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História Fated to be my bunny - Somos reais? - Raspberry


Escrita por: anachinnie

Notas do Autor


Olá. Pra ler essa história, leia "fated to be my bunny". Tem muitas referências, não vai dar pra entender só lendo essa. Também é uma one shot.
Gente, desculpa. HUADHUAH eu tentei, eu quis muito continuar com as brisas, mas acabou que não desenvolvi tanto o que eu queria (mas até que curti), era mais pra ficar babando no Jae mesmo, não vou mentir. E é aquela coisa, péssima com romances viu. Foi uma tentativa, eu não sei escrever nada +18, então não espere coisas explícitas...
Tentei fazer o menor possível, mas não dá.


Ótima leitura. Me diga o que achou por favor, assim posso ir melhorando os romances.

Capítulo 1 - Raspberry


Fanfic / Fanfiction Fated to be my bunny - Somos reais? - Raspberry

 

 

 

O destino era a coisa mais incrível do mundo. Não importava o fato de pessoas ganharem na loteria, ocasionalmente, ser inacreditável; ou acharem o amor de suas vidas; ou serem atingidas por um raio, enquanto passam pela rua, ou qualquer coisa extremamente inusitada de conseguir na vida. O destino era a parte mais fascinante. Obviamente todas essas coisas citadas faziam parte dos presentes que a caminhada, a qual todos nós damos de olhos vendados, nos dá, mas foquemos apenas no destino em si. No significado isolado, na dúvida que ele nos proporciona. Quantas surpresas, quantas vezes ficamos sem ar ou chegamos a extremos de sentimentos? Aquilo em si era assustador. O fato de não se saber o dia de amanhã, não se saber se você acordará ou não e, se sim, se deparar com um desafio complexo demais para si ou com a simples felicidade de sorrir por estar viva. Pronta para mais um dia, para mais desafios, coincidências, lágrimas, sorrisos.

Alice se sentia assim naquele exato momento: assustada com o destino, tentando assimilar os últimos acontecimentos, agradecendo as novas chances. Já havia passado quase quinze dias desde quando teve a maratona de sonhos com o coelho humano, e aquilo a deixava triste em partes. Tinha saudades de Jaejae, mesmo tendo um para si agora. O coelho bege estava correndo pela sala e a sujando naquele exato momento inclusive. Entretanto, sentia falta daquele ligeiro sonho que lhe custou um dia inteiro dormindo. Mas quer saber? Mesmo que aquilo houvesse deixado a garota encucada com a imaginação humana, Alice dormiria mil vezes mais para se quer ter uma mínima chance de se encontrar com Jaejae novamente. De poder dizer que sentia sua falta, e que nunca havia se sentido assim em toda sua vida. Quando acordou e se deparou que aquilo não era real, a dor a qual havia sentido pela decepção e a mesma que havia se aliviado por Jaejae nunca ter morrido de verdade era completamente concreta.

Tão concreta que seu pai havia feito o favor de inserir Youngjae em seu dia a dia. O coelho humano, tipo, literalmente. Ele criava coelhos, na verdade todo tipo de bicho, e ele era muito parecido, senão igual, a Jaejae. Surreal.

Há aquele tipo de sonho que invade sua mente pela eternidade. Mesmo que seja rápido, que aconteça poucas coisas, Alice se lembrava de cada particularidade. Tudo bem, ver Youngjae por uns dias fixava ainda mais o que havia vivido. Contudo, ainda se lembrava bem de detalhes como a forma na qual havia subido na árvore; a forma com que o coelho fugia da raposa — que mais tarde o matou —; da corrida pelo pomar; da clareira, do banho de rio. Lembrava-se de cada mínimo resquício de detalhamento que sua cabeça poderia armazenar. Riu ao pensar novamente no garoto fictício: o rosto fofo com as orelhas caídas, o cheirinho doce de frutas, o jeito como havia posto a camisa de forma errada. Por que nossa mente insistia em criar memórias de algo tão absurdo?

Não era a mesma coisa ter um Jaejae real, embora o amasse muito, ele não era o do seu sonho. Obviamente, nunca seria. Mas não era algo ruim, ele lhe fazia companhia, te amava da forma dele, claro. Ter o animalzinho em seus braços durante a tarde fazia Alice ter as conversas mais estranhas possíveis com o peludo. Jaejae, nós somos reais? Até pensou em ainda estar no mais profundo mar de fantasia quando encontrou o garoto da cerca naquele dia fatídico — do faz-de-conta mais maravilhoso que pode vivenciar — e que inclusive havia lhe presenteado com o seu atual peludo favorito. Acordou de um Jaejae coelho humano e encontrou o humano vivo demais pro seu gosto: Yoo Youngjae.

Aquela parte sim era real. Real até demais pro seu gosto. Os dois eram a mesma pessoa, não era possível. Não se lembrava de Youngjae, jurava que já não o conhecia. Quando sentiu a cutucada no seu ombro e pôs seus olhos nas bochechas bem delineadas do garoto, a queimação no estômago quase a fez encher os olhos d’água, quase a fez cair dura no chão. Não estava preparada para aquilo, nunca estaria. E quem estaria? Naquele fim de mundo onde vivia, onde basicamente todos se conheciam... Como era possível não ter visto esse garoto antes?

Seu coração nunca havia batido tão forte quanto naquela vez. A memória de Jaejae, o coelho mágico, que a desculpasse.

Depois daquela primeira impressão esquisita que Alice havia deixado no moreno, ela havia decidido não aparecer no pomar ou perto o suficiente da cerca para não ter que dirigir palavras a ele. Estúpido, talvez, mas se sentiu envergonhada. Naturalmente poderia topar com ele pelo sítio, porém se pudesse evitar, evitaria. Provavelmente o rapaz nem havia percebido sua leve emoção quando deixou cair as gaiolas, mas havia algo que Alice acreditava veemente: nós nos encontramos em sonhos, estávamos interligados de alguma forma. O rapaz tinha um coelho a ser doado — entre alguns outros —, e deu exatamente ao seu pai. Tudo bem, ele vivia doando coelhos. Mas não era esse fato que era surpreendente, mas sim todo o contexto. Ele foi até o sítio, encontrou Alice, chamava-se Youngjae, lhe deu um coelho muito parecido com o fictício. Aquilo era inimaginável.

Mas isso durou apenas três dias. Depois dos três dias mais difíceis e intrigantes para Alice, o rapaz voltou à cidade em definitivo, afinal não havia mais serviço a ser feito por ali.

No primeiro dia dos três de trabalho, quando quase enfartou ao ver o garoto, ele havia começado a arrumar a cerca com o pai. Basicamente seu pai havia informado o que havia de ser feito e Youngjae continuou a trabalhar sozinho a partir de então. Não ficou até tão mais tarde, afinal de contas escutou do pai que ele não sabia exatamente como voltar à cidade, não estava familiarizado com o caminho.

No segundo dia, havia ficado até ao entardecer. Havia perdido a hora e, pra completar, havia ido à casa onde Alice morava diversas vezes porque o sol estava de matar. A garota lhe deu água em todas as visitas e só de olhar o rapaz beber o líquido, desesperado, lhe causava calafrios. Por estar sozinha em casa, não podia nem desviar do garoto fingindo que ajudaria sua tia, por exemplo, a qual naquele dia estava comprando mantimentos para o sítio. O nervosismo a consumia cada vez que olhava para o seu rosto. O rapaz era lindo; os ombros chamavam atenção, igualmente seus olhos grandes e a boca pequena. O nariz arrebitado lhe dava um toque de fofura em meio à sua imagem adulta. Sem contar seu cheiro. Não que chegasse perto demais para poder senti-lo, mas não precisava se esforçar para isso. Tentava não associar o cheiro de frutas ao primeiro Jaejae, mas aquele rapaz não ajudava. Era um aroma similar. Também não tinha exatamente um uniforme de trabalho, ia até confortável principalmente pelo calor: a camisa surrada especial para aquele tipo de trabalho e um jeans igualmente usado. Sua áurea ainda era de um garoto da cidade, porém sua personalidade não negava ter nascido não muito longe dali e gostar do ar puro pela região dos sítios.

Levou um susto quando o rapaz apareceu na porta, se despedindo, meio tímido e havia perguntado do coelho. Aquilo havia sido torturante. Não que ele estivesse incomodando ou algo do tipo, mas o guiou até a lavanderia, por onde ele entrava para pedir água normalmente, e ficou bastante tempo brincando com o coelho. Até mesmo contou histórias dos pais de Jaejae, o seu real coelhinho bege, enquanto ficava apertando o mesmo se lembrando de como lhe doeu ter que doar os filhotes. Não tinha mais espaço em casa e estava tudo virando um caos com tantos roedores. Alice considerou rir, seu quintal era exatamente assim, porém eram todos selvagens. Não conseguiu não pensar, após sorrir de nervoso, na cena do coelho derrubando os baldes e logo em seguida se transformando no humano gorduchinho, no qual se apressou em jogar um lençol para cobri-lo.

No terceiro dia, no meio da tarde, o rapaz cortou a mão e foi pedir ajuda à garota. Alice, nessa altura do campeonato, estava ficando maluca. Jurava que o sonho estava voltando — mesmo o corte sendo infinitamente menor que o fictício —, porém parecia tão irrelevante a quantidade de líquido vermelho que não conseguia se lembrar de detalhes naquele momento. Havia entrado em pânico. Quando viu Youngjae com a mão ensangüentada, arregalou os olhos. A sensação de dejavu lhe tomou como cheio. No fim, o rapaz teve que acudir a garota.

Acalme-se, ele não é o coelho. Ele é apenas o garoto da cidade. Francamente Alice, o que está acontecendo com você?

— Tudo bem? — por Youngjae ter segurado o braço da garota, que sentiu as pernas fracas, o sangue havia espalhado um pouco por sua pele. Alice olhou para o braço um pouco preocupada e o garoto não entendia. Era um corte simples, mas o arame farpado tinha algumas pontas enferrujadas. Havia sido a causa para ter pedido ajuda. Doía, claro, mas não era o fim do mundo. — Você ficou impressionada pelo corte? — ele considerou rir um pouco. As bochechinhas em evidência, a boca pequena e os olhos grandes fazia Alice querer correr dali. Respirou fundo. Ele era o seu coelho, o seu verdadeiro coelho. Não, ele não era o seu coelho. Ele não era. Sua mente gritava para si de forma contraditória. Talvez quisesse que botasse aquela informação pra fora, mas nem sonhava em dizer para ele o que tinha sonhado. Riria de você, no mínimo. Como um sonho havia a afetado tanto?

— Sim, é que... Acho que preciso de sal. — mudou repentinamente de assunto.

Pôs o sal na boca e finalmente pode ajudar o rapaz que tentava estancar o ferimento. Sua pressão estava de volta e a verdadeira Alice também. Concentrou-se, embora não conseguisse olhar na cara dele direito, e o rapaz a olhava curioso soltando risadinhas ora nervosas ora doloridas. Os olhos dela, enquanto apertava a ferida para que parasse de sangrar, não saíam de seus ombros e achou que o rapaz havia percebido as encaradas. Fingiu que nada tinha acontecido. Belos ombros. Riu de si mesma, era impossível não reparar nele.

Não trocou muitas palavras com o rapaz depois disso, mas aquele dia desesperador não havia acabado tão fácil assim. Logo após o curativo, o pai havia chegado e cumprimentou o garoto. Aproveitou para elogiar seu trabalho, estava tudo ficando da forma que ele queria. Pro desespero de Alice, o pai havia o convidado para jantar. Viu inclusive sua ferida na mão, a qual a filha havia tentado amenizar mesmo quando fosse ela que precisasse de ajuda para não desmaiar.

Alice tinha que manter a calma, ele não era quem ela queria que ele fosse. Quando o garoto estava prestes a ir embora, pode ouvir a voz docinha a chamar de leve.

— Alice, obrigado. — ao ouvir aquilo, o acompanhou até a parte da frente da casa.

— Pelo quê?

— Pelo curativo. — levantou a mão rindo. Lembrou-se o que havia feito, riu sem graça. — E pelo jantar.

O doce de framboesa havia feito a garota rir sozinha quando o rapaz terminou seu prato e, sem querer, sujou em volta dos lábios. Se aquilo não estava sendo feito para aterrorizar ela, não sabia mais como explicar. Por que sua tia havia feito doce de framboesa logo aquele dia? Até mesmo havia posto um pouco do mesmo em um pote para que o garoto levasse pra casa.

— Vai conseguir pilotar a moto de volta até sua casa?

— Acho que sim. — assentiu em resposta.

— Bom, cuidado. — gostaria de tentar começar uma conversa mais longa com ele, mas realmente estava sem saber como.

O silêncio dos olhares se encarando havia tornado a conversa constrangedora.

— Eu ainda queria entender porque tem medo de mim. — via-o descer os degraus da varanda, indo até a moto. Alice entreabriu os lábios, surpresa.

— Não é isso... — iria se explicar, mas o garoto apenas ligou a moto.

— Tudo bem. Um dia você me explica.

xXx 

E bem, o dia havia chegado. Não que fosse algo premeditado, mas a chuva da noite passada havia feito um pequeno estrago na cerca recém posta perto da estrada da clareira. Alice estava aguardando o pobre do garoto voltar para consertar aquela bagunça, como o pai havia avisado que faria, enquanto lavava roupas e panos aleatórios.

Havia tanta coisa acumulada que achou o pano que havia estancado o ferimento de Youngjae jogado em um balde no canto. Suspirou. Ao passar dos dias, começou a esquecer um pouco da história do coelho do sonho, até porque o seu de carne o osso estava dando muito trabalho. Sem contar que os selvagens continuavam a serem mortos ou feridos perto de sua casa e seu pai ainda continuava a caçar alguns roedores. Isso não mudaria, mas pelo menos pode se acostumar à existência do rapaz bochechudo.

Ouviu o barulho da moto de longe e seu estômago automaticamente congelou. Tudo bem, não estava tão acostumada assim. Porém, quem havia ido até a porta para recebê-lo foi uma de suas tias que estava em casa hoje. Agradeceu em partes, tinha muita coisa para fazer ali, mas não tardou para que tampasse o rosto após o grito de susto que havia levado.

A gargalhada do rapaz pode ser ouvida do outro lado do sítio provavelmente.

— Quer me matar? — Alice tentou acalmar as batidas aceleradas do coração. — O que ta fazendo aqui?

— Eu vim arrumar a cerca de novo. — ele parecia cansado, não parecia gostar muito do que fazia também, mas Alice nunca havia tocado no assunto. O leve perfume do rapaz a fazia rir, mesmo que quisesse se esquecer de Jaejae completamente, o coelhinho do sonho, não poderia. Não enquanto Youngjae insistisse em ir perfumado até o sítio e permanecer uma distância considerável de Alice.

— É, eu sei. Eu to falando o que faz aqui. — apontou em volta. Youngjae olhou em volta e mudou sua postura.

— Desculpe, não sabia que eu não podia vir aqui. — Alice ficou desacreditada.

— Não to te expulsando. — riu da forma que havia deixado o garoto sem graça. — Nem me importo, na verdade. — deu de ombros. — Achei que ia direto consertar, sei lá, talvez você não se lembrasse mais de mim.

Não que achasse isso mesmo, mas não imaginava que ele fosse até ela para dar um oi, ou dar um susto como havia acontecido.

— Não vou esquecer enquanto não me disser porque tem medo de mim. — ele definitivamente não ia esquecer aquilo.

Alice começou a suar frio.

— Acho melhor você ir fazer o que tem que fazer. — virou-se para as roupas sujas e deixou o garoto perplexo. Qual o problema dela comigo?

— Como vou até lá se não sei onde a cerca quebrou? — a voz debochada surgiu. O sítio não era pequeno, Alice sabia. — Poderia me dizer onde é pelo menos? Embora eu não queira atrapalhá-la, eu ainda tenho coisas a fazer. — embora pudesse soar rude, o tom do rapaz era divertido.

Alice largou os lençóis o olhando desconfiado.

— Anda, te levo até lá.

xXx

A caminhada até a clareira parecia mais longa do que o possível. Era praticamente o mesmo trajeto que havia feito em seu sonho. Aliás, fazia aquele caminho até com muita freqüência. Mas há certos tipos de coisas que marcam, só que dessa vez fora carimbada de uma forma não muito alegre.

Droga, Alice, poderia se esquecer disso pelo menos um segundo? O fato de se lembrar ocasionalmente estava correlacionado apenas em se deparar com Youngjae. Enquanto aquele garoto não deixasse de freqüentar o sítio, seria muito difícil ignorar as coisas.

Ficou angustiada ao ver o estrago da cerca. Era maior do que pensava. A cara de Youngjae não era das melhores.

— Que tipo de tempestade faria algo assim com uma cerca? — Alice tentava imaginar a força do vento na noite passada, mas logo o rapaz interrompeu sua mente.

— Não foi só a tempestade. — ele andou mato à frente, seguido da garota. O rosto do rapaz se franziu.

— O que aconteceu? — Alice o alcançou e viu o mar de sangue pelo mato. — O que foi isso? — estava completamente perplexa. Mesmo estando acostumada com mortes de animais pelo sítio e arredores, aquilo havia deixado a garota pálida.

Youngjae seguiu a trilha de sangue e Alice estava apavorada. Não conseguia dar um passo.

— Não é perigoso?

Jaejae, você vai voltar? Aquilo ecoava em sua mente. Youngjae percebeu que você não se mexia. Você ainda vai ter muitos coelhos pra te fazer sorrir, nadar no rio, comer framboesas e deitar na grama da clareira e contar sobre sua vida humana a eles.

— Alice? Você vem?

Não conseguia encarar aquela trilha semelhante a que fez quando levou o coelho até a sua varanda, estava congelada no lugar. Youngjae foi até você, preocupado.

— Você tem fobia de sangue? — pra ele fazia todo o sentido. O seu corte, agora a trilha de sangue de roedores arrastados. Assentiu negativamente, mas ainda sim não conseguia se mover. — Tudo bem, você pode voltar. Eu só quero ver até onde isso vai. Provavelmente algum bicho maior ajudou a quebrar a cerca para pegá-los.

— Não, eu vou com você. — olhou em volta e tentou não pisar no sangue. Youngjae assentiu, incerto, mas continuou andando. Alice pode ver algumas tocas de coelhos pelo caminho, já estava crente o que veria.

Youngjae parou mais à frente desgostoso. Virou-se em direção a garota.

— Nem mais um passo. Alguma coisa matou roedores demais. — disse um pouco mais alto e Alice se sentiu péssima. Parou no mesmo instante.

— Acho que sei o que foi. — Youngjae voltou a encará-la. — Foi uma raposa provavelmente.

— Raposa? Tem raposas aqui?

A raposa mordeu minha perna e pouco tempo depois, quando eu estava por aqui me arrastando, eu virei humano novamente. Fechou os olhos, e agachou no chão. O rapaz correu até ela.

— Tem certeza que não tem fobia? — ele tentava rir, mas ficava ainda mais confuso por não entender o que Alice estava sentindo naquela hora.

— Por que Youngjae? Por quê? Por que as coisas estão sendo assim? Fazia tempo que raposas não entravam no sítio. Eu odeio raposas. — mas ele nem imaginava o real motivo.

— Normal, você parece gostar muito de coelhos assim como eu... Mas... Isso é a natureza.

— Dane-se a natureza. Eu odeio raposas. — olhou bem no rosto do rapaz confuso antes de fazer o caminho de volta.

Alice tinha voltado pra casa com raiva. Não só pelo o que veria, os bichinhos mortos semi-comidos, mas também pelo fato de achar que nunca seria liberta da gaiola que aquele sonho havia posto em sua volta. Até quando seria refém de uma memória fictícia? Não conseguia olhar na cara daquele rapaz sem ter uma síncope ou ficar nervosa. Pra piorar, ele achava que tinha medo dele. Tinha medo de sua mente, isso sim. Tinha medo do que seria pra frente, tinha medo da realidade. Odiava ser uma verdadeira Alice.

Voltou a lavar aquela roupa suja, com raiva de si, até o fim. Ao entardecer, viu novamente o garoto voltar pela estradinha do pomar, com suas coisas; pegou o coelho que estava no seu pé e entrou em casa. Viu pela janela um Youngjae exausto, encarando a casa. Saiu da janela e foi pro seu quarto.

 

— Alice? — a porta do quarto bateu assim que pôs seus pés pro alto. — Alice? — a voz da tia a fez respirar fundo. Foi abrir a porta.

— Sim, tia?

— Aquele rapaz... Ele quer falar com você. — o olhar suplicante não podia ser ignorado.

Qual seria a melhor forma de se alforriar de uma ilusão? Eu não sei, mas também não posso descontar dele. Mesmo que eu queira, eu não consigo. Desceu as escadas rapidamente e viu o garoto sentado na escadinha da varanda, segurando seu capacete. Foi a passos leves, mas o garoto havia percebido sua presença.

— Ia me dar um susto? — a risada cansada fez Alice rir também.

— Talvez.

— Eu realmente queria começar perguntando o porquê de odiar raposas, mas não quero que você me empurre escada a baixo.

Alice não deixou de rir.

— Desculpa, eu te deixei sozinho lá em baixo... É complicado.

— Acredito que seja. Sangue, raposas, há mais algo que você odeie? Tipo eu?

— Por que te odiaria?

— Então tem medo? Desde que eu cheguei para arrumar aquela cerca você falta desmaiar na minha frente.

Alice provavelmente estaria da cor dos tomates que sua tia comprava, então apenas sorriu para ver se voltava ao normal.

— Ah, não é verdade.

— Então me conte a verdade.

Alice ficou calada. O rapaz se levantou, derrotado, e ia em direção a sua moto.

— Espera. — levantou-se. Respirou fundo. — Youngjae, se eu te explicar, provavelmente é você quem vai ficar com medo.

Youngjae parou e voltou a encará-la.

— É tão terrível assim?

— Volta amanhã, eu te conto tudo o que você quiser saber.

Queria ignorar o motivo por ter mudado de ideia e decidido contar tudo a ele. Mas as batidas aceleradas do seu coração já diziam por si só.

xXx

Era fim de semana. Não havia cercas quebradas, o sangue havia secado e areia foi jogada em cima daquele rastro horroroso. Não só por Alice, que bem cedo foi até lá, mas também por outros animais que pisotearam o local conforme o tempo se passava.

No momento, olhava o garoto andar pelo pomar, impressionado pela variedade que seu pai cultivava. Ele parecia minimamente feliz apenas por estar ali, Alice estava começando a achar que o achava fofo até demais. Ainda não tocaram no assunto do motivo da visita, na verdade não sabia exatamente como lhe dizer: ei, você é o meu coelho. Onde sonharia em lhe dizer isso? Se nem ao menos a Jaejae, o coelho do sonho, havia escutado isso de si diretamente? Estava de braços cruzados, vendo o garoto dar pulos engraçados para alcançar uma maçã. Riu alto demais pro seu gosto. Youngjae se virou imediatamente. Os seus trejeitos o deixavam ainda mais adorável.

— Que foi?

— Você é desengonçado.

Como o coelho que havia derrubado dos baldes e ficado preso na armadilha do meu pai duas vezes seguidas. Quando Youngjae finalmente pôs suas mãos na maçã, foi até a garota.

— Como?

Desviou do garoto, segurando o riso, e seguiu a trilha. Passou pelas framboesas com um misto de saudade e de satisfação; se sentou ali mesmo. Youngjae não conseguia entender Alice. Mesmo que já tivesse tido pequenas conversas, por ter ido ao sítio inúmeras vezes, não conseguia entender. Isso o fazia extremamente curioso pelo fato da garota agir como agia. Uma curiosidade diferente, ainda sim necessitada de ser saciada rapidamente. Sentou-se perto da garota a qual lhe ofereceu as frutinhas. Youngjae se apressou em pegá-las e come-las. Viu o sorriso satisfeito de Alice, o que levava a se perguntar o que se passava na mente da garota naquele momento. Havia se sujado? Talvez, provavelmente realmente estava se sujando. Achava algo engraçado em seu rosto? Queria ouvir de sua boca, do tom ora estressado ora cauteloso, quando pedia água, o que se passava com ela. O que estava acontecendo entre eles.

— Por que está sorrindo? — terminava de mastigar as últimas frutas.

— É exatamente igual. — falou após por mais das frutas na boca também. — É assustadoramente igual. É por isso que estou assim. — a risada fraca parecia mais nervosa do que descontraída.

— Assim como?

— Não disse que eu tinha medo de você?

Ele assentiu.

— Não é medo, é nostalgia.

Claramente o garoto não havia entendido o que ela queria dizer.

— Eu te disse que iria te falar o que quisesse saber. Eu acho melhor eu começar do começo.

Alice se levantou, seguida de Youngjae, e continuaram a andar pelo sítio.

— Há umas semanas, eu tive um sonho muito esquisito. Nem na hora parecia normal, o que geralmente acontece quando sonhamos. — suspirou. O garoto ouvia atentamente ainda mastigando as frutinhas enquanto caminhavam. A boca suja o deixava ainda mais fofo, Alice não se agüentou em tentar limpar com os dedos, o que fez o garoto rir. Estavam quase passando pela clareira, mas Alice queria chegar até a parte do rio. Lá ninguém os veria, não teria raposas, nem coelhos. Talvez cobras. Porém Youngjae não era o mesmo Jaejae que tinha medo delas, achando que ainda era um pequeno coelho mesmo que transformado. — Eu dormi por um dia inteiro. Foi a coisa mais impactante que eu sonhei. Eu estava comendo maçãs, no pomar, quando vi uma raposa perseguir um coelhinho bege com manchas marrons. — riu se lembrando. Não demorou muito para chegarem até o rio, Alice enrolava a história de propósito, e Youngjae não conseguia parar de olhar em volta. Mesmo tendo ido várias vezes, nunca tinha ido até aquela área. Ficou admirado pela paisagem.

— A raposa matou o coelho, é? Isso explica o ódio a raposas. — Youngjae tentou adivinhar o que havia acontecido, mas claramente havia falado uma frase um pouco trágica de forma divertida.

— Calma, é um pouco longo e complexo demais. — se sentaram nas pedras, tinham o barulho da correnteza como som ambiente. — Então, aparentemente o coelho havia morrido, não sei, então voltei pra minha casa. Só que ele havia ficado preso em uma das gaiolas que meu pai põe no quintal. Ele machucou a pata e caiu na armadilha da cenoura.

Viu Youngjae rir daquilo, não deixou de rir junto.

— Era um coelhinho burro.

Não se chame de burro, pensou.

— Se eu fosse você não falava isso. — riu e Youngjae deu de ombros. — Continuando... Eu salvei o coelhinho, porém eu tenho experiências tristes com animais de estimação. Então eu o alimentei, cuidei da pata machucada e o libertei. Não suficientemente, algum tempo depois, eu tinha acabado de organizar tudo ali na lavanderia, e ele apareceu de novo. Bagunçou tudo. Derrubou os baldes, os lençóis. Eu fiquei possessa. Eu só queria descer até aqui onde estamos e mergulhar no rio. — contava rindo dessa vez, depois que passa tudo fica engraçado. Poderia parecer um sonho bobo, mas aquilo havia mexido com o psicológico da garota completamente.

— Mergulhar no rio?

— É, mergulhar no rio! — Alice disse distraída, ainda divagando em sua mente sobre o coelho desastrado, mas ouviu Youngjae rir. — O que foi?

— Assim? — e Youngjae havia, por impulso, empurrado Alice da pedra. Ao som da gargalhada desenfreada, Alice caiu na água com tudo e voltou à superfície com uma raiva sem tamanho.

Iria falar poucas e boas, assim como havia ficado com raiva do coelho mágico, mas voltou a subir na pedra e Youngjae logo se pôs de pé, desesperado, e começou a correr de forma escandalosa.

— Volta aqui! Vocês são iguais! — ao ouvir isso, Youngjae parou. Mesmo que não quisesse cair na água, Alice o empurrou, porém havia caído junto.

Os dois voltaram à superfície, ofegantes por terem engolido um pouco de água, tossiram um bocado. Não deixaram de rir um da cara do outro.

— Não sei se é uma boa ideia eu continuar. — disse quando retomaram o ar.

— O que tanto aconteceu nesse sonho?

Boiavam e Alice decidiu continuar a história ali.

— Quando eu ia pegá-lo pra por de volta no pomar, assim como eu fazia normalmente, aconteceu a coisa mais bizarra do mundo. — sua voz possuía cautela, seria agora a parte estranha do sonho. Em partes, havia muitos sonhos por aí que eram mais anormais, mas Alice não conseguia concordar com isso. Ela havia encontrado o rapaz que era idêntico ao coelho mágico transformado e nem mesmo havia visto Yoo Youngjae antes em sua vida. Isso não soava comum.

Youngjae permanecia em silêncio, boiando, e Alice tomou coragem para continuar aquilo.

— Ele virou um cara. Só que...

— Ele virou um cara?! — por essa Youngjae não esperava. Começou a rir divertido. Contar aquilo havia feito Youngjae imaginar a cena, não agüentou em segurar o riso.

Alice o olhou feio, nesse ritmo nunca contaria tudo.

— É, só que um cara misturado com um coelho. Ele tinha as orelhas caídas que nem o meu, tinha um rabinho e era engraçado porque ele realmente se comportava como um. Ele era tão inocente. — a fala soava desacreditada, nem mesmo Alice conseguia se levar a sério. A que ponto a garota chegou?

Youngjae estava sem palavras. Riu um pouco, mas não interrompeu mais.

— Me pergunto o que eu tenho a ver com suas maluquices.

— Eu também queria saber porque você tem tanto a ver. — riu ao falar aquilo. — Enfim, depois disso... Eu o levei para comer as frutinhas porque ele estava faminto, ainda me contou coisas sobre a vida dele porque eu pedi. Ele amava as framboesas que você também gosta. Ele era igual a você. — imergiu na água para pentear o cabelo, quando voltou Youngjae olhava sério para você.

— Igual a mim?

— Totalmente igual. A aparência física, alguns outros traços. Lógico, você não é um coelho mágico. Ou é?

— Claro que sou, olhe só para as minhas orelhas caídas e beges. — pegou as mãos imergidas de Alice e as fez tocar nas orelhas humanas do rapaz. Os dois riam, Alice se sentia mais leve. Não havia contado aquilo pra ninguém. Tudo bem, nem sonhava em falar isso para ele, mas pelo visto foi preciso. Provavelmente suas bochechas estavam rosadas pela vergonha de revelar aquilo, mas mais ainda por estar tão perto do garoto. — O que mais aconteceu?

Alice diminuiu seu sorriso. Soltou as orelhas do rapaz, que ainda recebiam a leve massagem pelas mãos da garota.

— A gente passou o dia junto. Andamos pelo sítio, pulamos no rio, subimos em árvores. Ficamos na clareira. Ali perto onde o sangue estava. — disse com pesar e o garoto havia começado a entender.

— Foi por isso que você ficou daquele jeito?

— Não. Ainda não foi por isso. — disse triste. — Eu me apeguei aquele coelho mágico, nos despedimos. Fiz ele prometer que voltaria.

A pausa dramática havia deixado Youngjae preocupado.

— Ele voltou, Youngjae. Ele voltou mais tarde, de madrugada, ensaguentado. A raposa o atacou, eu tentei salvar a vida do coelho. — Alice tinha os olhos marejados. — Isso me afetou tanto. Eu fiz tudo o que eu pude. — a voz saía tremida pela vontade de chorar, pelo frio que estava sentindo com a água gelada em volta deles, e o garoto apenas a abraçou. Não sabia como, mas aquilo havia lhe confortado pela primeira vez sobre a morte de Jaejae. — Eu me sinto tão idiota, me desculpe. — se soltou, limpando o rosto.

Youngjae estava sem palavras.

— Eu disse que você ia ficar com medo de mim. Qual a probabilidade, não é mesmo? Quando ele morreu, eu acordei. Mas eu me senti ainda pior. Porque tudo era mentira, eu ainda corri pelo sítio procurando um coelho igual a ele. Eu ainda quis acreditar que aquilo podia ter realmente acontecido, mas quem eu queria enganar? A realidade é ruim, a realidade machuca muito mais. Eu prefiro viver no mundo dos sonhos onde eu possa ter momentos felizes assim.

O garoto negou com a cabeça.

— Há coisas boas na realidade.

— Talvez, mas a que eu achei que ia melhorar minha dor falta me deixar mais ainda maluca. — passou a mão de leve no rosto de Youngjae, o mesmo fechou os olhos sentindo o toque. — Agora entende? Ele havia falado que ia voltar e...

— E não voltou? Não está me vendo? — disse baixo, Alice segurou a respiração por dois segundos. — Eu não sou ele, mas quem sabe talvez até seja pelo o que me disse... — nunca imaginaria ouvir aquilo do garoto, mas isso martelou sua cabeça. Alice se preocupou com aquela frase.

Era apenas o barulho do rio, do vento batendo contra as árvores, e vocês dois. Boiando no rio estreito, porém ainda bonito.

— Eu posso sentir o seu cheiro? — depois que disse isso, ouviu a risada do garoto. Era a sua vez de dizer aquilo. Seus rostos estavam tão próximos que podiam sentir suas próprias respirações. Alice não sabia desde quando o braço do rapaz estava entrelaçado em sua cintura, mas teve certeza que era dele quando o mesmo te apertou contra si iniciando um beijo calmo ainda que de pura necessidade. Não se sabia quando a tensão entre os dois havia aumentado consideravelmente, mas Alice sabia uma coisa: o destino era uma coisa assustadora.  E maravilhosa ao mesmo tempo.

...

O frio havia aumentado e vocês voltaram até a casa da garota. Alice correu em busca de toalhas, um pouco desconcertada, mas logo voltou e entregou uma suficientemente quente para o garoto. O constrangimento não era tão evidente agora, já tinha falado tanto absurdo para Youngjae que nem o fato de terem se beijado superava a vergonha anterior. O que era engraçado, porque vocês se encaravam, enquanto iam se sentar nos degraus da varanda, como no outro dia, e tudo que faziam era sorrir. Youngjae havia sugerido novamente que descessem até a parte do rio, porém Alice o fez parar na região da clareira. Era a parte mais bonita, de longe sua favorita, e, se sua memória não estivesse falhando, fora exatamente ali que passou a maior parte com o coelho mágico. E, curiosamente, Youngjae havia gostado bastante da sugestão.

Não sentiam tanto frio quanto quando estavam no rio, então as toalhas que lhe serviram antes estavam sendo usadas para forrar o chão agora. Alice se deitou rapidamente e, antes de fechar os olhos, encarou o topo das árvores que havia em volta. Escutou o barulho do garoto fazer o mesmo. Eram apenas eles e o silêncio confortável. Estava perfeito. Seus braços estavam cruzados em seu peito até que sentiu uma de suas mãos serem puxadas. Sorriu com o toque, abriu os olhos e encarou o moreno que te observava. Era a vez de Alice não saber o que se passava na cabeça dele.

Achava impressionante o fato dele apenas ter rido de você e seu sonho incomum, por que não achava estranho o fato de serem iguais?

— Você não se perguntou por que apareceu no meu sonho?

O garoto sorriu, tímido, e olhou para o topo das árvores.

— Está tudo bem Alice, a raposa não está mais aqui. — ele disse de repente. Alice estranhou.

— Como assim?

— A raposa, aquela que matou os roedores no outro dia. Ela não está mais aqui.

— Do que você ta falando? — se sentou um pouco incomodada. — Você viu alguma raposa por aqui?

— Não. Estou falando daquela, você sabe. A que machucou o seu coelho. — o viu se sentar. Olhou em volta, não havia nada além das árvores e o verde brilhante da relva.

Alice estava sem palavras.

— Há um motivo porque eu gosto tanto de coelhos. E também pelo fato de você nunca ter me visto. — com isso, o coração da garota quase parou. — Quando o coelho disse que ia voltar, ele não quis dizer daquela forma. — o rapaz pegou sua mão trêmula, não acreditava no que ouvia. — Só você pode me sentir. — levou sua mão até seus cabelos, deixando a garota lhe tocar da forma que quisesse. Novamente estavam a uma distância mínima um do outro. O perfume ainda estava ali, Alice não resistiu em tornar a beijá-lo.

Não queria acreditar no que havia pensado, mas quando se separaram, ouviu a voz baixa.

— Você me salvou. Não se culpe, eu não morri. Acredite em mim. — uma onda de calafrios passou por sua espinha.

— Do que você ta falando, Youngjae?

— Eu sou seu coelho. Não é isso que havia pensado quando me viu? Você está certa.

Os olhos arregalados de Alice demonstravam o choque que havia levado.

— Não pense muito. Depois do sonho, ainda duvida de alguma coisa?

— Não brinque comigo. — foi tudo que conseguia dizer. Mesmo que Alice quisesse se afastar, não conseguia. Estava hipnotizada pelo olhar do garoto, estavam tão perto que parecia ter um ímã em suas peles. — Por favor, não me deixe ainda mais maluca.

Mesmo que permanecessem sozinhos, ainda falavam cochichando.

— No mundo real há também algum tipo de magia. Há uma conexão entre nós, não vê? Desde quando pisei no sítio pela primeira vez, olhe só pra tudo isso. Ainda acha que não existem coelhos mágicos? — ele parecia falar sério, mas Alice queria rir. E realmente riu, só que estava intrigada.

Segurou as bochechas do rapaz e o viu tentar rir. Depois de tudo que havia pensado, talvez ele realmente tivesse razão. Havia muitas coisas inexplicáveis sobre Youngjae.

— É, talvez você seja mesmo meu coelho. — novamente sentiu seus lábios se tocarem e o beijo havia ficado mais intenso. Até mesmo mais intenso do que os do rio. Nessa altura, não se lembrava que o frio aumentava, e por alguma razão se sentia aquecida.

Mesmo com o entardecer chegando e a temperatura caindo, viu Youngjae tirar a camisa, ainda bastante molhada pelo mergulho, e Alice pode ter uma visão melhor dos ombros que haviam chamado atenção há tanto tempo. Retornaram ao beijo logo em seguida, também sendo ajudada pelo rapaz e deitaram de volta nas toalhas. Os pares de olhos faziam o momento não necessitar de palavras. Tudo era incrível: a paisagem, a imagem que cada um tinha do outro. Desprotegidos em meio à natureza e, mesmo o vento gelado da noite já marcando presença, aquilo não incomodava. Tudo fazia parte do encantamento de sua história com todos aqueles coelhos. Agora, com Youngjae, tinha um laço mais forte. Havia entregado sua intimidade ao garoto e sentiu que havia concretizado sua ilusão favorita. Entretanto, era ainda melhor. A sua memória agora era de carne e osso, estava ali consigo. Não tinha certeza desde quando havia se encantado profundamente com Yoo Youngjae, mas pode ter noção das conseqüências quando se deitaram lado a lado, ofegantes pelo momento.

Seu Jaejae nunca havia ido embora.

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


E ai? tenho até medo dos comentários (se tiver)
me conta o que achou, eu amaria saber~
Esse final era pra deixar dúvida no ar sim. E aí? jae bunny existiu ou não? huumm
Jae dizendo coisas que até eu mesma buguei. Provavelmente nada fez sentido, mas é isso aí.
Será se a alice ta certa? enfim gente, nem levem a sério, só gosto dessas maluquices mesmo AUHAUH


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