peitoral. — O que houve? Estou ficando tonto, pare.

Congelei, logo erguendo meu rosto. Nossos olhares acastanhados se alinharam, respirei fundo e, então, formulei a melhor frase que pude.

— A ligação, o policial disse que... Chloé desmaiada não sei onde.

— Vamos com calma, amigo. Quem é a Chloé? A mulher que você queria impressionar? — assenti em concordância. — Um policial disse que a encontrou desacordada? — acenei com a cabeça mais uma vez. — Onde?

— Eu não sei! Ele disse que a levaram para o hospital da cidade dela, uma com nome difícil. Você tem carro? Eu preciso vê-la. Ela está grávida, se algo acontecer com a criança, eu não sei o que eu faço... — ele me interrompeu.

— Grávida? Para quem não sabia como se aproximar, você foi bem rápido — debochou risonho.

Prontamente, revirei os olhos.

— O filho não é meu, nós ainda não... — recobrei a consciência e rangi com a garganta. — Pierre, podemos focar no que realmente importa agora? Chloé está num hospital, precisamos buscá-la. Ela pode estar machucada, o bebê corre perigo.

O francês pegou um par de chaves pendurado no porta-chaveiro atrás da porta, com inúmeras chaves enfileiradas. Mostrou para mim, destravou a porta e apontou com a cabeça. Saímos dali às pressas. Não pude evitar a verificada na presença de minha mãe, mas não consegui mais avistá-la.

O caminho para Val-d’Oise foi lento, praticamente arrastado. Mesmo que a paisagem variasse rapidamente pelo o vidro, os minutos pareciam não passar. A preocupação percorria em minhas veias, meu corpo fervia ao imaginar o pior. Por mais que me doesse, eu precisava me preparar para tudo.

Em menos de uma hora, conseguimos avistar o Hôpital Le Parc. Havia uma viatura estacionada em frente, o que me confirmou a presença de Chloé ali. Desafivelei o cinto às presas, ato que resultou em certo estrondo. Apesar de proibido, eu corri pelos corredores até encontrar a recepção.

— Eu preciso ver Chloé Leclaire. — bati abruptamente as mãos sobre o balcão de vidro, meus olhos invadiram os dourados da recepcionista.

Pardon, monsieur. — a secretária ergueu uma das sobrancelhas, sem negar o semblante confuso. — Français?

Cerrei os lábios, enfurecido. Tão logo, o vizinho entrou a passos largos. Baguncei os cabelos, apontei para a moça sentada ao balcão e pedi:

— Por favor, diga a ela que eu preciso ver a Chloé — gesticulei amplamente.

 O francês traduziu para mim sem muito que protelar. Os dedos da atendente digitando no teclado me irritavam a cada batida. Aquele silêncio era a minha agonia. Ainda que meus lábios estivessem fechados, eu gritava por dentro. Tantas pessoas ao redor e ninguém poderia me ajudar.

Eu só precisava encontrar o meu par de olhos azuis. Onde eles estavam? Cadê os policiais da viatura? Quem me ligou? Tantas perguntas sem respostas pulsavam em minha cabeça. Embrenhei ainda mais as mãos nos cabelos, eu elevei meus olhos para a lâmpada branca e, lentamente, fechei-os na tentativa de me trazer paz.

Senti Pierre tocar num de meus braços e o segui, atravessamos o corredor branco repleto de portas fechadas até o elevador ao fundo. As luzes amareladas atrás dos números se modificavam assim que avançávamos os andares.

No momento em que as portas metálicas se abriram, pude enxergar dois oficiais sentados nas cadeiras azuis acolchoadas do lado de fora. Aproximei-me e um deles se levantou, ajeitando a calça. Pela pequena janela, entre as fenestras da persiana branca, consegui ver a loira deitada ao lado do médico.

— Você deve ser o Sr. Bieber — concluiu o policial de pé.

— Sim, sou eu. — encarei a porta aberta. — Desculpe, só um momento. Eu preciso vê-la. — invadi o cômodo, sorrindo para a professora afundada no travesseiro fofo. — Chloé! Boa tarde, doutor. — cumprimentei-o com a cabeça. — O que aconteceu? O bebê está bem? Ela se machucou?

— Não se preocupe, Sr. Bieber. Ao que tudo indica, esta mocinha aqui é mais forte do que aparenta. Ela teve uma queda de pressão depois de se esforçar demais, provavelmente oriunda da anemia rotineira da gravidez. — esclareceu o senhor, repousando a prancheta. — Sem emoções fortes nesta fase, Sta. Leclaire. Os primeiros três meses são os delicados da gestação.

Encarei a loira acamada com um dos braços preso a bolsa de soro.

— “Emoções fortes”?

— A Srta. Leclaire confessou que corria atrás de um batedor de carteira o qual roubara uma senhora portuguesa. — espantado, arregalei os olhos enquanto o policial prosseguia. — Chloé conseguiu recuperar os documentos da Sra. Pereira, mas, quando estava prestes a capturar o rapaz, desmaiou e ele fugiu.

Correr atrás de pickpocket... Até nisso nós dois combinávamos. No mesmo instante em que as palavras abandonavam os lábios do tira, eu sorria sem escutá-las. Assenti em concordância para disfarçar, porém as supostas imagens da francesa perseguindo um estranho me divertiam.

Assisti a guia turística fazer um retrato falado do bandido. Uma enfermeira trocou a bolsa de soro e a aguardávamos esvaziar para que fossemos liberados. Eu observava a breve agitação do lado de fora e analisava a descida do líquido. Minhas mãos estavam enlaçadas nas mãos pálidas dela, com o polegar eu a acariciava o dorso.

Pierre voltou empurrando uma cadeira de rodas, Chloé sorriu de orelha a orelha e afastou as costas do travesseiro. Seus olhos azuis espiaram a bolsa quase vazia, chacoalhou as pernas, vibrando a alta, e a enfermeira começou a soltar os curativos. Levantei-me para ajudá-la a se reerguer, empurrei a cadeira para o mais perto possível.

 A professora se sentou, alisou os próprios braços e sorriu fraco. Arduamente, empurrei a cadeira para fora do quarto. Nós seguimos para o carro, onde aconchegamos a grávida no banco de trás. Sentei-me no carona, dando pequenas espiadas pelo retrovisor. Ela sorria com o canto dos lábios, mordiscando os mesmos de forma suave.

A noite junta à escuridão predominava os céus. O frio de praxe não nos abandonava.  Pierre me ajudou a carregá-la pelas escadas intermináveis de seu apartamento e a coloquei de volta na cadeira de rodas para seguir o corredor até a casa.

— Justin, tem certeza que consegue ficar sozinho? — o vizinho indagou, retirando a chave do bolso do casaco. — Qualquer coisa, ligue-me.

— Não precisarei, obrigado, Pierre. Aproveite a sua folga, já tomei muito de seu tempo — o confortei.

— Cuide-se, Chloé. Foi um prazer conhecê-la. — beijou a mão sobre o apoio da cadeira. — Até mais, Jus.

O francês desceu os degraus rapidamente, perdi-o de vista em questão de segundos e o barulho de seus sapatos nos degraus diminuía aos poucos. A professora vasculhou a bolsa em busca de suas chaves, remexeu um pouco, conseguiu escutá-las se chocarem e as fisgou.

Ela ergueu com certa dificuldade o corpo, penetrou na fechadura e girou algumas vezes. Estranhou as poucas trancas que presentes, diferentemente do apartamento em que eu estava morando. Empurrou a porta com força e elevou o rosto na minha direção.

Ciente do que ela aguardava, arrastei a cadeira pelo piso de madeira. Assim que entrei, avisei um animal felpudo, o qual balançou sutilmente a pequena cabeça, fazendo-me sorrir. Chloé estendeu o braço, como quem dizia "fique à vontade". Sendo assim, soltei-a.

— Você tem um gato? — indaguei indo em direção ao felino a se espreguiçar.

— Não me diga que você detesta gatos. — titubeou enquanto se levantava para trancar a porta, sem tardar a se aproximar lentamente de mim.

— O quê? — ironizei, logo acariciando o topo da pequena cabeça. — Eu amo gatos.

— Educado, rico, cuidadoso, catperson... 

Senti meu interior se revirar por completo, definitivamente, aquela sensação era de borboletas no estômago. Encarei a imensidão azulada diante de mim, com um largo sorriso nos lábios e nossos rostos aproximavam aos poucos. Molhei meus lábios com a língua enquanto minha respiração descompassava junto as batidas de meu coração.

 Ambas as mãos de Chloé desabotoaram meu casaco, o nariz delicado acariciou a minha bochecha de forma delicada, o que me roubou um suspiro. Ela não foi capaz de conter o sorriso satisfeito com a minha reação. A veste escorregava pelos meus braços com o deslize da mulher. Finquei os dentes nos lábios na tentativa de resistir, mas a ponta fria do nariz trilhou minha boca. Soltei a respiração pesadamente.

Você tinha que ter algum defeito. — murmurou com os lábios rentes aos meus. — Você é muito racional, pensa muito antes de agir... Solte-se mais, estamos sós dois aqui.

Como numa espécie de golpe, o gato roçou em meu braço, ronronando. Uma risada debochada surgiu em meus lábios e eu me afastei um pouco.

— Nem tão sozinhos assim.

Exausta, ela se jogou na cama e girou os olhos em tédio. Olhei para um ponto fixo me concentrando, balancei a cabeça e caminhei para a cozinha. Abri os armários, conhecendo os produtos, encarei a loira deitada com os braços cobrindo os olhos. Outro sorriso tomou meus lábios.

Ver a Chloé precisando de meus cuidados fez com que eu me lembrasse da internação de minha avó. Saquei o celular, digitei rápido na tela para perguntar como ela estava. A resposta de meu pai não veio de imediato, guardei o aparelho e voltei a admirá-la estirada.

— Você deve estar com fome — supus.

— Estou faminta, você se incomodaria de fazer alguma coisa para nós? — neguei com a cabeça. — Acho que tem um queijo brie na geladeira e damascos.

Fatiei uma lasca avantajada do queijo, esquente-o brevemente no micro-ondas enquanto picava os damascos. Os movimentos contínuos começaram a esquentar meu corpo, retirei o suéter, ficando só com a camiseta.

Sem fazer o menor ruído, Chloé se aproximou e, antes que eu pudesse protestar, ela dedilhou as tatuagens em meu antebraço. Bastaram segundos para todos os meus poros eriçarem. Prendi a respiração cessando os maneios com a faca e soltei o ar devagar.

Bruscamente, rodei meu corpo ficando de frente para ela. Minhas mãos invadiram seus cabelos curtos, puxando-os para cima, nossos lábios tocaram entre si de maneira desconexa, devida a nossa euforia. Arfante, deslizei minha língua na dela no momento em que suas unhas cravaram em meus braços.

Por mais que o micro-ondas avisasse que o queijo estava pronto, não tínhamos a menor intenção de parar. Não naquele momento. As respirações trôpegas se misturavam, seus seios pressionavam contra meu peitoral, desci as mãos para suas pernas, tomando-as para cima.

Àquela altura, eu não respondia mais pelos meus atos. Chloé se sentou sobre o mármore negro da pia e enlaçou as pernas ao redor da minha cintura, eliminando toda distancia entre nós. Rumei a parte inferior de sua coxa, onde depositei um apertão capaz de fazê-la gemer.

— Acho melhor nos recompormos. — balbuciei ofegante, sem desgrudar nossos lábios por completo. — O doutor pediu para evitar fortes emoções.

— É-é... Era isso mesmo o que eu pretendia dizer — pude ver em seus olhos a mentira.

Servi o damasco com o queijo, o qual endurecia a cada segundo, e levei para a cama onde Chloé esperava com Boris no colo. Sentei-me junto a eles, petiscando os damascos. A loira encarava o queijo derretido, cheirou e empurrou o prato. Seus olhos desviaram para o banheiro, ela recolheu as pernas, logo as abraçando.

— Brie com damasco sempre foi a minha comida favorita e agora nem isso mais eu consigo comer — o tom manhoso se fez presente.

— Não se preocupe, serão só alguns meses, daqui a pouco estará comendo o quanto de brie quiser. — toquei o braço preso às pernas. — Se você me pedir, eu abro uma brasserie só com queijo brie. — menti para animá-la.

— Eu quero. “Leclaire — Brasserie du Brie”. — espiou-me pelo canto dos olhos e sorriu.

— Farei para você. — ergueu a sobrancelha castanha. — Eu faço tudo o que você quiser.

Ela se sentou, colocando as mãos sobre as coxas. As órbitas azuis encontraram as minhas, respirei fundo.

— Então, prometa-me que jamais mentirá.

Engulo em seco.

— Eu prometo, nunca mentirei para você.

— Agora, leve o prato daqui. O cheiro do queijo está me matando.

Fiquei de pé, carreguei a comida de volta para a cozinha e lavei a pouca louça que sujei. Seria patético se eu dissesse que aquele curto espaço de tempo fora o bastante para que Chloé adormecesse, porém, em poucos segundos, a loira dormiu.

Cerrei meus olhos com a mão úmida sobre o coração. Aquela mulher me amalucava. O jeito como ela me tocava, olhava,..., fazia-me render aos encantos sem esforços. Nunca me intimidei facilmente, mas, até mesmo na maneira em que dedilha minhas tatuagens, ela me atiçava tanto quanto ninguém.

Definitivamente, Chloé tinha o dom de me enlouquecer.


Notas Finais


Obs: Val-d’Oise não é exatamente uma cidade, é um "departamento" da França que não se assemelha a um estado nem a uma cidade, como não há uma tradução específica, usei como cidade mesmo para ser de fácil compreensão.
E aí, o que acharam? Contem tudo!! Não sejam leitores fantasmas, por favor.
Um beijooo,
Até quinta-feira que vem.


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