- Tem certeza que está se sentindo melhor? – Ricardo perguntou para seu Servo, Cu Chulainn, que estava pulando agitado de um lado pro outro na cama king do hotel em que estavam hospedados.
- Sim, Mestre, não tem com o que se preocupar! Sou um garoto forte – respondeu com um grande sorriso no rosto, saltando pra fora da cama. – Então posso ir treinar um pouco, nii-chan?! Quero gastar minha energia!
Ricardo ficou impressionado com a energia do Servo, seria normal que após o gasto de energia que teve que estivesse cansado – afinal Ricardo também estava, forneceu boa parte da mana para a ativação dos Nobles Phantasms. A lança não foi um problema, Chulainn tinha prana suficiente para alimentar Gae Bolg, mas quando usou o segundo Ríastrad precisou da força do Mestre para continuar toda a luta – naquele modo já não seria capaz de voltar ao normal da racionalidade e o Mestre não estava disposto a perdê-lo e nem gastar um Selo de Comando desnecessariamente. Usou todo o tempo que pode para dormir, mas assim que Berserker se encontrou recuperado, não havia mais espaço para descanso.
- Sim, pode – deu o sinal positivo.
Chulainn comemorou com um grande sorriso e um grande pulo. Na hora de sair deu pequenos socos no braço do Mestre igual no kickbox.
Sob o som da batida da porta, Ricardo deixou um riso abafado escapar. Dizer que ficara surpreendido com seus Servos era pouco, mas também não podia dizer que era o natural. Esperar que lendas vivas se comportassem como meros familiares era uma idiotice, seria subestimar demais o Santo Graal em si e todas as leis quebradas por trás da invocação. A única solução plausível era se ligar com eles, criar um laço de confiança mútua – e surpreendentemente conseguiu. De um jeito ou de outro, Berserker era animado, comum na idade, mas uma pessoa bacana de conviver, foi o mais fácil para ganhar confiança.
Diferente do outro, Rider Negro, o imperador persa Zahhak, que não ficou feliz de início em saber que estava ligado a um humano qualquer, jamais aceitaria se submeter a um subalterno. Porém, após um longo debate, conseguiu convencer que não era um simples humano, mas mago – um dos melhores, na verdade – e que tinha dinheiro suficiente para oferecer a comodidade que um rei como ele merecia. Além de quê, os dois trabalhariam melhor como uma equipe que como inimigos. Se colaborassem, Zahhak teria seu desejo atendido no fim – recuperar seu controle sobre a região que fora a Pérsia e então expandir seu comando para todo o resto –, poderia permanecer naquele mundo quanto tempo quisesse e teria uma fonte de energia praticamente infinita.
Zahhak aceitou os termos no fim, apesar de ainda não parecer muito convencido, parecia que procurava algo a mais da parte de seu Mestre. Talvez a prova de seu poder, mas nada que pudesse fazer agora, seria um processo que dedicaria calma e cálculos para que nada saísse errado. Já tinha um plano em mente, todavia, algo nele o deixava hesitante, com um peso no coração como se estivesse sendo condenado por um santo.
“Não importa” – pensava repetidas vezes procurando se convencer do contrário. – “Ganhar a guerra é mais importante. No fim eu lido com o que for preciso.”
De alguma forma a afirmação lhe soava falsa, fictícia, engessada demais até pra ele, mas era a única opção existente e não abriria mão dela.
“Idiota” – repreendeu-se imediatamente.
- Então, como anda meu leal conselheiro?
Apesar de ter seus pensamentos devolvidos à realidade pelo tirano, o homem não entrara de uma maneira espalhafatosa ou abrupta, seu comportamento comprovadamente era a de um nobre, sempre agindo conforme mandava a etiqueta e bons modos.
- Estou melhor – respondeu encarando o homem.
E sem medo, o encarou firmemente mesmo com a diferença de altura e posição.
- E você. Por que demorou? A batalha durou tanto assim?
- Sim. Durou até o primeiro raio da aurora, e devo dizer, os homens que pisam neste campo de batalha merecem respeito. Pelo menos alguns – observou. – Infelizmente não os convencerei a se juntarem ao meu exército, portanto, farei como fiz com todos que ousaram se opor a mim um dia. Esmagarei como insetos.
Deu para sentir as chamas dos olhos castanhos do homem, a intensidade do seu poder pareceu crescer, sua presença se tornou intimidadora, por um momento Ricardo pode ouvir um sibilo e sentiu um calor em seu cangote. Tentou ignorar, mas não pode evitar de sentir um frio percorrendo sua espinha.
- O que foi, Bittencourt? – perguntou o Servo.
A boca de Zahhak se abriu em um longo sorriso. Por um momento Ricardo pode jurar que viu as presas de uma serpente e o veneno escorrendo. Na verdade, ele era justamente isso e estava se aproveitando para dar um pequeno susto em seu Mestre, talvez esperasse que ele mostrasse alguma submissão, mas...
- Pode parar com isso – repreendeu o Servo imediatamente ignorando o que medo que sentia. Cerrando os punhos, continuou. – Enfim, ficou feliz que estamos prontos para agir. E posso afirmar que vamos ganhar com você do nosso lado.
- Se – enfatizou – o oponente for digno, fico contente em participar. Fora isso não há razão para perder meu tempo lidando com insetos, somente se começarem a incomodar. E tenho certeza que pode lidar com eles antes disso, não?
Ricardo cerrou os punhos, mas aliviou em seguida, não podia mostrar que o Servo estava conseguindo o incomodar e nem ter uma voz maior que a dele, ou viraria comida de uma das suas serpentes.
- Bem, estou saindo – avisou o Servo tomando a forma espiritual deixando um brilho dourado para trás que foi se perdendo no ar.
“Droga” – o Mestre reclamou com um murro no tampo da mesa de trabalho.
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